A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback


Capítulo 42
Inesperados


Notas iniciais do capítulo

penúltimo capitulo. enjoy



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-Aghata, eles chegaram! Eles chegaram!- uma Filha de Dionísio de 10 anos pulava sem parar na porta do meu chalé.

 

- Eles quem?- respondi meio adormecida, coçando os olhos e evitando a luz do sol que entrava pela janela.

 

- Venha ver. – ela sorriu e saiu correndo do chalé, deixando a porta aberta.

 

Levantei-me com relutância e arrastei meus pés até a porta para fechá-la. Já estava me virando para voltar a dormir quando vi o círculo de campistas, todos pulando feito loucos e cercando algo. Calcei um chinelo, resmungando e saí do chalé. O sol da manhã machucava meus olhos, me fazendo ficar meio bamba. Quando cheguei mais perto da multidão, percebi o que eles cercavam.

 

Um garoto de olhos verdes e cabelos negros carregava nos braços uma garota loira inconsciente. Um ciclope olhava para todos os lados, perdido, carregando um sátiro nos braços.

 

- OH, MEUS DEUSES. – abri caminho na multidão e corri até eles. – Annabeth está bem?

 

A expressão de Percy estava destruída e cansada, olhava para Annabeth com ainda mais tristeza. Seus cabelos estavam bagunçados, algumas mechas caindo sobre os olhos, embaixo deles grossas olheiras estavam.

 

- Percy... - murmurei, passando a mão na testa fria e pálida de Annabeth. – diga que sim.

 

Ele apenas abaixou a cabeça, parecendo prestes a chorar. Senti meus olhos começando a queimar.

 

- Apolo. Apolo. Por favor, preciso de você aqui. – fechei os olhos e comecei a chorar, mas parecia inútil.

 

- Eu não vou deixá-la morrer assim. – Percy murmurou com raiva.

 

Ele começou a carregar seu corpo duro até a Casa Grande, mas eu gritei:

 

- Percy, não. Leve-a até a cabine de Apolo. Eu vou levar o próprio lá.

 

Ele assentiu e mudou o curso, chorando.

 

Corri até a casa Grande o mais rápido que pude, bati na porta furiosamente e, quando ninguém atendeu, arrombei-a com um chute.

 

- Quíron! Quíron! Por favor! Quíron! Cadê você?

 

- Ah, garota. – Dionísio apareceu na escada. – Ele foi ao Olimpo, o que você quer?

 

Senti o desespero me corroendo cada vez mais. Eu não tinha tempo para explicar, mas talvez Dionísio pudesse fazer algo.

 

- Annabeth. Ela está ferida. Dionísio, você precisa ajudá-la, por favor. – eu estava me humilhando para Dionísio, com os dedos trançados e os joelhos fraquejando.

 

- Eu não posso fazer nada. – ele deu de ombros e voltou ao seu quarto.

 

Eu sabia, era inútil. Pedir qualquer ajuda a Dionísio era inútil. Para ele, quanto menos campistas, melhor.

 

Corri até as mesas de jantar, pedi a primeira coisa que me veio à mente às ninfas: pudim. Joguei o pudim inteiro na pira de oferenda, fechei os olhos e comecei a orar:

 

- Oh, Grande Deus da Cura, Senhor do Sol, por favor, aceite minha oferenda. Peço-lhe que cure a Filha de Atena, Annabeth.

 

Apertei bem os olhos e esperei, torcendo para que ele ouvisse. Os nós nos meus dedos já doíam de tanta força que eu fazia, meus olhos estavam encharcados e ardendo.

 

- O que aconteceu com ela?- uma voz disse atrás de mim.

 

- Ah, graças aos deuses, Apolo!- eu me levantei e o abracei. – Você tem que vir comigo. Annabeth está quase morrendo.

 

Agarrei sua mão e o puxei até o chalé 7. Dentro do chalé de ouro, as camas estavam impensadas no canto do cômodo. Um palco estava no centro, com vários instrumentos. Havia espelhos por toda parte. O chalé era bem iluminado pela luz do sol.

 

Em uma cama perto dos instrumentos estava uma Annabeth pálida e fria, deitada com os olhos fechados. Um Filho de Apolo cuidava de uma sangrenta perfuração de faca perto das costelas, sua camisa de conselheiro estava toda manchada de sangue. Outros filhos examinavam seus sinais vitais. Percy apertava sua mão com força, sentado no chão ao lado da cama e chorando horrores.

 

- ABRAM ALAS, PAPAI CHEGOU. – Apolo gritou ao meu lado e caminhou até Annabeth com uma pinta de pop star.

 

Ele analisou o corte na costela por um momento.

 

- Ela ainda tem pulso. – Lee Fletcher informou, todo duro e sério, assim como os outros por estarem perto de seu pai.

 

- A perfuração foi profunda. Ela tem mais alguns minutos de vida. – Apolo murmurou por fim. – Sacada de gênio mandá-la para os meus filhos, caso contrário ela já teria morrido.

 

- Então quer dizer que ela ainda tem chances?- Percy quase sorriu, seus olhos verdes brilhando.

 

- Com sorte. Eu estou aqui para cuidar dela, não há machucado que o deus da medicina não cure, filho.- o deus deu uma piscadela e um sorriso brilhante.

 

Desviei os olhos o mais rápido que pude, enquanto Apolo costurava o corte, para não vomitar. Em poucos minutos Annabeth estava curada, mas ainda inconsciente. O sangue voltava para o seu rosto, seus lábios ficavam menos roxos. Passaram mais alguns segundos - todos de respiração presa a observando - até que ela mexesse um pouco os olhos e a boca e gemesse. Todos nós suspiramos pesadamente. Percy a abraçou e começou a sorrir como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

 

Todos agradeceram a Apolo e a mim, principalmente Percy. Quando Annabeth acordou perguntando onde estava, nós dois saímos do chalé, caminhando até a colina de mãos dadas.

 

- Apolo, muito, muito obrigada. Eu estava desesperada, se você não estivesse lá, ela teria morrido.

 

- Não foi nada. É um prazer te ajudar. – ele sorriu de lado, fazendo meu coração parar. – eu te amo, se lembra, Aghata? É só gritar e eu estarei lá. – ele puxou minha mão, nos fazendo parar de frente um para o outro, com o corpo bem colado.

 

- Fazia tempo que eu não escutava isso. – eu suspirei, fechando os olhos.

 

Eu e Apolo estávamos sem nos ver há quase 5 meses, por causa do colégio rígido em que eu tinha estudado. Eu tinha a sensação de que não fazia tanto tempo assim. Flashes de Apolo sem camisa no meu quarto passavam pela minha memória, mas quando eu tentava lembrar demais eu ficava com dor de cabeça, como uma ressaca. Apolo parecia se lembrar às vezes, seu rosto ficava cheio de culpa e suas bochechas ligeiramente coradas. Eu sentia que ele sabia de algo, mas não chegaria exatamente para ele: Hey, você esteve sem camisa na minha cama?

 

- Posso te lembrar todos os dias se assim preferir – ele chegou mais perto ainda e passou um dedo pelo meu rosto, sorrindo doce.

 

- Obrigada por lembrar – eu disse meio sem graça, sem conseguir pensar em mais nada.

 

- E ai, já se acostumou a ser comprometida?- Apolo riu.

 

De repente meu estômago começou a se contorcer. Não sabia se era por estar comprometida ou não. Ele se contorcia cada vez mais. Eu comecei a sentir o cheiro de tudo; das flores, da grama e até mesmo do perfume natural de Apolo. Outra cambalhota. Quando percebi, eu estava debruçada no chão, vomitando.

 

- Oh, meus deuses. Aghata, você está bem?- Megara apareceu ajoelhada ao meu lado. – Ouvi de dentro da floresta o barulho do seu estômago.

 

Ela estava com luvas e um avental, seus cabelos negros presos em um rabo de cavalo alto. Apolo ainda estava de pé, congelado me olhando com espanto.

 

- Sim... eu... estou.

 

Outra cambalhota. Outro vômito. Megara segurou meus cabelos para trás.

 

- Apolo, o que há com você?- ela perguntou. – ajude aqui.

 

- Não, já passou. – eu disse. Meu nariz começou a se contorcer. Eu sentia o cheiro de tudo novamente. Inclusive o cheiro de morangos que emanava de Megara. – Você esteve cuidando dos morangos?

 

- Sim, eu estava lá agora mesmo.

 

- Saia de perto de mim, ou eu vou vomitar outra vez. – eu comecei a recuar, mas eu sentia o cheiro de Apolo atrás de mim. Todos os aromas pareciam fortes de mais, enjoativos demais. – Você também.

 

Megara olhou para o meu corpo com os olhos arregalados, boquiaberta.

 

- Ah. Minha. Deméter. O. Que. Aconteceu. Com. A. Sua. Barriga?

 

Olhei para baixo, mas não vi muito. Mal conseguia ver meus pés. A blusa de conselheira do acampamento mal tampava meu umbigo. Uma barriga oval estava no lugar da minha, como se eu tivesse engolido um ovo de dinossauro.

 

Não. É. Possível.

 

-Há há há. – uma voz surgiu atrás de nós, batendo palmas. – Fabuloso. – ela gargalhou.

 

Virei-me, com certa dificuldade em reconhecer aquela voz.

 

Uma mulher alta e com pele perolada estava parada à 5 metros de nós. Seus cabelos castanhos estavam trançados, e seu longo vestido furta-cor balançava conforme ela se mexia.

 

- Hera. – Apolo murmurou de punhos fechados.

 

- Não é engraçado? A vingativa e poderosa Aghata finalmente provou de seu próprio veneno. Agora eu entendo porque você gosta tanto disso. É ótimo.

 

- O que você fez?- eu sibilei.

 

- Pergunte ao seu namoradinho. Ele sabe o que aconteceu. – ela sorriu com triunfo. – mas na verdade, a culpa é inteiramente sua. Se você não tivesse tentado se vingar de mim. Você e Dionísio. Francamente, você me subestimou ao ponto de pensar que eu não saberia que era você por trás do flagra que eu dei em Zeus com outra mulher. Aquilo foi forjado.

 

- Eu não tenho culpa se Dionísio não é inteligente o suficiente para montar uma boa vingança. – arqueei uma sobrancelha. – Mas o que você fez?

 

- Realmente. Sacada de gênio a sua. Se fosse com outra pessoa, nunca desconfiaria que fosse você por trás. Você usou um peão, mas escolheu o peão errado. Dionísio poderia ter se revoltado contra mim há milênios. Porque Hades ele escolheria justo quando eu te provoquei? – ela estava ali, jogando todas as falhas do meu plano na minha cara, mostrando quão fraca e burra eu era perto dela. – Agora eu tive a minha vingança, adeus.

 

- Espere!- eu gritei. – Você não vai me explicar porque fez isto?- apontei para a minha barriga surpreendentemente grande.

 

- Porque eu sou a deusa da maternidade, dã. – ela rolou os olhos. – foi o melhor modo que eu achei para castigá-la. – e então sumiu.

 

Eu fiquei ali, boquiaberta, olhando para o nada. Pergunte ao seu namoradinho, Hera disse, ele sabe o que aconteceu. Virei-me lentamente para Apolo, com os olhos semicerrados.

 

- O. Que. Aconteceu?- falei entre dentes.

 

- Aghata, venha comigo, eu vou te explicar. – ele passou a mão pela minha cintura gorda e começou a me conduzir para longe dali, mas Megara interrompeu:

 

- Pode ficar. Eu saio. – ela disse e saiu. Mas antes me lançou um olhar como: eu quero saber tudo depois.

 

- conte. – ordenei brava.

 

- Aghata, você está grávida. – ele suspirou.

 

- Oh, jura? Isso eu consegui perceber sozinha. – apontei para a minha barriga oval. – mas, como? Nós estamos há 5 meses sem nos ver, e eu juro que não te traí.

 

- Eu sei que não. – ele fechou os olhos. – Eu te vi há exatamente cinco meses atrás. Você me chamou, na verdade.

 

“O time da sua escola havia ganhado, todos os atletas e líderes de torcida estavam comemorando com uma festa clandestina, inclusive você. Alguns garotos estavam de olho em você, você era objeto de desejo deles. Até que um deles te ofereceu um suco, e você bebeu. Só que o suco estava cheio de álcool. Você não percebeu e amou, o garoto trazia cada vez mais, você bebia cada vez mais. Até que estava bêbada.

 

- Nomes. – eu pedi.

 

- Não se preocupe, eu já arrebentei esses pivetes.

 

- Ah, então tá. Continue.  – dei de ombros.

 

“Você foi para a pista de dança, e dançava como se não houvesse amanhã. Os garotos começaram a ficar loucos, todos te queriam. Quando eles tentaram chegar perto de você, eles tomavam choques no ar, de tão animada que você estava. Você começou a gritar ‘Apolo, vem dançar comigo’ e eu pensando que era uma emergência apareci lá. Você começou a me deixar louco também, com toda aquela graciosidade e aquele uniforme curto de líder de torcida. Por falar nisso, nunca mais use um daqueles, ou eu terei que matar um. Então eu comecei a dançar com você... e ai...

 

- E ai...?

 

- Você nos conduziu para o seu quarto. – ele confessou de uma vez.

 

- Apolo, você se aproveitou da minha embriaguez para transar comigo? Quando eu estou sóbria você não quer!- eu me revoltei.

 

- Não vem com essa não, você me estuprou!

 

- Como assim eu te estuprei?! Eu estava bêbada!

 

- Por isso mesmo! Você estava me seduzindo. – ele arregalou os olhos. – Aghata, você não sabe o poder de sedução que tem! Ainda mais com essa pulseira de Afrodite! Maldita seja ela, que deu um empurrãozinho.

 

Fechei os olhos e coloquei os dedos na ponte do nariz.

 

- E como só agora eu mostrei sinais de gravidez?

 

- Foi por isso que eu fiquei longe de você por 5 meses. – ele disse. – eu queria que você sofresse menos durante a gravidez.

 

- Como assim?!- eu gritei.

 

- Hera nos amaldiçoou. Você estava grávida desde aquela noite, os bebês estavam se desenvolvendo, só que isso não era visível aos olhos. E quando eu te tocasse, a barriga e os sintomas viriam, você teria uma gravidez normal. Bom, tão normal quanto à gravidez de um semideus pode ser.

 

- Isso é muito bizarro. – eu disse por fim. – espera, você disse os bebês? No plural? É por isso que minha barriga está tão grande?

 

Apolo não respondeu.

 

- Apolo, é por isso que a minha barriga está tão grande?- repeti de olhos fechados.

 

- Gêmeos.

 

Puxei todo o ar que meus pulmões podiam suportar.

-APOLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

 

 

Minha gravidez precoce foi um inferno. Bebida, nunca mais. Todos no acampamento souberam em poucos dias, mesmo eu tendo ficado trancada no meu chalé por três dias. Todos cochichavam quando eu passava, eles podiam não saber, mas eu tinha uma ótima audição, podia ouvir tudo que eles falavam. Alguns me julgaram, outros pensaram que era a “maldição” de várias gerações de semideuses na minha família. Claro, todos sabiam que eram de Apolo. Alguns do Chalé 7 brincavam, falando que já tinham guardado o beliche para eles.  Silena Beauregard e Megara Dansley fizeram um complô contra mim, tentando me obrigar a ficar de cama nos últimos 3 meses e meio, mas eu resistia. Eu estava grávida, não doente. E além do mais, nós só tínhamos agora uns 10 dias até a batalha, eu precisava estar pronta.

 

- Percy, está pronto? É a nossa hora. – eu enfiei a cabeça no chalé 3. Percy estava esparramado na cama, só de short, babando.

 

- Já vou, mãe. – ele balbuciou algo como isso.

 

Suspirei rolando os olhos e fui até ele, escancarando a porta e deixando a luz do sol entrar, todo mundo que passava na frente do chalé poderia ver Percy dormindo.  Fui de mansinho até ao lado dele, cheguei bem perto de seu ouvido e puxei ar.

 

- PERSEU JACKSON! NÃO BRINQUE COM OS MEUS HORMÔNIOS ALTERADOS! LEVANTE DESSA CAMA E VISTA SUA ARMADURA. A.GO.RA. – assim que eu gritei, ele deu um salto de susto, caindo de cara no chão.

 

- Calma, não precisa tanto. Eu estou indo. – ele levantou as mãos em sinal de rendição.

 

Bufei e sai do chalé, mantendo a coluna tão reta quanto a minha enorme barriga de 9 meses de gêmeos semideuses deixava.

 

Assim que eu acabei de sair do chalé com apenas a parte de baixo da armadura, um filho de Hefesto sorridente e de cabelos ruivos apareceu na minha frente.

 

-Olha o que eu fiz pra você, Aghata!- ele estendeu uma armadura de bronze celestial pra mim. A armadura era incrustada com quadradinhos, dentro deles havia rubis. A armadura era feita para uma grávida.

 

- É como a de Heitor... – eu murmurei maravilhada, pesquisando cada pedacinho da armadura com os olhos.

 

- É, soube que ele é seu herói preferido. – Kane sorriu. – Quando você tiver os bebês, eu re-forjo, para caber em você.

 

Eu dei um abraço nele.

 

- Obrigada, Kane.

 

- E então?- Percy apareceu do lado de fora do chalé. – Eu estou pronto, Aghata.

 

- Então vamos. - eu me separei de Kane. – Está na hora da nossa patrulha.

 

 Nós fomos andando até o estábulo e separamos nossos pégasos.

 

Blackjack parecia não gostar muito de mim. Ele chegou seu focinho perto de mim, me cheirou e sacudiu a grinalda.

 

- Ele sente o cheiro de Zeus em você. – Percy disse, passando a mão na crina dele. – E Luke. Ele era de Luke, até que eu libertei em uma missão.

 

- Ah. – eu não pude dizer mais nada, lembrando da promessa de Luke de me tirar dali antes que a batalha terminasse.

 

Nkéi roçou seu pescoço no braço de Percy.

 

- É, acho que ela gosta de você. – eu sorri.

 

Nós levantamos voo rapidamente. Sobrevoamos toda a área do acampamento, nada acontecia, até que eu tive uma ideia:

 

- Vamos apostar corrida!

 

Nós mergulhávamos e subíamos no ar, nossos pégasos queriam nos matar. Até que eu vi um enorme borrão no canto do acampamento, perto dos limites mágicos.

 

- Percy. – eu parei de correr. – olhe aquilo. – apontei.

 

- Vamos ver o que está acontecendo. – ele tirou Contracorrente do bolso e mergulhou no ar, em direção ao chão, eu fiz o mesmo.

 

Nós pousamos silenciosamente. Eu armei Alexis e abri Aegis. Nós nos colamos nas dríades, ninfas das árvores, e fomos andando até o borrão. O farfalhar de folhas e de troncos de árvores se partindo vinham de lá, ninfas reclamavam e davam gritinhos agudos.

 

Nós corremos até o barulho. Até que eu vi o que era o borrão. A coisa tinha o corpo de um leopardo de 4 metros, muito maior que o grilo que invadira meu chalé, com uma cabeça de dragão, fogo saindo por suas orelhas e bocas. O monstro tinha uma cabeça de dragão, uma de tigre albino e uma de serpente. Uma enorme calda atirava espinhos por toda a parte.

 

- P-p-percy. – eu gaguejei. –é-é-é o...

 

- o anti-deuses. – ele completou boquiaberto, olhando para o enorme bicho.

 

- Vá chamar reforços. – eu ordenei. – Agora.

 

- M-mas você vai ficar aqui? Correndo perigo?

 

- Sim, eu vou me certificar de que ele não destrua muito. Vá, chame o maior número de campistas que puder, precisaremos de toda a ajuda possível.

 

Percy montou em Blackjack e levantou voo. 

 

- Ok, neném. – eu sussurrei, andando até o monstro. – você me derrotou da outra vez. E você foi o único. – dei mais um passo cuidadoso. – Sabe, você está tirando a minha glória. Desse jeito eu não serei mais lembrada que Hércules.

 

- Engraçado. – uma voz riu atrás de mim, me fazendo congelar. – eu sempre imaginei que você quisesse ser como Aquiles.

 

Eu fiquei boquiaberta no meu lugar. Incapaz de me mover, incapaz de pensar. Só ecoando suas palavras.

 

Haverá poucos sobreviventes.

 

- Você está um pouco adiantado, não, Luke?- eu me virei.

 

- Bem a tempo de te salvar, vamos. – ele estendeu a mão para mim sorrindo, como se eu estivesse indo por livre e espontânea vontade.

 

- Isso é uma distração. – eu me dei conta, ignorando sua mão. – Você me trouxe aqui, você me atraiu aqui. Você sabia que eu mandaria Percy buscar reforços. 2 pássaros com uma pedra só; você me tira da batalha e distrai metade do exército!

 

Luke rolou os olhos.

 

- Aghata, você tem mania de perseguição. Eu só quero te salvar!- ele jogou os ombros para baixo e me olhou por um momento. Sua expressão foi de análise para confusa, de confusa para entendimento, de entendimento para raiva. – Você está grávida. – ele disse baixinho.

 

Seus olhos faiscaram. Ele fechou os punhos com raiva e começou a caminhar lentamente até mim, seu rosto ficando cada vez mais vermelho.

 

- E você está com raiva. – eu disse com um amarelo sorriso culpado.

 

- Aghata, é dele?- suas pálpebras se fechavam cada vez mais, seus olhos azuis pareciam prestes a me matar.

 

Eu não respondi. Ele ficou ainda mais vermelho.

 

- Você não quer nem me beijar e faz um filho com ele? VOCÊ FEZ UM FILHO COM ELE!- Luke se alterou.

 

- dois filhos. – eu levantei uma sobrancelha, em desafio.

 

- DOIS FILHOS?! AGHATA, É SÓ EU SAIR DE CENA QUE VOCÊ FAZ GÊMEOS COM AQUELE DEUS-PEGA-TODAS?!- ele estava tão perto de mim que eu podia sentir o calor do seu rosto nas minhas bochechas.

 

- O que é, você vai me bater?- eu ergui uma sobrancelha em desafio. Eu estava arriscando tudo. Eu queria ver até onde a maldade de Luke iria.

 

- Não em você, eu nunca faria isso! – ele virou o rosto, ofendido. – mas eu quero espancar aquele cara até ele virar mortal. Aghata, ele te violou.

 

- Porque vocês homens insistem em dizer que nos violaram?- eu rolei os olhos.

 

- Você. Vem comigo. O ataque vai começar. – ele agarrou meu braço e começou a me arrastar para perto de Nkéi.

 

- Não! – eu protestei, tentando me livrar do seu aperto de ferro. Ele pareceu ainda mais furioso. Se virou para mim com os olhos arregalados e o rosto vermelho.

 

- Aghata, por favor, me deixe te salvar. Eu não vou poder viver tranquilo se souber que eu deixei te ferirem. Você é tudo que importa pra mim, entenda.

 

- Então porque você não larga aquele exército? Porque você não dá as costas a Cronos?- eu ergui uma sobrancelha. – se eu sou mesmo tudo que importa pra você, você desistiria por mim?

 

Aquilo pareceu como um murro no estômago. Ele se acalmou, seu rosto ficou mais claro, mas ele parecia confuso. Ele pensou por um momento, então colocou seus olhos vibrantes e certos nos meus.

 

- Sim. Se você quer assim, eu fujo com você agora mesmo. – ele disse cheio de determinação.

 

- Vo-você iria mesmo?- eu fiquei boquiaberta.

 

- Sim. Eu já disse, tudo que me importa é você. E se fugir com você vai te manter segura, eu fujo. – ele confirmou com a cabeça, totalmente certo de sua escolha.

 

- Ótimo, então eu já sei para onde vamos fugir. – eu sorri.

 

- Onde?

 

- Acampamento meio-sangue, entrada do labirinto. – eu disse, corri e subi em Nkéi.

 

- Aghata, não!- ele tentou me impedir, mas já era tarde, eu já estava levantando vôo.

 

- Luke, eu sinto muito. Mas é o meu destino, assim como é o seu ser mal.- gritei. - É o seu charme. – eu sorri de leve e bati as pernas na barriga de Nkéi, fazendo-a ir mais alto no céu. 

 


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Notas finais do capítulo

Deixem muitos reviews, ok? bjs