Prometidas escrita por P Capuleto


Capítulo 6
ARCO I: fardo


Notas iniciais do capítulo

Tava esperando pra postar dia 30 de fevereiro, é mole? Quase que esqueci de postar hoje (28).
Boa leitura!



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Naruto não conseguia tirar o ato heroico de Sasuke da cabeça. Ele quase desejou ter sido Hinata no lugar de Sakura, só para que ele pudesse entrar em ação, mas logo percebeu que era um desejo estúpido e que jamais deixaria sua protegida (ou como gostava de chamar, "sua prometida") se meter numa situação perigosa só para bancar o herói.

— Ei, Sai. – chamou no meio da meditação – O que acha de entrarmos em seus sonhos essa noite? Faz tempo desde que fizemos isso.

— Você sabe que isso não é aconselhado. – respondeu o outro sem abrir os olhos.

— É que... Sabe, às vezes fico pensando: e se elas não gostarem de nós quando formos conhece-las em quatro anos? Seria melhor se reconhecessem nossos rostos por causa dos sonhos.

Sai se desconectou da energia de Ino, que tagarelava sobre diversos assuntos ao mesmo tempo, tanto com a irmã que estava sentada ao seu lado na mesa da cozinha, quanto ao celular, e olhou diretamente nos olhos azuis de Naruto.

— Não precisa se preocupar com isso. Quando o acordo é feito, uma linha mágica direta é criada entre nós e isso garante quase 100% de chance de sucesso na relação entidade-humano. Vovó Chyio nos ensinou sobre isso, esqueceu?

— Eu sei, eu sei, mas... Não é porque estivemos presentes durante suas vidas que elas têm a obrigação de ficar conosco. Tipo, esse casamento arranjado já era antiquado em 2006. Hoje em dia é inaceitável. Acho que devíamos mudar os termos do contrato.

— Mudar os termos? – Sai quase riu – Naruto, você só pode estar brincando.

— Não é impossível. – o loiro baixou o rosto, sentindo-se encabulado.

Sai chegou a abrir a boca para mandar a tréplica, mas uma outra voz respondeu antes dele:

— Não é como se elas tivessem direito de escolha, raposa. Se o acordo consiste em matrimônio, então elas devem honra-lo e ponto final. Humanos são um fardo para nós, mas vocês terão a chance de usa-las como prêmio. Recompensas maravilhosas que ficarão presas a vocês até o fim de suas curtas e miseráveis vidas. Parece um bom uso para esses seres inferiores.

Os dois olharam em direção ao dono do terrível discurso e verificaram que também tinha um cordão com a esfera de Energia pendurada no pescoço. Era um guardião de cabelos compridos e negros, olhos cor de sangue e um sorriso sarcástico nos lábios. Entidades protetoras não envelheciam fisicamente, mas de alguma forma esse guardião parecia ter mais idade que Naruto e Sai.

— E quem é você para falar com tanta propriedade? – Sai se colocou de pé para encarar o estranho guardião.

— Alguém com mais experiência que vocês. – respondeu – Querem um conselho? Não confie em humanos. Aceitem a superioridade de vocês como entidades poderosas.

Os dois guardiões de aparência mais nova se entreolharam. Não estavam confortáveis com a presença daquela entidade de aura perigosa tão próxima a residência de suas protegidas.

— Está procurando alguma coisa? – Naruto perguntou tentando expulsa-lo. – Algum humano específico que esteja protegendo?

O homem riu.

— Na verdade estou em busca do outro guardião que mora por essas bandas. Um corvo.

— Está falando do Sasuke? O que quer com ele? – Sai cruzou os braços em desconfiança.

— Tirar algumas dúvidas. Nada de mais.

— Sei... – Naruto não conseguia confiar no estranho guardião. Algo nele despertava repulsa no loiro, que começou a ter a impressão de já tê-lo visto antes – Nós já nos conhecemos? Qual é o seu nome?

— Que tal você responder o que eu quero saber e então eu respondo o que você quer saber? – propôs o de cabelos compridos.

— Se nós dissermos onde encontrar o Sasuke, você vai embora daqui? – Sai foi direto.

— É a minha intenção. – respondeu.

O loiro e o pálido trocaram olhares furtivos. Não estavam afim de prolongar aquela conversa e queriam o guardião desconhecido o mais longe possível de Ino e Hinata.

Não havia muitos registros de entidades protetoras que tenham feito mal a humanos. A empatia era algo comum aos guardiões. Poucos desenvolviam, como Sasuke, um desgosto pela função. Mesmo estes não chegavam a maltratar os humanos e apenas seguiam com suas missões para no fim conquistar a tão desejada liberdade.

Esse guardião, no entanto, tinha uma aura ameaçadora e pouco confiável, então os garotos decidiram não arriscar:

— Ele deve estar na clareira, no topo de alguma árvore alta. Não tem erro. – informaram.

— Vocês foram muito úteis, pequenos guardiões. – o moreno de olhos vermelhos sorriu de forma sinistra, fazendo arrepiar a nuca dos dois outros. Ele estava prestes a ir embora, mas Naruto deu um passo à frente:

— Ei, você não disse seu nome.

O homem fez nascerem asas negras de falcão nas suas costas, controlando a transformação para manter-se meio humanoide e meio pássaro. Apesar de não gastar Energia, essa técnica demandava muita prática. Naruto e Sai admiraram a habilidade e controle do estranho a sua frente.

— Talvez já tenha ouvido por aí... Meu nome é Madara, o falcão da caverna. – ele anunciou com prepotência e em bom som antes de levantar voo.

O homem falcão já estava muito distante e Sai observava impressionado.

— Cara estranho... Ele é muito rápido, parece habilidoso e fala de forma horrível sobre os humanos. Espero não encontrar com ele novamente. – Sai comentou, mais aliviado por estarem sozinhos novamente.

A rajada de ar que ele deixou para trás não foi o bastante para desestabilizar Naruto, que se encontrava em choque com a resposta. Sai notou o espanto no rosto do colega.

— Naruto? Está tudo bem?

— Eu sei de onde o conheço.

— De onde?

— Da lenda.

— Da lenda? – Sai parecia confuso.

— Lembra do guardião que destruiu uma vila inteira numa noite só? O extermínio que aconteceu há pouco mais de 10 anos?

— Espera, você não está realmente sugerindo que...

— O nome do guardião da lenda... – Naruto engoliu em seco – Seu nome era Madara.

 

**********

 

Sasuke estava quase conseguindo se convencer de que aquele ato heroico sem sentido tinha sido resultado da empatia ridícula que as entidades protetoras sentem pelos humanos. "Algo irracional que eu não poderia controlar." Ele repetia para si mesmo. "Eu só usei minha Energia para ficar invisível porque não é aconselhado aos guardiões que interajam diretamente com as pessoas a não ser que seja estritamente necessário."

A existência das entidades protetoras não era nenhum segredo e dependia da crença de cada humano. No entanto, durante o tempo de treinamento, Vovó Chiyo deixava claro que quanto mais misteriosa a experiência parecesse, melhor para os humanos, já que eles poderiam se assustar facilmente ao dar de cara com o sobrenatural. E o bem estar dos humanos é a prioridade número um de qualquer guardião que se preze.

— Humanos e suas mentes fracas... – murmurou para si mesmo.

— Nem me fale. – alguém concordou, pegando Sasuke de surpresa. Ao olhar para baixo, viu um homem de cabelos negros compridos e repicados que estava apoiado ao tronco da árvore. Reparando melhor, o moreno viu a esfera de Energia pendurada em volta de seu pescoço e percebeu que se tratava de um guardião assim como ele.

— Quer ajuda, amigo? – o rapaz corvo perguntou. Não era comum esbarrar com outros guardiões por aquelas bandas, então imaginou que estivesse perdido.

O homem olhou para cima, revelando sua face e um par de olhos bem vermelhos que causaram calafrios em Sasuke.

— Se eu estiver certo sobre uma coisa, você já me ajudou bastante. – ele respondeu com um sorriso. – Mas estou curioso, então me diga: o que acha dos humanos?

Sasuke não entendeu como poderia ter ajudado se nem mesmo conhecia o guardião, mas achou a pergunta interessante. Ele se transformou em corvo para descer da árvore no intuito de conversar melhor. Chegando ao chão, voltou a ficar sobre dois pés humanos e ajeitou o yukata.

— Quer saber o que acho das criaturas que são diretamente responsáveis por me manter privado de uma vida em liberdade? Acho que não sou fã deles. – Sasuke respondeu sincero, remoendo novamente o que fizera na noite passada. – Mal posso esperar para ter Energia suficiente para ter paz.

O guardião de cabelos negros compridos permaneceu com o corpo musculoso apoiado no tronco da árvore e não olhou diretamente para Sasuke, exibindo um sorriso de satisfação com a resposta que recebera.

— Gostei de você, garoto. E se me permite mais uma pergunta, o que pretender fazer com sua liberdade?

— Viverei como um pássaro por toda a eternidade. – ele respondeu sem pensar e, quando se deu conta de ter revelado algo tão íntimo, desviou o olhar. – Só quero poder ter autonomia.

— Não tenha vergonha. É um desejo muito válido e eu mesmo já sonhei com isso. – o homem mostrou empatia – Sabe, eu também nasci como um pássaro livre: um falcão. Conheço a beleza de sobrevoar os céus sem preocupações, sem medos, sem arrependimentos... Seria maravilhoso voltar a viver assim..

Sasuke começava a ficar realmente interessado no estranho à sua frente.

Seria maravilhoso? – questionou.

O homem suspirou.

— Infelizmente tenho algumas coisas para resolver antes de "me aposentar". Como sempre, humanos atrapalhando tudo. – ele parecia estar com o pensamento longe.

— Boa sorte com seus assuntos. – Sasuke sorriu, como nem sempre fazia. Tinha simpatizado com aquele guardião que mal conhecera, mas com quem compartilhava a mesma insatisfação. – Problemas com algum protegido?

— Pode se dizer que sim. – o outro agora estava com uma expressão vazia no rosto, mas logo voltou a exibir o sorriso de antes – E falando nisso, quando seu contrato acaba?

— Meu contrato? Não estou com nenhum contrato no momento. – Sasuke esclareceu.

Um brilho discreto passou pelo rosto do outro.

— Me perdoe a intromissão, mas é que estive sobrevoando essa área e por acaso vi muitos guardiões em ação, inclusive um jovem raposa e um jovem pantera que andam com você. Na noite passada, pude testemunhar você salvando uma garota e deduzi que fosse sua protegida. Será que me enganei?

— Ah, bem... – Sasuke voltou a ficar encabulado – Sakura não é minha protegida. É que na verdade ela não tem nenhum guardião e estava em uma situação de perigo. Foi uma besteira minha. Só isso.

Os olhos cor de sangue do homem corvo pareceram brilhar mais ainda.

Sakura. – ele murmurou quase que para si mesmo.

Sasuke não conseguiu ouvir o que ele disse, mas sentiu outro calafrio com o olhar estranho do colega de ofício. Quis perguntar se estava tudo bem, mas não teve tempo. O guardião desconhecido soltou uma gargalhada sinistra que pareceu tocar a alma do rapaz desavisado.

— Parece que eu estava certo afinal. – o homem falcão voltou a olhar para o guardião de aparência mais nova – Você realmente me ajudou mais do que imagina.

De repente ele abriu suas asas, ainda mantendo o corpo humano, e levantou voo. Sasuke não pôde se despedir, pois em menos de um segundo ele já havia desaparecido.

Enquanto admirava a velocidade da entidade, se tocou de que não perguntou seu nome.


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Notas finais do capítulo

— Bom carnaval!
— Até dia 10 de março!



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