A mais Olimpiana escrita por telljesusthebitchisback


Capítulo 23
Raios




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Toc, toc, toc. Eu ouvia os passos estranhos vindo até mim, mas minha mente não processava. Aquela imagem de Luke e sua ‘companheira’ de cabelos negros me distraía. A boca de Luke se moveu, falando alguma coisa para a garota, mas a névoa não reproduzia sons, por isso não pude ouvir. Ela sorriu e respondeu, Luke pareceu hesitar, mas foi chegando mais perto e a garota também.

 

- Não. – Minha voz saiu fraca e machucada. A névoa sumiu, bem quando eles dariam um beijo.

 

- Então você o ama, não é?- O monstro riu, entrando no corredor.  Então entendi porque seus passos tinham aquele barulho estranho.

 

O homem não era mais o homem. Agora ele era ela. Uma menina pálida e linda caminhava até mim com suas pernas estranhas. Uma perna era de burro, a outra de metal.

 

- Kelli. – Eu murmurei com raiva, fechando os punhos, reconheci a empousa.

 

- Olá, minha querida. – A empousa riu. – Sabia que você ia gostar do meu novo visual, afinal, você é bem familiarizada com essa forma, não é?

 

- O que você quer?- Eu estava furiosa, primeiro a imagem de Luke, agora isso. Mas estava mais que óbvio o que ela queria aqui.

 

- Da ultima vez, não pude aproveitar seu sangue... – Ela pareceu procurar a palavra. – especial. – Riu, dando um pulo pra frente, apressando a minha morte.

 

- Você quer o meu sangue? HÁ-HÁ. Estava certa quando te comparei ao Drácula. Ou talvez, chupa-cabra. – Eu ri ousada.

 

- Eu te mato. – Ela rosnou, sumindo em um vulto.

 

Entrei correndo em uma porta ao meu lado, entrando em uma biblioteca de madeira, abarrota e empoeirada.

 

- Aaaaaaaaaatchim- Comecei a espirrar sem parar, olhando para todos os lados nas prateleiras. Não sabia bem o que estava procurando, talvez um livro que se levantasse e me levasse para uma câmara secreta ou algo do tipo.

 

- Olá de novo, querida. – Ela entrou na biblioteca, parando na soleira da porta com as pernas coladas de um jeito que era para ser sexy, tentando ignorar fato de que uma era de metal e a outra de burro.

 

- Ai que nojo. – Eu fiz uma cara de nojo, colocando a língua para fora, enquanto encarava as anomalias chamadas de pernas.

 

- Que grosseria! Porque todos falam das pernas?- Ela bufou irritada, chegando mais perto.

 

- Você ainda pergunta?- Eu ri, erguendo uma sobrancelha. A empousa mostrou os dentes ainda humanos para mim e de novo sumiu em um vulto. Quando percebi, ela estava colada em mim, e suas presas agora eram de vampiro, a centímetros do meu pescoço.

 

- Talvez assim você não veja minhas pernas. – Ela riu, encostando a ponta da presa na minha garganta.

 

- Demônio!- Eu agarrei um frasco de água que achei na prateleira de livros ao meu lado e joguei na cara dela, o que não ajudou muito.

 

- Água benta? Mesmo?- Ela se separou, olhando a roupa molhada.

 

- Momento de desespero. – Eu dei de ombros.

 

- Essa blusa era nova! Você me paga!- Ela rosnou.

 

- Dá não, não trouxe meu cartão de crédito. – Eu sorri falsa, correndo para fora da biblioteca.

 

- AAAAAARGH! ISSO JÁ ESTÁ ME IRRITANDO.

 

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH. – Gritava correndo, enquanto passava Alexis nas portas, as fazendo explodir. – Vamos lá! Alguém!

 

- Chega de joguinhos, você vai perder. – Ela agachou em posição de ataque a menos de 3 metros de distancia no corredor.

 

- Eu sei, mas a esperança é a ultima que morre. – Dei de ombros, procurando qualquer poder que me ajudasse nesse momento.

 

- O que você está fazendo?- Ela perguntou desconfiada e curiosa, quando fechei os olhos com força.

 

- Tendo esperança. – eu murmurei. Meus cabelos começaram a voar e todo meu corpo estava envolto por uma massa de ar.

 

- Ai. Minha. Hecate. – Pude ouvir sua voz vacilante e amedrontada, e seus passos metálicos e animais, recuando devagar no corredor.

 

Aquele choque familiar corria em meu corpo rápido e relaxante. De repente eu comecei a ver todas as coisas que continham energia ao meu redor, mesmo de olhos fechados, como se eu as sentisse. Pude sentir uma maquina de lavar no térreo, a televisão do térreo e outros eletros-domésticos que lá se encontravam.  E pude sentir os vários telefones nos quartos. Concentrei-me em pedir ajuda, e logo todos os telefones tocavam sem parar.

 

POV Percy

 

- O que aconteceu com a Aghata para ela ficar daquele jeito?- Eu murmurei perto do ouvido de Annabeth, que estava abraçada a mim vendo TV.

 

- Eu não sei, é um segredinho dela e de Luke. – Ela deu de ombros, mas sua voz estava carregada de ciúmes.

 

- Você gostava dele. – Eu afirmei, sentindo um pouco de ciúmes.

 

- Como um irmão.

 

- Pensei que você fosse a melhor amiga dela. – Resolvi mudar de assunto.

 

- Não, essa é Silena, Filha de Afrodite.

 

- PESSOAL, ESCUTEM ISSO. – Kane entrou arrombando a porta do quarto, estendendo um celular.

 

- JOGA ISSO FORA!- Annabeth se levantou apavorada. – ISSO VAI ATRAIR MONSTROS.

 

- Acho que já atraiu. – Ele respondeu, sacudindo o celular. – Escute.

 

Annabeth pegou o celular hesitante e colocou no ouvido, em segundos sua expressão se tornou de surpresa.

 

- O que diz?- Eu perguntei.

 

- Pode ouvir no telefone. – Kane apontou para um telefone antigo em um criado-mudo ao lado da cama. Estendi o braço e o peguei, quando coloquei no ouvido, fiquei impressionado.

 

‘Corredor, agora. Urgente. ’ A voz de Aghata repetia como uma secretária eletrônica.

 

- Isso é muito legal! Vocês têm que me ensinar a fazer isso!- Kane se animou.

 

- Se for meio-sangue, com toda a certeza não é Filho de Atena. – Annabeth o reprovou com o olhar.

 

- GENTE! O CORREDOR!- Alguém bateu na porta.

Saímos correndo do quarto, quando abri a porta, pude ouvir os passos metálicos e animalescos. Uma espécie de vampira com uma perna de bronze e uma de burro recuava, olhando para sua frente com medo. Quando olhei para onde ela olhava, fiquei impressionado.

 

Aghata estava levitando a centímetros do chão, seus cabelos voando, formando uma coroa dourada acima de sua cabeça. Suas extremidades estavam conectadas às paredes com raios de energia. Todo seu corpo brilhava, como se dentro dela houvesse um curto circuito, como uma segunda pele azul-elétrica. Aparelhos elétricos voavam ao seu redor, como se só estivesses esperando sua ordem para se atirarem por todo o corredor. A parte do corredor em que estava, estava elétrica, como se ela fosse um gerador de energia em explosão. E o mais impressionante de tudo eram seus olhos. A parte branca de seus olhos estava marcada por mini-raios, e de sua íris eles voavam sem parar, como se estivesse procurando algo para fritar com os olhos. 

 

- O que foi que você disse mesmo sobre eu perder?- Aghata riu triunfante. Sua voz parecia poderosa e musical como sempre, mas agora reproduziam fracos, mas audíveis, trovoes. E tinha um toque malvado.

 

O demônio recuou e se virou para a janela atrás dela, como se fosse pular de lá.

 

- Nananinanão. – Aghate levantou o dedo indicador e fez um sinal de reprovação. – Você não me deu a chance de correr. – Ela estendeu a mão, e um raio enorme correu dela até a janela, passando raspando a ponta de meu nariz. – Faça uma prece para Hecate, a sua deusa, quem sabe ela te escute. Eu tive esperança. – Ela riu. O raio formou uma tela na janela, quando a vampira-burro-metálica tentou passar a mão pela janela, tomou um choque, fazendo seus cabelos de fogo tremeluzir. A empousa não respondeu, apenas se encolheu. Nenhuma das duas pareceu notar nossas presenças, nós éramos apenas platéia. – Lute! Mostre suas presas agora!- Aghata se irritou, jogando um raio no pé metálico da garota com apenas os olhos.

 

- Sou imortal. – A garota confrontou, erguendo uma sobrancelha e recompondo a postura.

 

- Você vai ficar no Submundo, muito, muito tempo até se recompor, querida. – Aghata rosnou.

 

- Veremos. – A metade vampira, metade anomalia empinou o nariz.

 

- Então, porque não fazemos uma oferenda à Hecate? Assim, ela poderá te libertar mais cedo. – Aghata ergueu uma sobrancelha loira e perfeitamente arqueada. – Que tal começarmos por carne de burro? Ou, metal?- Ela colocou uma mão no queixo, como se refletisse. – Ou podemos começar pela carne do Drácula! – Sua risada maligna e musical ecoou pelo corredor.

 

- O que você quer dizer com isso?- A coisa fez uma cara de espanto, tentando recuar, mas incapacitada pela teia de energia na janela.

 

- Lhe mostrarei. – Aghata deu meio sorriso travesso. – Pense duas vezes antes de matar alguém de quem eu gosto, empousa. – Ela rosnou, girando o pulso. Metade da energia que a circulava correu para a ‘empousa’. – Ah, não podemos esquecer-nos de nossos itens. – Aghata sorriu sarcástica e o restante da energia que ainda a envolvia se duplicou, carregando os telefones e aparelhos ao seu redor para a empousa.

 

A empousa gritou, mas foi calada por um raio que entrou por sua boca e eletrocutou todo seu corpo, até que tudo que Aghata jogara nela a envolvera, produzindo uma luz que doía os olhos. Fechei os olhos bem apertados, evitando ficar cego. Nós todos caímos no chão com as mãos nos ouvidos, o som do grito da empousa era horrível, atormentador. Aghata fez uma careta e moveu as mãos, fazendo uma bolha de energia a envolver, protegendo-a do som.

 

A luz que mesmo de olhos fechados machucavam minha visão apagou, como se essa luz não pudesse ser vista a quilômetros. Nós todos nos levantamos, ainda gemendo de dor. Ethan apertava e abria os olhos, como se tentasse se livrar de uma tonteira que a luz o causara, mas ele sendo o filho da deusa do fogo não deve se incomodar muito com a luz.

 

- Ah, olá, pessoal. – Aghata sorriu, voltando ao normal. Exceto pelos raios que saltavam para fora de sua íris.

 

- Seus olhos... – Luke apontou hesitante.

 

- Ah. – Ela apertou os olhos, e quando os abriu, tinham a mesma cor elétrica de antes, só que humana. – E então, tudo bem com vocês?- Ela voltou a sorrir.

 

- Você fala como se não tivesse acontecido nada – Eu murmurei a olhando espantado.

 

- E não aconteceu. – Ela respondeu sorrindo, apesar de seu tom de voz ordenar que não teria discussão, o assunto havia morrido. 

 


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