Prometidas escrita por P Capuleto


Capítulo 7
ARCO I: galanteios


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Sasuke estava feliz por conhecer outro guardião que não simpatiza tanto com humanos assim como ele. O sentimento não durou muito, pois viu surgir no horizonte uma criatura alaranjada e apressada: uma raposa. Pelo tamanho, sabia que se tratava de Naruto, então revirou os olhos já prevendo que não poderia usufruir de descanso enquanto ele estivesse ali.

Esperou que Naruto se aproximasse para fazer algum comentário sarcástico, mas o rapaz se metamorfou sem nem mesmo frear o passo e caiu com tudo por cima de Sasuke, que não conseguiu desviar a tempo pois não esperava por uma afobação tão desesperada.

— Sasuke! – o loiro gritou ainda sobre o corpo do outro – Onde ele está?!

— Sai de cima de mim, seu maluco! – o rapaz corvo tentava se livrar do peso, mas Naruto parecia determinado a ter sua atenção.

— Ele te achou? O que ele disse? – cochichou aproximando seus olhos azuis dos negros de Sasuke.

O moreno desistiu de usar a força e transformou-se em corvo para fugir. Quando já estava liberto, voltou a forma humanoide e ajeitou o youkata que estava todo frouxo.

— Que porra foi essa? E de quem você está falando? – perguntou indignado.

Naruto olhou para todos os lados enquanto se levantava do chão também.

— Madara. – sussurrou engolindo em seco – O guardião da lenda.

— Quem? – Sasuke já estava com a paciência esgotada a essa altura.

— Um cara grande de cabelos compridos e olhos vermelhos veio te ver? – perguntou, ao que Sasuke assentiu – Seu nome é Madara, ele estava te procurando não sei porquê e eu tenho quase certeza de que ele é a entidade da lenda. Aquele que dizimou uma vila inteira anos atrás.

O moreno cruzou os braços.

— Já te disse que isso é só uma historinha. Por mais que humanos sejam irritantes, ninguém seria sanguinário a esse ponto. Fora que... – ele limpou a garganta desviando o olhar – Esse cara que conheci parece legal. Nós temos ideias parecidas.

Naruto colocou as mãos na cintura.

— Você não gosta de ninguém. Aí quando um assassino vem te procurar, você se identifica? – brigou.

— Não enche. – o outro virou de costas e tentou se afastar, mas Sai apareceu na sua forma de pantera para bloquear seu caminho. – Vocês estão especialmente insuportáveis hoje.

Sai tomou a forma humana e cruzou os braços:

— Independentemente da veracidade dessa história, o guardião pareceu não ser coisa boa. Fico preocupado com o que ele pode estar querendo com você.

— Ele não queria nada. Nós só trocamos uma ideia. – Sasuke respondeu, mas então se lembrou do que o guardião disse sobre ele ter sido de grande ajuda. Resolveu não dar essa informação a eles com medo de que não largassem mais do seu pé. – Vocês são paranoicos demais.

Naruto cerrou os punhos e tentou avançar para cima do moreno, mas Sai suspirou alto e o impediu.

— Se você tivesse ouvido as coisas horríveis que ele disse, talvez também ficasse preocupado com ele rondando a cidade. – Sai tentou.

— O que eu tenho a ver com isso? – questionou.

— Quer saber, isso foi uma perda de tempo. – Naruto levantou as mãos em desistência. – Vamos embora, Sai. Vamos cuidar de quem vale a pena.

 

**********

 

— Ino, será que pode parar de falar dessa festa por... Hm... Cinco minutos? – Hinata pediu apoiando a cabeça em uma das mãos.

Ino estava dando o último gole em sua xícara de café com leite e olhou feio para a irmã.

— Eu não estou nem falando com você. – respondeu grosseira ao cancelar o áudio que estava mandando para sua amiga Karin.

— Mas nós estamos dividindo a mesa... – Hinata murmurou sem muita confiança – E... E eu não quero ficar me lembrando da festa. Foi uma vergonha! Tanto pra mim quanto pra Sakura, coitada... Ela odeia ser o centro das atenções.

Ino grunhiu e bloqueou o celular.

— Se quer tanto que eu pare de comentar a formatura, eu faço. - declarou revirando os olhos. – E acredite, seja lá que micos você tenha pago enquanto estava bêbada, o de Sakura foi muito pior.

Hinata engoliu em seco encarando a embalagem vazia do iogurte que acabara de comer. Estava com pena de Sakura e se sentiu mal por não ter feito nada para ajuda-la depois da declaração inesperada de Lee.

— Se precisar de mim, estarei comemorando minha coroa sozinha na sala. – avisou a loira – Já que, graças ao merda do Lee, ninguém parece se lembrar disso.

Ino saiu da mesa e levou seu celular para a sala de TV. Hinata levou o dedo indicador à boca e começou a mordiscar a unha dando tudo de si para não roê-las apesar do nervosismo crescente em seu peito. Desde pequena a morena luta contra o impulso de roer as unhas sempre que algo a deixava ansiosa.

— Tira a mão da boca. – a voz repentina de Sakura a assustou, mas também aliviou.

— F-foi mal. – respondeu – Como você está?

Sakura deu de ombros e sorriu sem muita vontade.

— Não se preocupe comigo. Já passou. E eu só quero esquecer que aquilo aconteceu.

— Tudo bem... – respondeu e então desviou o olhar – Sakura?

— Sim?

— Ontem, eu... Quer dizer... – ela voltou a levar o indicador à boca, mas Sakura apanhou sua mão com gentileza.

— O que foi?

— O quão bêbada eu fiquei ontem? Eu estou me sentindo tão mal por não ter te ajudado. E agora também estou me sentindo mal por não dar o apoio que Ino queria. Quer dizer, ela sonhou com essa coroa o ano todo.

Sakura a abraçou pelos ombros já que a morena ainda estava sentada à mesa.

— Não vou mentir... Você estava em outro mundo. Mas tenho certeza de que se divertiu muito!

Hinata sentiu o rosto corar e tentou se libertar do abraço por vergonha. Tentou não pensar em como aquilo era verdade: nunca se sentiu tão solta e alegre quanto na noite anterior, mas ela sabia que não era apenas resultado da bebida. Só de saber que não teria de voltar para a escola no ano seguinte, já se sentia melhor consigo mesma e mais confiante para encarar um mundo novo em que ninguém a conhecia.

Desde que se lembra, Hinata foi rotulada: primeiro, foi a menina estranha e sem passado que tinha sido adotada pela prefeita. Depois, a bebê chorona que tinha de ser defendida nos corredores da escola fundamental. Já no ensino médio, foi taxada de perdedora por andar com Kiba e Shino, os "esquisitões", como eram chamados.

Ela sacudiu a cabeça deixando seus pensamentos de lado.

— O que aconteceu com você depois? Você sumiu e não atendeu as minhas ligações.

Sakura mordeu o lábio inferior.

— Isso é um mistério. – murmurou. A outra uniu as sobrancelhas, então Sakura continuou – Onde está a Ino?

— Na sala. – respondeu curiosa e preocupada.

Sakura puxou a morena pelo braço e levou até a loira, que digitava no celular enquanto equilibrava sua coroa de rainha do baile na cabeça.

— Vai usar isso por quanto tempo? – Sakura implicou.

Ino pareceu ter sido pega de surpresa, e então puxou rapidamente a tiara para seu colo.

— Acabei de colocar para tirar uma foto. – explicou-se com as bochechas queimando de vergonha. Hinata e Sakura se encararam por um segundo e trocaram um risinho discreto, o que fez com que Ino quisesse se vingar – E como vão as coisas com seu namorado imaginário?

Sakura a encarou com raiva.

— Você sabe que eu tive que falar aquilo ou o Lee continuaria com aquele showzinho idiota. – ela então revirou os olhos – Não tenho tempo pra brigar. Preciso da ajuda de vocês para entender melhor como eu cheguei em casa ontem. Vamos pro meu quarto.

Ino pareceu se animar.

— Como assim? Será que estava tão bêbada que não se lembra de nada?

— Não, nada disso. Vem logo. Lá em cima eu conto melhor. – respondeu a rosada e então tomou a frente em direção às escadas, sendo seguida pelas duas irmãs.

Quando já estavam todas no quarto, Sakura fechou a porta sem fazer barulho. – Primeiro prometam que não vão contar para a mamãe.

— Claro que não vamos contar. Fala logo! – Ino se sentou na cama e bateu com as mãos nos joelhos.

As pessoas podem chamar Ino de muitas coisas: egocêntrica, ciumenta, desbocada, metida e até levemente maldosa. No entanto, algo que ninguém pode chama-la é de fofoqueira e Sakura sabia bem disso. Se por acaso ela ouvisse algo que não deveria saber, era incapaz de passar adiante. O mesmo valia para boatos: uma notícia mal contada pode destruir uma reputação e Ino jamais seria mal caráter a ponto de fazer algo desse nível. Sua lealdade era infalível, assim como seu amor pelas irmãs. Por isso, Sakura tomou aquelas palavras como verdadeiras e resolveu começar a contar:

— Ok. Eu tive uma queda feia ontem e bati a cabeça. Acho que um cara me salvou, mas não tenho certeza... Só sei que quando dei por mim, estava na minha cama.

— O quê!? – a loira gritou mais alto do que o necessário, o que fez Sakura pular de onde estava para tapar sua boca.

— Ino, para com isso!

— Desculpe, desculpe. - pediu baixando o tom de voz depois de ter a boca liberta  - Mas como você quer que eu lide com uma bomba dessas? Preciso de mais detalhes. Quem era o cara? Vocês transaram?

— Ino! – dessa vez foi Hinata que chamou a atenção da irmã curiosa. Sakura fingiu não ouvir a última pergunta.

— Eu não tenho certeza de nada. Posso estar misturando sonho com a realidade, mas tipo... Eu sinto que alguém me carregou até aqui e entrou comigo pela janela. - nesse momento, a rosada caminhou até a única janela do quarto – Olhem só: eu nunca consegui abrir completamente porque está emperrada desde que nos mudamos, mas aqui está ela aberta até o final. Não é estranho?

As outras duas encararam.

—  Seria um admirador misterioso que quis salvar o dia? – Ino pareceu se encantar.

— Na verdade parece mais um sequestrador reverso. Super assustador. – Hinata cortou o barato de Ino – Quem além de nós poderia saber onde você mora?

— Eu me fiz a mesma pergunta. Só os amigos de vocês saberiam para onde me levar. Alguém comentou alguma coisa? Kiba, Shino, Suigetsu, Juugo?

— Comigo nada. – Ino respondeu. – Mas acho que nenhum deles escalaria a casa para entrar pela janela. Seria mais prático usar a porta da frente e tocar a campainha.

Sakura cruzou os braços e se apoiou na parede ao lado da janela.

— Nada faz sentido... E o pior é que quanto mais tento me lembrar, mais estranho fica. – lamentou. – Eu lembro de cair e bater a cabeça, mas tenho quase certeza de que estava sozinha. Só então eu ouvi uma voz masculina, mas nesse momento eu devo ter desmaiado porque, como eu disse, só dei por mim quando já estava na cama. E nesse momento, tive a impressão de vê-lo num canto do quarto.

— Você viu o seu herói misterioso? Como ele era? – Ino questionou.

— E-eu não sei. Estava escuro e eu estava quase dormindo... – disse.

De repente, se lembrou de ver a pessoa pular pela janela. Como se pudesse encontrar alguma pista, projetou o corpo para fora do batente e olhou para baixo, quase como se esperasse ver um corpo caído, mas não havia nada fora do comum.

Como a casa ficava dentro de um condomínio fechado de alta renda, os vizinhos mais próximos ficavam a uma distância considerável, permitindo que entre cada construção houvesse um jardim com pequenas árvores e alguns arbustos de flores. As folhas das árvores eram praticamente as únicas coisas que se moviam naquele momento, graças ao vento sutil da tarde.

Hinata e Ino foram ao seu encontro e as duas também quiseram verificar a parte de fora.

 Foi então que Hinata percebeu uma pena negra presa no fecho da janela que chacoalhava com a brisa.

— Olhem o tamanho disso. – apontou.

Sakura semicerrou os olhos. A pena a fez lembrar de um par de asas passando pela janela na noite passada, mas isso parecia estranho demais para ser real, então achou melhor não comentar.

Nesse momento, o vento tornou-se mais violento e, camuflado entre os galhos folhosos de uma das árvores, Sakura pensou ter visto uma figura escura pousada numa árvore próxima. Ao olhar bem, identificou como sendo um pássaro enorme que parecia encara-la com seus olhos cor de sangue.

Ela pensou em mostrar às irmãs, mas o animal resolveu sair de seu esconderijo e ir embora para fora do seu campo de visão.

 

**********

 

Como apenas Sakura viu o estranho pássaro, Sai e Naruto permaneceram tranquilos observado pelo campo energético de suas protegidas, que exalava curiosidade, desconfiança e excitação diante do mistério que envolvia a irmã de cabelos róseos.

— Elas vão ficar falando desse cara o dia inteiro? - Naruto parecia entediado. Pelo menos sua preocupação em relação a Madara havia se dissipado finalmente.

Sai abriu um dos olhos para encara-lo.

— Elas não estão falando do Sasuke exatamente. Estão apenas investigando.

— Mesmo assim! - ele insistiu fazendo bico e desconectando-se da meditação. – Me avise quando elas mudarem de assunto.

— Posso perguntar algo indiscreto? – Sai perguntou de repente, ao que Naruto assentiu —Eu gosto de cuidar da minha protegida porque faz parte da minha natureza, mas você parece se importar com a sua de uma forma bem mais profunda que eu não compreendo. Diria até que sente ciúmes. Por que faz isso?

Naruto cruzou os braços por um momento e ensaiou dizer algo por duas vezes para só então abrir a boca de fato:

— Acho que... Me apeguei a ela desde aquele dia, doze anos atrás. A última vez em que elas foram à clareira. - respondeu baixando o tom de voz como se fosse um segredo.

— Ah, claro... Eu me lembro desse dia.

— Recordo de vê-la entrar timidamente no bosque em que eu nasci. – Naruto sorriu nostálgico - Cheguei a me perguntar o que uma garotinha tão pequena poderia querer naquele lugar. Quando os primeiros pingos de chuva caíram do céu, ela pareceu se desesperar e seus sapatinhos prenderam na lama que começava a se formar. Eu ainda não sabia seu nome, mas já a tinha visto brincando com as irmãs antes, então fiquei com os olhos nela o tempo todo.

— Nesse momento eu estava observando uma Ino em miniatura que resolveu pular de pedra em pedra até chegar ao meio do rio. Fiquei curioso quando a loirinha se agachou entre algumas plantas aquáticas ignorando totalmente os sinais de chuva que vinham. – Sai interrompeu, dando-se conta do quão bem se lembrava daquele dia.

— Exato. Foi aí que as coisas ficaram piores e muitos relâmpagos iluminavam a clareira, - ele continuou narrando - deixando Hinata apavorada e presa num lugar escuro e desconhecido. Decidi assumir a forma de raposa para ajudá-la, mas assim que me aproximei, a senhorita Tsunade surgiu em seu socorro então apenas acompanhei com os olhos enquanto o resgate acontecia.

— Eu consegui mergulhar no rio sem ser visto e empurrei a senhorita Tsunade contra a correnteza. – acrescentou o guardião pálido – Teria sido terrível deixar que se afogassem.

— Quando recebi o chamado de missão no dia seguinte, foi uma surpresa muito gratificante. Não queria que nada de ruim acontecesse com elas, principalmente com a Hinata, e foi por isso que fui tão rápido em aceitar os termos do contrato. - então ele sorriu e corou um pouco - E com o passar dos anos, eu... Eu me apaixonei. Espero que eu consiga usar meus galanteios corretamente quando a hora chegar. Aprendi essa palavra numa revista adolescente, sabia? Aparentemente as garotas humanas gostam de caras galãs.

"Se apaixonar? Galantear?" Sai refletiu um pouco em cima da nova informação e deixou o rapaz falando sozinho para voltar a se concentrar no campo energético de Ino, a menina que viu crescer, e tentou visualiza-la mentalmente: seu rosto liso e sem imperfeições era enfeitado com belos olhos azuis e um largo sorriso que indicava total confiança e divertimento. Ele pensou em suas atitudes de princesa mimada, em seu jeito decidido e imprevisível e concluiu que sim, aquilo era atraente, mas até que ponto ele a via como algo mais? Para Sai, ela era apenas alguém a quem ele devia atenção e cuidados. Para isso seria necessário algum tipo maior de afeição além do seu natural instinto de proteção? Ele nunca havia pensado sobre isso.


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Notas finais do capítulo

— A história ainda tá meio parada, eu sei, mas a partir de agora as coisas vão começar a ficar tensas. Principalmente quando chegarmos na letra J (pq os capítulos estão organizados por ordem alfabética, caso n tenham notado hushuahu) Espero q continuem acompanhando!
— Até dia 20 de março!



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