I Saw Her Standing There escrita por they call me hell


Capítulo 1
I Saw Her Standing There.


Notas iniciais do capítulo

Em uma dessas madrugadas sem o que fazer, escutei o cover feito pelo Glee da música "I Saw Her Standing There", dos Beatles, e acabei pensando em todo o enredo que você encontrará abaixo. Espero que goste!



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I Saw Her Standing There
uma canção por The Beatles


Bem, ela só tinha dezessete anos
Você sabe o que eu quero dizer
E a beleza dela não tinha comparação
Então como eu poderia dançar com outra
Quando a vi parada lá?


ㅤㅤㅤLily estava sentada em uma das tantas mesas espalhadas pelo Salão Principal de Hogwarts. Era a noite do baile – o último baile que teria ali, visto que era seu último ano letivo – e isso lhe dava uma pontada de tristeza, ao mesmo tempo em que se sentia orgulhosa pelo histórico escolar impecável. Seus grandes olhos verdes, muito brilhantes, tentavam capturar cada mínimo detalhe ao redor da mesa onde estava sentada, na esperança de que aquele momento pudesse ser revivido posteriormente com a mesma exatidão do presente.
ㅤㅤㅤSim, como já lhe disse, ela estava sentada em uma das tantas mesas. Sozinha. Porque ela decidira ir com Tuomas Heldorf, um simpático corvino que lhe livraria do peso de ter se afastado de seu melhor amigo Severus à poucos meses e, ao mesmo tempo, a pouparia de ser decepcionada pelo belo maroto que a olhava do outro lado do salão, como ela percebeu ao retribuir-lhe o olhar por alguns instantes. Era triste então que Tuomas tivesse começado a passar mal pouco depois de chegar ao baile com Lily, sendo levado para a ala hospitalar, onde ela decidiu que ficaria para acompanhá-lo, mas fora proibida de permanecer por uma rígida Madame Pomfrey. “Ele precisará de descanso, menina. E com você aqui não o terá”, dissera a velha medi-bruxa. “Aproveite o baile, ele ficará bem”.

Bem, ela olhou para mim e eu pude entender
ㅤㅤQue não tardaria muito para me apaixonar por ela
ㅤㅤEla não dançaria com outro
ㅤㅤQuando a vi parada lá

Lily talvez já desconfiasse, ou talvez não, mas é claro que James dera o seu jeito de fazer com que ninguém roubasse a ruiva de si naquela noite. Tirar o tal corvino da jogada não fora nada difícil com uma ajudinha de Sirius, o qual estava a dançar com uma das suas tantas garotas da noite. Quando ele visse – entre o intervalo de uma dança ou outra – que o plano estava indo bem, certamente se alegraria ainda mais pelo amigo Prongs.
A questão é que James se mostrava confiante durante todo o tempo, vangloriando-se com seu ego tão imenso sendo que, no fundo, era um rapaz com diversas incertezas quando se tratava da bela Evans. Porque eles haviam se tornado bons amigos no momento em que se conheceram, mas foi durante o terceiro ano que James resolveu achar que paquerar o máximo de garotas possível era divertido. Havia garotas que o ignoravam, como Lily, mas também havia as que retribuíam suas paqueras e essas eram as que mais irritavam a ruiva porque, em algum lugar dentro de si, ela gostava dele mais do que poderia supor.
Não que Potter soubesse disso. Ele imaginava exatamente o contrário, na verdade, e isso é que causava todo o nervosismo sobre atravessar o salão e encontrar a sua amada. Mas ela já estava sozinha e assim não ficaria por muito tempo, tornando aquele o momento exato de agir. E James o aproveitou, ajeitando o traje festivo com as mãos, bem como bagunçando ainda mais os cabelos propositalmente enquanto chegava até a mesa dela.
Lily fingiu ignorá-lo por alguns minutos, por mais que seu coração tivesse começado a bater mais rápido quando percebeu que ele vinha em sua direção. Ela amava James, Merlin sabia o quanto, e queria ser dele, apenas dele. Porém, ele sempre estava cercado de inúmeras garotas – aquelas mesmas com as quais ele já saíra ou algumas raras que ainda não tinham tido um lugar na agenda –, de modo que o seu pobre coração sofria todo dia um pouco, desejando se entregar, mas percebendo que fazê-lo seria uma grande estupidez.
Na verdade, se Lily deixasse os julgamentos habituais de lado e reparasse bem, veria que Potter mudara muito desde o final do quinto ano – ou talvez no começo do sexto. A questão é que ele ainda tinha muitas garotas a desejá-lo, mas passara a ter olhos para apenas uma – o seu lírio, a sua Lily, a ruiva mais bonita do mundo –, de modo que já não via mais graça nos flertes que lhe eram destinados. E ele ignorava as outras, numa tentativa muda, e talvez inconsciente até, de que Evans reparasse isso, mas ela já se acostumara tanto com o contrário que parecia ser tarde demais para mudar velhos hábitos.
― Espero que não seja tarde demais ― ele disse ao finalmente estar diante dela. Os olhos verdes de Lily se ergueram, junto com o rosto, e ela fitou os castanhos brilhantes do rapaz à sua frente. Um sorriso bonito, sincero, estava no rosto de James no momento em que ele estendeu a mão direita, cuja palma estava visível em um convite. ― Dance comigo, Evans.
Lily não sabia o que fazer e a sua falta de reação quase fez James desistir. Quase, porque ele já vinha tentado há tanto tempo que aquela seria a última chance. Se ela dissesse que não queria, isso o mataria por dentro, mas respeitaria a decisão. Porque James já havia sido um conquistador – barato, como dizia Remus –, mas já não passava de um bobo apaixonado, tão jovem e tão sonhador que não sabia ao certo o que fazer para provar seus sentimentos à única mulher que queria conquistar. A mais difícil delas: Lily, o troféu de James— dessa vez, segundo um Sirius risonho.
De alguma forma, a ruiva sentia que aquela era a última chance. Ela não queria se decepcionar , não queria ser conhecida como mais uma em uma lista e tampouco queria ser usada como prêmio da eterna disputa entre Snape e Potter. Porém, ao mesmo tempo, ela queria dançar com James. Queria que ele a abraçasse como nos seus sonhos mais bonitos e que continuasse a dizer, daquela forma tão convencida que a fazia rir por dentro, que um dia eles se casariam e seriam felizes para sempre.
Porém, Lily não respondeu ao convite pronunciado. James esperou o máximo que seu orgulho ferido permitiu e, derrotado, voltou a mão solitária junto ao corpo. Ele forçou um sorriso, como se estivesse tudo bem mesmo tendo estragado tudo em momentos levianos com outras garotas, perdendo a que realmente importava no final. Ao menos, pensou em consolo, iriam embora do castelo no outro dia. Ele se atrasaria, como sempre, e não veria Lily a menos que a procurasse em todas as cabines – como geralmente fazia.
Sem saber o que dizer pela primeira vez, ele retirou a varinha do bolso das vestes e, pegando o lenço vermelho que estivera impecavelmente dobrado a adornar suas vestes, o transformou em uma rosa. Ele estivera praticando aquele feitiço há um bom tempo, Lupin estava de prova por tê-lo ajudado, e a intenção era fazê-lo quando deixasse Lily na entrada do dormitório feminino, ao fim da excelente noite que havia planejado passarem juntos. Porém, nada disso aconteceria mais, de modo que apenas pegou-lhe a mão e ali colocou a rosa, guardando a varinha outra vez e murmurando-lhe um desejo de boa noite.
Ela o assistiu dar-lhe as costas com um pesar profundo. James estava saindo do baile, o baile que deveria ser o mais incrível das suas vidas – depois do de casamento, é claro, como pensava Lily a respeito de toda a trajetória que planejava ao lado dele. Isso tudo pareceu desmoronar sobre seus ombros no instante em que ele desapareceu pela grande porta do salão, deixando apenas a rosa.

Bem, meu coração explodiu
ㅤㅤQuando eu cruzei aquele salão
ㅤ E segurei a mão dela na minha

Quando Dorcas pediu desculpas a Remus, dizendo que precisavam terminar aquela dança, ele se surpreendeu, mas acatou ao seu pedido. Porém, a maior surpresa foi quando ela deu alguns passos entre os outros jovens a dançar e cutucou o ombro de Marlene, recebendo uma careta de Sirius como resposta. Os quatro logo pararam no centro da pista de dança e assistiram o desenrolar mudo de toda a cena entre James e Lily. Quando ele partiu, os quatro se entreolharam, pesarosos. E já estavam discutindo sobre como interfeririam quando Marlene gritou de forma histérica, chacoalhando os ombros de Sirius.
― Vejam! ― disse ela. ― Lily está indo atrás dele!
Ela realmente estava, mas não sabia onde procurá-lo. Ela sempre encontrava com James ao acaso pelos corredores, como se ele simplesmente adivinhasse o seu paradeiro. Sentindo-se infeliz como nunca antes, Lily segurou as barras do vestido com ambas as mãos e correu pelas escadarias. Ela queria – e precisava – chegar ao dormitório feminino da Grifinória antes que as lágrimas de arrependimento começassem a cair.
Quando viu o quadro da mulher gorda, não suportou mais e disse a senha em tom choroso, deixando que as lágrimas caíssem. A comunal estava vazia e levaria horas para receber os primeiros alunos, de modo que Lily se permitiu sentar no sofá diante da lareira e apenas chorar tudo o que queria chorar. E assim ela fez por longos minutos, talvez uma boa meia hora, até que a entrada da Grifinória fizesse aparecer os mesmos olhos castanhos brilhantes pelos quais ela chorava.
James teve que reunir toda a sua última dose de coragem, engolindo o orgulho destroçado, para encontrar Evans na comunal. Ele estava com o mapa em mãos – aquele mesmo que criara com seus amigos –, em busca de fugir de Filch e sua gata para encontrar um bom lugar na área externa do castelo onde pudesse espairecer. Provavelmente teria sido o Lago Negro, se ele não tivesse reparado que alguém começara a se mover longe dos demais pontos do mapa. E era Lily, ele percebera com surpresa, de modo que a seguira no mesmo instante. Ele passara longos minutos do lado de fora da comunal a pensar no que lhe diria e se dizer algo realmente valeria a pena, até que a mulher gorda se zangou e disse-lha apenas para não perder mais tempo porque Evans já deveria estar se desfazendo em lágrimas.
Ali, carregando a parte de cima das vestes sociais na mão direita e trajando uma bela camisa branca cujos primeiros dois botões estavam abertos, Lily achou James belíssimo. Os seus cabelos continuavam bagunçados, como sempre, e ela gostava deles exatamente assim. Indomáveis como os seus sentimentos por ele. Aquela era a real última chance, um presente do destino que não poderia ser desperdiçado. E, com isso em mente, James deixou tudo para trás e se aproximou de Lily outra vez.
Ela foi quem estendeu a mão para tocá-lo, nessa versão tão mais doce do presente; e, recebendo o seu convite para aproximar-se, ele a ajudou a se levantar. Evans parecia tão pequena diante de si, pensou com um sorriso, e tratou de fazê-la sorrir também, afastando-lhe as lágrimas delicadamente com os dedos. Nenhum dos dois sabia o que dizer, de modo que apenas se abraçaram em um laço apertado. A música do salão podia ser ouvida baixinho, ao longe, e os dois apaixonados começaram a mover-se lentamente no ritmo sussurrado em seus ouvidos.

Nós dançamos a noite toda
ㅤㅤE nos abraçamos forte
ㅤㅤ E eu logo me apaixonei por ela

Lily se moveu lentamente, abrindo os olhos. Estava tão confortável, sentindo uma sensação suave no peito, que demorou para entender que estivera dormindo. Não passara de um sonho, notou ela, sentindo-se aliviada pelo choro nunca ter acontecido. Depois de alguns minutos lutando contra a vontade de adormecer outra vez, ela se levantou da cama e apanhou vestes limpas na cômoda ao lado, indo até o banheiro do dormitório para organizar-se para mais um dia.
Quando, por fim, viu-se pronta. Ela desceu a escadaria em espiral até a área comunal e deixou que um sorriso sincero surgisse no seu rosto ao avistar os cabelos bagunçados de James Potter. Ele estava sentado em um dos sofás, de costas para si, e virou a cabeça assim que percebeu os passos próximos. Ele estranhou o sorriso doce de Lily para si, mas não reclamou sobre. Aquele era um bom começo.
Assim, ela se sentou ao seu lado no sofá e, antes que James pudesse fazer qualquer brincadeira aleatória, lhe disse:
― Eu aceito ir ao baile com você.
Fosse lá o que tivesse dado na cabeça do seu lírio, Potter se sentiu tão feliz que não pôde evitar roubar-lhe um beijo. Uma coisa Lily tinha que admitir: James beijava tão bem quanto nos seus sonhos mais bobos.

 

 

Agora eu nunca vou dançar com outra
ㅤㅤDesde que a vi parada lá


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Notas finais do capítulo

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