Em um andar do prédio-sede da Oscorp, Adrian Toomes fumava seu cigarro. Ele era um senhor idoso, mas a situação que estava passando o fizera muito mal. E era por isso que estava na Oscorp naquele momento.

Você pagará, Norman Osborn, repetia para si mesmo. A vingança o fazia estar ali. Em plena invasão alienígena, a maior preocupação dele era fazer com que o homem que acabara com sua carreira pagasse. Só um tiro, na testa.

Tirou a pistola do bolso ao parar em frente à porta, e observou o que acontecia lá dentro. Norman estava só, em companhia de três corpos desmaiados ou mortos. Estava prestes a bater à porta, quando resolveu parar para observar com atenção. Lily Hollister?, pensou, reconhecendo a mulher.

Mal percebera Adrian que, atrás de si, uma poça d’água se formava a partir de um cano furado. No elevador, a câmera era obscurecida por uma fumaça rosa. E, no andar de cima, um montinho de areia se acumulava.

A noite caíra sobre Nova York. Em um beco escuro, Otto Octavius caminhava com seu sobretudo. A missão de assassinar T’Chaka fora um sucesso e, como esperado, o filho dele estava a caminho de Nova York.

A invasão alienígena, que antes parecera que os iria atrapalhar, acabou por ajudar, pois T’Challa estava crente de que Thanos matara T’Chaka, e agora Líder conseguira os Thunderbolts.

Mesmo que a situação do planeta não fosse favorável, o plano em que Octopus estava envolvido não poderia parar. Tinham que colocar tudo em prática antes que a lei de registro entrasse em rigor, e sabiam que a invasão de Thanos apenas apressaria esse processo.

Naquela noite, ia cometer um assassinato. Se as informações que Líder o passaram estavam corretas, Hank Pym iria se isolar, junto de Janet Van Dyne, e desaparecer por um tempo. Tudo isso aconteceria através do Subterrâneo.

Graças a esse conhecimento, Líder o ajudara a montar uma emboscada. Assim que Pym entrasse, teria pouco tempo para entrar antes que fechassem a entrada. Em contraponto, teria uma vantagem: todos os seguranças estariam desmaiados, sob o efeito do grande poder mental que o Líder possuía.

Quando o horário combinado apareceu no telefone celular que levava consigo, tacou o aparelho na parede e o esmagou com um de seus braços mecânicos. Em seguida, entrou no prédio.

Era um estacionamento com andares superiores e alguns no subsolo, sem dúvida um lugar ideal para Pym desaparecer clandestinamente. Octopus mexeu em seus bolsos, verificando se os sedativos continuavam ali, e desceu um andar.

Como esperado, todos os seguranças de Pym estavam desmaiados, e o casal de heróis aposentados estava já em Subterrânea. Lentamente, a fissura no chão começava a se fechar.

Octavius descartou seu sobretudo e preparou os sedativos em duas seringas. Segurou-as com uma mão e desceu pela fissura com seus braços mecânicos. Lá embaixo, seguiu o casal de heróis aposentados a pé, em silêncio.

Estavam em um túnel de terra que descia. Atrás dele, formigas do tamanho de uma mão humana carregavam blocos de terra para fechar a fissura. A pé, Octavius podia ver, ao longe, o Homem-Formiga original em uma cadeira de rodas, sendo empurrado pela Vespa original.

Na Casa Branca, Francis Castle e Elektra Natchios estavam andando por um corredor. Vestiam roupas casuais para que não causassem tanta estranheza. Justiceiro levava consigo uma mochila, que continha um telefone celular, os uniformes de ambos e as armas dos dois.

Fizeram uma pausa nos banheiros, onde se trocaram e se prepararam para atacar ou se defender. Em seguida, foram para os conhecidos jardins da Casa Branca, onde Deadpool fingia conversar com o Hulk Vermelho.

— Hora de entrar.

Discretamente, eles entraram no prédio. Pararam em uma câmara na entrada, onde começaram a formar o plano.

— Microchip nos garantiu um caminho seguro até o Salão Oval. Pelo que se sabe, o presidente tem estado lá dentro com o Conselho da S.H.I.E.L.D. e Nick Fury já faz um tempo. Muito provavelmente teremos que batalhar lá dentro, mas devemos lembrar que são homens honrados que servem seu país — disse Justiceiro.

No fundo, Francis torcia para não ter que matar o presidente dos Estados Unidos, mas o faria se necessário. Também sabia que Elektra e Deadpool eram assassinos, e que o estado em que o Hulk Vermelho estava também o fazia uma máquina de matar.

Não conseguia deixar de pensar no quão contraditório era o fato de que o Hulk Vermelho era o General Thaddeus “Thunderbolt” Ross, e que ele os ajudaria a invadir o Salão Oval.

Descartando seus pensamentos, Justiceiro caminhou junto dos demais Novos Thunderbolts em direção ao famoso escritório de um dos homens mais poderosos do mundo, o presidente dos Estados Unidos da América.

Não bateram à porta. Ela não estava trancada. Pelo contrário, entraram empurrando-a com tudo. Contudo, não a derrubaram. Atrás dela, porém, a cena era de horror.

Uma criatura verde apontava uma arma para Nick Fury. Era obviamente um invasor alienígena, mas a questão era: o que ele fazia ali? E o óbvio atingiu Frank Castle como um soco no estômago. O presidente estava morto.

— Quem é você? — perguntou Justiceiro, já atirando.

O alienígena deu um mortal para trás, caindo de quatro no chão. Ele se pôs de pé logo e começou a trocar disparos com Deadpool e Justiceiro. Aproveitando-se da confusão iniciada, Fury se abaixou atrás da mesa do presidente e começou a disparar também.

Então, surgindo do nada, provavelmente desativando dispositivos de invisibilidade, outros Skrulls apareceram.

— Desistam. Seu líder de Estado está morto. Os Estados Unidos da América são de Thanos, o Titã, agora!

Deadpool, Elektra e Justiceiro trocaram olhares.

— Será mesmo? — Frank Castle perguntou.

Então, o Hulk Vermelho entrou na sala, derrubando os Skrulls. Quando todos estavam no chão, eles se voltaram para Fury.

— Secretário Nick Fury, acho melhor sair logo daqui.

Ele parecia um tanto quanto assustado, mas manteve a calma.

— Ora, se não são os Novos Thunderbolts. Acham que mandam em mim?

Castle pensou em responder, porém foi impedido por um homem batendo palmas lentamente atrás deles. Quando se viraram, Zebediah Killgrave estava parado atrás deles. As veias de seu pescoço estavam arroxeadas.

— Que encontro maravilhoso, não é mesmo? O secretário-geral da S.H.I.E.L.D. encontra a equipe renegada, que ele mesmo acha que não deveria existir. Vocês sabem que são apenas uma cópia barata de um grupo de vilões de verdade, não sabem? Ah sim, os Mestres do Terror. Eles adotaram esse nome, “Thunderbolts”, ao se passarem por heróis uma vez. Não deu muito certo.

Castle apontou uma arma para ele.

— Hum... Não, ninguém vai atirar em mim. Melhor. Justiceiro, aponte sua arma para Nick Fury. Fury, mire em Elektra. Elektra, coloque seu sai perto do pescoço de Deadpool. E você, Deadpool, mire no Justiceiro.

Todos adotaram as posições indicadas.

— Incrível, realmente. Certo, vou pegar algumas coisas para mim enquanto vocês continuam assim. Quer dizer, é claro que um de vocês pode tentar me matar sem tirar sua mira do lugar, mas, caso algum de vocês o faça, todos vão atacar ao mesmo tempo. Oh, vai jorrar muito sangue, não é mesmo?

Zebediah Killgrave cruzou o Salão Oval em direção à mesa do presidente. Abriu algumas gavetas e pegou alguns documentos, então fez o caminho contrário. Ao atravessar a porta, se virou e deixou uma mensagem clara.

— Estou indo embora. Sabe, é tentador me sentar nessa bela poltrona e colocar os pés nessa mesa. Afinal, o presidente está morto. Mas tenho coisas a fazer. A propósito, quando eu deixar a Casa Branca, farão o que querem, seja isso disparar ou não. Passar bem!

Então, Zebediah Kilgrave deixou o Salão Oval. Mas não deixou de ouvir um comentário de Fury. “O diabo veste púrpura” sussurrara o secretário. Ele soltou uma gargalhada alta e histérica. Quando deixou o prédio e cruzou o portão do jardim da frente, fez uma constatação.

— É, talvez o diabo seja, na verdade, um Homem Púrpura, e não vermelho como todos imaginam.

Na Torre dos Vingadores, Jennifer Walters estava acordada em um quarto. Estava só, e deixara sua cama. Parada em frente ao espelho, sua expressão era de horror ao ver o seu corpo.

— Esta sou eu... — repetia para si mesma.

Em um lapso de angústia, acertou um soco no espelho. O vidro se trincou, e sua mão afundou na parede. Assustada com sua força, pulou para trás. Seus pés afundaram no piso, deixando-a sem ar. Então, em um ato de desespero, ela gritou.

Algumas salas ao lado, onde os Bruce Banner cuidava do corpo de Carol Danvers, o doutor simplesmente parou tudo.

— Assumam os exames. Minha prima acordou.

Homem de Ferro, Resgate, Visão e Feiticeira Escarlate estavam subindo na Torre. Haviam recuado da batalha contra o Capitão Marvel para ver o que poderiam fazer pelos Vingadores. Era necessário que reorganizassem seu esquema de trabalho, e fizessem uma junção com os Vingadores Secretos de Steve Rogers.

De repente, Stark pensou no Capitão. Onde estaria agora? Ele deveria estar no Triskelion, mas não surgira para batalhar. Mal sabia ele que, em plena noite e em meio a uma invasão alienígena, Steve Rogers estava em um cemitério, colocando flores para Peggy Carter.

— Sabe, Peggy, às vezes eu simplesmente quero desaparecer. Sumir por um tempo, sem que as pessoas saibam para onde fui. Viver como um civil normal em algum lugar longe de Nova York e dos Vingadores. Mas então eu penso no povo estadunidense. Penso que eles precisam de mim, e do que eu represento. E fico.

Lágrimas começavam a surgir em seus olhos.

— Tudo tem acontecido tão rápido, Peggy. A Hidra, o Mandarim, Graviton, agora Thanos. Tudo tem uma proporção tão grande. Eu me pergunto se sou capaz de aguentar tudo isso. Fui criado para combater Adolf Hitler e a Hidra, durante a Segunda Guerra Mundial, não um ditador espacial.

Ele passou a manga do uniforme do Capitão América em seus olhos.

— Hoje aconteceu algo horrível. O Triskelion, sede da S.H.I.E.L.D., que você ajudou a construir, foi destruído por um homem de Thanos. Agentes bravos da S.H.I.E.L.D. morreram hoje. Em meio a eles, um prisioneiro, que já foi meu amigo íntimo, também faleceu. Se lembra de Bucky? Então, era ele.

Steve colocou o capacete novamente.

— Tenho que ir, Peggy.

Colocou as flores para ela e se levantou.

— Adeus, Peggy. Não sei quando poderei voltar aqui.

Ele leu novamente a frase escrita na lápide dela. “Por trás de todo grande homem, há sempre uma grande mulher”.

— Eu sempre amarei você, Peggy. Eternamente.

O Capitão América caminhou em direção a saída. Foi quando ouviu passos. Por extinto, abaixou-se, escapando de um soco de um braço de ferro. Olhou para seu inimigo, e quase caiu para trás.

— Bucky­? Você está vivo?

O Soldado Invernal, James “Bucky” Barnes, estava de pé em frente a Steve. O Capitão esboçou um sorriso, feliz por vê-lo vivo.

— Como sabe o meu nome? — ele perguntou.

Com seu braço de metal, Bucky tentou acertar um soco em Steve, que se defendeu com seu escudo.

— Sou eu, Bucky. O Steve.

Atacando-o com socos e chutes, sempre defendidos com uma sincronia perfeita, Bucky parecia assustado.

— Não. Eles... eles me mostraram... Steve morreu. Ele caiu com o Caveira Vermelha.

Dando um mortal para trás e passando por cima de uma lápide qualquer, Steve começou a falar.

— Eu sobrevivi. Fui congelado por muito tempo, e encontrado pela S.H.I.E.L.D. Eles me salvaram, e aqui estou eu. Sou o Capitão América, e sempre serei. Pelo povo deste país que sempre defendi.

Quando falara isso, Steve baixara a guarda. Bucky o empurrou para o chão, pressionando seu pescoço com o braço de metal.

— Mentiroso.

O Capitão respirou com dificuldade.

— Não acredita em mim? Veja com seus próprios olhos.

E ele tirou o capacete. Bucky olhou em seus olhos e recuou ficando em pé.

— Steve. É você mesmo. Por Deus, você está vivo!

O Soldado Invernal se afastou, deixando que Steve também se levantasse. Os dois se uniram em um abraço, com lágrimas nos olhos.

— Irmão, é tão bom ter você de volta.

Mas tudo que é bom dura pouco. Um tiro acertou no braço de Bucky, fazendo com que eles se separassem. Quando se viraram, uma biga alienígena voadora estava parada ali. Uma dupla de Chitauri se colocou de frente para eles, com lanças extremamente tecnológicas.

Os dois trocaram olhares e, lado a lado, começaram a lutar, enquanto outras bigas surgiam, cada vez com mais Chitauris.

Na sede do MI6, o Capitão Britânia, Brian Braddock, confrontava o ex-Union Jack e atual diretor do MI6 sobre a presença de Anjo, um herói americano, no meio da Excalibur.

— O que Worthington faz aqui, Brian? Eu exijo explicações. A Excalibur não é um grupo de heróis britânicos que defenderão a rainha? Se sim, por que há um americano entre a equipe?

O ex-herói olhou nos olhos de Braddock.

— Foi um pedido de Nick Fury.

O Capitão ficou surpreso com sua resposta.

— O secretário-geral da S.H.I.E.L.D.? Mas por quê?

Ele bufou.

— Você faz muitas perguntas, não é mesmo? Bom, não sei se você sabe, mas Warren é um mutante. Acontece que o pai dele é uma figura pública que já se posicionou publicamente contra a comunidade mutante.

— E o que isso tem a ver com a Excalibur?

— Deixe-me concluir. Quando oferecemos apoio à S.H.I.E.L.D., Fury me fez alguns pedidos. Uma equipe de heróis britânicos, uma lista com os super-humanos do Reino Unido e, o mais importante, um lugar para Warren Worthington III na equipe. Ele disse que devia uma a Anjo, e que ele queria ajudar, mas que o pai simplesmente não podia saber da sua mutação. Não pude negar, Braddock.

Brian ficou sem palavras. Não sabia o que dizer, pois toda a sua indignação simplesmente sumira.

— Enfim... Qual será nossa primeira missão?

O diretor sorriu.

— Agora estou gostando. Bom, temos a permissão da União Europeia para que vocês atuem em todos os países da União. A primeira missão de vocês será investigar o acidente de carro do ministro francês. Como ele sobreviveu? O que houve com os alienígenas que o atacaram? É isso, basicamente.

O Capitão Britânia se virou e deixou a sala.