Naquela noite, os Defensores se reuniram em um prédio da triste Hell's Kitchen. A Safira estava acompanhada de Enfermeira Noturna e Harpia, ambas membros dos Defensores. Punho de Ferro e Luke Cage chegaram logo, juntos como quase sempre. Foi então a vez de Demolidor.

— Defensores, estamos aqui para abordar um assunto importantíssimo. Ficaram sabendo dos três assassinatos terríveis que ocorreram nesta semana?

— Sim, Jess — disse Luke Cage, se aproximando sem ter sido chamado.

Harpia se colocou entre a Safira e Luke, sem dizer nada, apenas olhando repreensiva para Luke. Safira prosseguiu como se todos tivessem permanecido quietos.

— A A.K.A. realizou algumas pesquisas e encontrou as iniciais CK nas cenas de crime. Tudo bate com a onda de assassinatos de agentes da S.H.I.E.L.D. que houve anos atrás, todos pela mesma mão.

— Carnificina — disse Punho de Ferro.

O nome deixou o clima mais tenso, de forma que as lembranças vieram à mente de Jessica. O rosto do jovem Cletus Kasady pareceu surgir diante de Jessica, sorrindo e chamando-a para vir com ele. Uma lágrima brotou no rosto dela, mas Jessica enxugou-o com as mãos e respirou fundo.

— Sim, ele.

— Qual seu plano, Jessica? — perguntou Demolidor.

— Bem, trouxe Linda aqui para isso. Por favor, explique-nos seu plano.

A Enfermeira Noturna andou para frente.

— É o seguinte, Defensores: acredito que Carnificina esteja estabelecendo um padrão. Um assassinato de manhã e um à noite no mesmo local. Sendo assim, devemos ir para a cena do crime de hoje de manhã para encontrá-lo.

— E onde foi o assassinato de hoje de manhã? — perguntou Luke Cage.

Ela não teve tempo de responder. Um vulto branco surgiu no ar, passando por cima deles e derrubando Linda no chão.

— Luke, venha! — chamou Punho de Ferro.

Os dois começaram a correr atrás do vulto. Enquanto isso, Linda se levantava do chão.

— Tudo bem com você, Linda? — perguntou Safira.

— Sim.

— Certo. Demolidor e Harpia, vocês vêm comigo até o local onde devemos encontrar Carnificina.

— Eu vou junto.

— Tem certeza, Linda?

— Sim.

Jessica esticou as mãos para trás e seus cabelos adquiriram a cor roxa.

— Avante, Defensores!

Um avião sobrevoava o Oceano Atlântico. Dentro dele, o jovem Tenugin Hammer fitava o jovem ao seu lado.

— Para onde estamos indo?

— Para o país natal de seu pai, onde encontraremos o resto da equipe.

O outro jovem voltou para seu livro, esquecendo de Tenugin.

— Quem são os outros?

— Como? Os outros? Temos uma garota ruiva, uma loira e um negro, além da recruta fornecida pela mulher que está bancando a equipe.

— Quem é essa mulher?

— Não sei se conhece ela, mas o nome é Emma Frost.

— Aquele homem que me buscou trabalha para ela?

— Não. São apenas sócios.

— Há mais algum sócio?

— Sim. Outra mulher, eu acho, mas não sei nada sobre ela.

Tenugin desviou os olhos do outro quando ele bocejou.

— Por que precisam de mim? Sou só um jovem tolo e fraco.

— Você é importante demais para o chefe.

— Qual o nome dele?

— Nunca me contaram.

— Vou ter que matar alguém, Amadeus?

— Não. Só se for necessário para recuperar os anéis de seu pai.

— Para que os anéis do Manadarim?

— Para que ele possa derrotar Stark. Eles lhe darão o poder necessário.

Amadeus estava quase voltando ao seu livro quando a voz do piloto surgiu.

— Ponham os cintos e preparem-se para o pouso em Malibu, Califórnia.

Tenugin colocou seu cinto e fechou os olhos, assustado.

Cavaleiro da Lua pulava de prédio em prédio, seguido por Punho de Ferro e Luke Cage. Pulou em um beco e correu até o fundo, onde havia uma porta. Por ela entrou, rolando para dentro e continuando a corrida. Estava agora em um armazém abandonado.

Percebendo que Punho de Ferro e Luke Cage não entraram, decidiu por ficar parado no escuro. Foi quando uma bengala de madeira acertou sua cabeça em cheio, o fazendo desmaiar. Só teve tempo de ver uma senhora oriental, talvez chinesa, olhando para ele.

— Quem é...?

— Sou a Madame Gao — ela respondeu quando os olhos dele se fecharam por completo.

— Luke, olhe.

Punho de Ferro estava olhando por uma das janelas do armazém.

— O que foi, Danny?

— Parece que Mãe Crane o pegou.

Intrigado, Luke se aproximou.

— Acha que vai levar ele para Davos?

— É provável.

Ele pensou um pouco.

— Não podemos deixar.

— O que quer que nós façamos? Invadir a base da Mãe Crane, derrotá-la em uma luta corpo a corpo e roubar o refém dela?

— Tipo isso.

Danny teve vontade de negar, mas não pôde.

— Já sei. Posso fingir que vim apenas visitá-la, o que acha?

— Pode até ser. Legal, vai ser isso. Tô confiante.

— Qualquer coisa, fique atento a um sinal.

— Tá.

Punho de Ferro ia entrar, mas foi parado.

— Pera, qual o sinal?

— Oi? Sei lá. Já sei, vou usar o Punho de Ferro no chão.

— Tá certo.

Danny entrou no armazém.

— Punho de Ferro, que fazes aqui? — perguntou a senhora, que já escondera o cavaleiro da Lua entre algumas caixas. — Decidiste sobre teu destino para com a Serpente de Aço?

— Acho que sim, senhora. Só quero saber de uma coisa.

— Claro, diga.

— Cegar os funcionários é mesmo necessário?

— Sim, Daniel. Foi escolha deles servir a Serpente de Aço. Agora devem arcar com as consequências.

Irritado, Punho de Ferro olhou para ela.

— Foi tão escolha deles quanto foi escolha do vigilante de branco ser capturado por você.

Com essas palavras, ele acertou seu punho no chão, liberando chamas amarelas pelo piso. Entendendo que aquele era o sinal, Luke quebrou a janela e pulou para dentro do lugar. Madame Gao levantou sua bengala e jogou-a longe...

...foi quando uma lâmina na forma de lua cortou a bengala ao meio, quebrando-a em duas metades que caíram no chão. O vigilante de branco pulou do meio das caixas cheias de heroína e correu para fora do lugar. Punho de Ferro e Luke Cage escaparam de socos da Madame e saíram do local.

Os dois Defensores se viram em um beco vermelho, cheio de sangue. Na parede estavam as iniciais CK. Um corpo morto no chão parecia chamar por seu assassino. E o fazia.

Uma enorme criatura vermelha caiu em cima do cadáver. Ele tentou se levantar, mas um ser menor e também vermelho pulava nele e disparava teias vermelhas. O maior jogou o menor na parede, permitindo que Punho de Ferro e Luke Cage os reconhecessem: Hulk Vermelho e Carnificina.

Em cima de um prédio, Safira, Harpia, Enfermeira Noturna e Demolidor viram o vigilante branco pular para o prédio em que estavam.

— Harpia e Enfermeira Noturna, atrás dele. Demolidor, você vem comigo.

Barbara Morse e Linda Carter entraram no prédio pelas escadas de incêndio. Matt Murdock e Jessica Jones prosseguiram na direção daquele beco, chegando no prédio com vista para ele. Viram Luke Cage e Punho de Ferro lutarem com o Hulk Vermelho, enquanto Carnificina pulava nas costas da criatura maior.

— Matt, vá ajudá-los. Eu cuido do Carnificina.

— Certo.

Ele escorregou por uma calha como que surfando e pulou para uma lixeira ensanguentada, logo em seguida pulando na cabeça do Hulk Vermelho, que foi atingido com sucesso, jogando o Carnificina para trás. Aproveitando a deixa, Safira voou para perto do Carnificina. Para sua surpresa, ele a reconheceu.

— Minha Safira... você por aqui? O que faz com estes monstros?

Por um momento, ela encarou a criatura horrenda e enxergou o homem dentro do simbionte. Lembrou-se de algo que Fury falara: "Ele não fez nada que já não quisesse fazer, Jessica". Era difícil, para ela, acreditar que Cetus Kasady mataria os pais e vários agentes da S.H.I.E.L.D., mas talvez a verdade estivesse em algo que ela sempre repetira para si: "Cletus morreu quando Kletus nasceu".

Ela preparou o punho para socá-lo, e viu o desespero dele quando Carnificina soltou um sibilo assustado.

— Não, minha Safira, não!

Não era necessário implorar. Ela sabia desde o começo que não conseguiria. Quando parou, porém, a reação mudou. Carnificina começou a rir da cara dela.

— Covarde!

A criatura pulou em Jessica, fazendo-a socá-lo com força e mandá-lo para a parede. Enquanto isso, Demolidor distraía o Hulk Vermelho enquanto Punho de Ferro e Luke Cage socavam-no. Cansado disso, Hulk Vermelho pulou na direção de Demolidor.

Matt escapou por um triz, tendo que pular para cima do prédio. O Hulk Vermelho, porém, o seguiu. Fugindo do monstro escarlate, Demolidor pulou no prédio seguinte e entrou por uma janela. De repente, porém, mãos o colocaram contra o piso. Não pôde ver seu adversário por motivos óbvios, mas, pela forma de agir, concluiu que era uma mulher.

Ouviu tiros serem disparados na direção do Hulk Vermelho e então o som do gigante cair. A mulher pegou a cabeça de Matt e bateu com força no chão, para que ele não resistisse. Desmaiado, foi carregado para longe dali.

Harpia e Enfermeira Noturna estavam frente a frente com o vigilante branco.

—O que tem contra nós? — perguntou Harpia.

— Nada. Estou aqui para ajudá-los.

— Ei, espere. Você não é aquele vigilante que invadiu a base da A.K.A., quatro meses atrás?

— Sim. Estava coletando informações. E não se esqueça que ajudei Wong a derrotar Soldado Invernal e Laser Vivo.

— Sei disso. Barbara, não precisa se preocupar com ele. Está aqui para nos ajudar.

— Então por que ele te atacou?

— Para chamar a atenção de vocês para um problema existente.

— Qual?

— A serpente que se esconde sob Nova York. Davos, a Serpente de Aço.

Carnificina começou a se arrastar parede acima. Jessica se preparou para ir atrás, mas Danny a parou.

— Acalme-se, Jessica. Não é agora que derrotaremos o Carnificina.

O avião de Tenugin pousou em Malibu, na praia privada da Mansão Stark.

— Obrigado por nos trazer aqui — disse o homem que recrutou Tenugin para o piloto ao descer do avião.

— Foi uma honra, senhor.

Tenugin reparou em uma pistola nas mãos do homem. Antes que pudesse dizer algo, ele atirou no piloto.

— Foi necessário, Tenugin. Agora vamos nos separar. Amadeus, leve Tenugin para a Mansão Stark. Eu irei para a base da I.M.A. e nos encontraremos aqui mesmo. Depois disso, fugiremos.

Tenugin olhou para as estrelas e desejou que pudesse voltar para sua vida de sempre, com seu pai vivo e sua casa na China.

BÔNUS

Peter Quill afundou na água. Se debateu sem sucesso, sem conseguir enxergar seu algoz. De repente, foi puxado para baixo pelo algoz, que resistia aos chutes. Só podia ser alguém: Ronan.

Já era difícil diferenciá-los na água agitada para Rocky e Groot. Quando a pedra em que estavam também começou a afundar, porém, pularam para a próxima. Tudo estava afundando. Sua chance foi então pular em Luganenhum e torcer para que Peter sobrevivesse. Entraram na nave.

Não havia nenhum sinal de Gamora, Drax ou Cosmo.