Meu Amigo Juriscleison escrita por Inuitachi


Capítulo 3
A Festa


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que ninguém lê minha história. Porém, sou um escritor insistente.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/603693/chapter/3

   É... mais um dia, depois daquele dia anterior, e que era o amanhã de ontem ou para os mais íntimos: HOJE!

 Ontem foi o pior e o melhor dia da minha vida, foi o dia que eu caí de cara na bosta, mas também o dia que eu "taquei o pau naquele carrinho" Rá!, bom, acho que se eu fosse seguir a carreira de comediante não ganharia um centavo, mas já que eu não quero mesmo, não faz diferença as piadas ruins

  Me levantei e fui tomar banho, passei meia hora malhando o braço pensando no que eu fiz com a Karina... Aaah Karina! Não importava o que eu fazia, não conseguia tirará-la da cabeça. Aquela loucura ao som de Gangnam Style, aquela sincronia, aquele momento perfeito... Pode até ser impressão minha, mas eu tava achando ela cada vez mais bonita... E quando eu lembrava de seu lindo corpo, aquelas banhas... 

 Terminei de me arrumar e parti pra escola, sentia um pouco de vergonha pelo dia anterior, mas estava muito ansioso pra ver de novo a Karina. Seguia a pé, dessa vez pelo caminho certo, até que não ficava tão longe. Quando cheguei à sala encontrei quem eu tanto procurava, conversamos um pouco antes da aula começar, então aproveitei pra perguntar se ela queria ir de novo na minha casa, mas ela desconversou, tinha que fazer as coisas em casa depois da escola (parecia mais que tava inventando uma desculpa pra não ficar comigo novamente).

 Na segunda aula, uma menina que sentava uma cadeira a frente deixou cair uma caneta, eu como cavalheiro que sou peguei a caneta, então ela me agradeceu. Foi quando o professor de filosofia, que parecia o Debi, do ‘‘Debi e Loide’’, perguntou pra turma: "Se todo mundo comesse merda, você também comeria?" ouvi muita gente sendo hipócrita dizendo que não, mas eu assumi que sim, fui o único junto com outro menino que também disse a verdade, porque eu pensei:  "Se fosse um costume passado de pai para filho, como poderíamos nos livrar daquilo?"  Então ele me perguntou: – Porque você comeria? Eu respondi: – Se ao invés de mamadeira de leite, minha mãe me acostumasse com chuquinha de merda, quando eu fosse bebê, eu certamente me acostumaria com isso, assim como todas as pessoas a minha volta! O professor disse: – então é por isso, e não porque você é um "maria vai com as outras" ?  Eu respondi que eu não sou um "Maria vai com as outra outras" sou um "José vai com as outras" até porque sou homem! Sou muito macho!... A classe toda me aplaudiu de pé novamente. Mais um sonho durante a aula.

  Antes de terminar o intervalo, fui comprar um lanche. As filas estavam enormes, e eu já estava desistindo de comer o acarajé da baiana. Avistei a Karina do outro lado, já que não conseguia enfrentar aquele povo todo fui lá tentar puxar assunto.

   Enquanto eu caminhava, ela se virava, de repente ficou de costas pra mim, achei estranho. Decidi voltar e ficar na sala de aula, talvez Karina quisesse um tempo sem minha presença. Quem sabe se ela ainda vai querer algo com o José bafo de onça? Bateu a campa, e o intervalo havia acabado. Todos voltaram e o professor havia chegado à sala. Karina entrou um pouco atrasada, mas conseguiu a tempo, logo atrás dela estava seu ex-namorado Jorge. Ela veio se sentar ao meu lado, que era seu lugar, não disse uma palavra, aquilo estava demais pra mim.

— Você não vai fugir de mim pra sempre – eu disse em sussurro.

— Não estou fugindo – disse a garota, triste.

   Ficamos calados a aula toda, no intervalo de troca de professores uma garota Loura veio até nós e se encostou na mesa de Karina, enquanto ela falava algo pra ela, suas tetas se apertavam cada vez mais contra a mesa e eu não conseguia parar de olhar. Tetas, lindas tetas.

 Ela só saiu quando o professor Louis, de Língua Portuguesa – aquele do cabelo de nissim — chegou. Foi aí que eu saí do meu transe, afinal aquilo era o paraíso. O professor tinha um posto bem rígido, ia começar sua aula quando percebeu a presença da garota que estava em pé.

 – Ora, se não é minha sobrinha preferida – ele deu um largo sorriso.

  Como assim sobrinha? Aquela beldade era parente daquele cabeça de palha também? E além de tudo metido a besta. Depois de um tempo percebi que a feição de Karina havia mudado, como se tivesse com raiva ou algo assim. Eu até queria perguntar o que havia de errado, mas não queria incomodá-la, acabaria falando besteiras. Fiquei a observando por um tempo, parecia ter percebido, então eu me virei rapidamente e olhei sem graça para um gordinho que tava do meu lado e pareceu estar incomodado.

— Cê tá bem? – ele parecia bem assustado, seus olhos estavam arregalados e surpresos, parecia ter visto um fantasma.

— Si-sim, to bem demais – ele abaixou a cabeça e começou a escrever rapidamente alguma coisa numa folha de caderno.

Eu tava tentando entender a aula. Logo senti algo no meu ombro e vi que era uma bolinha de papel, olhei pro cara do meu lado e agora ele estava sorrindo, mas  ainda assustado.

— Leia – sussurrou.

Então abri o papel e comecei a ler, dizia: ‘‘Eu sou seu fã nº1, será que poderia me dar um autógrafo?’’

Não acreditei quando li aquilo, o que esse cara tava querendo dizer? algum tipo de brincadeira?

— O que significa isso? – perguntei a ele, que começou a se tremer todo. – Cara, calma – eu peguei em seu ombro – Olha cara. Você tá dizendo que assiste meu canal?

— Cê tá brincando? Eu adoro seu canal! A sua intro com dubstep de segunda e aqueles efeitos do Movie Maker! São incríveis!

Esse cara só podia ta me zoando.

— Obrigado então...

— Cara, de verdade! Seu vídeo de react da semana passada sobre aquele vídeo antigo do Nice Peace! Ilário eu-  segurei a boca dele antes que falasse algo alto demais. Como alguém da escola assistia meus vídeos? Eu queria fama, claro, mas era vergonhoso demais pra conhecidos verem.

— Olha aqui amigo... Você pode falar um pouco mais baixo?

— Você me chamou de amigo! Meu Deus eu não acredito! – esse cara só podia estar de brincadeira.

— Fala baixo caralho! – algumas pessoas ouviram porque quase me exaltei.

— Mas eu estou sussurrando...

— O que significa essa conversa Sr. José? – perguntou o professor

— Não é nada professor, é só o meu amigo que está com dor de cabeça e... – o professor ignorou e continuou dando a aula. Como ele pôde me ignorar?

— Você disse que sou seu amigo. Duas vezes! – seus olhos brilhavam. Nossa senhora da bicicleta, esse cara é mais louco que o chapeleiro.

— Eu disse que-

— Sim, você disse!

— Vamos conversar sobre isso na saída, ok? – tentei ignorar o cara. Mas ele continuava olhando pra mim e tentava achar algo na minha cara. Só podia ser.

Na aula de Educação Física o professor  comunicava que a primeira festa do ano iria acontecer na semana seguinte, era pra aproximar mais os novatos, como eu, que ainda não tinham se enturmado com o resto das pessoas. Um baile a fantasia, todos poderiam se fantasiar do que quisessem e convidar alguém pra ser par. Iniciou então uma corrida pra encontrar os pares. Eu obviamente pensei na minha primeira e unica opção. Karina. Me virei pra ela falando: 

— Ei Karina...

Fui interrompido por aquele mongoloide do Jorge, ele convidou ela, que imediato aceitou, e eu fiquei segurando vela pros dois. Parecia que tava hipnotizada por ele, não conseguia parar de tirar aquele sorriso idiota do rosto, fiquei puto.

Ela se virou e perguntou:

— Oi, José, o que você queria falar comigo mesmo? – disse sorrindo.

— Nada não... – Fiquei com cara de tacho nessa hora e me deu vontade de chorar, não podia imaginar que depois daquela noite que tivemos, ela tivesse se esquecido de tudo e aceitado ir a festa com o idiota do Jorge.

A garota Loura que estava conosco algumas horas atrás estava sentada olhando o celular, não havia ninguém perto dela. Então eu resolvi tentar, não custava nada. Tá que ela é mega gostosa, se não a mais linda da sala? Sim! Mas não custa tentar né. Um brasileiro nunca desiste de uma coisa, tetas. Descolei seu nome, que estava bordado no estojo de lápis.

— Bianca, eu tava pensando... Você não quer ir à festa comigo? – Nessa hora lembrei de ‘‘Todo mundo odeia o Chris’’. Será que ela diria ‘‘Não, seu gordo estúpido?’’, ‘‘Não, seu gordo nojento?’’, ‘‘Não, seu babac-’’

— Claro. Ninguém me convidou mesmo – ela continuava mexendo no celular, sem ter olhado meu rosto.

Então aquilo era um sim?! CARALHO MERMÃO! Eu to com tudo mesmo. Não, pera.

— Você não olhou pra mim. Sabe quem ta te convidando?

— Claro. O garoto que transou com a minha prima com uma camisinha provavelmente furada e fez ela me encher o saco a noite toda atrás de pílula? Sei sim.

Fiquei pasmo. Então era por isso que Karina não falava comigo direito? Por que ficou com medo daquela camisinha que estava perto demais de uma tesoura? Ela tinha seu direito. Estava com razão, por isso estava apreensiva ontem. Mas por que mesmo assim aceitou continuar o coito?

Mudando de assunto... Por que a prima dela sabia daquilo? Será que mais alguém sabia? Será que o pai dela sabia? Não. Ele me ignorou na aula.

— Será que dá pra você sair daqui agora? – A garota finalmente me olhou. Fiquei esperando – por que ainda tá aqui?

— Por que aceitou ir comigo?

— Eu já aceitei. O que mais você quer?

— Que tal um número de telefone?

— Você me dá o seu. Eu te ligo.

Peguei um cartão no meu bolso e dei pra ela.

— Você tem um cartão com seu telefone? Meu Deus, é pior do que eu pensava.

 

 

Finalmente havia chegado o dia da festa! Todos na escola estavam muito excitados com essa história e não sabiam pensar em outra coisa a não ser falar sobre seus pares ou de suas fantasias.

E eu tinha o melhor par de todos. A loira gostosa da sala, nem tava acreditando. Era um sinal de que minha vida tava mudando. Em casa, eu me arrumava todo. Eu que não sou bobo nem nada fui a uma dentista chique que Karina havia me recomendado semana passada quando pensei que fossemos amigos e depois daquilo tudo... amigos coloridos, mas infelizmente não aconteceu. Acho que penso demais nela. Voltando. A dentista quase vomitou quando eu abri a boca, eu vi sua cara de nojo, mas ela era profissional, só desmaiou mesmo. O enfermeiro enfiou o sugador na minha goela, quase morri asfixiado e não voltaria pra casa. Ainda estou aguardando o processo que meti na clínica.

Fui a outra dentista fuleira do meu bairro. Ela fez o serviço com uma máscara de gás e só cobrou 30 conto pelo serviço. Claro que não tinha adiantado o mau-hálito e eu tinha que ir em um gástrico, mas eu já tinha gastado demais e meu avô disse que o salário dele não era pra ser gasto nessas frescuras. Velho mão de vaca desgraç-. Voltando. Escovei meus dentes quinze vezes por dia durante toda a semana pra não fazer feio. Hoje perdi as contas. Com o cabelo... Bem, meio quilo de gel pra segurar a juba.

Depois que o maiô estilo do borat saiu de liquidação, resolvi eu mesmo fazer uma fantasia com umas roupas velhas e enchimento que tinha em casa. Fiz uma linda fantasia de cachorro-quente com minha criatividade. Me senti o homem-aranha fazendo a roupa, ou algum outro super-herói pobre. Cobria esses 120 quilos de pura delícia. Eu não sabia que fantasia Bianca iria usar, mas qualquer fantasia iria combinar com cachorro-quente, não é mesmo?

Meu avô tinha me proibido de sair com aquela roupa, pois ele dizia que eu estava muito ridículo com ela (ele pensa que eu não sei que ele tava era com inveja!), disse mais ainda:

— Se você for pra a festa da escola, com essa fantasia, vai ter que levar suas galinhas junto!

Ele estava falando das minhas crias, três belas galinhas gordas: Sakura, Hinata e a siamesa Kagome-Koku.

— Há, vô, você quer me ver passar vergonha mesmo, né? – respondi com raiva

— Você não quer passar vergonha? Então passe inteiramente! Junto com suas amadas filhas.

— Vovô, por favor, não!

— Se você for, e não levar elas junto, quando voltar vai ter uma sopa de galinha bem quentinha!

— Aff, velho caduco, você me paga – respondi eu baixinho.

Arrumei uma gaiolinha pra levar minhas três  amadas galinhas junto.  

Liguei para Bianca e ficamos de nos encontrar lá mesmo, já que ela não queria ir de ônibus comigo.

Chegando a festa encontro várias pessoas, Karina estava com Jorge, eles haviam se fantasiado em casal, ela de abelha e ele de operário, de fabrica mesmo, não operário da colmeia.

Também fiquei boquiaberto quando vi Bianca e seu par, claro que não era eu, ela estava de vampira e o garoto de lobisomem. Era bom demais pra ser verdade, ainda bem que eu desconfiei todos os momentos que era uma pegadinha daquela desgraçada que partiu meu coração. Os professores estavam de professores, e as outras pessoas não importam. Todos estavam bastante animados, eu encontrei um pano preto pra esconder a gaiola, e torcia para que minhas galinhas não fizessem muito barulho, porque mesmo com o som alto, tinha medo de alguém ouvir, ninguém podia saber que haviam quatro, três, quatro-três... galinhas ali.

    Tentei conversar com umas meninas, mas nenhuma me deu bola. Sentei num banco do barzinho. Coloquei a gaiola, com minhas únicas amigas, do meu lado, no chão. Pedi um suco de fruta, enquanto eu esperava veio um cara e sentou ao meu lado.

— E aí cara, quer ficar doidão? – ele sussurrou.

— Cê tá falando comigo? – perguntei, não o encarei.

— Não, seu idiota, falei com o cara que tá vestido de hot dog

— Há, que bom que não é comigo, pois eu tô vestido de cachorro-quente. Sou brasileiro roxo.

— Desculpa, é que eu acabei de ver um cara vestido de hot-dog, parecia com você, mas não é você. Perdão

— Tudo bem... acontece né?!

— Tchau

— Tchau – nossa despedida foi muito marcante, quase chorei.

Após ficar sentado um pouco me lembrei das minha galinhas!

Quando descobri o pano da gaiola, não tinha nenhuma galinha lá. Socorro Deus.

Pra que fui dizer isso? Não fechei nem a boca e veio uma correria enorme, o povo tudo correndo por causa das galinhas, elas corriam entre as pessoas, tadinhas, deviam estar assustadas com o barulho!

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou tentar melhorar no próximo.


Eu sei que ninguém lê.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Amigo Juriscleison" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.