A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback


Capítulo 38
Novos Inimigos


Notas iniciais do capítulo

CADÊ MEUS 22 LEITORES? VOCÊS ESTÃO SUMINDO. MIMIMI



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/60394/chapter/38

- E ai, galera?- Nico apareceu no canto do gramado, sorrindo. – O que aconteceu com vocês?

 

- Nico, onde você estava?- Murmurei com raiva.

 

- Jogando sinuca com alguns amigos. Vocês sabiam que eles tinham um salão de jogos? Muito legal. Mas é clandestino, mantenham silêncio. Caso contrário, estão todos ferrados, e nós sem diversão. – Ele estava completamente calmo e sorridente.

 

- Nico, eu vou te bater. – Eu ameacei e comecei a andar em direção a ele com calma.

 

- Ei, ei!- Ele colocou as mãos para cima, recuando. – Porque tanto stress?

 

- Corre!- Eu comecei a correr atrás dele, ele também.

 

Nós demos a volta no prédio central correndo, eu já estava exausta e Nico cheio de energia. Quando ele virou em uma esquina do enorme castelo, eu parei com as mãos no joelho, arfando de cansaço.

 

- Ai! Ai! Me solta. – Ouvi Nico reclamando. Ele apareceu na esquina, com uma freira com expressão severa o segurando pela orelha.

 

- Porque vocês estavam correndo?- Ela olhou acusatoriamente para nós dois.

 

- É que... é... – Nico gaguejou.

 

Eu cheguei para frente com o queixo erguido, preparando uma mentira, mas ai eu gelei. Era a mesma freira que eu dei um murro.

 

- Sinto muito. – Murmurei por fim, atônita.

 

- Sinto muito nada, o Senhor está vendo tudo!- Ela tentou agarrar minha orelha como a de Nico, mas soltou-a rapidamente. – Ai, garota, você me deu um choque!

 

- Desculpe. – Eu tentei não rir.

 

- Vocês dois vêm comigo. Vão fazer uma visitinha ao reverendo Mark. – Ela começou a nos puxar para dentro do prédio. Quer dizer, puxar Nico, porque ela não se atreveu a encostar-se a mim novamente.

 

Eu acompanhei, como uma cadelinha. Assim que entramos no prédio, minha visão piorou. Apolo teria um ataque se visse esse lugar tão escuro. As paredes eram forradas por carpete, o chão também. Os sofás eram de pano, e tudo parecia empoeirado. Comecei a ter uma crise de espirros.

 

- Garota, não espirre na presença de Jesus!- Ela apontou para uma cruz na parede central da sala.

 

- Não posso controlar. – Disse em meio a espirros.

 

- Oras, venha logo. – Ela puxou meu braço escada acima, segurando com uma força exagerada.

 

Entramos em uma sala iluminada pela luz do sol que entrava na enorme janela. Um senhor grisalho e sorridente estava sentado atrás de uma escrivaninha de mogno. Jesus atrás da cadeira ficava me olhando, observando cada movimento meu. Se eu não soubesse que os deuses existiam e não Jesus, teria saindo correndo de tão intimidada.

 

- Bom dia, Srta. Fleury e Sr. Di Angelo. – Ele acenou com a cabeça.

 

- Bom dia. – Eu e Nico respondemos parados na porta.

 

 Eu já estava acostumada com a cena, já acontecera comigo milhões de vezes, mas Nico ainda devia ser novato nessa história de meio-sangue.

 

- Pode deixá-los comigo daqui em diante, Irmã Diná. – Ele sorriu para a mulher, que fez uma mesura com a cabeça e fechou a porta atrás de si. – Eu sou o reverendo Mark Sullivan. - Se virou para nós, ainda com o sorriso calmo. – Esperava vocês dois, mas não nessas circunstâncias.

 

- Sinto muito por isso. – Eu disse para o reverendo, apesar de não sentir nada.

 

- Soube que a senhorita não acredita no Senhor. – Ele olhou para mim intrigado. – Uma pena.

 

- Como sabe?- Juntei as sobrancelhas.

 

- Um amigo meu, também diretor de um colégio católico, me disse. Você deixou bem clara sua opinião sobre Jesus na parede do quarto de uma freira. – Ele ergueu uma sobrancelha.

 

- Ela me mal tratou. – Dei de ombros.

 

- Você fez mesmo isso?- Nico olhou para mim boquiaberto.

 

- Ela é corajosa, não, Sr. Di Angelo?- O reverendo sorriu para Nico. – Mas usa sua coragem para desafiar os outros. A senhorita é famosa por sua petulância e arrogância, Srta. Fleury. Mas como ainda não as vi pessoalmente, creio que terão outra chance. Qualquer seja o motivo que fez a Irmã Diná os trazer aqui.

 

- Você vai nos liberar?- Ergui as sobrancelhas para ele, surpresa.

 

- Sim. As aulas ainda nem começaram, e eu sei o quanto a Irmã é severa. Não se preocupem. Mas da próxima vez eu chamarei os pais de vocês. – Ele advertiu. Estava começando a gostar dele.

 

Eu e Nico olhamos um para o outro e prendemos o riso. Se ele chamasse nossos pais aqui, - caso eles viessem- haveria uma briga muuuito maior para o reverendo cuidar.

 

- Então, obrigada. – Eu me levantei e apertei a mão dele. Quase que pelo costume eu não fiz um comprimento antigo, segurando seu antebraço.

 

- Podem ir agora.

 

 

Bati na porta, alguém a abriu.

 

- Com licença, mas aqui é o meu dormitório segundo esse papel. – Eu disse olhando o papel. – Se importa se...- Assim que eu levantei os olhos, fiquei sem fala.

 

- Você. – Nós duas dissemos olhando com olhos semicerrados.

 

- Candy. – Eu disse.

 

- Aghata. É esse o seu nome? Que feio. – Ela retrucou rindo com desprezo.

 

- Deve haver um engano, eu não posso ser sua companheira de quarto.

 

- Deve mesmo, esse é o meu quarto. – Ela fechou a porta.

 

Peguei minha mala e fui até a secretaria novamente.

 

- Com licença, mas quem escolhe os companheiros de quarto aqui?- Eu perguntei para a freira simpática atrás do balcão.

 

- Depende.

 

- Quem escolheu o meu quarto?- Eu especifiquei. Ela parecia ser bem lerdinha.

 

- A Sra. Carson. – Ela apontou para uma sala no fim do corredor.

 

- Obrigada. – Eu sorri falsa pra ela e saí andando determinada até a sala que ela apontara, bati na porta.

 

- Sim?- Uma mulher alta, com cabelos loiros e olhos azuis atendeu a porta, aparentava ter uns 43 anos.

 

- Com licença, mas acho que foi você quem escolheu meu quarto, certo?

 

- Ah, sim. Sente-se. – Ela disse com um tom cheio de autoridade.

 

- Com licença. – Entrei na sala cheia de troféus de torcida espalhados e sentei em uma poltrona de couro marrom.

 

Não sei por que, mas eu tinha a impressão de que educação para essa mulher valia ouro.

 

- Já sei o que você quer. – Ela falou antes que eu pudesse abrir minha boca. – Quer saber por que te coloquei no mesmo quarto que Candy Zelguer, certo?

 

- Sim.

 

- Bom, porque eu quero que você seja uma de nós. – Ela se aconchegou na cadeira.

 

- Uma de nós? Quer dizer, líder de torcida?- Eu apontei para os troféus na parede.

 

- Sim, as líderes de torcida estão todas em uma área dos dormitórios. E agora você está nessa área.

 

- Desculpe, mas eu acho que não vai dar certo.

 

- Só não dará certo se você quiser que não, Aghata. – Ela ergueu uma sobrancelha.

 

- Como você sabe o meu nome? E como sabe que eu darei uma boa líder de torcida?

 

- Eu vi você chegando ao colégio, logo procurei saber o máximo sobre você, mexi meus pauzinhos e agora você está na área esportiva dos dormitórios. Você tem perfil. – Ela apontou para o meu corpo.

 

- Você quer dizer que eu pareço uma, não que eu sou uma.

 

- Percebi que não era, se não teria dado super certo com Candy quando se encontraram. Mas eu sei que será, pois isso aconteceu comigo. Quando eu entrei em um colégio quando tinha a mesma idade que você, o treinador disse que eu seria uma líder de torcida perfeita. E ele estava certo, eu virei a capitã em menos de 2 meses. Eu vejo em você eu mesma, a garota de 16 anos encantada por fazer parte de um mundo como o da torcida.

 

- Acha que eu tenho 16 anos?

 

- Sim, se não mais.

 

- Acho que eu parecerei uma trintona quando tiver apenas 28. – eu suspirei.

 

- Você tem quantos anos?- ela franziu o cenho em dúvida.

 

- 15.

 

- Nova. – ela me analisou. – Pensei que tivesse mais.

 

- Sinto muito, acho que então eu não posso participar. – eu me levantei da cadeira, mas ela fez uma aceno para que eu sentasse novamente, obedeci.

 

- Em que ano você está?- ela perguntou.

 

- 1º.

 

- Perfeito, você pode participar. Contanto que seja do ensino médio, pode.

 

- Ah. - suspirei.

 

- Você está achando que a torcida é coisa fútil, certo?

 

- Não. É só que... aquelas garotas são tão...

 

- Superficiais? Infantis?

 

- Sim.

 

- Eu tinha razão, você é exatamente como eu. – ela chegou para frente, se inclinando para mim. – Aghata, é exatamente por ser mais madura que elas que você vai se dar bem. Eu não vejo a hora de aparecer uma garota tão boa quanto Candy há anos, ela não é boa para ser uma líder, mas é a melhor que nós temos. Você é a minha salvação, Aghata, você é a próxima capitã.

 

- Você quer que eu seja a capitã?- Eu ergui uma sobrancelha.

 

 

- Ei, Candy. – Bati na porta novamente.

 

- O que você quer?- Ela abriu a porta impaciente.

 

- Me dê o numero 3.- Entrei no quarto, jogando minha mala em uma das camas no quarto branco.

 

- O que?- Ela fechou a porta, olhando incrédula para mim.

 

- Sim, isso que você ouviu. Dê-me o uniforme com o número 3.

 

- Porque você quer o meu número? E porque você quer um uniforme? Você não é uma líder de torcida. – Ela me olhou com desprezo, mas vi que estava nervosa.

 

- É, Candy. O que você temia se concretizou, agora eu sou uma líder de torcida. E você é obrigada a me dar o número 3. A Sra. Carson me disse que eu poderia pegar o número que quisesse, eu disse que queria o três, mas ela disse que já estava ocupado. Então, ela te mandou isso. – Joguei um pacote nela com o uniforme.

 

- O número 8?- Ela olhou o uniforme com nojo.

 

- Parabéns, agora você é a número 8. – repousei minha mão em seu ombro. – Agora, eu vou sair. E quando voltar, espero que o número 3 esteja na minha cama. – Eu sorri falsa e saí do quarto. Fechei a porta atrás de mim sorrindo maliciosa, me sentindo como em uma deliciosa vingança.

 

Ás vezes acho que sou filha de Nêmesis, ou Éris, ou Momo...

 

- Aghata?- A voz de Liam me fez pular, saindo da minha lista imaginária de possíveis pais. – O que você está fazendo aqui?- Ele me olhava espantado.

 

- Eu moro aqui agora. O que você está fazendo aqui? Não devia estar na enfermaria?

 

- Não. Eu acordei sentado dentro do prédio, jogado perto da porta. Mas eu não me lembro do que aconteceu. – Ele enrugou o rosto, como se tentar se lembrar doesse.

 

- Talvez você não deva tentar se lembrar, isso parece te machu... – Eu não ousei me mexer mais um centímetro, ele poderia se lembrar e descobrir o meu segredo.

 

- Não!- Ele me interrompeu. – Eu me lembro de pouca coisa. Lembro de você pulando da janela... e daquele outro garoto também.

 

- Liam, eu nunca pularia de uma janela. – Eu ergui as sobrancelhas.

 

- Mas você pulou. E foi estranho, porque você não se machucou nadinha. Aliás, você pousou no ar. E tinha uma nuvem aos seus pés. – Ele colocou a mão nos olhos.

 

- Liam. – Eu ergui seu queixo com o dedo. – Olhe para mim. – Ele obedeceu.

 

Estalei os dedos, uma corrente fria passou por nós. Liam gritou de dor, colocando as mãos nos ouvidos.

 

- Minhas memórias estão gritando, Aghata. – Ele caiu de joelhos no chão. – Estão gritando no meu ouvido.

 

- Liam, olhe para mim. – Repeti, séria. Ele relutantemente levantou a cabeça. Agachei, colocando meus olhos à altura dos seus. – Isso nunca aconteceu. Você acordou na sua cama. Foi para o seu quarto porque estava com dor de cabeça. – Olhei bem dentro de seus olhos, fazendo com que a informação se fixasse em seu cérebro.

 

- Tudo bem. – ele disse como um autômato.

 

- Ótimo.

 

- Ei, Liam!- Um garoto musculoso de olhos castanhos correu até ele. – Está tudo bem, cara?- Ele ajudou Liam a se levantar.

 

- Sim. E-eu caí, não sei por quê. – Ele voltou ao normal, parecendo confuso.  

 

O garoto me olhou de cima abaixo, a principio sua expressão foi de luxúria, mas depois ele me olhou com desconfiança. 

 

- Bryan Argy. – Ele estendeu a mão para mim, ainda com a expressão desconfiada.

 

- Aghata. – Apertei sua mão, sentindo que não dizer meu sobrenome me salvaria um dia.

 

Hostilidade para mim emanava de Bryan. Eu sentia que ele não me queria por perto, ele achava que eu era um perigo para Liam e ele. Percebi isso pelo jeito que ele rolava seus olhos de mim para Liam rapidamente, em alerta.

 

- Eu vou indo. – Disse indiferente, me virei e comecei a marchar para fora do prédio escuro, como um assassino culpado fugindo da cena do crime.

 

Resolvi ignorar os chamados de Liam atrás de mim. Ouvi Bryan sussurrar para ele deixar que eu fosse embora, como se aquilo fosse melhor. O que era mesmo.

 

Caminhei pelos pequenos morrinhos gramados do colégio. Até que avistei uma piscina no canto do campus. Isolado o bastante. Corri até lá o mais rápido que pude, aproveitando o vento no meu rosto, chicoteando minhas bochechas com meu cabelo.  

 

Parei na ponta da piscina, tirei minhas botas e preparei para pular, mas eu vi algo dentro da piscina. Um garoto com um corpo de 17 anos, esculpido e bronzeado estava submergido, nadando alegremente.

 

Sentei na borda da piscina, com as canelas mergulhadas, observando o nado calmo do garoto. Quando seu ar acabou, ele nadou rapidamente até a escada e se levantou, sacudindo os cabelos dourados. Quanto mais seu corpo chegava à superfície, mais eu ficava boquiaberta. Até que ele abriu os olhos e me lançou um sorriso branco. Sorri em resposta aos alegres olhos amarelos. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!