Prometidas escrita por P Capuleto


Capítulo 10
ARCO II: justiça (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Na versão anterior da fanfic, nesse capítulo eu agradecia por algumas recomendações, então copiei e colei oq eu disse nas notas:
"Quero agradecer especialmente as meninas Vampire, Aki Uchiha e Lady Sharingan que mandaram as recomendações MAIS PERFEITAS DO MUNDO!!! Vocês moram no meu coração e podem ter certeza de que vou fazer o meu melhor para continuar escrevendo capítulos a altura de suas expectativas! Valeu mesmo, não sabem o quanto fiquei alegre!"

Espero que elas estejam por aqui ainda hahaha. Beijos e boa leitura! Vamos dar uma volta pelo passado?



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Local desconhecido, abril de 1992

— Ei... Corin, tá acordada?

— Que foi, Mebuki?

— Tô cum medo.

— Não preocupa não. Nada vai contecê cum a gente.

— Mas... Todo mundo do clã tá pegando a doença. A gente não somos especiais. Também vamo morrê... Igual papai e mamãe...

Mebuki, visivelmente assustada e sem esperanças, tentava segurar o choro. Corin, apenas alguns anos mais velha, percebeu isso e levantou sua cabeça do travesseiro improvisado de couro e folhas. Iluminadas pela pouca luz que vinha da lua, as duas meninas se encararam por alguns segundos em silêncio. Os olhos cor de esmeralda das duas pareciam se destacar na escuridão.

— Eu vô dá um jeito. Num vô deixa cê fica doente. – a mais velha garantiu num cochicho. Ela se sentia que tinha que ser forte pela irmã, pois seria o que seus pais fariam no seu lugar.

Mebuki, apesar de ainda estar insegura, confiava que sua irmã era mais sabida e que nunca deixaria algo lhe acontecer.

— Tá bom... Boa noite, Corin.

 

**********

 

Local desconhecido, maio de 1992

— Corin! – ela gritou. Sua voz não podia ser distinguida das demais que, assim como ela, também suplicavam e choravam pelos seus entes queridos. - Corin! Cê disse que a gente ia fica bem! Cê disse que a gente não ia pega a doença!

Corin, que mal podia se mover, fez o possível para sorrir, mesmo que isso significasse abrir novas feridas em seus lábios que descascavam.

— Não fica assim... - pediu - Me desculpa...

— Só desculpo se cê ficá comigo!

Mebuki não conseguia controlar as lágrimas e os soluços. Vivenciou essa mesma situação antes com seus pais, um ano atrás, e sabia que não lhe restava muito tempo com a irmã.

— Mas uma parte da minha promessa eu vô cumpri... - sussurrou a enferme já quase sem forças - Cê vai fica bem... Eu dei um jeito...

— Para de fala essas coisa! - suplicou caindo de joelhos ao lado do corpo de Corin. - Não posso ficá sozinha! Não me abandona... Por favor, Corin...

A irmã mais velha ignorou as súplicas e continuou seu último discurso. Para ela, era vital que Mebuki entendesse o que ela queria dizer:

— Quando eu morrê, vai pra longe... Não fica com o clã não. Aqui não tem mais nada p’rocê. Cê tem 15 anos só. Tem muito pra vivê... Ocê é especial. Ocê só nasceu porque tinha anjo perto d’ocê. Cê não pode morrê nesse lugar condenado e-  

As palavras sofridas de Corin foram interrompidas por uma tosse excessiva que fez sangue voar de sua garganta. A mais nova fechou os olhos para não assistir e, quando os abriu novamente, estava há um metro do chão.

Confusa, olhou para baixo e viu o corpo moribundo de Corin respirando com dificuldade. Tentou alcança-la com os braços, mas não conseguiu. Só então percebeu que alguém a segurava pelo quadril, então olhou para trás e viu um homem jovem de pele clara, e cabelos negros na altura dos ombros. Mebuki não conseguiu ver seu rosto, pois ele estava olhando para o céu crepuscular.

— Quem..? – ela começou a perguntar, mas o rapaz a interrompeu:

— O sangue dela está infectado. Não posso deixar que você seja atingida.

— Sai daqui! – ela tentou chutar e bater no estranho que a levantava sem esforço, mas ele não pareceu se abalar, então ela desistiu e só impulsionou o corpo em direção à sua irmã – Corin!

— Mebuki... Me promete que cê vai embora com ele...

— Não! Vamo ficá juntas! Fica comigo!  

Corin sentiu que em breve perderia as forças e decidiu dar um ponto final na discussão, então juntou todo o seu fôlego restante para levantar um dos braços em direção ao estranho e lhe apontou o dedo indicador trêmulo.

— Ocê aí... Cê tem um acordo comigo. – ela tossiu novamente.

— Eu sei. – o rapaz respondeu friamente, quase desgostoso, ainda mantendo a menina sob seu poder e longe da enferma.

— Corin... Que que cê tá falando..? Quem é ele?

— Mebuki, diz que cê vai embora daqui. Se cê dizer isso, eu morro em paz.

A mais nova enxugou os olhos verde-esmeralda. A realidade finalmente a atingiu com força e ela entendeu que tudo o que poderia fazer era tornar os últimos momentos com sua irmã menos dolorosos. Ela encarou Corin com um sorriso dolorido para que essa fosse a visão que levasse dela para o além.

— Tá bom... Eu vô, Corin... Eu vô embora. – prometeu enfim. Sua voz não passava de um sussurro.

A menina em estágio terminal respirava com dificuldades, mas soltou uma risada fraca.

— Um dia, irmãzinha... Cê vai ser muito feliz. Ocê é especial, então lembra disso. Te amo.

A outra não foi capaz de dizer mais nada e observou enquanto o pulmão cansado de Corin subia e descia cada vez mais lento. As mãos que seguravam seu tronco continuaram firmes, mas o rapaz se ajoelhou para que a menina visse mais de perto o corpo da irmã.

Mebuki não lutou mais para se ver livre daquelas mãos, pois naquele momento precisava delas para se manter de pé.

Ela olhou em volta e absorveu a cena: desespero, morte, perda.

Corin estava certa - ela concluiu. Não havia mais nada para ela naquele lugar condenado.

— Cê não vai me largá não? – perguntou ao estranho.

Ele encarou a menina, que sentiu um arrepio na espinha ao constatar seus olhos vermelhos como sangue.

— Só se você prometer que não vai abraçar o corpo. – ele respondeu sem nenhuma emoção aparente na voz.

— Eu sei que não pode tocá. – a voz dela, por sua vez, continha sinais de raiva – Meu pai e minha mãe morreu disso também. O clã quase todo morreu disso. A gente sabe o que tem que fazê. Num sô burra.

Satisfeito com a resposta, o rapaz a libertou. Mebuki cumpriu o que disse e foi na direção contrária à devastação. Não quis ver quais membros de seu clã morreram junto com Corin naquela noite e nem quais sobreviveriam para ver mais um nascer do sol. Ela apenas seguiu sem olhar para trás e ignorando o rapaz de cabelos negros que a seguia de perto.

Ele observava a garota de 15 anos que andava sem hesitação em direção à estrada: sua nova protegida.

Em condições normais, Madara jamais selaria um contrato daqueles. Ser babá de humanos era um fardo e ele gostava de escolher bem as suas missões, por isso, quando foi convocado por vovó Chiyo algumas semanas atrás e deu de cara com uma garota maltrapilha e claramente doente que pedia para que o guardião cuidasse e garantisse a felicidade de sua irmã mais nova, ele estava pronto para recusar. No entanto, foi surpreendido por uma generosa oferta de recompensa: se Madara aceitasse a missão, ele poderia usufruir também da Energia Gratificante da própria contratante.

"Se eu entendi bem, cê vai ganhá mais poder toda vez que a minha irmã ficá grata, então cê pode ficá com a minha gratidão também né. Quando o contrato acaba, cê pega tudo que eu tivé de gratidão. Que tal?" Corin sugeriu no momento de selar o contrato.

Madara se animou com a ideia. Nunca havia lhe passado pela cabeça que seu acúmulo de Energia pudesse ser facilitado dessa maneira. Se sua esfera coletora já não estivesse quase lotada e essa não fosse, provavelmente, sua última missão como guardião, ele com certeza passaria a propor essa mesma recompensa em todos os contratos. Por isso, aceitou de bom grado e fechou o acordo verbal com a contratante Corin.

Infelizmente Madara não estava mais grato. Sentia-se traído e arrependido por ter selado tal acordo. Enquanto caminhava atrás de Mebuki ele se lembrou da conversa que teve com vovó Chiyo no momento em que percebeu que Corin estava em estado terminal:

"Chiyo, a garota vai morrer antes que eu consiga concluir a missão. Ela armou pra mim.

— Ora, querido... E a sua missão depende dela estar viva? – Chiyo retrucou.

— Não, ela é só a contratante. A missão consiste em fazer a pivete da irmã dela feliz.

— Então não parece haver problema. – Chiyo sorriu seu sorriso ambíguo e distante.

 Madara perdeu a paciência.

— Só que enquanto a irmã não for feliz, eu não termino a missão. Enquanto a missão não terminar, eu não ganho minha recompensa. E é aí que está o problema: A recompensa nada mais é do que a Energia Gratificante da contratante, e essa menina vai morrer em poucos dias. Não vai dar tempo!

— Querido, a recompensa é apenas um luxo. Sua preocupação principal devia ser com a sua protegida. Agora volte lá. Ficar muito tempo por aqui vai te confundir em relação à passagem de tempo na Terra..."

Madara rangeu os dentes voltando para o presente.

"Tudo bem, ela perdeu a irmã. Mas depois de um breve período de luto, posso concluir a missão sem maiores problemas." Ele pensou tentando ser otimista "O quão difícil pode ser deixar uma garota de 15 anos feliz?"

 

**********

 

Sunagakure, 1993

Depois de meses passados e nenhum avanço com a questão emocional da menina, Madara percebeu que a tarefa não seria assim tão fácil.

Depois de ajuda-la a chegar até a cidade mais próxima e se alocar com uma identidade e documentos falsos que ele teve de arranjar, tentou manter distância e observar seu campo energético através de meditação. Mebuki nunca pareceu questionar o sumiço do estranho rapaz que esteve com ela e Corin em seus últimos momentos.

Sem muita vontade de perder tempo, Madara tentou forçar a felicidade para dentro daquela menina com coisas que dependiam de pouquíssimo ou nenhum gasto de Energia: entrou em seus sonhos durante a noite para criar cenários  que ele sabia serem interessantes, capturou borboletas e as soltou dentro do apartamento da menina etc. No entanto, ela lhe parecia extremamente frígida com tudo à sua volta e isso o irritou profundamente com o passar do tempo.

Percebendo que sua missão estava longe de ser concluída, resolveu voltar a interagir diretamente com a menina, mesmo que esse não fosse o comportamento recomendado para as entidades protetoras. Passar o tempo com os humanos também não era o que Madara gostaria de estar fazendo, mas aquela menina chorosa era o único obstáculo entre ele e a liberdade tão almejada, então certa manhã ele entrou pela janela de seu quarto em forma de gavião e já pousou no chão transformado na sua forma humanoide.

— Olá, Mebuki. – cumprimentou.

A menina ainda estava adormecida, mas quando ouviu chamarem seu nome, abriu os olhos assustada. Ao dar de cara com o guardião, gritou e caiu para o outro lado da cama.

— Quem é ocê? De onde cê sabe meu nome? N-num se aproxima, eu tenho uma faca! - seus olhos esverdeados transmitiam medo e seus cabelos alaranjados cobriam boa parte do rosto enquanto procurava algo debaixo da cama.

O moreno deixou escapar um suspiro e cruzou os braços.

"Não acredito nisso..." Pensou irritadiço.

— Meu nome é Madara. Sou uma entidade protetora da área por onde seu povo nômade vivia. Fui convocado por Corin para deixar você feliz. – esclareceu direto e sem muita paciência - Então será que pode, por favor, ficar feliz?

— Convocado pela Corin? – os ombros da pequena selvagem relaxaram por apenas um segundo, mas então ela voltou a encarar o guardião e apontou uma faca de pão em sua direção, o que quase fez Madara rir de desprezo, mas conteve-se.

— Vamos deixar algumas coisas bem claras: Suas armas são ridículas se comparadas ao meu poder. Você não pode me machucar, Mebuki. – seu tom rude fez a garota encolher-se um pouco. Ele percebeu que dessa forma não obteria resultados positivos, então caminhou até onde ela estava e apoiou-se nos próprios joelhos abrindo um sorriso falso enquanto retirava a faca de sua mão trêmula. – Me desculpe se soei desagradável de alguma forma. A verdade é que eu quero muito que você seja feliz, então por que não começamos de novo?

O que ele disse não era completamente mentira. O fato é que ele precisava dela alegre ou não poderia ir embora.

A menina não respondeu nada de imediato, mas seus olhos pareciam menos assustados enquanto encarava os dele.

— Acho que lembro d’ocê. – murmurou. – Achei que era sonho, mas cê tá aqui. E cê conhece a Corin, então... Então cê sabe como que eu vim pará aqui? Ocê me trouxe pra cá?

Madara respirou fundo.

— Fazia parte do contrato com aquela garota. – ele deu de ombros e então se levantou. – Ela convocou a Vovó Chiyo e propôs um acordo comigo.

— Só que ela morreu. Num sei se ocê sabe... – ela informou tímida.

— Eu sei. E sinto muito por isso... – o guardião respondeu com outra verdade distorcida, já que realmente sentia muito por não ter tido a chance de pôr as mãos na Energia Gratificante daquela humana - ...Mas vamos seguir em frente, OK? Estou aqui justamente para te fazer feliz e deixar o passado para trás.

— Ocê falou de entidade protetora, de guardião, mas eu num sei dessas coisa não. Parece mintira... Será que eu tô sonhando?

Nesse momento, Madara se metamorfou para sua forma original de falcão e Mebuki escancarou a boca devido a surpresa. Ele esperou por gritos ou qualquer reação humana relativa a medo, mas a menina o surpreendeu – como viria a fazer muitas vezes ainda no futuro:

— Ocê... É lindo. - declarou com sua voz juvenil. Madara se ofendeu.

"Sou um pássaro enorme, majestoso, de olhar penetrante e garras afiadas. Mereço um adjetivo melhor que lindo."Pensou irritadiço e voltou para a forma humana com os braços cruzados em desgosto.

— Acredita em mim agora?

— Ocê é um anjo! – gritou animada em resposta.

Madara levantou uma das sobrancelhas.

— Não. Sou uma entidade protetora.

— É. Cê é um anjo protetor. Igual o que ajudou minha mãe. – ela levantou do chão com calma e tentou, sem sucesso, ajeitar os cabelos alaranjados enquanto caminhava em direção ao guardião. Por fim, ela o abraçou sem hesitar. Madara não gostou da demonstração inesperada de afeto, mas esperou um pouco antes de afastá-la para não comprometer o objetivo de sua missão.

Mebuki não pareceu se chatear e chegou a sorrir um pouco.

— Só não me abandone. - sussurrou desviando o olhar e corando um pouco nas bochechas.


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Notas finais do capítulo

Espero que continuem gostando!! Eu fiquei sem internet ontem e metade do dia de hoje, por isso atrasou.



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