Marvel: Os Maiores Heróis da Terra escrita por Larenu


Capítulo 47
Medo


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, estou oficialmente de volta! (YEY!). Nossos horários vão mudar um pouco. Acho que ficaremos com a cronologia principal de segunda e um spin-off de sexta ou sábado.
Bom, expliquei a minha ausência pelo spin-off da Safira, então confiram lá.
Estive na Comic-Con Experience no dia 3 de dezembro e, galera, o evento foi muito incrível.
Confiram o capítulo alternativo nos comentários do capítulo anterior.
Este capítulo se passa no décimo terceiro dia da trégua de quinze dias que precede o ataque de Thanos.
Espero que tinham tido um feliz Natal. Desejo a vocês um feliz Ano Novo... e que venha a Fase 3!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/603847/chapter/47

Era já o décimo terceiro dia de Thanos no planeta Terra. Isso significava que restavam dois dias para o início do maior genocídio da história da humanidade. A vida na Terra estava igual, mas ainda havia a sombra do medo sobre eles, representado pelas naves alienígenas, agora invisíveis, que pairavam sobre eles.

Estavam em toda parte. Segundo dados da ONU, que estava beirando uma crise, todos os países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas haviam afirmado ver aliens e ter recebido a transmissão de Thanos treze dias atrás.

A ONU estava sendo pressionada para tomar uma posição. E a S.H.I.E.L.D. estava igual. O presidente os forçara a tomar providências contra esses alienígenas, já que a Agência de Segurança Nacional (NSA) declarara que não era capaz de fazer nada contra a tecnologia alienígena.

Na Europa, a maior equipe de cientistas do mundo, o CERN, era visto como uma das poucas fontes de esperança para os humanos. As demais eram a S.H.I.E.L.D., a S.W.O.R.D. e a comunidade super-humana.

Como em todas as crises, a Igreja fora alvo de perguntas incessantes. O Vaticano, contudo, ainda não se pronunciara. Provavelmente o fariam em breve, apenas para dizer ao povo o mesmo de sempre: “É a vontade de Deus. Quem somos nós para questionar?”.

Em meio ao caos instalado no Triskelion, base “oficial” da S.H.I.E.L.D., um telefone tocava à mesa do secretário-geral Nick Fury. Ele, porém, ainda não atendera. Continuava na troca de olhares desafiadores com o homem sentado à sua frente. Sua expressão era indecifrável. Um misto de medo, surpresa e raiva.

O secretário Fury mediu com seu olho bom o homem à sua frente. Seu pai, sargento Nick Fury, já devia estar idoso. O cabelo grisalho com algumas mechas pretas e as rugas em contraste com o tapa-olho eram prova disso. Ainda assim, a postura dele era imponente.

— Não vai atender, Marcus? — perguntou o sargento.

A mão do secretário Fury, um afro-americano calvo que gerava respeito em seus seguidores e rivais, precipitou-se sobre o telefone. Levou-o à orelha.

— Secretário-geral Nicholas Fury, da S.H.I.E.L.D. — O sargento torceu o nariz ao ouvir seu filho usar seu nome. — Esta é a linha privada da S.H.I.E.L.D. usada em crises. Com quem falo?

Secretário Fury? Falo em nome do MI6.

O MI6? Por que o órgão de segurança da Rainha estava ligando para a S.H.I.E.L.D.?, perguntou-se Fury.

— MI6? — Fury tentou disfarçar sua surpresa, mas não conseguiu. — A que devemos esta ligação?

Acredito que você saiba muito bem da intenção do MI6 nesta ligação.

Suspirou.

­— A S.H.I.E.L.D. está trabalhando ao máximo em métodos de contenção da invasão extraterrestre.

E, no entanto, naves alienígenas continuam pairando sobre nós.

Britânicos arrogantes, Fury xingou mentalmente. Entretanto, detestava ter de admitir que o homem na linha estava correto.

­— O que querem?

Oferecer ajuda.

Bem a cara dos britânicos. Esfregam o erro na nossa cara e depois oferecem ajuda.

— Como?

Pela segurança mundial, o MI6 está disposto a oferecer o apoio e os recursos que a S.H.I.E.L.D. e a S.W.O.R.D. necessitarem para concluir qualquer projeto começado.

Isso, na língua dos britânicos, significava que estavam morrendo de medo e que precisavam da ajuda dos americanos.

— Bom, acredito poderemos trabalhar juntos — disse Fury, apesar de duvidar muito disso.

Vamos fornecer o que for necessário.

— Para começar, precisamos de uma lista dos super-humanos existentes no Reino Unido. Isso será de grande utilidade.

O homem assentiu. Como num passe de mágica, Fury viu a máquina de fax na sala começar a imprimir o fax recebido.

— Certo. Entraremos em contato para mais informações.

E Fury desligou. Quando olhou para seu pai, por um momento a tensão se foi. Apenas para voltar logo em seguida com a fala do sargento Fury.

— O MI6? Parece que a Inglaterra está desesperada. — O rosto do sargento ficou sombrio. — Mas, a esta altura do campeonato, quem não está?

Essa era a verdade. A situação era desesperadora para todo o mundo. As guerras no Oriente Médio haviam cessado, devido ao medo que assombrava até mesmo os corações dos líderes islâmicos. A produção industrial no Japão e na China fora quase completamente direcionada para equipamentos militares. Em todo o mundo, agências de turismo permaneciam sem clientes. Igrejas estavam lotadas de crentes desesperados por uma salvação. A humanidade estava com medo.

Fury ia responder ao pai, quando Maria Hill entrou na sala.

— Secretário Fury? É o presidente. Ele exige falar com a diretora Jones e não a encontro em lugar algum.

— Transfira a ligação para mim.

Por um momento, Maria hesitou. Ela olhou para o sargento, e então para o secretário, e apenas depois saiu da sala. Assim que saiu, o silêncio da sala de Fury deu lugar ao caos instalado no Triskelion. Agentes e cientistas iam de um lado para o outro.

Mas, quando ela olhou para o lado, viu a pessoa que se destacava em meio ao caos. Zebediah Killgrave, com sua roupa roxa, não podia passar despercebido. Maria não entendia qual era a dele. Por que Fury insistia em acolhê-lo?

Deixou de observa-lo e desceu até a sala da diretora Jones. Como nos últimos dias, nenhum sinal de Jessica Jones. A ausência de Jessica já estava irritando Maria. Como alguém conseguia ser tão irresponsável em momentos de crise como o que estavam vivendo?

Maria não fora muito com a cara de Jessica quando a conhecera. Não achava que o lugar de uma garota como ela era a S.H.I.E.L.D. Quando soube que ela tinha poderes, compreendeu que o Conselho estava também a vigiando. Naquela época, pensara no ditado popular que falava sobre manter seus amigos perto e os inimigos mais perto ainda.

Quando descobriram que Kletus Kasady, o namorado de Jessica, era o assassino conhecido pela imprensa como “Carnage Killer” (CK), Maria percebeu como as pessoas ficaram com pena de Jessica. Hill não ficou surpresa com a revelação. Kasady era louco.

Pegou o telefone em cima da mesa e transferiu a ligação. Como já fizera algumas vezes, mandou uma chamada urgente para o pager de Jessica. Onde você se meteu, diretora?, se perguntou. Respirou e aproveitou o silêncio da sala.

Com um suspiro, retornou ao caos do Triskelion. Caminhou até os laboratórios. Tinha ordens claras de proteger os trabalhos das doutoras Danvers e Simmons. Quando parou em frente às portas, se sentiu observada. Olhou para o lado e viu um agente a fitando.

— Agente? Algo errado?

Ele olhou mais uma vez para ela e se virou. Em seguida, começou a correr. Droga, xingou ela, mentalmente, e começou a correr atrás dele. Desviou de alguns agentes e pulou por cima de um drone terrestre. Viu o agente virar à esquerda no final do corredor. Mas não tem nada lá!

Na verdade, havia. Mas era apenas um depósito com coisas para faxina. E uma porta para as escadas de incêndio!, ela gritou para si mesma em sua mente.

— Filho da...

Virou e chutou a porta para abrir. O agente colocara um carrinho com vassouras para bloquear a entrada. Passou pela outra porta e chegou às escadas. Pulou no corrimão e escorregou por ele para descer mais rápido. Chegou a uma porta aberta e saiu por ela. Vislumbrou o agente virando no corredor...

Quando esbarrou com Zebediah Killgrave.

— Agente Hill — disse ele, parecendo enojado. — Tome mais cuidado da próxima vez, certo? E não corra no corredor.

— Sim, senhor Killgrave.

Espere, ela acabara de concordar com ele? Mas ele também tinha culpa! Quando tentou correr novamente, porém, parou. O que estou fazendo?!, gritou para si mesma. Ainda assim, não conseguia correr. Por que estou fazendo o que ele disse?

Caminhando normalmente, começou a ficar nervosa. A essa altura o agente podia estar em qualquer lugar do prédio. Pensou para onde o corredor em que ele entrara levava. Um depósito de dispositivos tecnológicos.

Talvez ela conseguisse encurrala-lo ali, já que não havia outra saída daquele depósito. Quando finalmente entrou lá, conseguiu correr novamente, já que não estava num corredor. Olhou em volta e viu alguma coisa se mover. Não se parecia nada com um agente. Era verde e tinha orelhas pontudas. Vestia roupas roxas.

— Quem está aí?

Silêncio. Ouviu o som de algo ser derrubado e apontou sua arma na direção do som. Foi quando algo a atingiu por trás. A última coisa que Maria Hill viu foi a si mesma arrasta-la para dentro de uma caixa. Depois, desmaiou.

Enquanto isso, na Torre dos Vingadores, o mesmo caos do Triskelion reinava, porém mais silencioso. Em seu laboratório, Tony Stark trabalhava sem parar, em parceria com Bruce Banner e Hank Pym (este último estando em uma cadeira de rodas).

— Tony, já tentou usar detectores de calor? Se captasse os sinais dos alienígenas...

— Já tentei. Não funciona.

— Então como tem certeza de que eles continuam lá?

Stark bufou.

— Você não sente, Hank? Os olhos te observando sem parar, em todo lugar que você vai?

Pym assentiu, pois era verdade, e voltou a mexer nas coisas. A verdade era que nenhum deles sabia direito o que estava fazendo ali. Tentavam trabalhar em algo havia dias, mas não faziam ideia do que fazer.

Construíram dispositivos para autodefesa, armas e qualquer coisa que pudessem usar para proteger a população, mas sabiam, no fundo, que a sobrevivência iria depender deles e seus poderes.

Uma prova disso era que Tony já entrara em contato com a S.H.I.E.L.D. e pedira por uma lista com os membros da comunidade super-humana mundial. Essa lista era chamada de “o Índice”. Apesar de relutar, Nick Fury lhe concedera a lista.

Stark tentara também se comunicar com o Capitão América, mas, segundo Fury, Rogers não dera as caras desde que voltara de sua missão. Apesar disso, Tony conseguira contato com os demais membros dos Vingadores Secretos e com o Comando Selvagem que viera junto do Sargento Fury.

Curioso, Stark ficara tentado a perguntar a Fury quem era o tal sargento, contudo sabia que Fury não lhe diria. Se fosse dizer a alguém, Fury diria ao Capitão América.

Tony mandara os Vingadores em missões para recrutar os super-humanos do Índice, mas estava sendo difícil, já que a maioria continha apenas seu codinome na lista. “Identidades secretas” dissera-lhe Fury quando Tony fora pedir-lhe pelos nomes.

No ponto de vista de Tony Stark, identidades secretas eram desnecessárias. Acreditava que os civis tinham o direito de saber quem os protegia, e que, para isso, era necessário correr o risco de expor-se aos vilões.

— Tony? ­— chamou Bruce, trazendo Stark de volta à Terra. — Ouviu a pergunta que lhe fiz?

— Não, repita, por favor.

— Onde está Norman?

Ele estava tentando escapar dessa pergunta.

— Norman...

A verdade era que nem ele sabia onde Norman Osborn se metera. Desde que a esposa dele, Emily, o forçara a assinar os papéis do divórcio, Norman Osborn se ausentara dos Vingadores.

— Está trabalhando em algo na Oscorp — mentiu Tony.

— Tem certeza? — perguntou Bruce, percebendo a dúvida na voz de Tony.

— Sim.

Tony pensou em falar algo mais, porém seu celular começou a tocar. Atendeu.

— Pois não?

Tony? É o Peter.

Se aliviou.

— Algum avanço na missão?

Você pode contar com a ajuda do Quarteto Fantástico e dos X-Men. Isso já é alguma coisa, certo?

— Sim. Sabe alguma coisa dos outros?

Não exatamente. Jessica mencionou que não consegue encontrar os Defensores em lugar algum, e isso é só o que eu sei.

— Os Defensores?

A ausência da diretora Jones na S.H.I.E.L.D. devia estar relacionada com isso.

É.

— Estranho. Bem, obrigado, Peter. Aguardo por mais notícias.

Certo.

Por um momento, ficaram em silêncio.

— Peter? Alguma coisa mais?

­— Estou preocupado, Tony.

Stark bufou. E quem não está?, pensou.

— Vai ficar tudo bem com sua família, Peter. Não vou deixar que nada aconteça com sua tia, nem com a Gwen.

Obrigado, Tony. Isso é reconfortante.

Ele nunca ouvira o animado Homem-Aranha soar tão triste assim. Na verdade, já ouvira, mas fora quando Tio Ben morrera. Quando retornou para junto de Banner e Pym, eles olhavam assustados para trás de Tony.

— O que foi?

— Olhe, Tony.

Quando ele se virou, se deparou com um grupo de seres esquisitos. Uma mulher verde, um homem-árvore, um brutamontes verde com marcas vermelhas, um guaxinim armado, um cão vestido de astronauta e três seres humanos.

— Quem são vocês?

Um dos humanos se aproximou.

— Senhor Stark, me chamo Richard Rider. Meus amigos aqui atrás são os Guardiões da Galáxia, uma equipe que tem lutado contra Thanos no espaço. Por indicação deste garoto, o mais novo membro da Tropa Nova, viemos atrás da ajuda de sua equipe, os Vingadores. São apenas vocês três?

— Não...

Hank Pym passou por Tony.

— Tony, me chame quando tiver cuidado deste assunto. Já disse que quero me manter afastado do mundo dos super-heróis por um tempo.

— Mas Hank...

— Já tivemos essa conversa. Fiz uma promessa à Janet, Tony. E vou cumprir.

Pym saiu em sua cadeira de rodas, passando pelos Guardiões da Galáxia. Stark continuava sem palavras. Para quebrar o silêncio, o garoto vestido como Richard se aproximou dele.

— O senhor é o Homem de Ferro? É um prazer conhece-lo.

— Sim, sou eu.

— Sou o Nova. Mas pode me chamar pelo meu nome, Sam.

— O prazer é todo meu, Sam.

O garoto sorriu e se aproximou de Banner.

— E você deve ser o Incrível Hulk.

Sam apertou a mão de Banner, que estava em silêncio.

— É, sou eu.

Ele não gostava muito de ser chamado de “Incrível Hulk”, pois não via nada de incrível no monstro verde.

O Nova voltou para junto dos Guardiões.

— E então, onde estão os outros?

— Ocupados. Senhores, a menos que vocês possam realmente nos ajudar contra Thanos, peço que se retirem. Estávamos ocupados trabalhando em uma forma de autodefesa e...

— Será inútil. Nada que vocês façam neste laboratório vai ajudar vocês contra ele — disse a mulher verde.

Tony e Bruce trocaram um olhar nervoso.

— Como você disse?

Ela bufou.

— Vocês sabem com o que estão mexendo? Thanos está com cinco Joias do Infinito! Vocês não podem para-lo se ficarem sentados em um laboratório!

Stark se aproximou.

— Quem é você?

— Meu nome é Gamora. Eu sou a filha de Thanos.

O Homem de Ferro engoliu em seco.

— Thanos tem uma filha?!

— Duas, na verdade. Adotivas — comentou ela.

— E onde está a outra?

Gamora indicou o céu com a cabeça.

— Junto de Thanos.

Irritado, Tony tomou uma decisão.

— Saiam daqui. Entrarei em contato caso queira a ajuda de vocês.

— Como nos encontrará?

— Acredite, um grupo de alienígenas não passa despercebido.

Ainda não convencido, Sam permaneceu ali conforme eles se retiravam.

— Não vai sair?

— Não até ter certeza de que vai nos retornar.

Bufou.

— Tenho seu número de telefone, Samuel Alexander.

— Você sabe...?

— Seu nome? Mandei Sexta-Feira descobrir assim que vocês entraram. Agora se retire da sala, por favor.

Sam se virou, um tanto impressionado, e deixou a sala.

— Tony...

— Nenhuma palavra mais, Bruce. Temos trabalho a fazer.

— Quer mesmo continuar a trabalhar aqui dentro?

— Sim.

Frustrado, Bruce se virou e continuou a mexer nas coisas.

— Bom, onde paramos?

— Estávamos guardando as armas e tentando trabalhar num radar para identificar os alienígenas.

Ele assentiu e voltou ao trabalho.

Ao mesmo tempo, na Oscorp, Norman Osborn entrava em um enorme laboratório. Passou entre as bancadas dos cientistas e empurrou para longe o carrinho que bloqueava seu caminho. Levantou os olhos para o cientista a sua frente e deu uma olhada em seu celular antes de começar a falar.

Estava com um monte de ligações perdidas de Tony Stark. Apagou todas e tornou a olhar para o cientista.

— Podemos prosseguir com os experimentos com o gás Oz.

— Senhor, receio que precisaremos de uma cobaia humana. Os resultados com os ratos foram um tanto estranhos a princípio, mas consegui aprimorar o gás e eliminar seus efeitos ruins nos ratos. Acredito que seria interessante testar em humanos, mas...

— Já temos uma cobaia.

O cientista se calou.

— E quem seria?

Norman tirou o terno e a camisa.

— Eu mesmo.

— Senhor Osborn...

— Cale-se. Tomei esta decisão sozinho. Cobaias humanas de fora da Oscorp mostraram-se instáveis, como vimos nos experimentos envolvendo areia e água. Se formos criar uma força-tarefa para nos defender dos alienígenas, o primeiro deles deve ser alguém de confiança.

O doutor engoliu em seco.

— Está bem. Entre na câmara, por favor.

Norman entrou em uma câmara de vidro circular e se deitou em uma placa de metal. O cientista entrou e prendeu os braços e pernas de Osborn na placa.

— Aviso que pode ser um tanto dolorido.

— Sem problemas. Já passei por algo pior — disse, referindo-se à vergonha pública causada pelo escândalo que Emily fizera ao exigir o divórcio.

Ainda relutante, o cientista saiu da câmara e começou a mexer em alguns botões. Cabos com ventosas desceram do teto e grudaram no peitoral de Norman. Um gás verde começou a ser liberado na câmara.

Norman soltou um gemido de dor ao respirar o gás e cerrou os punhos.

— Batimentos cardíacos se acelerando. Sugiro que paremos com tudo agora.

— Não! — ordenou Osborn, decidido.

Engolindo em seco novamente, o doutor prosseguiu. Então, algo macabro aconteceu. As veias de Norman se ressaltaram, suas pupilas se dilataram e seus músculos se contraíram. Com um movimento brusco, Norman arrancou as peças de metal que o prendiam à placa e desgrudou os fios de seu peito.

Pôs-se de pé e caminhou até o vidro em frente ao doutor. Com um soco, reduziu tudo a cacos. Atravessou o monte de pedaços de vidro e pegou o cientista pelo pescoço.

— Boa noite, doutor.

Arremessou-o longe e acertou uma bancada de trabalho. O cientista caiu morto, com o terror estampado em seus olhos. Norman se voltou para o corpo, e um flashback tomou conta de sua mente um tanto perturbada.

Estava de volta à infância. O jovem Norman estava em sua cama, coberto com seus lençóis, chorando devido aos ferimentos que seu pai fracassado lhe fizera. E então, quando finalmente dormira, os pesadelos apareceram para lhe perturbar. O terrível duende de pele verde e roupas roxas, que assombrara sua infância, estava de volta.

E voltou ao mundo real ao ouvir os gritos de um cientista ao ver o cadáver. Se voltou para ele.

— Prepare o planador e as bombas. Estarei saindo para testa-los em breve.

Saiu da sala e fez uma ligação para sua assistente.

— Lily, encontre alguém que faça roupas reforçadas para mim. Imediatamente. Dê a ele meu número.

E desligou, sem ouvir a resposta. Saiu dali e subiu para sua sala. Sentou-se ao computador e recebeu uma chamada de vídeo no computador. Era o diretor do Instituto Ravencroft, que a Oscorp comprara no verão passado e que agora servia como fonte de cobaias e sede de experimentos para a Oscorp.

Flint Marko era um exemplo disso. Fora capturado durante o curto reinado de terror do Mandarim. Norman sabia que ele fora o criminoso contratado pelo Mandarim para matar Bem Parker, o civil aleatório que servira para chamar a atenção de todos para o Mandarim.

Assim, os advogados corruptos subornados por Norman convenceram o júri de que ele estava dentro da categoria dos “criminalmente insanos” e conseguiram leva-lo para Ravencroft. Agora Flint era apenas um morrinho de areia em Ravencroft.

Norman, acredito que você tenha visto essas ameaças alienígenas.

— Vi, sim,

Ótimo.

O diretor continuou olhando para ele.

— Você acha que devemos utiliza-los para proteger a cidade?

Não para proteger a população, mas para nos proteger.

— Não vou nem cogitar essa possibilidade, você está me ouvindo?! — gritou Norman bem alto.

Senhor Osborn...

— Cale-se imediatamente. Eles não serão libertados.

Norman Osborn tinha seus próprios planos para os experimentos, e não permitiria que alguém como o diretor do Instituto Ravencroft para os Criminalmente Insanos interferisse neles.

Norman, por favor...

— BASTA! — gritou ele.

Então, com um soco dado no auge de sua cólera, Norman quebrou a tela de seu computador. Estava suando de nervoso. Quando olhou para os cacos de vidro, viu seu reflexo neles. Teve a sensação de se ver rindo.

“Você é realmente um covarde, não é, Norman?”

E mais risos. Sua imagem já não era de si mesmo, mas de uma fantasia de duende verde. Na mão, ele segurava uma pequena abóbora de Halloween.

“Deixe o duende dentro de você te dominar, Norman, e deixe de ser o covarde que sempre foi.”

Norman começou a pisotear os cacos, completamente raivoso. Foi quando o telefone começou a tocar.

Norman? É a Lily. O homem que vai fazer a roupa está na linha.

— Passe para ele.

A voz que respondeu era masculina.

Norman Osborn? Sou Melvin Potter. Estou disposto a customizar sua roupa.

— Maravilhoso.

Quando ele começou a falar, as palavras de seu reflexo começaram a ser repetidas em sua mente. “Deixe o duende dentro de você te dominar, Norman”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!