O porta estava aberto. Tony se aproximou do portal e começou a falar.

– Peço desculpas a todos vocês pela interrupção nas nossas férias. Sei que era para escaparmos da loucura que é viver em Nova York, mas infelizmente o Mandarim não permitiu. Felizmente, temos o senhor Owlsley aqui conosco para provar que nem tudo foi em vão. Agora retornaremos para Nova York, vendo que não há o que fazer para impedir a loucura das nossas vidas. Venham, para o portal.

Ele estava em sua armadura, bem como Pepper e Norman. Peter tivera que tirá-la, pois não podia se revelar como Homem-Aranha. Um por um, todos entraram no portal. Isso incluía Matt, já descongelado, e duas armaduras da Legião de Ferro carregando Owlsley. Como sempre, o portal de Stephen foi rápido e eficiente e os levou para Nova York. Direto na mansão onde Tony agora viveria.

A Bifrost jogou Thor, Hulk, Hulk Vermelho, Jane Foster, Maria Hill, Natasha Rommanoff e Clint Barton em Nova York. Estavam em um lugar conhecido: a Time Square. Ignorando alguns turistas curiosos, o grupo seguiu até um beco. Lá, Clint Barton encontrou um conhecido, de seus tempos de criminoso. Um homem chamado Bob.

– Bob? Preciso da sua ajuda. Este amigo meu – ele indicou Thor – se chama... Bill. Ele estava voltando de uma festa à fantasia e precisa de algo para vestir.

Bob sorriu.

– Veio para o lugar certo.

Estranhamente, Bob não perguntou nada sobre o Hulk nem sobre o Hulk Vermelho. Apenas abriu uma porta verde na parede do beco e os levou para dentro. Havia uma série de roupas lá dentro.

–Pode escolher, Bill. Tenho um monte de coisas.

Thor optou por um moletom com capuz e uma calça jeans, além de um par de sapatos All-Star. Ele se trocou em um provador, enquanto Bob foi para um lugar no fundo de seu "escritório".

– Alguém na escuta? – ele cochichou para um comunicador. – Aqui é o Bob. Maria Hill, Natasha Rommanoff, Clint Barton e Thor estão aqui.

Ele desligou o comunicador, esperando que a pessoa certa tivesse escutado. Em seguida, sentiu uma arma sendo encostada em seu pescoço. Quando se virou, viu Natasha Rommanoff.

–Agente Rommanoff? Eu posso explicar! Tenho meus motivos. Foi minha esposa, ela apostava que eu não conseguia ser nada além de um criminoso qualquer. Então decidi ser algo mais.

– Péssima escolha, Bob. Você deveria saber que se aliar à Hidra faz de você um criminoso da mesma forma.

Percebendo que não escaparia, Bob socou Natasha. Ela revidou, e os dois assim permaneceram: trocando golpes. Maria Hill se aproximou, apontando a arma para ele, assim como Clint, que mirava o arco-e-flecha.

– Por que, Bob?

– Ah, fala sério! Não é só você que tem o direito de ser algo além de só mais um criminoso. A diferença está nas escolhas. Você foi para a S.H.I.E.L.D., eu para a Hidra.

O Gavião Arqueiro deu de ombros. Naquele instante, Thor saiu do provador. Sinceramente, ele parecia ser um traficante de drogas.

– Então, as roupas serviram e... O que houve?

Todos se viraram para ele. Aproveitando a distração, Bob pegou umas coisas em uma gaveta e saiu correndo. Todos ouviram um clique e se voltaram na direção dele. Bob havia desaparecido, como se a parede o tivesse engolido. Jane Foster apareceu ali, empolgada com algo, mas logo parou ao ver a expressão no rosto de todos.

– Aconteceu algo? Enfim, acho que descobri onde vive o tal Stephen. A mansão mais perto fica a alguns quilômetros daqui.

– Certo, obrigada Jane – agradeceu Hill.

Eles saíram do lugar e levaram a chave, trancando a porta, porém duvidando que aquilo fosse manter a Hidra do lado de fora.

O portal os deixou em frente à mansão. Era enorme, realmente. Para May, Gwen, Mary Jane e Peter, porém, era mais deslumbrante ainda. Eles já conheciam a Mansão Osborn, mas a Mansão Stark ainda impressionava. Sorrindo, Tony se aproximou da porta. Em dias comuns, J.A.R.V.I.S. abriria a porta ao vê-lo ali. Desta vez, porém, foi necessário usar seu cartão de acesso.

Por dentro, ela era mais incrível ainda. Escadas de granito, sofás, televisões de tela plana, quadros... Tudo era impressionante. Tony tinha dó de Matt, que não conseguia ver a grandiosidade da mansão. Está bem, ele já estava exagerando.

– Vocês ainda não viram nada – ele sorriu.

Ainda sorrindo, Tony se aproximou de um quadro de seu pai, Howard Stark, que ficava em cima da lareira. Ele empurrou o quadro para o lado. Incrivelmente, o quadro permaneceu inclinado. A parede começou a se abrir no meio, revelando um elevador prateado super moderno. Eles tiveram que se dividir em três grupos para descer, mas conseguiram. Lá embaixo, as coisas eram mais surpreendentes –tecnológicas – do que eles imaginavam.

No centro do subsolo ficava uma mesa circular cheia de botões, que projetava telas hologramáticas no ar. Tony se aproximou e apertou alguns botões. Em seguida, foi na direção de uma mesa. Abriu a gaveta e retirou um CD com uma etiqueta improvisada com fita crepe. Retornou para a mesa circular e abriu a entrada para CD, onde colocou o CD.

Uma das telas se projetou, com um pequeno retângulo no canto.

– Nunca pensei que precisaria fazer isso novamente. Olá, Sexta-Feira.

Um risco ondulado apareceu no retângulo, como aqueles que marcam os batimentos cardíacos.

– Olá, senhor.

Quando Stark ia responder, a campainha tocou.

– Sexta-Feira, câmera da entrada.

A imagem dos visitantes apareceu na tela.

– Ora, mas que estranho. A S.H.I.E.L.D. está batendo na minha porta.

Stephen se aproximou para ver a imagem da câmera. Em frente à porta, Maria Hill, Natasha Rommanoff, Clint Barton, uma provável cientista, um homem vestido como traficante de drogas e o Hulk segurando seu clone vermelho tocavam a campainha.

– Você não vai atender?

– Ah, vou. Quer vir comigo, Stephen?

– Sim.

– Eu também irei – afirmou Matt Murdock.

– Então venham, os dois.

Subiram de volta para o térreo e abriram a porta.

– Tony Stark? Sou Maria Hill, da...

– Da S.H.I.E.L.D., eu sei. O que querem comigo? Se for tecnologia, Fury sabe que a Caixa-Forte foi meu último projeto para vocês e...

– Senhor Stark, não é você que queríamos ver – ela se virou para Stephen. – Senhor Strange, prazer. Meu nome é Maria Hill e estes são Natasha Rommanoff, Clint Barton, Jane Foster, Thor e...

– Thor? – Tony se intrometeu, chegando perto do homem vestido de traficante. – É você?

Thor abaixou o capuz.

– Sou. Tenho uma pergunta para você, Tony.

– Pergunte.

– Como vocês, de Midgard, conseguem usar essas roupas?

Ele abriu a jaqueta, revelando um colete costurado a ela cheio de bolsos.

– Com quem arrumou estas roupas? Um traficante de drogas?

– Quase isso – admitiu Clint Barton.

Stark riu.

– Se ninguém mais nos interromper, senhor Strange, gostaria de falar com o senhor sobre esta criatura. Hulk, pode mostrar.

O Hulk colocou o Hulk Vermelho deitado diante de Stephen.

– O que querem que eu faça?

– Liberte-o do controle de mente.

Relutante, Stephen repousou uma das mãos na cabeça do Hulk Vermelho. Uma série de visões começaram a surgir em sua mente: uma manopla dourada com várias joias, pedras enormes sendo reduzidas ao tamanho de joias, uma tumba egípcia sendo invadida, um enorme castelo, um cajado e um olho.

– Magia poderosa, porém simples de ser desfeita. Foi colocada por um feiticeiro poderoso.

– Eu até acreditaria em você, senhor Strange, mas sei que se chama Joia da Mente. Se me esclarecesse o que ela é, eu o perdoaria por mentir.

– Não deveriam mexer com isto. Se uma Joia do Infinito foi usada, as outras logo surgirão. A S.H.I.E.L.D. não está preparada para as Joias, agente Hill. Precisariam de ajuda... Muita ajuda. E, levando em conta a situação atual da S.H.I.E.L.D. e da Balsa... precisarão de muito mais do que reforços.

Um brilho pareceu iluminar os olhos de Maria Hill.

– Há um projeto, uma iniciativa. Me diga, senhor Strange... Você já ouviu falar na Iniciativa Vingadores?

– Ah, não. Essa ideia de novo não! – exclamou Tony, irritado.

Percebendo a situação, Matt se pronunciou.

– O que seria essa Iniciativa?

– É uma ideia da diretora anterior a Fury, Peggy Carter. Seu pai a conhecia. Enfim, nunca foi aprovada pelo Conselho. Mas, com a ajuda de Hank Pym, Fury conseguiu a aprovação necessária. Acredito que o Conselho ficou abalado com a fuga na Balsa. E então Alexander. De qualquer forma, a Iniciativa consistia em reunir os maiores heróis da Terra em uma equipe, para que usassem suas habilidades em conjunto para proteger os civis. Tony, sei que não gosta da ideia... mas, se as Joias são tão perigosas quanto Stephen nos disse, você precisa aceitar. Se serve de consolo, pode escolher a equipe. Alguns já foram aprovados, mas podemos alterar os documentos.

– Se é assim, podemos chegar a um acordo. Quero Thor, Stephen, Bruce, Matt, dois homens lá embaixo e esses dois agentes. Os dois homens lá embaixo são Norman Osborn e um outro, cujo nome não me sinto à vontade para revelar. Seus codinomes são Patriota de Ferro e Homem-Aranha.

– Stark, o Capitão América.

– Rogers? Está bem. Será meio difícil, mas tudo bem.

– Mais uma coisa. Sei que deixei você escolher os membros, mas tenho um serviço para Matt Murdock. Demolidor, vista seu uniforme. Já teve a honra de conhecer a A.K.A.? Acho que não. Enfim, uma agente da S.H.I.E.L.D. tem ordens para levá-lo para Washington.

Matt assentiu e entrou para vestir o uniforme. Enquanto isso, Hill pediu para que Stephen trabalhasse na mente do Hulk Vermelho e se afastou do grupo.

– Agente Morse? Estou mandando o Demolidor para você. Assim que ele chegar, ligue para Jessica.

Enquanto isso, Stephen lutou contra o poder da Joia da Mente. Usou muita energia, mas conseguiu. Tornou o Hulk Vermelho racional. Ele se levantou lentamente, mas viu o Hulk e começou a ficar nervoso.

– BANNER!

– General Ross, se acalme. Sou Natasha Rommanoff, da S.H.I.E.L.D., e peço para que fique calmo. O Hulk não é o inimigo.

– Não é... o inimigo? HULK SEMPRE É O INIMIGO!

O Hulk verde, que até então estava controlado, começou a ficar ofegante.

–Banner, calma.

Então, os Hulks começaram a se socar. Por sorte, foram para longe da mansão. Foi quando a salvação ocorreu para Tony.

–Agente Rommanoff, me lembrei de uma coisa. Quando eu e Banner estávamos trabalhando no Ultron, ele me passou um número de telefone para o qual eu deveria ligar. Ele disse que a pessoa a quem o número pertencia poderia trazê-lo para si.

Tony começou a discar o número.

– Como ela se chama, Stark?

– Jennifer Walters.

O telefone chamou, até que uma mulher atendeu. Tony colocou no viva-voz e aumentou o volume, para que Banner pudesse ouvir.

– Pois não, Jennifer Walters? Aqui é Tony Stark. Seu número é o contato de emergência de seu primo, Bruce Banner, para o caso do Hulk tomar o controle. Poderia falar com ele e trazê-lo de volta a si?

– Err... Está bem. Bruce, você está me ouvindo?

O Hulk parou e se voltou na direção do celular.

– Sei que está aí... em algum lugar. Nunca fui boa com palavras, mas agora você precisa delas. Bruce, se lembra de quando éramos pequenos? Tudo era mais fácil. Sem Hulk, sem General Ross, sem emprego... Apenas diversão e escola. Escola sempre foi seu forte, não? Sempre foi tão inteligente... E bom. Não é à toa que Betty se apaixonou por você. Se Ross não impedisse, teriam sido muito felizes. Lembro-me de uma vez, quando éramos jovens, que você me confessou estar apaixonado por ela. Achei ótimo. Vocês se merecem, foram feitor um para o outro. Gostos em comum, características em comum...

– Betty...

– Sim, Betty.

O Hulk começou a voltar à forma humana. Estava nu, exceto por um enorme shorts rasgado. Ele correu na direção do celular, ignorando o Hulk Vermelho. Banner pegou o celular, tirando do viva-voz.

– Jennifer, muito obrigado. Não imagina como sou grato por isso.

– Que bom que voltou a si, Bruce. Tenho uma novidade. Estou me mudando para Nova York. Comprei um pequeno apartamento em Washington Heights.

– Jennifer, isso é ótimo! Conversamos quando você chegar, está bem? Tchau.

– Tchau.

Bruce sorriu, envergonhado, para Stark e entrou na mansão. Passou pelo Demolidor, o olhou por um instante e depois seguiu para dentro. O Demolidor foi até Maria Hill.

– Certo, temos que ir. Stark, vou deixá-los com você.

Tony sorriu de vota e pediu para que todos entrassem. Tentou chamar o Hulk Vermelho, mas ele já havia fugido. Em seguida, entrou. Por um momento, teve a sensação de que tudo estava bem.