A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback


Capítulo 26
Tentação




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- Luke, eu posso falar com você um instante?- Eu, ainda um pouco afastada dos outros, chamei hesitante. Tinha ficado alguns minutos pensando onde estava conversando com Atena até ela desaparecer, pensando em como eu contaria para Luke.

 

- Claro. – Ele abriu um sorriso indo até mim, o que me deixou ainda mais aflita. Ele me seguiu enquanto eu entrava na floresta, queria estar o mais longe possível dos outros para falar isso pra ele.

 

- E então, o que foi?- Ele sorriu mais ainda quando chegamos à floresta na beira da estrada, pegando a minha mão.

 

- Ah, er... – Abri minha boca para falar, hesitante, mas minha voz não saia. – Luke, eu tenho uma coisa para te falar e talvez você não esteja preparado para ouvir.

 

- Eu estou pronto para ouvir qualquer coisa de você, Aghata. – Ele deu um sorriso torto para mim. Meu estomago começou a pensar que era acrobata enquanto Luke afagava minha mão com o polegar.

 

- E talvez, só talvez, não seja uma coisa boa. – Minha voz falhava cada vez mais, Luke parecia me torturar. Ele colocou uma mecha de meu cabelo loiro atrás da minha orelha.

 

- Na sua voz, qualquer coisa é poesia. – Ele sorriu, afagando meu rosto e chegando mais perto. Eu estava estática, não conseguia tirar os olhos do lindo sorriso de Luke, mas também não conseguia parar de pensar em Apolo e o quanto ele odiaria essa cena.

 

- Luke, é uma má noticia. – Minha voz saiu esganiçada, enquanto Luke enterrava o rosto em meus cabelos, cheirando profundamente meu pescoço. Dei graças aos deuses por ter passado perfume hoje.

 

- Diga, desde que você esteja comigo eu estou preparado para o fim do mundo. – Ele deu um beijo em meu pescoço, sua voz rouca e totalmente sedutora estava em meu ouvido, fiquei arrepiada, ainda sem conseguir mover um músculo.

 

- Luke, eu acho que nós... – Eu consegui tomar força pra dizer, mas Luke me interrompeu.

 

- Combinamos. – Ele completou pegando meu rosto com as mãos e me deu um beijo urgente, carinhoso e, como tudo vindo de Luke, sedutor. Ele passou o braço pela minha cintura, me puxando para ele. Eu estava totalmente chocada, paralisada e com uma vontade imensa de corresponder o beijo, mas cada vez que meu coração batia um nome ecoava em minha mente: Apolo, Apolo, Apolo.  

 

Minha primeira reação natural foi levar minhas mãos à nuca de Luke, mas quando vi o caminho que minhas mãos traçavam da cintura de Luke até seu pescoço parei na hora. Os lábios cheios e quentes de Luke amassavam e lutavam contra os meus, mas eu não me mexia, meus lábios ainda estavam sob meu controle, congelados.

 

Não sabia o que fazer, sinceramente. Meus instintos me tentavam a responder o beijo, mas se eu fizesse isso, teria repulsa de mim mesma por longas semanas. Então resolvi me separar de Luke, tentei tirar sua mão de meu rosto colocando meus dedos entre minha bochecha e sua mão, mas ele entendeu errado meu casto gesto e pegou minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus. Tentei de novo, colocando minha mão no peito de Luke e o empurrando, mas ele novamente entendeu errado e apertou mais ainda minha cintura contra ele, prendendo meu braço entre nós.

 

Entendi que qualquer outro esforço pra separá-lo de mim só pioraria as coisas, então abri meus lábios, com outra ideia pura. Até então bloqueava com toda a minha força a vontade de corresponder o beijo, mas quando eu abri a boca, a língua de Luke veio como em choque em mim, me tentando mais ainda. Resisti.

 

Assim que os lábios de Luke tentaram animar os meus, abocanhei seu lábio inferior, o mordendo com tanta força que causou um gosto de sangue na minha boca.

 

Descobri que meus dentes eram incrivelmente afiados quando tinha 8 anos e resolvi morder a ponta de um lápis, que esfarelou na minha boca.

 

- Au!- Ele se separou de mim em um pulo, segurando o lábio sangrando. Sorri vitoriosa, cruzando os braços. – Porque você fez isso?- Ele me olhou assustado.

 

- Porque eu fiz isso?- Eu coloquei uma mão no peito, indignada. – Porque você fez isso?!

 

- Aghata, eu sinto muito. Mas é que eu não podia mais agüentar, todos esses anos...

 

- O CARALHO! EU TENHO NAMORADO!- Eu me irritei, vi os olhos de Luke ficarem extremamente tristes.

 

- Desculpe... – Ele murmurou triste, abaixando a cabeça. – Desculpe mesmo, eu não sabia que você ia ficar irada.

 

 Eu estava pronta para rebater com outro palavrão, mas me lembrei de tudo, da nossa amizade, dos anos que passamos nos divertindo, das risadas, dos segredos, dos sofrimentos, das alegrias, das histórias, de tudo, tudo que eu e Luke passamos juntos. E me lembrei de seu sentimento por mim, e de quanto era injusto brigar com ele por isso.

 

- Desde que você não faça mais isso, e guarde o seu amiguinho para você mesmo, está perdoado. – Eu bufei, cruzando os braços para não perder a dignidade.

 

- Meu amiguinho?- Luke levantou a cabeça, parecendo confuso. – Ah. – Corou, olhando para baixo outra vez.

 

- Vamos logo. – Eu chamei com a mão apontando para a estrada.

 

- Espera. – Luke pegou meu braço quando comecei a andar. Fiquei encarando a mão de Luke agarrada ao meu braço e em seguida levantei olhos para ele, demonstrando que alguns filhos de Hermes iam virar churrasquinho. – Você não tinha uma coisa pra me falar?- Ele tirou a mão de meu braço com medo.

 

- Ah, eu tinha, mas você resolveu me dar meu presente de aniversário adiantado, né?- Eu sorri seca. – Então, eu conto na frente de todo mundo. – Completei fria. Eu estava totalmente embaraçada, então, fingir de irritada era melhor.

 

Comecei a andar em direção à estrada com Luke me seguindo. Sai da floresta com a maior pose Zeus que eu pude fazer, queixo erguido, coluna ereta e expressão dura e metida.

 

- O que foi?- Ethan perguntou chegando mais perto com Percy e Annabeth o seguindo.

 

- Nós temos que visitar uma pessoa. – Eu anunciei em frente aos três.

 

- Quem?- Luke sério perguntou ao meu lado.

 

- Sua mãe. – Assim que respondi sem o olhar, o maxilar de Luke travou e seus punhos ficaram fechados.

 

- Por quê?- Ele pergunou rígido, mal mexendo os lábios. Minha vontade era de confortá-lo, mas eu ainda estava brava com ele, e só de pensar em chegar mais perto dele, as borboletas no meu estomago enlouqueciam.

 

- Porque Atena me disse isso.

 

- Ela me disse algo do tipo tambem. – Annabeth assentiu.

 

- Você falou com ela?- Eu ergui as sobrancelhas.

 

- Por um século. – Percy revirou os olhos.

 

- Por menos de 5 minutos. – Annabeth tambem revirou os olhos.

 

- Que seja! O que ela te disse exatamente?

 

- Que um de nós deve rever aquele de quem guarda muita mágoa. – Annabeth virou o cinzento olhar acusador para Luke, cujo ainda estava ereto. Ele apenas virou a cabeça para mim, me olhando com atenção, o que me deixou desconfortável.

 

- E então, Luke? Vai nos levar pra lá?- Perguntei com calma, olhando para ele séria, mas eu tinha certeza que a pena no meu rosto era clara.

 

- Para a casa de May Castellan?- Ele ergueu as sobrancelhas tentando ser indiferente, mas era claro para mim que aquilo doía nele.

 

- Se você não se importar. – Eu estava totalmente séria.

 

- Nem um pouco. – Ele trancou mais ainda o maxilar, queria abraçá-lo, mas me controlei. – Onde estamos?

 

- Kansas.

 

- Daqui a algumas horas estaremos em Colorado, na volta podemos parar em Westport para falar com a sua mãe. – Eu me animei, apesar de saber da história da (tia) May, eu sempre a quis conhecer.

 

- Ela não mora mais em Westport.

 

- Onde ela mora então?

 

- Colorado.

 

- Ótimo! Em que cidade?- Ethan perguntou.

 

- Denver. – Ele disse receoso. Achava estranho Luke saber disso, já que ele evitava a mãe com todas as forças.

 

- Então entrem no carro, daqui a algumas horas vamos visitá-la. – Ethan sorriu para todos nós.

 

- Eu vou telefonar para ela antes, se não se importam. – Luke apontou para um orelhão à alguns metros no canto do acostamento.

 

- Ah, Luke, isso é muito perigoso!- Me fingi de preocupada. – Nenhum de nós tem um dracma, então venha, eu te empresto meu celular. – Puxei sua mão, o arrastando para o carro. Percy e Annabeth não pareceram dar a mínima para o meu tom de voz falso, Ethan pareceu se incomodar, mas logo deixou para lá.

 

- O que você está planejando?- Luke semicerrou os olhos para mim enquanto eu o puxava com esforço para o carro.

 

- Nada, eu só quero te manter em segurança. – Sorri sarcástica, semicerrando os olhos para ele.

 

- Sabe, você é uma baixinha muito perversa. - Ele riu.

 

 Era humilhante a diferença de altura entre eu e Luke, eu era acostumada a ser mais alta que as pessoas da minha idade. Luke era 1 ano mais velho que eu e era garoto, o que o tornava as chances de eu ser maior que ele pequenas, mas mesmo assim, eu era uma das – se não a - maiores do acampamento.

 

- Eu sou apenas 15 cm menor, ok. – Eu parei de andar, fechando os olhos e suspirando tentando controlar minha indignação. Quando abri os olhos novamente vi Luke me olhando com admiração e um sorrisinho doce, seu rosto a centímetros do meu.

 

Eu nunca me acostumaria com a beleza de Luke, nunca deixaria de lutar contra meu coração quando ele chega perto de mais ou sorri pra mim, mas eu devia.

 

Sem perceber, nossos rostos estavam a milímetros um do outro, eu olhava intensamente em seus olhos azuis, imaginando se era assim que Luke se sentia em relação a mim: uma amiga que ele amava, mas tinha que lutar contra isso. Porque era assim que eu me sentia, mas lutava contra isso por motivos diferentes, por motivos mais egoístas.

 

- Er, eu vou procurar o celular. – Sacudi a cabeça, me virando rápido para o carro e entrando na parte de trás. Vi o rosto de Luke cair em decepção e tristeza.

 

Apolo, Aghata, se mantenha firme, você o ama, por Luke é só atração, só atração... Meditei fechando os olhos, sentada no banco de trás de costas para Luke. SÓ ATRAÇÃO!

 

- Aghata? – Luke chamou com um pouco de medo na voz. – Não está achando?

 

Droga, pensei, nem disfarçar você sabe mais. Parabéns, Aghata Helena Fleury.

 

- Ah, só um minuto. – Respondi abrindo os olhos e fazendo uma careta de raiva. – Estou procurando. – Meti a mão na minha bolsa, procurando meu celular.

 

- Qual é Aghata, seu celular é vermelho, não pode ser tão difícil de achar. – Ele bufou rindo.

 

Eu ia jogar a bolsa nele e falar: procura então, Sherlock Homes, mas me lembrei de coisas que estavam jogadas lá, coisas que Luke não poderia ver. Então respondi:

 

- Luke, tudo na minha bolsa é vermelho, até a própria bolsa, caso não tenha percebido.

 

- Ainda provo que você é Filha de Ares. – Ele riu.

 

- Isso não tem nada a ver. – Eu ri tambem. – Aqui. – Atirei meu celular honorário (já que era perigoso para semideuses usarem celulares) para ele, ainda de costas.

 

- WOW!- Ele arfou surpreso, se contorcendo para pegar o celular no ar enquanto eu me virava. – Você não tem cuidado algum com as suas coisas.

 

- É, não tenho mesmo. – Eu saí do carro e comecei a andar de volta para onde Percy, Annabeth (se beijando) e Ethan (de vela) estavam.

 

Pensei na ambuiguidade das palavras de Luke. Você não tem cuidade algum com as suas coisas. Se ‘coisas’ significar ‘sentimentos’ ou ‘Luke’ sim, eu não tinha cuidado algum. 

 


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Notas finais do capítulo

se esse capitulo chegar a 17 reviews e a fic tiver 12 indicações eu faço um capitulo especial Percabeth! que tal?