You Can Always Count On Me escrita por Natyh Chase Jackson


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Oie, pessoas...
Para quem já me conhece das outras fics, obrigada por aparecer por aqui também e a quem ainda não me conhece, prazer e seja bem-vindo.
Tudo bem com vocês? Eu espero que sim.
Bom, essa ideia apareceu do nada, como todas as outras e eu senti uma imensa vontade de escrever.
Para uma one-shot ela ficou bem grande, ou seja, deu trabalho, por isso peço encarecidamente que vocês deixem as suas opiniões quando chegarem no final dela. Combinado?
Bom, espero que gostem.
E tenham uma boa leitura.



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- Filha? - meu pai me chamou, ao ver que eu me preparava para sair de casa.

Resmunguei qualquer coisa inteligível, apenas para mostrar que prestava atenção nele, mas na verdade, eu estava mais preocupada em enrolar o cachecol listrado no meu pescoço a retribuir o olhar cauteloso que Frederick, com certeza, me direcionava.

- Aonde você vai? Está nevando, é perigoso sair com esse tempo.

- Eu só vou na casa do Percy, não precisa se preocupar. - olhei-o quando terminei de colocar o casaco mais grosso. - Faz três dias que ele não vai para a escola. Só quero me certificar de que ele está bem.

Meu pai me analisou com o olhar desfocado, como se decidisse entre dizer ou não algo importante. Por fim, ele optou pelo dizer.

- Annie, ainda está muito recente. Você não acha melhor deixar que o Percy tenha esse tempo sozinho, para que assim ele possa assimilar tudo o que aconteceu? - Frederick foi cauteloso em sua fala, como se a qualquer momento eu pudesse explodir, mas eu não faria isso. Eu só precisava ajudar o meu melhor amigo.

- Sei disso, pai. Mas...

- Você não vai me escutar, não é mesmo? - Frederick me interrompeu com um sorriso de lado, sabendo que nada do que me dissesse me faria mudar de ideia.

- Não. - respondi sincera, fazendo-o rir.

- Sendo assim, mande lembranças a Sally e diga que se ela precisar de qualquer coisa, pode bater na casa ao lado. - meu pai pediu deixando claro que não implicaria com a minha saída; muito menos com os meus motivos para ela.

- Sim, senhor. - bati continência, o que o fez rir e abanar a mão como se me mandasse embora.

Sorri para ele como despedida, mas antes mesmo de abrir a porta, meu pai já estava me chamando novamente.

- Annabeth? - virei-me em sua direção com o semblante fingido de tédio e ele riu da minha atuação - Se o Luke aparecer ou ligar... O que eu digo?

- Ué, diga que eu estou na casa do meu melhor amigo. - resmunguei descontente com aquele tópico da conversa.

- Bom, da última vez ele não aceitou muito bem a notícia. - Frederick disse com o olhar desfocado, provavelmente, se lembrando do show que meu namorado fizera ao saber que eu estava na casa do Percy.

Luke Castellan era loiro, alto, forte e bonito. Capitão do time de futebol americano da escola e o garoto mais cobiçado de todo o Ensino Médio da Goode High School. Resumindo, sonho de consumo de qualquer garota americana. Pelo menos era o meu até descobrir que o Castellan não passava de um rostinho bonito.

- Eu já disse a ele que se aquela cena ridícula voltar a acontecer, ele não terá tempo nem de abrir a boca, estará tudo acabado ente nós dois. - afirme firme e meu pai assentiu com a cabeça, sabendo que eu falava sério.

- Okay, vá lá conversar com o Percy, talvez ele esteja mesmo precisando de companhia.

Assenti e abri a porta da frente recebendo uma enorme rajada de vento frio que, com certeza, racharia os meus lábios em questão de segundos se eu continuasse do lado de fora. Concentrei-me no caminho até a casa à direita da minha, tomando o maior cuidado para não escorregar na neve. E assim que cheguei a varanda pintada de azul, bati na porta dos Jackson e no mesmo segundo a Tia Sally a abriu.

- Annie! - ela parecia surpresa e aliviada ao me ver - Vamos entre!

Adentrei a sala aconchegante e maravilhosamente quente, e rapidamente me desfiz das galochas que sujariam o carpete impecavelmente limpo, se continuassem nos meus pés. Olhei para cima e dei de cara com Sally me analisando, talvez ela estivesse se perguntando o que eu estava fazendo ali.

- Tia, eu espero não estar incomodando, mas...

Antes que eu pudesse terminar, Sally me interrompeu compreensiva:

- Mas você precisava vê-lo, não é mesmo?

A Sr.ª Jackson parecia me conhecer como a palma de sua mão, e eu atribuía esse pequeno detalhe ao fato dela ter sido como uma segunda mãe para mim, quando a verdadeira me deixou para trás com o meu pai e fugiu. Do que? Eu não sei. Talvez da responsabilidade de ser mãe.

Eu tinha mais consideração por Sally do que pela minha madrasta que, supostamente, deveria ser a imagem materna que eu não tenho, mas ela não exerce essa função na minha vida.

- É, eu vim vê-lo. – respondi sem haver necessidade, e Sally me direcionou um sorriso complacente.

- Eu já estava quase indo à sua casa para pedir que viesse aqui, mas pelo visto não foi necessário. – a mulher de meia idade disse, e seus olhos começaram a lacrimejar. – Ele não sai do quarto há dias e isso está me preocupando, não quero perdê-lo também.

De repente, os olhos da mulher a minha frente não estavam apenas lacrimejados, mas sim despejando em forma de lágrimas toda a dor que estava em seu interior e eu não sabia o que dizer, ou fazer, diante a situação.

- Tia, eu sei que está sendo difícil enfrentar essa situação, mas eu acredito, do fundo do meu coração, que ele odiaria vê-los assim. – resmunguei enquanto a abraçava, e ela se agarrou ao meu casaco como alguém em um bote salva-vidas.

- Eu sei, meu bem, mas... – ela deu uma longa pausa se distanciando e secando as lágrimas que pareciam ter vida própria. - ... É tão difícil saber que nunca mais vou vê-lo, parte o meu coração ter noção disso.

Antes que eu pudesse consolá-la, ou ao menos tentar, ela se distanciou indo em direção a cozinha. A segui para me certificar de que ela estava bem e quando adentrei o cômodo mais aconchegante da casa – porque era lá que a magia acontecia -, vi que tinha uma porção de cookies azuis recém saída do forno, em cima da bancada que dividia a cozinha da sala de jantar e rapidamente me animei, sabendo que talvez, depois de conversar com Percy, eu poderia comer uma daquelas maravilhas.

Sally estava de frente para a pia e de costas para o balcão, consequentemente para a minha pessoa também, logo entendi que ela não queria conversar e respeitei a sua decisão, sabendo que ela precisava do seu espaço. A morena enxugava as lágrimas silenciosamente, e quando voltou a me fitar tinha um sorriso tristonho nos lábios.

- Eu ia levar esses biscoitos para ele agora mesmo, mas já que você está aqui se importaria de fazer isso por mim? – Sally perguntou apontando a travessa em cima do balcão, e eu neguei com a cabeça.

- Sally, eu...

- Não precisa dizer nada, Annie. Eu sei que você também sente muito. – a mulher finalizou com um sorriso complacente, e eu apenas assenti com a cabeça pegando a travessa e deixando-a sozinha para que assim conseguisse, ou ao menos tentasse, colocar seus pensamentos e sentimentos em ordem.

Liguei a minha mente no automático assim que comecei a caminhar, deixando-a me guiar até o quarto do meu melhor amigo, ás vezes, eu tinha a impressão que conhecia aquela casa melhor do que a minha, e talvez esse sentimento se desse ao fato de que muitas e muitas vezes eu brincara de esconde-esconde ali e consequentemente conhecia cada mísero detalhe daquela construção, como por exemplo, a porta no andar de cima perto do começo da escada que passaria despercebida por qualquer pessoa como uma continuação da parede, sendo que na verdade ali se trata de um quartinho da bagunça, o lugar perfeito para eu me esconder, ou pelo menos era, já que não cabo mais no pequeno cômodo.

Sorri lembrando-me das inúmeras tardes de inverno que eu tinha que ficar ali para que meu pai pudesse trabalhar tranquilamente, e enquanto ele estava lá advogando pequenas causas, Percy e eu estávamos deixando Sally de cabelos brancos antes da hora.

Antes que eu pudesse me dar conta, já estava em frente ao último cômodo do corredor. Respirei fundo e bati na porta com os dois toques característicos, algo meu e do Percy, e torci mentalmente para que ele a abrisse.

- Senha. – a voz dele saiu abafada e seu tom mostrava que ele estava desanimado.

Senti-me mal por ele ter pedido a maldita senha que ele compartilhava apenas com o irmão mais novo, Tyson, pois deixava mais do que claro que ele não queria ver ninguém, a não ser a sua pequena cópia. Mas eu tinha uma carta na manga, Perseu.

- Cookies azuis. – respondi e em questão de segundos a porta estava aberta e Percy me encarava de forma indecifrável.

- O que você está fazendo aqui?

Nada de Oi, Annabeth! Como você está?

Eu poderia ter sido extremamente grossa, ou até mesmo ter soltado uma das minhas piadinhas sarcásticas como era de praxe, mas a situação requeria cuidado.

- Só vim ver como você estava. – resmunguei olhando-o com cautela e ao mesmo tempo tentando decifrar seus enigmáticos olhos verdes. – E te trazer alguns cookies que a Tia Sally mandou. – levantei a travessa na altura de seus olhos para que ele pudesse ver e quem sabe assim, descontrair o ambiente. – Posso entrar?

Por alguns segundos, Percy me encarou sem dizer nada, e nesse meio tempo milhares de coisas se passaram na minha cabeça, desde receber uma porta na cara a vê-lo chorar copiosamente, como sua mãe tinha feito a pouco. Então, Percy se afastou dando espaço para que eu pudesse adentrar seu quarto.

O cômodo era típico de um adolescente de dezessete anos. A porta ficava na mesma parede em que a televisão estava acoplada e que ele usualmente jogava videogame, este que estava em uma pequena estante e dividia espaço com os livros da escola. Sua cama ficava de frente para a televisão, era de casal, e no momento estava totalmente revirada. A esquerda do móvel, tinha um espaço de alguns metros quadrados inutilizado, mas que Percy dizia ser bom já que parecia que seu quarto era maior. Na parede oposta à da cama tinha um guarda-roupa preto, como todos os outros móveis, o que contrastava com a porta do banheiro totalmente branca e com as paredes azuis.

- O que você está fazendo aqui? – Percy me tirou dos meus devaneios, e eu logo ergui a sobrancelha, querendo entender o porquê do tom ríspido.

- Como eu já disse: Só queria ver se estava bem, mas se não sou bem-vinda, posso ir embora. – murmurei colocando a travessa de cookies no criado mudo ao lado da cama.

Comecei a andar em direção a porta, mas antes que eu pudesse dar mais do que dois passos, Percy agarrou o meu pulso, fazendo-me ficar.

- Eu... Desculpe-me, mas é que... – Percy não terminou, apenas coçou os olhos como se um cílio houvesse caído ali, mas eu sabia que era para afastar as lágrimas.

- Eu sei, Percy. Eu sei. – murmurei abraçando-o e ele apenas me apertou de volta, não se permitindo a chorar algo que ele sempre fazia.

O moreno nunca permitia que a sua dor fosse externada, ele nunca se permitia a mostrar seus sentimentos. Segundo o mesmo, isso o fazia fraco e ele não podia ser fraco.

Percy e eu éramos amigos desde que nos entendíamos por gente. Ele sempre fora o meu porto seguro e eu acredito que sempre fui o seu também. E seria assim para sempre.

- Eu sei que é difícil passar por isso, mas ele odiaria te ver assim. E você, mais do que ninguém nesse mundo, sabe disso. – resmunguei contra o peito do meu melhor amigo e ele rapidamente se afastou. – Ele se foi, mas...

- Não quero falar sobre isso, Annabeth. – ele rapidamente me cortou, não deixando que eu realmente entrasse no assunto que o atormentava.

- Percy, você precisa colocar o que está sentindo para fora. Isso não está te fazendo bem. – rebati ultrajada por ele querer manter-se fechado. – Você precisa falar sobre isso, não é mais uma questão de querer ou não.

- Annabeth... – seu tom era de repreensão, mas eu não abaixaria cabeça. Ele precisava ouvir o que eu tinha a falar.

- Percy, faz três dias que você não vai para a escola, ou ao menos sai desse quarto.

- Mentira, porque eu saio sim. – ele retrucou se sentando na cama e me olhando com raiva.

- Isso não é verdade, e eu sei, porque toda a vez que eu olho pela janela do meu quarto eu te vejo deitado nessa droga de cama encarando o nada, como se entrar em estado vegetativo fosse trazê-lo de volta. Fique sabendo que isso não vai adiantar de nada, sem contar que ele odiaria te ver desse jeito, Percy. Ele...

- Annabeth! –o moreno gritou e se levantou com os olhos ardendo em fúria e as mãos fechadas em punhos – Eu não quero falar sobre isso, porra. – ele resmungou entre dentes me fitando com raiva. – Se você insistir nisso eu te coloco para fora do meu quarto, entendeu?

Quando ele terminou de falar, eu estava imprensada contra o guarda-roupa pelos músculos dele, a sua respiração estava pesada e batia contra o meu rosto, mas os seus olhos eram o que mais me impressionavam, já que pareciam ter labaredas de fogo, devido a raiva que emanava de seus poros e consequentemente me assustava. Talvez, os meus olhos arregalados e a minha posição de assombro denunciavam ao moreno de olhos verdes que eu estava com medo dele, algo que eu nunca havia sentido em toda a minha vida.

A respiração de Percy começou a estabilizar, mas os dedos ainda estavam cerrados em punhos. Seus olhos verdes viajaram pelos meus e eu vi espelhado em seus orbes o medo que eu estava sentido. Percy nunca fora agressivo, pelo menos não comigo.

O moreno rapidamente se afastou e passou as mãos pelos cabelos negros, tentando se controlar.

- Desculpe-me. – ele pediu sem me olhar nos olhos, e em seguida se jogou na cama voltando para debaixo das cobertas. – Não era a minha intenção te assustar. – ele disse olhando para a parede e o tom de culpa em sua voz acabou me desarmando, fazendo com que eu me aproximasse com cautela.

- Sou eu quem te deve desculpas. – disse e ele virou-se para me olhar. – Devo respeitar a sua vontade e a sua dor.

Percy ficou me encarando por um tempo, e depois de alguns segundos, ou quem sabe minutos se afastou deixando um espaço ao seu lado na cama. Interpretei sua ação como um pedido mudo para que eu me juntasse a ele e foi o que fiz, mas antes tirei o casaco grosso e o cachecol que já me aqueciam até demais, e tudo devido a calefação que estava desempenhando sua parte com perfeição.

Levantei o cobertor e rapidamente me esgueirei para debaixo dele, Percy deitou-se com a barriga para cima e esticou o braço para que eu usasse como travesseiro, me aconcheguei ao seu corpo e deitei a cabeça em seu peito, ficando na posição em que sempre ficávamos quando dormíamos juntos, algo que era recorrente, pelo menos era, até eu começar a namorar com Luke. Só quando deitei ao seu lado, reparei nas roupas que o moreno vestia, o que se resumia a uma calça moletom preta e meias, nada além disso.

- O que você quer assistir? – ele perguntou como se há poucos minutos não estivéssemos prestes a começar uma briga épica.

- Que tal algum filme ou seriado no Netflix? – murmurei e ele assentiu, enquanto pegava o controle e fazia tudo o que tinha de fazer antes de colocar um filme.

- Pode ser O Hobbit? – Percy perguntou, e eu assenti desconfiada do fato dele saber que esse filme me manteria quieta, e bom... Eu não voltaria naquele assunto.

- Você é esperto, Cabeça de Algas.

- Você, Annabeth Chase, me elogiando? Ainda por cima de esperto? – ele perguntou e como eu não o estava vendo poderia apostar que ele estava com os olhos arregalados, fingindo surpresa. - É o fim do mundo, meus deuses.

- Calado, Cabeça de Algas. O filme já vai começar. – ri da sua atuação, mas logo o mandei ficar quieto.

Percy me apertou contra o seu corpo, e eu senti meu estômago se revirar todo. Balancei a cabeça de leve tentando me livrar dessas sensações e de alguns pensamentos inoportunos, e o moreno de olhos verdes apoiou seu queixo no topo da minha cabeça, fazendo-me saber de cara que ele logo dormiria.

...

Os créditos finais do filme ainda passavam na televisão quando eu me desvencilhei do aperto de ferro que Percy exercia contra o meu corpo fazendo um verdadeiro malabarismo, já que o mesmo me abraçava muito forte, e tudo isso sem acordá-lo, o que foi um grande alivio, pois depois que o moreno caíra no sono, pude analisá-lo melhor e as olheiras debaixo dos seus olhos me indicavam que ele não dormia bem há alguns dias.

Fiquei encarando-o por um tempo, e estiquei a mão para acariciar seu rosto. A barba por fazer fazia cócegas nas pontas dos meus dedos, e a boca aberta deixava com que um pouquinho de baba escapasse pelos lados, algo que eu achava adorável, mesmo que quando ele acordasse eu fosse tirar sarro de sua cara por esse pequeno detalhe, só para não perder o costume

Automaticamente, sem que eu pudesse me dar conta, meus dedos estavam contornando os seus lábios vermelhos e atraentes. Eu os beijaria, com toda a certeza e até mesmo quem sabe, permitiria que sua língua adentrasse os meus e... Céus, o que eu estou pensando?

Annabeth Chase, eu te proíbo de pensar essas coisas sobre o seu melhor amigo. Entendido? – minha consciência brigou comigo e eu logo tratei de me afastar para procurar algo para fazer.

Depois de analisar todo o perímetro do quarto, cheguei a duas conclusões: ou eu poderia ir embora e tentar conversar com ele depois, ou ficar e esperar ele acordar e quem sabe, depois de uma boa tarde de sono, ele não estaria menos arredio para uma conversa.

Optei pela segunda opção e logo cacei o tablet de Percy pelo cômodo, a fim de não ficar sem nada para fazer.

Depois de achar o pequeno aparelho eletrônico e os fones do meu melhor amigo, voltei para o aconchego de seu abraço, e coloquei outro filme para rodar na TV, só para atuar como som ambiente, já que eu estaria mais concentrada nas minhas redes sociais e nas fofocas que rolariam durante a semana do que na trama que se desenrolaria na TV.

No Facebook não tinha nada de interessante, apenas as fotos de Nico e Thalia na Irlanda, dois amigos meus que tinham emendado o recesso de inverno com mais duas semanas e estavam curtindo o frio do hemisfério norte na Europa, como os dois pombinhos que não eram. Acredite, os dois brigam mais que cão e gato, mas é nítido que se amam incondicionalmente.

Depois migrei para o Twitter e acompanhei a troca de farpas entre duas celebridades, e quando me enjoei disso, parti para o Tumblr, a fim de ver alguns posts sobre arquitetura, a profissão em que eu me especializaria. E quando os meus meios de entretenimento se esgotaram, optei por checar meu e-mail, algo que eu não fazia a éons.

Na caixa de entrada tinha um pouco mais de seiscentos e-mails não lidos, e eu rapidamente fiz uma limpeza, eliminando todos aqueles que era propagandas ou spam. Ao final do processo sobraram apenas vinte e dois e-mails que eram realmente do meu interesse.

O primeiro a chamar a minha atenção foi o da Universidade de Harvard, informando que as inscrições para o próximo ano letivo já estavam abertas para os interessados em se juntar ao corpo discente no próximo outono, o meu sonho. Rapidamente, fiz um lembrete no meu celular para que assim eu me lembrasse de todos os documentos que eu precisava reunir para dar entrada na matrícula para tentar a bolsa de estudos.

Depois disso, continuei a ver os e-mails e um em particular prendeu a minha atenção de forma inexplicável, o remetente era: miketyson11@hotmail.com. Aquele era o e-mail do Tyson, irmão de Percy. Olhei a data e percebi que era de duas semanas atrás, antes dele...

Cliquei na mensagem e ela logo abriu me deixando estarrecida:

De: miketyson11@hotmail.com

Para: anniechase@hotmail.com

Assunto: NÃO MOSTRA PARA O PERCY, AINDA.

1 Anexo (14,5 MB)

Annie,

Eu sei que isso pode parecer estranho, mas só abra esse vídeo e mostre para o Percy, quando... Quando “você sabe o que acontecer”. Combinado?

Confio em você.

Te amo, muitão.

Do seu eterno, TAMPINHA.

Meus olhos estavam lacrimejados e eu já tinha uma breve ideia sobre o que se tratava o conteúdo daquele vídeo anexado ao e-mail. Tyson não poderia ter feito isso, ou melhor, poderia e fez como uma última despedida. Aquele Tampinha era simplesmente o melhor. Um gênio!

Cliquei no anexo e esperei que o arquivo fosse baixado no tablet, enquanto o download era feito ergui a minha cabeça para me certificar de que Percy ainda estava dormindo, se ele acordasse e desse de cara com isso, as consequências poderiam ser desastrosas.

Quando o vídeo foi baixado, rapidamente pluguei o fone na entrada certa e logo dei play deixando que meus olhos lacrimejassem de emoção ao ver o Tampinha mais uma vez.

Tyson estava com a câmera focada em seu rosto, o mesmo que ostentava um sorrisinho sapeca, e antes dele começar a falar, olhou para os lados certificando-se de que ninguém o estava vendo e então disse:

- Oi, Percy. – acenou e depois pareceu pensar um pouquinho – Oi, Annie. E... Oi, mamãe. – o pequeno deu uma pausa, mas logo continuou - Só estou falando “oi” porque eu sei que vocês também verão isso, então estou sendo educado, como a senhora me ensinou, mamãe.

Ri com a audácia do pequeno e rapidamente, sequei uma lágrima que escorregou ao vê-lo tão energético e esperto quanto antes.

- Esse vídeo é para o meu cabeção preferido, por isso eu peço que você não fique bravo comigo por estar usando o seu tablet. Okay? É por uma boa causa. – Tyson explicou e depois olhou para os lados de novo.

Antes que o Tyson do vídeo continuasse a falar o meu travesseiro humano se mexeu e eu prendi a respiração, torcendo mentalmente para que ele não acordasse, mas infelizmente não foi isso o que aconteceu.

Bloqueei a tela o mais rápido que pude e no segundo seguinte estava sentada sobre os meus joelhos, segurando aquele aparelho como se minha vida dependesse da sua segurança.

- Sabidinha? – Percy me chamou coçando os olhos, e deu um sorrisinho satisfeito. Acredito eu que era por ter dormindo mais que alguns míseros minutos, como as suas olheiras sugeriam.

- Já acordou, Percy? – perguntei debilmente, e ele me encarou seriamente.

- Não, Annabeth. Eu ainda estou dormindo. Não está vendo? – ele perguntou sarcástico, e eu peguei um de seus travesseiros e joguei na sua cara.

- Larga a mão de ser idiota, Cabeça de Algas. – briguei de forma descontraída, deixando claro que não estava brava, pelo menos não de verdade.

- A sua pergunta que foi idiota, Annabeth. - Percy devolveu jogando o travesseiro de volta e se impressionou quando eu deixei-me ser acertada. Isso não era do meu feitio.

O moreno semicerrou os olhos e me analisou desde o dedinho do pé, até o meu último fio loiro de cabelo. Depois de me analisar por completo, seu olhar se prendeu em meu colo, onde eu segurava o tablet com força.

- Você parece estar assustada, Annie. Por quê? - ele perguntou de forma divertida e eu corei de forma alarmante, o que deu brecha para ele importunar - O que você estava vendo, Sabidinha? Eu posso saber?

Engoli em seco, respirei fundo e falei como se comentasse sobre o tempo:

- Nada demais, apenas algumas notificações no Facebook.

- Sei. - Percy de repente assumiu um tom malicioso, o que me deixou ainda mais encabulada.

- É sério, eu só estava vendo o Face. A Thals postou algumas fo...

- Ué, está se explicando porquê? Se você não estava fazendo nada demais, não precisa ficar dando explicações. - Percy me interrompeu com deboche, acabando por me estressar - A não ser que você não estivesse vendo as fotos da Thalia e... Annabeth, me responda uma coisa com sinceridade, okay?

De repente, o moreno adotou um tom sério e minha espinha gelou ao cogitar a ideia de que ele sabia o que eu estava fazendo. Assenti lentamente e ele sorriu satisfeito.

- Com sinceridade, tudo bem? - ele voltou a questionar para confirmar e eu revirei os olhos cansada da palhaçada.

- Eu já disse que responderei, Perseu. Que saco! - resmunguei e o idiota abriu um sorriso esperto, sabendo que estava me deixando na borda da minha paciência e se ela se esgotasse, não seria algo bonito de se ver.

- Okay, Sabidinha. Não precisa se estressar, só estou tentando deixar um clima agradável. - o moreno sentou na cama e ergueu os braços em forma de rendição. - Você não estava vendo pornô, estava?

Nesse momento toda a vergonha existente no meu ser veio à tona. Meu pescoço esquentou acompanhado das minhas orelhas e bochechas e eu podia apostar que meu cabelo estava ruivo ao invés de loiro.

Levei alguns segundos a mais para processar que Percy, realmente, tinha dito aquilo e quando voltei a olhá-lo nos olhos, percebi um quê de divertimento que era inegável em seu olhar, ainda mais com o sorriso zombeteiro que o moreno ostentava nos lábios.

- Você é um grande idiota, sabia? - questionei-o debilmente e o retardado que eu chamo de melhor amigo apenas riu, dando de ombros.

- Não sabia que já tinha curiosidade para esse tipo de coisa, minha Sabidinha. - Percy resmungou usando o tom que ele só se utilizava com bebês e aquilo me irritou profundamente, porém antes que eu pudesse me defender, o moreno continuou - A não ser que você e Luke tenha chegado aos finalmente e você queira inovar. – ao dizer isso o semblante do meu melhor amigo tornou-se indecifrável como se ele não permitisse que as suas emoções transparecessem.

Abri e fechei a boca, ainda pasma com a cara de pau do Jackson, quando percebi que minha falta de resposta causou o espanto de Percy. Ele tinha acreditado que Luke e eu...

- Claro que não, Percy! - exclamei exaltada e por alguns segundos seus olhos ganharam um brilho diferente, que eu, como péssima leitora de pessoas, não soube identificar o que significava.

- Você e o Luke não...? - ele inquiriu para confirmar.

- Não! - confirmei e para enfatizar, complementei - Acho que Luke não é o cara certo para ser o meu primeiro.

Um sorrisinho ladino começou a nascer no canto dos lábios do moreno; mas ao ver que eu o encarava de forma questionadora, ele voltou a assumir a uma expressão séria e perguntou:

- Então, você vai terminar com ele?

- Eu... Não sei o que fazer. - resmunguei voltando a me deitar e esquecendo-me completamente do tablet.

- Bom, no meu ponto de vista, se você acha que ele não é o cara certo para um passo tão importante, você deveria terminar com ele. - o moreno de olhos verdes opinou e eu parei para pensar. – Até porquê, é óbvio que você não quer mais.

Realmente, por que eu continuaria com Luke sendo que eu tinha a mais plena certeza de que ele não era o cara certo para mim? Talvez, terminar antes que um de nós dois se machucasse com esse relacionamento que está, pelo menos para mim, fadado ao fracasso seria o melhor para ambas as partes.

Antes que eu pudesse externar a minha conclusão para Percy, a voz do moreno me chamou:

- O que significa isso, Annabeth? - a voz do Jackson estava grossa e verdadeiramente séria, o que fez um arrepio subir pela minha coluna e congelar meus movimentos.

Não precisei perguntar sobre o que ele estava se referindo, já que o tablet desbloqueado em suas mãos era algo muito autoexplicativo.

- É um vídeo. - respondi de forma mansa, me aproximando de Percy por trás.

Ele tinha todos os seus músculos retesados, sua mandíbula estava cerrada fortemente, e eu pude ver que seus olhos seguravam as lágrimas, que se dependessem dele, nunca cairiam.

- Eu sei que é um vídeo. - Percy murmurou ainda encarando a imagem congelada de seu irmão mais novo. - Mas... - a voz dele falhou - Mas, por que você estava vendo isso? - seus olhos não me encararam por nenhum segundo desde que grudaram na pequena tela - Da onde saiu isso?

Eu, sinceramente, não sabia o que responder. Não era para ele ter visto aquele vídeo dessa forma, eu primeiro veria o conteúdo e se soubesse que Percy era capaz de vê-lo sem surtar, mostraria o vídeo.

- Me responde, porra. - Percy se irritou com a falta de resposta e praticamente rosnou em minha direção - Você sabe muito bem que eu não quero e não vou falar sobre isso tão cedo, talvez nunca. - o tom que o Jackson usava assemelhava-se a de um serial killer pronto para matar - Por que você insiste nisso, Annie? - e de repente o cara mais bipolar do mundo, mudou de novo. Agora seu semblante demostrava cansaço assim com a sua voz.

Com calma me aproximei dele por trás e o abracei, espalmando suas costas contra o meu peito e deixando que minha cabeça descansasse em seu ombro direito, por onde eu podia vê-lo passar o dedo pela tela do aparelho, como se acariciasse a cabeça careca do irmão mais novo.

- Eu estava checando meus e-mails quando vi que tinha um do Tyson. Ele me mandou duas semanas atrás e bom, tinha esse vídeo. – comecei a explicar, procurando a outra mão de Percy e a segurando com força, para que ele soubesse que eu estava ali. – Na mensagem ele pede para que eu não te mostre até ele... – engoli em seco, e vi Percy fazer o mesmo, o moreno sabia o que eu queria dizer – No começo ele fala que esse vídeo é para você.

- Para mim? – ele questiona e me olha pelo canto dos olhos.

- É.

Um silêncio estranho se instalou no quarto e eu quase consegui ouvir os pensamentos de Percy.

- Você não precisa ver isso agora, Percy. – digo quebrando a linha de raciocínio dele, e seus olhos verdes tentaram fazer conexão com os meus, como se me perguntassem o que ele deveria fazer – Mas eu acredito, do fundo do meu coração, que você não conseguirá seguir em frente se fechando para o mundo como você está fazendo e nós dois sabemos que isso só está acontecendo porque você está com medo de enfrentar a realidade e talvez o vídeo te ajude a superar essa situação.

Percy me olhou por alguns segundos, e logo depois seus olhos voltaram a encarar a tela do tablet com um carinho tão grande, que eu nunca presenciara, pelo menos não que eu me lembre.

- Você não sabe o quanto é difícil para mim, sair desse quarto e saber que Tyson não pulará do dele para o meio do corredor a fim de me importunar, nem que minha mãe nunca mais pedirá para que eu o busque na escola, porque ela não pode, pois tem uma fornada de cookies quase saindo do forno. É difícil admitir que ele nunca mais virá deitar-se comigo em dias de tempestades, porque está com medo dos trovões. – Percy enxugou a única lágrima que caiu e rapidamente deixou o mini computador no colchão se afastando para voltar para a cabeceira da cama.

- Eu sei que não me sinto da mesma forma que você, Percy. Mas você pode ter a certeza de que eu sei o que você quer dizer com isso. Tyson nunca mais irá me chamar de Sabidinha e sair correndo querendo que eu brinque com ele ou irá até a minha casa perguntando se você está lá e ficará para o jantar com milhões de vezes ele fizera. – meus olhos já estavam lacrimejados, mas eu diferente de Percy permitia que meus sentimentos aflorassem, por isso dei uma pausa tentando me recompor para continuar –Ele era o espirito dessa rua, nada nunca mais será o mesmo sem ele, mas nós precisamos seguir em frente, porque é isso que ele gostaria que nós fizéssemos.

Enxuguei as minhas lágrimas e peguei o tablet para longo em seguida me sentar ao seu lado. Com calma, falei:

- Vamos ver o que ele tem a dizer? Garanto que você se sentirá melhor depois disso.

Percy estava pronto para negar, quando encarou pela quarta vez a tela do tablet e sorriu ao ver o sorriso do pequeno Jackson. O mais velho apenas assentiu com a cabeça e eu despluguei os fones com um sorriso singelo nos lábios. Percy, finalmente, estava fazendo a coisa certa.

Dei play no vídeo.

- Oi, Percy. – Tyson acenou e depois pareceu pensar um pouquinho – Oi, Annie. E... Oi, mamãe. – o pequeno deu uma pausa, mas logo continuou - Só estou falando “oi” porque eu sei que vocês também verão isso, então estou sendo educado, como a senhora me ensinou, mamãe.

Ouvi Percy rir e eu o acompanhei secando algumas lágrimas remanescentes.

- Esse vídeo é para o meu cabeção preferido, por isso eu peço que você não fique bravo comigo por estar usando o seu tablet. Okay? É por uma boa causa. – Tyson explicou e depois olhou para os lados de novo como se ninguém pudesse vê-lo.

- Bom... - os olhos de Tyson lacrimejaram e seu lindo sorriso perdeu a força. - Eu já sei o que vai acontecer comigo, ouvi os médicos falando sobre a minha situação e... Sei que não tem mais nada que eles possam fazer, e vocês também sabem o porquê. Nem se aparecesse um doador de medula óssea seria capaz de me salvar a essa altura do campeonato. Só me resta jogar a toalha.

Tyson fungou no vídeo e Percy e eu fizemos o mesmo do outro lado.

- Mas nem tudo na vida é ruim, você mamãe me ensinou isso também, se formos ver pelo lado positivo, eu não vou mais sentir dor e vocês não vão precisar se preocupar comigo 25h por dia, como eu sei que vocês estão fazendo.

O pequeno deu uma pausa e pareceu pensar em suas próximas palavras e enquanto ele fazia isso, seu irmão mais velho procurou a minha mão livre e a apertou de forma fraca, como se precisasse do meu apoio. Retribuí o aperto.

- Mas deixando esse papo triste de lado, até porque eu não estou fazendo esse vídeo com esse propósito. Só quero garantir que vocês ficarão bem e mostrar que eu também ficarei aonde quer que eu esteja. - Tyson enxugou uma pequena lágrima e abriu um enorme sorriso - Eu queria fazer alguns pedidos e é bom vocês cumpri-los ou eu vou aparecer para puxar o pé de cada um... - o pequeno deu uma pausa, para logo depois abrir um sorriso ainda maior e continuar a falar mais do que animado - Será que dá para fazer isso depois de morrer? Nossa Percy, já pensou que legal seria? Poder andar por aí sem ninguém ver e ainda aprontar um monte de coisas e ninguém descobrir quem foi? Deve ser muito legal, eu com certeza colocaria aranhas no travesseiro da Sra. Dodds, ela é a pior professora de matemática do mundo todo e você sabe do que eu estou falando.

Percy pausou e o vídeo e riu audivelmente, olhei-o de esguelha e fiquei feliz ao ver que seu sorriso chegava aos olhos.

- Só o Tyson mesmo para falar uma coisa dessas.

Percy voltou a rir e eu o acompanhei, imaginando um pequeno serzinho invisível colocando aranhas (insetos que eu odeio como todas as minhas forças) no travesseiro da minha professora de matemática da sexta série. Um verdadeiro demônio em forma de gente.

Rimos mais um pouco e em seguida voltamos a prestar atenção no nosso Tampinha.

- Nossa, seria muito engraçado! Ainda mais se ela der aqueles chiliques iguais aos da Annie quando vê aranha. É muito legal ver você assim, Annie.

Tyson começou a se tremer e a gritar com uma voz fina que eu supus ser a minha quando tinha os meus “chiliques.” Arfei indignada com a revelação e Percy riu assentindo com a cabeça.

- Pena que o cabeção do meu irmão sempre mata a aranha e acaba com a brincadeira.

- Ai de você se não fizesse isso, Perseu. - murmurei e o idiota ao meu lado riu, antes de me responder:

- Sou o seu príncipe encantado, Sabidinha. Tenho que te defender de tudo e todos que possam te machucar. - com essas palavras ele me abraçou pelo ombro e beijou a minha têmpora, fazendo-me sentir algo engraçado na barriga e a maravilhosa sensação de segurança.

- Acho bom mesmo, Cabeça de Algas.

Tyson ainda estava explicando como os meus chiliques eram engraçados, quando voltamos a prestar atenção no vídeo, mas rapidamente o pequenino mudou de assunto, iniciando outro pedido.

- Annie, fala para o Tio Frederick que ele pode terminar a casinha da árvore sem mim. Okay? - o Tampinha deu uma pausa, respirou fundo e continuou com os olhos brilhando de lágrimas - Bob e Matthew o fizeram prometer que a casa da árvore só seria terminada quando eu estivesse melhor e pudesse ajudar, mas isso não vai acontecer.

Quando Tyson mencionou meus irmãos gêmeos, me lembrei, instantaneamente, do choro quase que interminável que se apossara dos dois quando souberam que o melhor amigo tinha virado uma estrela, de acordo com o que minha madrasta explicara para eles.

Já peguei Bob chorando escondido mais de uma vez nessa semana e entendo que para ele a partida de Tyson seja mais dolorosa, já que os dois juntos eram o terror da rua. Sempre aprontavam juntos as pegadinhas mais mirabolantes que se possa imaginar. Já Matthew sempre fora mais centrado e sempre era quem os livrava dos castigos, só não conseguia essa proeza quando também participava e ai sim, as coisas ficavam feia. Os três juntos eram capazes de colocar a rua, a escola ou qualquer outro lugar que estivessem de cabeça para baixo.

- Só lembra eles que a cor tem que ser azul escuro. Já que eu não vou estar ai para ajudar no acabamento, nada mais justo do que eu escolher a cor. – Tyson pareceu pensar em mais algumas coisas e por fim disse – Fala para o Bob e para o Matt que eles são os melhores amigos que eu poderia ter, e que eu nunca os esquecerei, espero que eles também não. Diga ao Tio Frederick que ele é o meu segundo pai e que eu os amo muito. Pode ser?

Assenti sabendo que ele não veria e enxuguei duas lágrimas que escorreram pelo meu rosto.

- Percy, guarde todos os meus bonecos de ação, não deixe que a mamãe os doe. Combinado? E mamãe, é para guardar, não quero ninguém brincando com eles. Não me importo se os meninos da creche precisam deles ou queiram brincar, não é para dar, eles são meus e apenas meus.

Os bonecos de ação de Tyson eram verdadeiras relíquias para o pequeno Jackson, nem mesmo os meus irmãos brincavam com aqueles bonecos sem a permissão do Jackson mais novo, ele morria de ciúmes, era igual a um colecionador.

- Também queria pedir para você e para a Annie não deixarem de vir visitar a área da oncologia infantil, essas crianças precisam de atenção e tem algumas que não tem ninguém que venha visitá-los. E bom, vocês se saíram ótimos como palhaços bobões. Se não der certo a arquitetura, nem a biologia marinha, vocês já sabem que possuem uma vaga no circo.

- Mais que desaforado. – Percy se exaltou e em seguida riu, sabendo que o irmão só queria irritá-lo.

- O que mais eu tenho que pedir? – Tyson bateu no queixo com o dedo indicador, fazendo posse de pensador, e seus olhos se arregalaram e brilharam ao mesmo tempo, antes do Tampinha corar fortemente – Fala para a Ella que eu gostei do beijo. Okay?

Percy pausou o vídeo e me encarou de olhos arregalados.

- Ele disse beijo?

- Oh, meus deuses, meu Tampinha não era mais tão Tampinha assim. – resmunguei abismada por Tyson já ter dado o seu primeiro beijo.

- Ele beijou a Ella?

- Ella é a menininha ruiva da rua de baixo, não é? – questionei Percy com a expressão confusa e o rapaz assentiu atônito.

- Antes de descobrirmos que ele estava doente, Tyson veio me pedir dicas para falar com as meninas e me disse que estava gostando de uma garota. – o moreno me revelou com a expressão alegre e depois riu jogando a cabeça para trás – Pelo visto os meus conselhos deram resultados.

- E quando você ia me contar que o meu Tampinha tinha crescido a esse ponto, Perseu? – emburrei e questionei brava. – Poxa vida, eu podia ter ajudado, essa menininha já veio falar comigo sobre o quanto Tyson era bonito, e esperto.

- Sério que ela falou isso? – Percy arregalou os olhos incrédulo e eu assenti. – Oh céus! Eles teriam formado um casal tão bonito. – e de repente o clima voltou a pesar.

Antes que um de nós se rendesse ao choro, com isso quero dizer eu, já que Percy pelo visto, nunca daria o braço a torcer, dei play no vídeo deixando com que Tyson nos contasse sobre o seu primeiro beijo.

- Eu poderia deixá-los curiosos sobre como aconteceu, mas como eu sou um menino muito bonzinho, vou dizer como foi. – Tyson estava mais vermelho que o tomate mais maduro de um pomar, e com certeza, se ele estivesse ali, ao vivo e a cores, eu já estaria mordendo-o todinho devido a sua fofura – Ela veio me visitar aqui no hospital e bom, a mãe dela e a mamãe foram conversar fora do quarto, e ela ficou aqui comigo.

- Percy, um dia você me disse que às vezes só precisamos de cinco segundos de coragem para fazer o que queremos, então eu tive esses cinco segundos e disse que gostava dela. No começo eu achei que ela fosse me bater, porque o rosto dela fixou igualzinho à cor do cabelo dela, do mesmo jeito que a Annie fica quando está com raiva de você, mas a Ella estava assim porque estava com vergonha e não porque queria me matar, pelo menos foi a essa conclusão que eu cheguei, se não ela não teria me dado um selinho. Certo? – Tyson nos questionou, e eu o fitei cética, sabendo que ele estava tentando me alfinetar com o comentário sobre a cor do meu rosto quando estava com raiva. – Ela fechou os olhos e encostou os lábios dela nos meus, no começo eu fiquei sem reação, mas depois também fechei os meus olhos.

Tyson coçou os olhos nitidamente envergonhado por estar contando sobre o seu primeiro beijo, mas logo abriu um sorriso pequenininho e completou:

- Quando a gente se afastou ela perguntou se eu tinha gostado, só que eu não consegui respondê-la porque nessa mesma hora a mamãe voltou para o quarto e... Obrigado, mãe. – Tyson foi irônico, mas em nenhum momento deixou de sorrir, indicando que estava apenas brincando.

- O que mais eu tenho para falar? Ah, lembrei. – os olhos de Tyson brilharam em maldade, e o pequeno complementou – Annie, você não pode ouvir essa parte, só o Percy. Okay?

Parei o vídeo e olhei para Percy, a fim de saber o que ele queria que eu fizesse. Deixasse-o sozinho ou ficasse ali com ele.

- Fica aqui, por favor. – ele pediu e eu assenti voltando a entrelaçar os nossos dedos.

Eu juro por tudo que há de mais sagrado, que achava que Tyson ia começar a se despedir de Percy, já que o mesmo dissera no começo doo vídeo que essa era a sua intenção e acredito eu que Percy achara a mesma coisa, mas o que ele disse em seguida deixou Percy e eu envergonhados.

- A Annie já saiu? Bom, espero que sim, pois eu vou começar a falar sobre algo que talvez você não queira que ela ouça. - Tyson avisou, mas não enrolou como das vezes anteriores – Cabeção, você tem que falar logo que é apaixonado por ela, ou vai perdê-la de vez para o Luke Bobão Castellan, e eu sei que você não quer isso. “Mas o Luke é idiota demais, a Annie não vai ficar com ele” – Tyson imitou o irmão que se encontrava imóvel ao meu lado, eu não estava muito diferente. – Realmente, o Luke não faz o tipo da Annabeth, mas ela pode encontrar alguém muito mais interessante na faculdade. Já pensou? Além de afastados pela distância, ter outra pessoa no meio de vocês dois que realmente a mereça?

- Então, pelo amor dos deuses, pare de dormir no ponto e faça alguma coisa para conquista-la, já que você não me deu o privilégio de tê-la como cunhada, o dê para a mamãe, dando a ela a nora dos sonhos. – o Tampinha riu e fez barulhos de beijos, me deixando mais vermelha do que antes.

De repente, um silêncio insuportável se instalou no quarto, que nem Percy e eu estávamos dispostos a quebrá-lo, aquela informação dada por Tyson fora capaz de me desestabilizar de diversas formas possíveis.

Meu melhor amigo era apaixonado por mim?

Estava certo o que meu cérebro entendera?

Oh, céus. Eu estava perdida.

Quando Percy ameaçou olhar para mim, Tyson voltou a falar e dessa vez a sua voz estava embargada o que fizera com que nossas atenções se voltassem totalmente para ele.

- Eu não queria estar com leucemia, muito menos à beira da morte, mas alguém lá em cima quis assim e eu não posso fazer nada para mudar isso, muito menos vocês. Por isso, eu queria pedir para que não fiquem tristes com a minha partida, pois eu sei que essa será a melhor solução para tudo isso que está acontecendo. – Tyson soltou algumas lágrimas e continuou entre soluços. – Eu não aguento mais fazer todas as sessões de quimio e radioterapia, elas fazem com que eu sofra e saber que isso também está fazendo com que vocês sofram, faz com que eu me sinta pior. Eu não quero mais me sentir assim. Não quero ser um fardo.

Nesse momento eu já estava chorando silenciosamente, e meu coração estava apertado, pois eu não poderia mais fazer nada que acalentasse a dor que Tyson demostrava sentir.

- Mamãe, eu sei que a senhora me ama muito e eu também te amo muito, por isso me prometa que será feliz, pois eu só estarei feliz se a senhora estiver bem. Encontre um namorado, ou seja escritora como a senhora sempre quis. Prometa-me que sempre que se lembrar de mim sorrirá, pois não quero mais ser o motivo de suas lágrimas, estou cansado de vê-la chorando pelos cantos por minha causa, não gosto de vê-la triste. – Tyson chorava compulsivamente e não estava nem um pouco preocupado em camuflar a sua dor.

­- Percy, quando o papai morreu, eu só tinha seis anos e quase não tinha noção do que estava acontecendo, só sabia que eu nunca mais veria o meu pai, novamente. No dia do enterro dele a mamãe e eu estávamos chorando muito e você não derrubava nenhuma lágrima. Quando te perguntei porque você também não chorava, eu lembro que você me respondera que só os fracos choravam e sem o papai você não podia ser fraco, pois tinha que cuidar da gente. – Tyson tentou enxugar algumas lágrimas, mas não conseguiu grandes mudanças – Eu descobri que isso não é verdade, você pode chorar sim, Percy. Porque chorar não é uma demonstração de fraqueza, mas uma forma de mostrar que você tem sentimentos, que você se importa. Então, não guarde tudo dentro de si, extravase e deixa que os outros saibam o que te incomoda.

Tyson respirou fundo, controlando o choro. Nesse momento Percy apertara mais forte a minha mãe, e eu o olhei, vendo que seus olhos estavam cheios de lágrimas, antes que eu pudesse dizer algo, o Tampinha continuou:

- Eu queria agradecer a vocês dois por tudo que fizeram por mim. Obrigado por velar as minhas noites de sono, mamãe. Por cuidar de mim quando eu estava doente, por fazer os melhores cafunés do mundo, por sempre contar as melhores histórias e é óbvio por fazer os melhores cookies azuis da face da Terra. Obrigado, Percy, por ser o melhor irmão que eu poderia pedir aos céus, por brincar e brigar comigo quando necessário, por deixar eu dormir com você quando tinha medo, por me ensinar a andar de bicicleta, skate e patins e a nadar.

- Eu não queria deixar vocês, mas é necessário. Mamãe, não se preocupe comigo, pois eu sei que encontrarei o papai e ele cuidará de mim como sempre fizera enquanto estava vivo. E Percy, não se prenda a mim, viva a sua vida como você planejou e quando for o momento certo voltaremos a nos encontrar, espero que não seja em breve, mas sei que isso vai acontecer um dia. Você não se livrará definitivamente de mim, cabeção.

- Não posso deixar você de fora, Annie. Obrigada por ser a irmã mais velha que eu não tive e fazer tudo o que eu sempre tinha vontade. Espero que você seja muito feliz e por favor, cuide deles para mim. Sei que em suas mãos, eles estarão bem. Tchau, vocês sempre estarão comigo, pois são a melhor parte de mim. Amo vocês.

De repente, a tela ficará totalmente preta indicando que o vídeo acabara definitivamente. Meu rosto estava banhado por lágrimas, mas naquele momento, eu não estava nenhum pouco preocupada comigo, mas sim com o meu melhor amigo, pois eu sabia que ele estava sentindo o peso das palavras do irmão e de acordo com as minhas contas desabaria de uma vez só.

- Percy... – antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o Jackson já se agarrava ao meu corpo, me abraçando de forma apertada e soluçando contra a minha blusa.

O abracei de volta deixando-o chorar pela morte do pai, Poseidon Jackson que fora morto depois de um assalto, e pela morte do irmão mais novo por câncer. Percy nunca se permitira a ter esse momento de chorar por aqueles que já se foram, eu sabia que ele precisava desse tempo, por isso apenas o abracei. Sem pedidos de calma. Sem palavras de consolo. Nada faria com que a dor que ele estava sentindo diminuísse, a não ser aceitar que ele precisava seguir em frente.

- Essa vida não é justa, Annie. Ela tira de mim todos que eu amo. Primeiro o meu pai, depois o meu irmão mais novo... Quem mais ela vai levar? – o moreno mais soluçava do que falava, mas era possível entender tudo o que ele dizia e como combo toda a dor que ele sentia – ela poderia me levar ao invés deles.

- Não fala isso, Percy. – o abracei mais forte, como se a hipótese dele morrer me assustasse mais do que aranhas.

- Tyson nunca fizera mal a ninguém, e morreu. Uma doença maldita o levou embora, sem avisar. Isso não é justo, Annie.

- A vida não é justa, Percy. Como o próprio Tyson dissera, a morte pode ter sido a solução para o que ele estava sentindo. Lembra-se das vezes que o acompanhávamos nas sessões de quimioterapia, o quão abatido ele ficava? A morte acabou com o sofrimento dele... Não vou dizer que você deve se conformar, mas pense que aonde quer que ele esteja não está sofrendo, pois o pior já passou.

Percy continuou chorando por mais alguns minutos e quando suas lágrimas cessaram, ele se afastou e me encarou nos olhos. Dei um meio sorriso a ele, que retribuiu apenas com um puxar pequeno de lábios. Com calma e carinho, sequei suas lágrimas apagando assim o rastro que elas fizeram em suas bochechas. Eu não sei exatamente como aconteceu, mas em um segundo eu estava encarando-o nos olhos e no segundo seguinte nossos lábios estavam grudados um no outro.

No começo era um inocente encostar de lábios, não nos atrevemos a um movimento mais ousado, pois tínhamos medo. Medo do outro não gostar, medo do outro achar errado. Medo. Simplesmente medo. Os lábios dele eram macios e tinham gosto de gotas de chocolate as mesmas presentes nos cookies azuis de Sally, e embora fossem doces era possível sentir resquícios de suas lágrimas, estas que deixavam o beijo salgado.

Com calma, mexi o meu lábio inferior em uma mensagem oculta de que se ele quisesse aprofundar o beijo tinha total liberdade para fazê-lo. Nesse momento Percy não fora o moreno lerdo que eu conhecia, pois em questão de milésimos de segundos sua língua rodeava a minha boca com precisão, uma mão estava na minha cintura e a outra acariciava a minha bochecha com um carinho que não era imprimido no beijo, este era totalmente forte e preciso

Teve um momento que minha pele se arrepiou inteira e meu estômago revirou-se completamente, como se ao invés de estar beijando o meu melhor amigo, eu estivesse em uma montanha russa. Eu nunca sentira nada parecido com Luke. Percy fazia com que eu parecesse estar flutuando, perdida em uma realidade alternativa onde a gravidade não tivesse poder sob o meu corpo.

Antes que o nosso fôlego acabasse, agarrei-me aos seus cabelos, trazendo-o para mais perto. Percy me abraçou e encerrou o beijo com pequenos selinhos, que me fizeram sorrir. O moreno colou nossas testas e sorriu ainda de olhos fechados, os meus já estavam abertos, pois eu não queria perder nenhum segundo do show particular que seria quando eles se abrissem e encontrasse os meus.

Dito e feito.

A felicidade parecia, de alguma forma que eu não sei explicar, alcançar os orbes verdes que tanto me fascinavam, outro ponto que eu só descobrira naquele momento.

- Cinco segundos de coragem. Cinco segundos de coragem. – Percy murmurou contra o meu rosto, mas aquela mensagem não era pra mim, era para ele mesmo.

O moreno respirou fundo e sorriu antes de me dar um outro selinho.

- Annie, eu sou completamente apaixonado por você. Eu te amo. – ele sussurrou contra os meus lábios o que me fizera sorrir e antes que eu pudesse me manifestar, ele completou – Sei que tudo isso pode estar parecendo ser repentino e rápido demais, mas eu não quero te perder também...

Dei-lhe um selinho, para que ele se calasse e funcionou.

- Não precisa dizer nada Percy, dá para ver nos seus olhos. – murmurei analisando-o e ele sorriu envergonhado.

De repente, cheguei à conclusão de que tudo que eu busco em Luke, eu encontro facilmente em Percy. A lealdade, o bom humor, a preocupação com as coisas mais simples da vida, até mesmo o sorriso de lado é o mesmo que eu procuro no meu namorado, mas nunca encontro. Talvez, eu esteja procurando as coisas certas na pessoa errada.

- Eu também sou apaixonada por você, Percy. Eu só não sabia disso. – sussurrei em seu ouvido e me diverti ao encontrar a expressão de choque em seu rosto.

- Você está dizendo que...

O beijei, sem deixar que ele concluísse seu pensamento, e dessa vez as coisas iniciaram-se calmas e permaneceram assim até o final, ou durante boa parte do beijo, já que minhas mãos fizeram questão de arranhar as costas nuas de Percy de uma forma não tão carinhosa e o moreno se permitiu a apertar a minha cintura com possessividade, deixando-me a certeza de que no dia seguinte, teria alguma marca ali.

Percy tirou-me de seu colo e colocou-me deitada em sua cama, distribuiu vários selinhos no perímetro do meu rosto e murmurou com um sorriso:

- Obrigado por não desistir de me ajudar.

- Você pode sempre contar comigo, Percy. – murmurei beijando-o novamente. Era viciante. – Eu sempre estarei ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

O que aconteceu depois do ponto final fica a critério de vocês. Okay??? kkk
E então, o que acharam...?
— Do enrendo;
— Dos personagens;
— Enfim... De tudo?

Deixem a opinião de vocês e passem nas minhas outras histórias.

PERCABETH's

—--------------- One-Shot ----- UM DIA QUALQUER
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/395838/Um_Dia_Qualquer


—--------------- Long-Fic ----- IT IS THE LIFE...
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/218949/It_Is_The_Life


—--------------- Long-Fic e Continuação ---- The Choices Of Life...
LINK:http://fanfiction.com.br/historia/418008/The_Choices_Of_Life/


—--------------- Short-Fic ----- AS LONG AS YOU LOVE ME
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/328868/As_Long_As_You_Love_Me


—--------------- One-shot ------ JUST THE WAY YOU ARE
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/366058/Just_The_Way_You_Are


—--------------- One-shot ------ THEY DON'T KNOW ABOUT US
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/434557/They_Dont_Know_About_Us/


KATEETA's

—---------------- One-shot ------ A ESPERA
LINK: http://fanfiction.com.br/historia/265441/A_Espera

THALICO
—---------------- One-shot ------ CHALLENGE ACCEPTED
LINK:
http://fanfiction.com.br/historia/469389/Challenge_Accepted/capitulo/1/


Beijos até uma próxima vez.
E muitíssimo obrigada por ter dado uma chance a one-shot.