A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback


Capítulo 24
Câmbio


Notas iniciais do capítulo

gente, o cap tá maior que os outros, mas não tem muita ação :/ desculpe



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- Vamos sair daqui, rápido. – Eu avisei.

 

- Essa casa vai demolir. – Annabeth analisava as paredes, como se procurasse uma falha ou algo assim.

 

- Como assim demolir? Por quê?- Percy parecia confuso.

 

- Essa casa é uma ilusão, um truque.

 

- A empousa criou essa casa para me assustar, agora que ela se foi, logo a casa irá também. – Eu completei.

 

- E então? Estamos esperando o que pra dar o fora dessa Casa Assombrada? – Luke se posicionou. – Vamos lá, ralando daqui. – Ele bateu palma entre nós, fazendo todos se dispersarem.

 

Achava estranho ele estar ali, afinal, ele devia estar com sua amiguinha, como a visão me mostrara.

 

Estava me virando para pegar minhas coisas no quarto quando aquela voz que tanto me atraía me chamou.

 

- Aghata, eu posso falar com você?

 

- Er... Sim, mas eu vou só pegar minhas coisas, ok?- Sem virar respondi, não podia encarar Luke sem querer xingá-lo sem motivo aparente.

 

- Tudo bem. – Pude perceber por sua voz que ele sorria e aquilo me trouxe uma alegria por dentro. Sempre sentia vontade de sorrir sabendo que Luke estava feliz.

 

Passei mais tempo que o necessário no quarto, arrumando minhas coisas. Estava evitando a conversa com Luke o máximo que eu podia, era complicado ficar perto dele para mim agora. Quando ouvi o teto acima de mim trincando, foi quando percebi que estávamos atrasados, a casa já estava caindo.

 

- GENTE! SAIAM DA CASA AGORA!- Saí gritando do quarto, mas parecia que era desnecessário, todo mundo já corria escada abaixo.

 

- Essa escada parece não ter fim. – Ethan reclamou, descendo os degraus com pressa a frente dos outros.

 

- E não tem. – Annabeth tirou a conclusão, após descer a escada correndo quase 1 minuto.

 

- Janela!- Apontei para o fim do corredor e sai correndo até lá, com os outros me seguindo.

 

- Como vamos pular sem nos machucar?- Percy analisou a distancia da janela até o chão.

 

- Cada um com o seu modo, e principalmente coragem. – Olhei assustada para o chão. – Cada um com o seu modo. – Repeti para mim mesma, pulando da janela.

 

- Aghata!- Ouvi gritarem lá de cima com medo. Quando faltava uma fração de segundo para me agachar no chão, meus pés pareceram pisar em uma tabua inexistente a centímetros do chão, amortecendo minha queda antes mesmo de cair.

 

- Espetacular.  – Bateram palmas quando pisei no chão.

 

- Obrigada, obrigada. – Me curvei em agradecimento, rindo.

 

- Minha vez. – Percy murmurou, pulando da janela. Quando ele ia cair, uma pequena onda surgiu aos seus pés, o sustentando como se ele estivesse surfando.

 

- Uhu!- Bati palmas com todo mundo, rindo.

 

- E lá vamos nós. – Ethan gritou caindo. Uma chama surgiu onde ele caiu, antes disso acontecer, engolindo todo seu corpo. – Estou bem!- Ele se levantou de uma vez.

 

- Isso foi legal. – Percy murmurou olhando o fogo inteiro se apagar com um simples sopro de Ethan.

 

- Dá licença, mas nós não temos nenhum super poder. – Annabeth pigarreou.

 

- Fale por você. – Luke sorriu e pulou da janela, ele ia se espatifar no chão. – Maia!- Ele gritou no ar, e duas pequenas asas surgiram de seus tênis de skatista, o fazendo voar calmamente até o chão.

 

- Ah, ótimo, até você.  – Annabeth revirou os olhos.

 

- Annabeth, pule! – Eu gritei.

 

- Eu vou morrer, ou no mínimo quebrar a perna.

 

- Não vai não, pule logo.

 

- Não!

 

- Pule!

 

- Não... - Ela olhou um pedaço do teto cair atrás dela. – Me segure!- Ela se jogou. Rapidamente abri Aegis e o coloquei sobre minha cabeça, me protegendo. Annabeth caiu de bunda em cima de Aegis, escorregando até o chão.

 

- Morreu?- Revirei os olhos, olhando para Annabeth sentada no chão. Ela não respondeu, apenas bufou, se levantando.

 

- Gente... - Percy nos contou com o dedo, enquanto eu analisava Aegis para ver se Annabeth não tinha feito nenhum amassado ou arranhão. – Está faltando um.

 

- KANE!- Nós gritamos em uníssono, nos olhando espantados. E como se ‘Kane’ significasse ‘imploda’, a casa desmoronou no momento em que gritamos.

 

- Meus deuses. – Nós cobrimos as bocas com as mãos, apavorados.

 

Puf. A casa sumiu em uma minúscula e fofa nuvem de fumaça, e nada do corpo de Kane. 

 

- E agora?- Eu olhei assustada para casa, minha voz quase não saiu.

 

- Ele pode ter saído antes... – Luke me abraçou de lado, tentando me confortar. Estava tão abalada que não me incomodei em ficar perto de Luke.

 

- Não, ele morreu. – Eu afirmei.

 

- Porque você está tão certa disso?- Annabeth ergueu uma sobrancelha.

 

- Sacrifício. – Respondi distante, olhando para o terreno onde a casa estava há segundos. – Essa casa sempre sacrifica alguém. Sempre uma morte.

 

- Eu sinto muito. – Luke me abraçou de frente, me aconchegando em seu peito. Eu estava paralisada, congelada e distante, mas as lágrimas não vinham. Não acreditava que um inocente havia morrido.

 

- E para onde vamos agora?- Ethan perguntou cauteloso.

 

- Continuaremos nossa viagem, nós vamos para o Arizona. – Tentei me recompor, assumindo o controle. Mas minha expressão ainda estava distante, meu rosto estava gelado e sem sangue.

 

- Então vamos para o carro. – Ethan disse me olhando com cautela.

Quando nos viramos para ir para o carro, tivemos mais uma agradável surpresa. Ouvi todos puxarem e prenderem o ar ao mesmo tempo.

 

- O... – Ethan soltou pesadamente a respiração.

 

- que... – Annabeth continuou

 

- ACONTECEU? – Percy gritou, olhando para frente.

 

- Meus deuses. – Tapei a boca com a mão, olhando o carro.

 

Dizer que o carro estava sujo seria gentileza. Ele estava coberto pela poeira da casa, milhares de farpas de madeira estavam incrustadas no pára-brisa e em seus pneus. A lataria estava toda amassada pelos pedaços grandes de madeira que haviam caído ali.

 

- Um Filho de Hefesto não seria nada mal aqui, hein?- Eu analisei a lataria. – Eles poderiam dar um jeito nesse metal com os olhos, são realmente plausíveis. – Eu passei o dedo em um arranhão, cortando meu dedo. – AI. – Gritei segurando o pulso, tentando evitar que o sangue corresse para o corte.

 

- Não coloque o dedo na boca!- Annabeth olhou por um segundo e então gritou para mim, quando eu já levava o dedo à boca por instinto.

 

- Por quê?- Eu gemi de dor, puxando meu pulso para longe da minha boca.  Não sabia por que um corte desses, que eu já levara mil vezes, doía tanto.

 

- Está envenenado. – Ela pegou meu dedo, o olhando como se fosse uma experiência científica prestes a explodir.

 

- Está dourado. – Olhei para o meu indicador com cuidado, onde deveria sair sangue vermelho, saía um liquido dourado que parecia ter gliter.

 

- Isso existe mesmo... – Ela olhou mais ainda o corte dourado.

 

- Isso o que?- Ethan ergueu as sobrancelhas.

 

- Alguns povos antigos diziam que um corte poderia indicar seu destino, ou mudá-lo, daí vem a história da Bela Adormecida furar o dedo e tudo mais.

 

- Você quer dizer que o sangue dourado... – deixei a frase morrer chocada.

 

- Sim, Icor, o sangue dos deuses. – Ela afirmou.

 

- Que demais, me deixa tocar?- Percy foi chegando mais perto de meu dedo, com a mão estendida.

 

- Não!- Eu e Annabeth gritamos, puxei meu dedo rapidamente quando ele chegou perto de mais. – Pode matar. – Completei.

 

- O que?

 

- O sangue dos deuses pode matar imediatamente mortais. – Annabeth explicou.

 

- Mas eu não sou mortal.

 

- Sim, mas é metade mortal. Isso talvez não te mataria, mas causaria um machucado nada agradável. – Rebati.

 

- Então tá... – Percy deu dois passos para trás, voltando para onde estava, ao lado dos outros, mas ainda fitando com curiosidade e desejo de criança o filete de sangue dourado que saía do meu corte.

 

- Se isso quer dizer o destino, e isso é icor, quer dizer que você... – Luke murmurou levantando os olhos tristes e sem vida do meu dedo para mim.

 

- Eu... – Não sabia o que dizer, não queria ver aquela tristeza nos olhos de Luke nunca. Mas então me lembrei da minha visão. – Não sei. –Empinei o queixo, olhando para o lado. O que eu queria dizer para ele na verdade era algo do tipo, vá mostrar esse olhar fofo de cachorro sem dono para sua amiguinha rosada.

 

- O que vamos fazer? Deve ter farpa até no motor. – Ethan apontou para o carro. Todos começaram a dar sua opinião, menos eu e Luke, que ficávamos conversando por olhar. Eu escutava o barulho e as palavras das pessoas ao meu redor, mas simplesmente não processava, estava ocupada demais com os meus pensamentos.

 

- Aghata, ei. – Uma mão passou sobre meus olhos, me tirando do transe. – Você que é a filha do Manda-Chuva, literalmente, diz ai, o que a gente vai fazer?- Annabeth me olhava com curiosidade.

 

- A Filha de Atena aqui é você. – Eu respondi por impulso. – Você sabe fazer redemoinhos?- Me virei para Percy, relutante cortando minha conversa muda com Luke.

 

- Não. Eu posso fazer redemoinhos?- Percy arregalou os olhos com um sorriso no rosto.

 

- Ah, deixe para lá. Eu faço isso sozinha. – Dei de ombros. – Se afastem.– Ordenei, todos deram 2 passos para trás em sincronia.  – Ótimo, soldadinhos de chumbo. – Eu ri um pouco.

 

Ergui os braços e me virei para o carro, canalizando meus pensamentos na direção do vento. Fechei os olhos, e quando os abri, pequenos raios acertavam minha visão periférica. Vamos lá, só um vento. Rezei em silencio.  De repente um vento delicioso tomou conta do meu corpo, balançando meus cabelos, fazendo minha visão ficar limitada a fios de cabelo cor de ouro claro.

 

- UAU!- Percy olhou boquiaberto o carro que agora estava livre de poeira.

 

– Esse carro nunca pareceu mais limpo. – Ele riu, o carro estava sem poeira, mas não estava exatamente brilhando.

 

- Hora de olhar o motor. – Ethan bateu e esfregou as mãos, mordendo o lábio, ele nunca pareceu mais sexy com aquela camisa de flanela grudada no corpo malhado dele.

 

- É... – Eu e – para a minha total surpresa- Annabeth suspiramos o olhando.

 

- Me dêem dois minutos. – Ele deu um sorriso torto e confiante e andou até o carro, levantou o capô e se curvou para olhar o motor do carro.

 

- Tirem as farpas da lataria. – Mandei, o fazendo. Todos começaram a tirar os pedaços de madeira, tomei cuidado para não fazer outro ‘corte do destino’.

 

- Aghata, pode me ajudar aqui. – Ethan me chamou depois de alguns minutos, dando aquele sorriso torto com só a cabeça acima do capô.

 

- C-Claro. – Gaguejei feito uma idiota, cambaleando até ele. – Pois não?- Pigarreei, tentando me recompor.

 

- Quando eu falar já, você tenta liga o carro. – Ethan explicou, eu apenas assenti com a cabeça. – Você sabe ligar o carro né?- Ele ergueu uma sobrancelha que normalmente já era cética.

 

- Ah, fala sério, Ethan. – Bufei e fui para o banco do motorista, pude ouvir sua risada rouca e calma, muito gostosa de ouvir. – B1 pronto, Câmbio. – Gritei para ele com a cabeça para fora da porta do carro e quando percebi como tinha falado, corei.

 

- B2 pronto, ligue no já, Câmbio. – Ele gritou em resposta, o que me deixou menos envergonhada com a minha brincadeira.

 

- Só esperando.

 

- Já. – Ele gritou de uma vez. – Câmbio. – Completou rindo. Girei a chave na ignição, o carro quase arrancou. – Não foi. – Ele olhou decepcionado o motor.

 

- Vamos tentar de novo. – Eu falei.

 

- Já, Câmbio. Não se esqueça do câmbio. – Ele riu. Girei a chave, e nada.

 

– É a bateria. – Ele suspirou, soltando os ombros.

 

- Acho que disso eu posso cuidar. – Desci do carro. – Vá para o banco do motorista, mesmo esquema. – Eu mandei, tomando conta da frente do carro. Ele lançou um olhar de reprovação. – Câmbio. – Eu ri.

 

- Agora sim. – Ele riu. – Boa sorte. – Ele me deu um beijo na bochecha e foi para o banco do motorista. Fiquei como uma boba sorrindo, totalmente corada. – Está pronta?- Ele berrou depois de alguns segundos.

 

Saí do transe em um pulo, tirando a mão da bochecha que alisava o beijo dele. Coloquei a mão no que pensei ser a bateria e dei um choque nela.

 

- Tente agora. – Gritei de volta, o carro começou a fazer aquele barulho de quando liga o motor, fechei o capô sorrindo satisfeita.

 

- Parabéns. – Ele sorriu para mim, com uma cara surpresa.

 

- Vou ter que dirigir. – Disse me escorando na porta do motorista.

 

- O que? Você nem tem idade.

 

- Ou o carro vai morrer na estrada. Eu dei um pequeno incentivo na bateria, mas logo ela vai desistir de novo. Tenho que estimulá-la até que ela esteja carregada o suficiente. – Eu disse confiante, apesar de estar rezando para isso ser verdade, o que segundo minha conclusão era.

 

- Tudo bem. – Ele se rendeu levantando as mãos. – Uma hora no máximo. – Ele me olhou desconfiado, pulando do banco de motorista para o do passageiro. – Ei, galera, entrem no carro. – Ele gritou para fora da janela batendo a mão na lataria do carro.

 

Luke, Percy e Annabeth entraram sorrindo no carro, mas quando me viram no controle do volante fecharam o sorriso e suas expressões se tornaram de pavor.

 

- Ah gente, qual é? Eu tenho idade suficiente para dirigir. – Rolei os olhos. – No Arizona. – Arranquei o carro, fazendo todos colarem no apoio de costas de uma vez com a velocidade.

 


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Notas finais do capítulo

IMPORTANTE!
eu preciso saber se todos já leram o Ultimo Olimpiano. porque eu queria colocar uma coisa na história que é esclarecida no UO. mas se não tiver lido, não vai ser um spoiler, só um spoilerzinho. hahha então, me contem se vocês já leram por review. beijos