Prometidas escrita por P Capuleto


Capítulo 3
ARCO I: contratos


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que estão deixando seus reviews e um beijo especial pros leitores antigos que estão se aventurando nessa comigo! Aos novos, sejam super bem vindos ♥
Nesse capítulo temos a aparição dos meninos. Boa leitura!



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— Shizune, eu sou a pior mãe do mundo! – declarou Tsunade assim que chegou para mais um dia de trabalho na segunda-feira.

— Do que você está falando?

— Essa vida não é pra mim... – lamentou indo diretamente para o frigobar escondido – Elas podiam ter morrido, sabe?

— O quê?! – a assistente quase derrubou a papelada que carregava consigo.

Tsunade não pareceu perceber o impacto de suas palavras sem contexto.

— Se eu não tivesse me afastado... Meu deus, se eu não tivesse voltado a tempo...

— Tsunade... Você está me assustando.

A prefeita levantou o dedo indicador pedindo um momento. Shizune esperou, angustiada, enquanto a loira bebia goles generosos da sua cerveja, indo totalmente contra suas palavras de alguns segundos antes. Por fim, quando a latinha já estava vazia, contou para a morena sobre tudo que aconteceu na clareira no dia anterior.

— Eu não sei mais o que fazer. – choramingou – Você tem alguma sugestão? Qualquer coisa. Sério, nenhuma ideia é uma má ideia.

Shizune pensou um pouco.

— Você acredita em entidades protetoras?

— Tipo anjos? – Tsunade debochou.

— Tipo isso. – a assistente deu de ombros e sorriu. – Mas menos angelicais e mais sobrenaturais mesmo.

Tsunade arqueou uma das sobrancelhas em desconfiança.

— Você está bebendo também? – perguntou.

A assistente negou com a cabeça, deixou a papelada na mesa principal e buscou nas gavetas por um post-it e uma caneta.

— O que está escrevendo aí? – perguntou a loira esticando o corpo por cima do ombro da outra numa tentativa de espiar.

— Provavelmente é só uma lenda, mas se você acreditar bastante, talvez ela apareça. – explicou ao entregar o papelzinho para Tsunade.

— Ela? – questionou confusa, mas então analisou o que estava escrito no post-it: "dizer ‘vovó Chiyo, vovó Chiyo, tenho algo para proteger’ quando estiver sozinha para criar o contrato". – Que porra de ritual satânico é esse, Shizune? Tá brincando comigo? Não vou fazer um pacto com entidades.

— Não é um ritual satânico... Você faz o contrato para proteger pessoas queridas. É algo bom. – insistiu.

— E quem é essa vovó Chiyo?

— Isso ninguém sabe. – a morena riu sozinha e pareceu imergir em seus pensamentos.

— Retiro o que eu disse. Existem más ideias. Essa definitivamente é uma má ideia. Quem é essa mulher? Ela é babá de crianças?

— Acho que se fosse para definir, ela seria como uma bruxa ou algo assim.

Tsunade começou a rir.

— Fala sério, Shizune... Quer que eu faça o que com uma bruxa?

— Ela vai te conectar com essas entidades que falei antes. – explicou já sem muita paciência. – Não tem como eu ser mais clara do que isso.

— Ok, obrigada pela informação e pelo bilhetinho ritualístico. – Tsunade quis acabar logo com o assunto sem pé e sem cabeça – Agora vamos trabalhar porque já tomei duas latinhas no caminho pra cá e não vai demorar até eu sentir sono.

Shizune suspirou.

— Prometa que irá pelo menos pensar no assunto. - pediu.

— Shizune, é só uma lenda. – respondeu de imediato, mas ao ver o desapontamento no rosto da subordinada, revirou os olhos – OK, eu prometo. Agora leia os recados do fim de semana, por favor.

 

**********

 

Depois do longo dia de trabalho, Tsunade estava exausta. Chegou em casa e encontrou as três filhas dormindo em frente a televisão. Depois de passarem a manhã e uma parte da tarde na creche, um transporte particular as deixava na portaria do prédio, de onde o porteiro estava avisado e encarregado de deixa-las dentro do apartamento e não permitir a entrada de mais ninguém.

— Vamos levantando, mocinhas. – gritou já desligando o aparelho – Quero saber quem já tomou banho e escovou os dentes.

Hinata abriu os olhinhos, mas logo tornou a fechar. Seus cabelos estavam molhados, então Tsunade deduziu que havia tomado banho. Olhou para as outras duas que a encaravam com ódio no olhar por terem sido acordadas. Suas testas brilhavam de suor, denunciando o não cumprimento da tarefa.

— Aposto que vocês duas nem viram o banheiro hoje. - acusou - Deixem as roupas dentro do cesto e não esqueçam de desligar a água enquanto ensaboam o corpo.

— Não quero. - Ino era teimosa.

— Ainda tá cedo... - Sakura tornou a deitar no sofá e fechou os olhinhos verdes.

Vendo-as assim despreocupadas fazia Tsunade quase se esquecer do dia de ontem. Elas pareciam bem e sem sinal de traumas apesar de terem pedido para dormir com a mãe na noite anterior. Até mesmo Sakura derrubou parte de seu escudo emocional e se juntou à família na cama que, felizmente, era queenzise.

Para acelerar o processo do banho, a mãe teve de carregá-las até o chuveiro e despi-las para que começassem a despertar de verdade. Quando saiu do cômodo, pôde ouvir as duas brigando e sorriu. Elas estavam bem.

 

**********

 

Durante o jantar, Tsunade ouviu histórias sobre o dia das meninas na creche e riu da inabilidade delas de manter a comida dentro dos limites do prato.

Às nove horas em ponto as crianças estavam deitadas, então Tsunade resolveu beber apenas uma garrafa de cerveja para dormir mais rapidamente. Enquanto saboreava o líquido amarelado, repassou mais uma vez em sua mente o passeio fatídico de ontem e seus múltiplos acidentes.

"Droga... Vou acabar fazem mal a elas..." pensou "Talvez eu precise mesmo de uma entidade babá." completou zombando da ideia de Shizune.

Ela ficou sentada na cozinha batendo os dedos na bancada por algum tempo até que decidiu ceder à curiosidade e pegou o post-it que havia jogado dentro da bolsa.

— Que se dane. – declarou dando o último gole na garrafa antes de ler o primeiro passo do que ela considerava um ritual – Vovó Chiyo, vovó Chiyo, tenho algo para proteger.

Nada aconteceu. Ela se sentiu boba por ter realmente esperado por algo e apoiou a testa na bancada fria.

"Que ridículo... Eu preciso é tomar juízo e ter mais cuidado. Só isso." Concluiu.

"Isso é verdade, mas uma ajudinha sempre cai bem." Ouviu uma pequena parte de sua mente responder.

"Não posso pedir ajuda para uma lenda urbana." Ela entrou no diálogo interno.

"E se não for uma lenda?" ouviu.

Nesse momento Tsunade percebeu que a voz não vinha de dentro de sua cabeça, mas sim de fora. Levantou a cabeça assustada e quase teve um ataque quando viu que não estava mais na sua cozinha. Olhou para baixo e notou que não estava nem apoiada na bancada e a garrafa que tinha na mão havia sumido.

O ambiente em que se encontrava era completamente branco, sem começo ou fim. Olhou para todos os lados mas não viu nada, até que uma figura baixinha surgiu na sua frente.

— Tsunade Senju, não precisa ficar preocupada. A vovó Chiyo vai cuidar do caso. – a figura disse com a mesma voz que ouvira alguns segundos antes.

Tsunade abriu a boca incrédula. A pessoa tratava-se de uma idosa de pele manchada e roupas humildes. Ela sorria de uma forma estranha e seus olhos passavam todo tipo de sensação.

— Q-Quem é você? Você me conhece?

— Claro que conheço. Você não é uma figura pública? – respondeu como se não fosse nada.

— Acho que sim... – concordou a loira, apesar do receio.

— Então vamos aos negócios. Seus guardiões já estão prontos. Venha comigo. – apesar da aparente proximidade, a voz da misteriosa senhora soava distante e parecia vir de todos os lados.

Tsunade obedeceu e, a cada passo dado, o ambiente todo branco ganhava forma. Um pouco de chão, uma árvore aqui e ali, e então o céu azul. Quando se deu conta, estava na clareira.

— Uau! Como viemos parar aqui?! – perguntou entusiasmada por conta da bebida.

— Não faça escândalo ou irá assustá-los. – alertou a senhorinha enquanto apontava para algo acima delas.

Tsunade olhou na direção indicada e ficou sem reação ao dar de cara com três criaturas que a encaravam. A primeira delas, uma raposa do tamanho de um lobo com olhos azulados, abanou a calda e num piscar de olhos se transformou em um rapaz de cabelos loiros e sorriso simpático.

— Fala sério, vovó. Até parece que vamos nos assustar tão fácil assim. – disse ele.

A segunda criatura, dessa vez um felino selvagem com olhos negros mexeu as orelhas pontudas antes de se transformar em humano também. Seus cabelos eram negros e sua pele muito pálida. Ele baixou a cabeça formalmente para cumprimentar as duas, sorriu cordialmente e não disse nada.

Encantada com tudo aquilo, Tsunade voltou sua atenção para a terceira criatura: um corvo de tamanho anormal. Achou que ele mudaria de forma também, mas isso não aconteceu.

— Meninos, essa é a mulher de quem falei antes, a Tsunade. – vovó Chiyo começou a falar e então se voltou para o corvo – Sasuke, não seja rude.

Apesar da falta total de reação à represália, não demorou muito e ele assumiu a forma humana. O terceiro rapaz tinha cabelos negros na altura dos ombros e uma expressão de desinteresse.

Eram todos bem diferentes entre si. As únicas coisas em comum eram a proximidade etária (aparentavam ter vinte anos no máximo) e os youkatas cor de fuligem que cobriam seus corpos.

— OK, belo show. Mas o que é tudo isso? – perguntou Tsunade.

O rapaz de cabelos loiros caminhou até ela de prontidão.

— Meu nome é Naruto, a raposa do bosque. A senhora vai mesmo fazer o pacto? Isso seria... Seria... – sua animação estava visível apesar da tentativa de se manter formal e polido – Seria um imenso prazer.

— Naruto, comporte-se. – a velhinha sorriu e voltou a olhar para Tsunade – Eu trouxe você aqui para apresenta-la às entidades protetoras pelas quais pediu. E não se preocupe: a vovó Chiyo sabe que nada é por acaso e por isso mesmo escolhi guardiões que teriam mais afinidade com suas meninas.

— Minhas meninas?

— Suas filhas, madame. – o rapaz que antes estava na forma de um felino esclareceu. – Meu nome é Sai e eu sou a pantera do rio. A senhora se lembra de pedir ajuda à Vovó Chiyo?

Tsunade pensou um pouco.

— Sim, eu me lembro, mas... Bem, eu não estava falando sério. Quer dizer, isso é um sonho. Eu bebi e caí no sono. – ela encarou a senhorinha – Estou sonhando... Certo?

— Vou deixa-los a sós. – Vovó Chiyo ignorou completamente a pergunta e apoiou uma das mãos no ombro de Tsunade – Para ir embora, você deve selar ou desistir dos contratos. Eles são individuais, então terá de repetir os termos três vezes, minha criança. Fique atenta.

Tsunade pensou em pedir mais informações, mas quando se deu conta, a senhorinha já tinha sumido. Por um segundo, quase entrou em pânico por ter sido deixada naquele lugar com aqueles estranhos metamorfos, mas logo se acalmou. Estava convencida de que nada daquilo era real e que logo estaria e volta à sua casa. Ela só precisava esperar até que acordasse do sonho maluco e tudo voltaria ao normal.

— Bom, vamos começar de novo, madame Tsunade. – o rapaz pálido que se apresentou como "Sai, a pantera" veio cumprimenta-la mais de perto. – É uma honra conhece-la formalmente, mas preciso dizer que já tínhamos visto a senhora algumas vezes. Somos moradores da clareira que a senhora costuma visitar, então foi uma surpresa quando fomos informados de que selaríamos um contrato e-

— Garoto. – Tsunade o interrompeu – Se você me chamar de senhora mais uma vez eu juro que te mando pra Marte.

O rapaz piscou algumas vezes, talvez surpreso. Ele olhou para o loiro em busca de algum apoio.

— Ahn... – o outro coçou a nuca – Por que não discutimos os termos dos contratos? Tenho certeza de que a senho... quer dizer, tenho certeza de que você vai gostar do que podemos oferecer para ajuda-la com suas filhas. Alguma dúvida antes de começar?

— Bom, já que perguntou, quero saber que porra de acordo, contrato ou pacto é esse. Cansei de ficar boiando nesse assunto interno de vocês. – anunciou.

Nesse momento, o terceiro rapaz tomou à frente e se pronunciou pela primeira vez:

— Ela não sabe de nada ainda, seus idiotas. – informou grosseiro e então voltou-se para Tsunade – É o seguinte: somos entidades guardiãs. Existem muitos de nós por aí fazendo todo tipo de trabalho para humanos como você. Os humanos fazem um pedido, a Vovó Chiyo escolhe o melhor guardião para o caso, nós servimos de babá e aí depois podemos ir embora. É uma vida de merda, mas estamos presos à essa condição e só podemos ser livres de verdade depois de muitas e muitas missões cumpridas, então será que a senhora pode selar o contrato de uma vez e não nos fazer perder um tempo precioso?

Naruto ficou boquiaberto. Sai massageou as têmporas.

Tsunade cruzou os braços para encarar aquele rapazinho mal humorado.

— Então basta que eu aperte a mão de vocês e todos os meus problemas vão embora? Até parece. Nem em sonhos as coisas seriam tão boas assim. Qual é o truque?

— Não tem truque, madame. – Sai voltou a falar com um sorriso amarelo – Peço desculpas pelos modos de Sasuke, mas ele não está completamente errado. Realmente é assim que funciona: você pediu ajuda para cuidar das suas filhas, nós fomos selecionados e estamos dispostos à fazer um contrato.

— Sim. – Naruto entrou na conversa – É a nossa primeira missão. Vamos ganhar nossas esferas e começar a contagem de Energia! Estou tão empolgado!

Tsunade descruzou os braços. Estava ficando cansada dessa conversa e queria acordar logo, então lembrou-se de Vovó Chiyo informando que ela só poderia sair de lá se selasse ou cancelasse os acordos, então resolveu dar corda para o assunto. Era apenas um sonho, afinal.

— OK, não quero saber desse negócio de esfera e energia. Só me digam o que eu preciso fazer para selar os contratos. Qual é o preço para ganhar essa proteção de vocês?

— Não existe um preço fixo, na verdade. Depende do que você está disposta a pagar.

— Do quanto, você quer dizer? – ela corrigiu.

— Não, madame. Do quê. – Naruto explicou – O seu dinheiro humano não nos é útil. O que mais nos interessa nesse acordo é a quantidade de Energia Gratificante que teremos acumulado até o fim da missão, mas como às vezes os humanos são... Como dizer?

— Às vezes os humanos são bem egoístas e nada gratos pelo trabalho que fazemos, então é de praxe que cobremos algo a mais, só por garantia. – o moreno mal encarado voltou a falar.

Tsunade começava a entrar naquela fantasia, lembrando-se de filmes e livros com essa temática mágica.

— E que tal um casamento? – perguntou a loira de repente. Já que estava ali, iria brincar direito – Igual nos filmes medievais, sabe? Quando os demônios exigem uma virgem em troca de seus favores.  

— Você só pode estar de sacanagem. – o rapaz corvo riu de desdém. – Com quem você quer nos casar?

— Ora, com as meninas é claro. Seria até engraçado. Imaginem vocês chegando lá em casa e propondo noivado à Ino, Sakura e Hinata. – ela gargalhou sozinha.

— É uma possibilidade, mas... – o menino raposa parecia encabulado – Tem certeza? Tipo, isso é extremamente antiquado.

— Então deixa eu ver se entendi. – o mais pálido pediu silêncio com o dedo indicador – Você quer que cuidemos delas para facilitar seu trabalho como mãe e, em troca nós teremos elas prometidas para nós?

— Parece ótimo. – ela concordou ainda rindo.

— Parece péssimo. – Sasuke opinou, mas foi ignorado.

— Bom, acho que pode ser legal. – Naruto pareceu se interessar pela oportunidade – Mas temos que estabelecer um tempo de duração para o contrato.

— Ah, vocês só poderão casar com elas quando tiverem 21 anos. Isso é óbvio. Posso ser alcoólatra, mas não sou louca.

Sasuke se meteu no meio dos três:

— Eu não vou participar disso. Vocês só podem estar malucos se estão considerando esse tipo de acordo. Isso vai durar anos!

— Espera aí, Sasuke. Isso pode nos dar uma quantidade enorme de Energia. – Sai contrapôs – Entre fazer milhares de missões pequenas ou ficar com apenas uma por anos... Acho que isso que a Tsunade está propondo é mais negócio.

— Seu imbecil, presta atenção: a recompensa é casar com elas. Se isso acontecer, teremos de viver na Terra pra sempre nessa forma humana. E você sabe o que acontece quando uma entidade protetora fica tempo demais na Terra? – perguntou irritado.

— Não. – o loiro respondeu ingênuo.

— Ela enlouquece. – Sai respondeu primeiro – Vocês conhecem a história daquele guardião? Aquele que dizimou uma aldeia inteira?

— Não estou falando disso. Essa história não é real, e mesmo se fosse, o guardião estava apenas se vingando pela forma como nós somos forçados a viver. – Sasuke revirou os olhos – Eu estou me referindo a fatos: entidades que ficam tempo demais na Terra gastam toda sua Energia e acabam ficando presos na condição de humanos. Ou seja, ficamos sem poderes, sem imortalidade, sem nada.

Os outros dois refletiram sobre o que ouviam.

— Bom, nós podemos sugerir uma outra forma de pagamento já que você acha essa ruim. – Sai tentou.

— Não. Eu quero viver com os humanos. Façam o que quiserem, mas eu vou selar meu contrato. Eu sempre achei os humanos criaturas interessantíssimas, bondosas e divertidas. Nunca tive contato de verdade com eles ainda, mas as histórias que ouvi são maravilhosas e eu quero fazer parte disso. – Naruto foi firme, surpreendendo a todos, e então saiu da rodinha para voltar-se para Tsunade, que estava com as mãos no quadril.

— Já acabaram de fofocar? – perguntou brincalhona. – E aí?

— Tsunade, estou pronto para o acordo. – o loiro sorriu – Eu, Naruto, a raposa do bosque, prometo proteger a humana... Ahn... Qual é o nome da minha protegida?

— Bom, você parece ser doce, então vai combinar com a minha menininha dengosa. Sua protegida será a Hinata.

O rapaz corou com o elogio, mas não perdeu tempo:

— Eu, Naruto, a raposa do bosque, prometo proteger a humana Hinata até que complete 21 anos de idade. Cumprida a missão, receberei a recompensa designada por Tsunade, a contratante.

Concorde. – sussurrou Sai para a mulher que parecia encantada com as juras.

— Eu, Tsunade, a contratante, – ela riu – concordo com esses termos.

Quase que imediatamente, um brilho se formou no peito de Naruto. O brilho for tomando a forma de uma pequena esfera clara e límpida que logo ganhou um fio para sustenta-la como se fosse um pingente.

O rapaz arregalou os olhos azuis e mal podia conter sua felicidade. Enfim ganhara sua esfera de Energia Gratificante. Ele olhou para Sai, como se o incentivando a fazer o mesmo.

Ele deu de ombros e tomou a frente.

— OK, de que serve uma vida infinita se não puder aproveitar o mundo humano? Também quero essa recompensa. Vamos lá. Tsunade, estou pronto. Qual é o nome da minha protegida?

Ela pensou um pouco.

— Você é bastante polido e parece ter boas maneiras. Talvez sua influência seja boa para minha birrentinha favorita. Sua protegida será a Ino.

— Eu, Sai, a pantera do rio, prometo proteger a humana Ino até que complete 21 anos de idade. Cumprida a missão, receberei a recompensa designada por Tsunade, a contratante.

— Eu, Tsunade, a contratante, concordo com esses termos. – ela repetiu bocejando. A brincadeira já estava ficando repetitiva.

A mesma esfera surgiu para Sai e ele agarrou seu novo cordão com determinação. Ele olhou na direção do rapaz corvo, que estava de braços cruzados e apático à toda a situação.

— Não estou interessado nesses termos. – declarou. – Prefiro nunca ter minha liberdade à passar o resto da minha vida como um mortal imbecil.

— Nossa, mas você é muito rude. – Tsunade bateu o pé com força no chão – Quer saber, também não quero selar contrato nenhum com você. Minha Sakura merece alguém melhor.

— Por mim tanto faz. Fique sem proteção. – ele retrucou.

— Ótimo. – gritou a mulher.

— Ótimo. – repetiu o rapaz transformando-se novamente na sua versão animal.

— Senhora... – Naruto tentou intervir na briga.

— Não me chame de senhora!

Naruto encolheu-se, mas tentou continuar:

— A Vovó Chiyo pode encontrar um outro guardião e-

— Não precisa. – ela interrompeu – Isso é só um sonho e eu só estava brincando. Agora eu já cansei. Vou embora.

— Brincando? – Sai pareceu perder a calma por um segundo.

Sasuke se transformou em humano novamente:

— Eu falei que isso era roubada. Agora vocês estão presos com essas garotas por causa de uma humana sem noção da seriedade das coisas.

— Tsunade, os contratos estão feitos e não há nada que possamos fazer sobre isso. – Sai não deu atenção ao outro.

— Será que podem ficar calmos? É só um sonho...

— Isso definitivamente não é um sonho. – Naruto estava genuinamente inquieto e girava a pequena esfera de Energia com os dedos humanos.

Os três começaram a falar ao mesmo tempo: Sai tentando explicar as coisas de forma racional, Naruto tentando convencer a si mesmo de que tudo ficaria bem e Sasuke mantendo sua postura de "Eu avisei".

No meio da confusão, Tsunade se lembrou mais uma vez da fala da senhorinha antes de desaparecer e percebeu como poderia sair dali de uma vez por todas.

— Silêncio! – exigiu e todos se calaram – Pelo que entendi, cada acordo é individual e eu posso selar ou cancelar. Já selei dois, falta um. Então é muito simples...

— Madame, não faça isso. – o loiro pediu receoso.

— A menina Sakura vai ficar sem um guardião se for embora. – Sai apontou.

— Calados! – ela repetiu e então fechou os olhos – Eu quero cancelar o terceiro acordo! Quero ir embora!

Nisso, um enorme clarão fez sumir toda a imagem da clareira, fazendo todos voltarem para o ambiente branco e vazio de antes. Tsunade ouviu as vozes dos rapazes ficando cada vez mais distantes, mas manteve os olhos fechados. Pouco depois, sentiu um desconforto nas costas e, ao abrir as pálpebras, viu que estava debruçada sobre a bancada da cozinha com uma garrafa de cerveja vazia ao seu lado.

Ela encarou a bebida.

— Cacete... Dessa marca eu não bebo nunca mais.

 

**********

 

Na manhã seguinte, ela acordou com uma dor de cabeça descomunal. Os lençóis cheiravam à álcool, assim como ela. Pegou a roupa de cama para levar à lavanderia e ouviu risinhos vindos da cozinha.

— Bom dia, meninas. Já estão de pé tão cedo?

— Tivemos sonhos iguais! – Ino estava estranhamente animada. Tsunade nunca a tinha visto acordando de bom humor. – Menos a testuda da Sakura.

A pequena rosada deu língua, mas não se abalou.

— Já mandei parar de chamar sua irmã assim. – repreendeu – Mas me contem, sonharam com o quê?

— Bichinhos. – Hinata estava abraçada ao seu ursinho de pelúcia.

— Que legal! – sorriu – Aproveitem que estão de pé vão lavar as mãos antes de tomar o café da manhã.

Tsunade observou enquanto todas corriam para o banheiro. Antes de pôr a mesa, continuou seu trajeto até a lavanderia da casa. Mesmo de lá, pode ouvir as vozes finas rindo e discutindo.

— ...E aí um gatinho voou até o fim do céu e voltou para mergulhar na piscina! Aí eu entrei também. Fiz pulo de bomba. — Ino demonstrava cada vez mais empolgação.

— Eu tenho medo de nadar... — Hinata respondeu – Mas enquanto a Ino nadava, eu corri nas costas de um lobo laranja.

— Gatos não gostam de água e não existem lobos laranjas. — Sakura explicava um pouco irritada.

— Cala a boca, Sakura! Você nem sonhou junto com a gente.

— Pelo menos não inventei coisas estranhas como os seus bichos! — revidou.

Então de repente veio à mente de Tsunade todas as cenas do seu próprio sonho estranho que também envolvia bichinhos e ela quase derrubou todo o sabão em pó dentro da máquina de lavar.

Seriam o gato e o lobo laranja uma pantera e uma raposa?

— Não... – concluiu rindo de si mesma – Isso só pode ser coincidência.


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Notas finais do capítulo

— Post it são aqueles papeis quadradinhos coloridos que servem pra fazer anotações, caso vocês conheçam por outro nome.
— Até dia 10 de fevereiro!