Sentado na cadeira de sua sala no Triskelion, Alexander Pierce anotava em um papel a ordem para soltar os prisioneiros da Balsa. Desde a queda da base da Hidra em Sokovia, o Triskelion se tornara o QG da Hidra, graças a Pierce, que provocara a queda da S.H.I.E.L.D., mesmo que parcialmente. O Triskelion era o QG da S.H.I.E.L.D., e, agora que Pierce o entregara para a Hidra, as chances da S.H.I.E.L.D. sobreviver eram mínimas. Ainda assim, era necessário escrever um pedido formal para soltar todos os prisioneiros da Balsa.

Apenas algumas bases da S.H.I.E.L.D. resistiam: a base única da A.K.A., em Washington D.C.; a Balsa; e o Aeroporta-Aviões de Nova York. Não ia ser difícil derrubá-las, exceto talvez a sede da A.K.A., na capital americana. Pierce, porém, acreditava que Jessica Jones e sua divisão da S.H.I.E.L.D. não seriam um problema tão grande.

– Senhor – a voz de um soldado da Hidra reverberou através de um walkie-talkie encima da mesa. – O Barão Zemo está aqui.

– Mande-o subir.

Passados alguns minutos, a porta se abriu, revelando Helmut Zemo.

– Alexander Pierce, por que me chamou aqui?

– É isso que eu gosto em você, Helmut. Sempre direto. Sabe o que eu não gosto?

Helmut engoliu em seco.

– Consigo imaginar.

– Eu não gosto quando você sai do plano de seu pai. Heinrich e eu estávamos pensando em trazer os Mestres do Terror de volta por dentro da S.H.I.E.L.D., chamando-os de Novos Thunderbolts. Eu já tinha até conseguido aprovação. Mas, não, você tinha que soltar o Cavaleiro Negro antes de eu dar a ordem. Você tinha que causar estardalhaço matando o Capitão América. Como você acha que Tny Stark e Nick Fury vão reagir?

– Stark e Fury tem seus próprios problemas. Pierce, você sabe que eu ia aproveitar qualquer chance de matar o Capitão América. Soltar Matt Garrett foi apenas uma forma de fortalecer os Mestres do Terror. Afinal, ele era um dos membros fundadores.

– E por que diabos você soltou o Mestre Mental também?

– Ele é um mutante. Ele lê mentes. Quem melhor do que ele para tirar as informações que Peggy Carter, aquela velha moribunda, tem?

– Imagino então que você possa me dizer onde eles estão agora?

– Mortos, eu acho.

– Errado. Peggy Carter, sim. Mas o Mestre Mental não. Ele está solto por aí. E tem um ódio profundo pela Hidra.

– Por que estou discutindo isso com você? Eu devia era estar falando com Herr Strucker ou Herr Schidmit. Ou até com Arnim Zola. Mas não com você, isso eu garanto.

Helmut se virou, pronto para sair da sala.

– Mais uma coisa, Zemo. Eu tenho direito de solicitar que pelo menos três dos prisioneiros soltos venham para cá. Posso prosseguir da maneira que seu pai gostaria?

– Acredito que não estou mais em condições de negar, então... Sim.

O Barão Zemo saiu da sala, irritado. Assim que as portas se fecharam, Pierce falou, meio que para si mesmo:

– Pelo menos ele me trata melhor do que Fury.

Assim, Alexander Pierce pediu para que providenciassem um transporte para a Torre Stark. Se tudo corresse bem, esperava que Tony Stark pudesse ser o elo perdido necessário para fazer a ligação entre a I.M.A. e o terrorista Mandarim.

Maria Hill discou o número de Alexander Pierce, no Triskelion. Esperou chamar e, quando estava quase desistindo, Pierce atendeu.

– O que você quer, Maria Hill?

– O que diabos você fez, Alexander? Você entregou o TRISKELION – ela pronunciou o nome da base com raiva – para a Hidra?!

– Ah... Como você...?

– Você pensa que eu sou idiota, Alexander? Eu sei que você é um traidor. Sharon avisou Romannoff e Barton sobre a sua deserção antes de você, sei lá, elimina-la.

– Hill, escute. O incidente do helicóptero não estava nos meus planos. Peço que me perdoe por...

– Você não está entendendo, não é? Ela era nossa amiga, Alexander! Não era só uma agente, e você sabe disso. Sharon era alegre e divertida. Quando estávamos tristes, quem nos consolava? Quando estávamos nervosos, quem nos fazia relaxar? Ela e ela. Como você pôde? Esperava mais de você.

Ela enxugou as lágrimas em seu rosto.

– VOCÊ NEM SEQUER PAROU PARA PENSAR NO MEU LADO, NÃO É? – ele estava berrando no celular. – Fury sempre preferiu vocês duas e Coulson a mim. Ele só me aturava pois nossos cargos eram de extrema importância, e tínhamos que nos dar bem. Nicholas me ignorava e subestimava. Até que encontrei alguém que me valorizasse.

– Quem você serve, Alexander, além de si mesmo?

– Eu sirvo Wolfgang Von Strucker. Heil Hidra!

Com essas palavras, Pierce desligou o telefone. Hill deixou-se afundar na cadeira ao lado de Sharon no hospital.

Em meio aos destroços do helicóptero na Corporação Roxxon, Jason Wyngarde, o Mestre Mental, levantou-se. Passou a mão em sua roupa para tirar as cinzas da explosão e suspirou. Fui traído, pensou. Procurou em meio aos destroços e achou o que procurava. Steve Rogers, inconsciente, no lugar em que o escondera para que a S.H.I.E.L.D. não o encontrasse. Vou fazê-lo despertar.

Ajoelhou-se e encostou suas mãos na cabeça de Rogers. Fechou os olhos e concentrou-se na mente do Capitão América. Por um momento, era como se fossem um só. Acessou os cantos mais obscuros da mente do herói, conheceu seus medos, seus desejos... E então conseguiu fazer o que queria. Despertou o herói.

–Onde eu estou?– Rogers perguntou, ainda de olhos fechados. Quando os abriu e viu Wyngarde, perguntou, surpreso: – Quem é você?!

– Sou o Mestre Mental. Creio que nós compartilhamos um ódio pela Hidra, e gostaria que...

– Stark.

– O quê?

O Capitão América levantou-se e pegou seu escudo.

– Desculpe ignora-lo, senhor Mestre da Mente, mas tenho que ir ver um amigo meu. Muito obrigado por tudo!

E saiu correndo.

– Mais uma vez fui subestimado. Ah, Jason... Está na hora do Mestre Mental se revelar para o mundo. Talvez esse tal de Stark possa ser uma boa maneira de começar...

Após terminar de falar e reparar que esses seus monólogos estavam começando a se tornar preocupantes, Jason Wyngarde usou seus poderes para levantar seu corpo no ar e voou rumo a Torre Stark.

Tony pedira para Thor que ele seguisse Ben Urich pela cidade. Após se trocar e colocar roupas mais digamos... Século XXI, Thor seguiu o jornalista até o bairro de Hell's Kitchen. Ele estava indo na direção de uma firma de advocacia quando recebeu uma ligação e parou. Thor aproximou-se de Urich e escutou atentamente o que diziam para o jornalista do outro lado da linha.

–Você vai seguir em frente até a estação de metrô – dizia uma voz um tanto... reptiliana. – Vai comprar passagens de metrô e vai prosseguir normalmente, como se realmente fosse pegar o metrô. Então, você vai me encontrar. Confie em mim, você não vai me confundir com ninguém. Se por algum motivo você não estiver lá em cinco minutos, eu vou atirar em você e em todos dentro da firma para a qual você está indo.

Quando desligou, Ben Urich estava pálido. Hesitante, caminhou até a entrada do metrô. Thor olhou em volta e viu, em cima de um prédio, um vulto queimar e desaparecer. Então teve um péssimo pressentimento: quem quer que fosse encontrar Urich, tinha algo a ver com magia.

Esperou o jornalista descer as escadas e entrou no metrô. Também comprou passagens, e seguiu Urich até onde o estranho de voz reptiliana queria. Lá, um homem de pele escamosa esverdeada aguardava Ben.

–Você é o homem que me ligou?

–De fato, senhor Urich. Me chamo Fin Fang Foom. E garanto uma coisa a você: aconteça o que acontecer, um de nós não sairá vivo daqui.

Thor estava prestes a reagir, quando Fin Fang Foom gritou:

– Todos fora! Eu e o senhor Urich temos assuntos a tratar.

Um senhor idoso se aproximou de Fin Fang Foom, cabelo grisalho e óculos escuros, e protestou:

– Quem é você para mandar em nós?

O homem escamoso se virou para o idoso e bufou, fazendo chamas bruxuleantes saírem de sua boca. O idoso apenas se virou e sussurrou:

– Esses jovens de hoje em dia não tem a menor educação!

E caminhou escada acima. Então, o caos começou. Juntos, as pessoas começaram a subir as escadas, gritando. Apenas Urich, Foom, Thor e um homem de chapéu e sobretudo pretos ficaram.

– Vocês não me ouviram, senhores? – Foom se dirigia a Thor e o homem de sobretudo.

O estranho de roupa preta apenas riu. Então Thor o reconheceu. Loki. O irmão de criação de Thor jogou o chapéu no chão, rindo, e fez seu cajado dourado, no qual a serpente Angerboda se enrolava, aparecer. Jogou o bastão no ar e o pegou, agindo como um mágico humano.

– Não vai se revelar também, Thor?

Thor esticou o braço para o lado, e o Mjolnir voou até sua mão. Ergueu o martelo para cima e um raio o acertou. Instantaneamente, suas roupas casuais se transformaram nas vestes dignas do governante de Asgard.

– Asgardianos?! Grande coisa! Eu sou maklusiano, senhores. Meu povo é metamorfo. Posso me transformar no que eu quiser.

Ele cuspiu fogo na direção de Urich. O jornalista se jogou no chão e se arrastou para um canto, onde discou um número em seu celular. Loki apontou o bastão na direção de Thor.

– Hora da vingança, irmão. Angerboda e eu temos um trabalho a terminar.

Foom cuspiu fogo em Loki, mas nada aconteceu.

– Vingança pelo que, Loki?

– Vingança por todas as vezes que vocês, asgardianos, subestimaram o meu povo! Vocês sempre consideraram os Jotuns como seres inferiores... Hoje, Asgard sofrerá quando príncipe morrer. Queria tanto que Odin acordasse... Adoraria ver o desespero nos olhos dele!

E então os três começaram a lutar, de igual para igual. Foom podia não ser de uma das raças que mandavam nos Nove Reinos, mas sua força era maior do que a de muitos asgardianos. Era como se ele tivesse um demônio de fogo dentro de si.

Urich arrastou-se para um canto enquanto os três (Foom, Loki e Thor) batalhavam. Discou o nome de Matt Murdock, o advogado que estava indo visitar. Nada. Ligou na casa dele. Nada. Decidiu deixar um recado na secretária eletrônica de Murdock.

– Matt, é o seguinte. Estou correndo perigo – sussurrou. – Não retorne minha ligação. Pode ser que eu já esteja morto. Estou com queimaduras de primeiro grau na minha perna. É o seguinte: você precisa falar com Tony Stark. Ele vai esclarecer tudo devidamente. Acho que me envolvi com pessoas que não devia. Estou sendo caçado por um assassino, e por um terrorista. Seja o que for, não confie em ninguém. O Mandarim tem ouvidos em todo lugar.

Desligou o celular e se arrastou até a escada. Não podia desistir de viver. Aproveitou que Fin Fang Foom se distraíra e subiu as escadas.

Thor acertou o martelo na cabeça de Foom. Imediatamente se arrependeu de ter feito isso. O homem de pele verde escamosa urrou de dor e se jogou no chão. Começou a se contorcer. Então, começou a aumentar de tamanho. Asas brotaram de suas costas. O teto desabou em cima deles. Na frente de Thor agora estava um enorme dragão verde.

Antes que pudesse agir sentiu uma dor tremenda em suas costas. Olhou para trás e viu Loki, com a ponta do cajado enfiada nas costas de Thor. A serpente Angerboda abocanhou o ombro de Thor, e o deus do trovão caiu no chão. Por um momento, não enxergou esperança. Foi quando um milagre aconteceu.

Um vulto verde e um vulto vermelho caíram em cima de Foom. O dragão jogou-os em Loki, propositalmente, e voou através do buraco que abrira. Eram dois vultos enormes. Thor observou mais atentamente enquanto o irmão tentava se levantar: eram o Hulk e uma cópia vermelha dele. Eles se levantaram e começaram a lutar novamente.

Foi quando Thor percebeu que Loki estava rindo.

– Como você é tolo, Thor! Ainda não percebeu a verdade, não é? Não foi só uma Joia do Infinito que eu usei! De fato, a Joia do Poder estava em você. Mas ela não tem a habilidade de controlar mentes.

– A Joia da Mente...

– Exatamente, meu irmão!

– Mas por que você estaria reunindo as Joias do Infinito? Quem você serve?

– Meus motivos não são do seu interesse. A quem sirvo? Simples: a mim mesmo. Porém, em certas ocasiões, podemos nos sujeitar a seguir ordens de outros para alcançarmos um objetivo. Quem é aquele que mais sabe sobre as Joias do Infinito? Quem é aquele cuja arma estava com Odin?

– Ah, não... Você não fez isso... O Arauto da Morte? Sério mesmo?

– Era assim que Odin o chamava, não era? O nome dele é outro. Sinto lhe informar, mas não posso te contar.

Loki riu e estalou os dedos. Os Hulks (tanto o verde quanto o vermelho) se viraram para Thor. Eles avançaram lentamente como um predador que se aproxima da presa. Thor não perdeu tempo, e tentou falar com Hulk.

– Doutor Banner? Sou eu, Thor. Lembra de mim? Eu vim para a Terra, uma vez, procurando por um artefato. O senhor e Tony Stark me ajudaram, lembra? A serviço de Nick Fury?

– Thor... – disse o Hulk Verde, parando. O Hulk Vermelho continuou avançando.

De repente, o Hulk acertou um soco em seu sósia vermelho. O Hulk Vermelho caiu para trás, e o Hulk se virou para Loki.

– Deus idiota! – urrou.

E avançou em Loki. O Deus da Trapaça apontou o cajado (onde a Joia da Mente agora brilhava, laranja) para o Hulk, tentando retomar o controle sobre a mente do monstro, mas falhou. O Hulk Pegou Loki pelas pernas, e o arremessou longe. O Deus da Trapaça se levantou, passou a mão no sobretudo para limpá-lo, enrolou a cobra Angerboda no cajado novamente e bateu com o bastão no chão, desparecendo.

O Hulk comemorava, alegre.

– Bruce, detesto atrapalhar sua alegria, mas... Ainda não acabou.

Então, o Hulk Vermelho se levantou, mais vermelho do que nunca, e avançou.

Pepper Potts olhava, pensativa, pela janela da Torre Stark. Observou, assustada, enquanto Hell's Kitchen se rachava e um enorme dragão verde levantava voo, vindo na direção da Torre Stark.

Estava prestes a chamar Tony quando duas mãos taparam a boca de Pepper.

– Olá, Pepper minha bela – era Aldrich Killian.

Tentou gritar, mas não conseguiu. Killian a ergueu no ar, com uma força descomunal, e tentou carregá-la, quando um míssil o derrubou no chão. O Homem de Ferro apareceu, levantando o capacete.

– Largue Pepper, Aldrich. Devia ter suspeitado que você era o Mandarim.

– Mas eu não sou, Tony. O Mandarim está bem atrás de você.

Quando Tony se virou, viu a armadura do Monge de Ferro. Em cada dedo de metal estava um anel colorido.

– Mas o que...?!

O capacete dela se levantou, revelando um homem de cabelos morenos bem compridos. O Mandarim. Killian se levantou. Usava um colar com uma joia vermelha.

– Achei isto vindo para cá. Se chama Joia do Poder. Mas acho que disso você já sabia.

Aldrich Killian andou para trás e pegou uma maleta em cima da mesa. Abriu-a, revelando um enorme cubo azul.

– Este é o Cubo Cósmico. É a fonte de poder que a I.M.A. vem usando nas últimas décadas. Sabe o que ele faz também? Produz um líquido que eu chamo de Extremis.

Killian pegou uma seringa e espetou-a no Cubo Cósmico. Retirou um líquido azul e injetou-o no próprio braço.

– Contemple agora os efeitos da Extremis, meu legado para o mundo. Só que mil vezes maiores, amplificados pela Joia do Poder!

E então Killian avançou. Enquanto isso, andares abaixo, o Capitão América abria as portas do elevador e conhecia Peter Parker.