Apenas Uma Historia escrita por Blood Roses


Capítulo 3
Lembranças Pt 2


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal, eu agradeço aqueles que comentaram e favoritaram, isso é realmente muito importante para um autor.
Espero que gostem desse capitulo tanto quando gostei de escreve-lo.

Boa leitura! ^^



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Capitulo três

Lembranças– O Inimigo e o Fim.

Fazia mais ou menos meia hora que o menino albino andava pelas ruas da vila que estavam, o garoto havia sido instruído por Lupus a conhecer o local aonde ficariam, explorar a vila e depois mostrar ao irmão os pontos que achou interessante. Porem, para o menino era como entrar em um mundo novo, cheio de coisas novas cujas quais ele nunca teve a chance de experimentar.

A verdade era que Lass achou que ambos ficariam viajando pelo continente que se encontravam, sem parar nas cidades por muito tempo e acampando na floresta, longe da civilização, portanto a noticia de que iriam ficar algum tempo em uma única vila pegou o menino de surpresa. Porem apesar de estar receoso com o fato de andar sozinho na vila, o menor tinha que admitir que era interessante.

Lass andava a uma velocidade moderada, observando as pessoas caminhando ou trabalhando, o pequeno observava também as lojas, percebendo que haviam muitas lojas diversificadas que ele nunca havia visto nas outras vilas. Enquanto andava sua atenção foi chamada para uma loja em especial.

A loja em si tinha uma entrada modesta com uma grande prateleira que mostravam grandes círculos coloridos com enfeites. O pequeno se aproximou, vendo uma moça jovem atrás do balcão atendendo uma senhora, a moça ouviu o que a senhora tinha a dizer, em seguida foi até a vitrine e pegou um dos círculos colorido de marrom escuro e branco e levou até o balcão.

O albino observou atentamente a jovem pegar um pequeno utensilio parecido com uma faca e aproxima-lo do circulo, a jovem mediu um pedaço e com a provação da velha senhora cortou e embalou, entregando o embrulho bem feito e recebendo dinheiro em troca.

O menino observou a ação até que sua atenção foi chamada para um dos círculos da vitrine. Sua cor seria totalmente branca se não fosse pelos pequenos pontos verdes que havia em sua superfície, havia algumas decorações que pareciam gotas de agua brancas em volta. Lass estava tão concentrado em observar que não notou a atendente o olhando com um sorriso brincalhão nos lábios.

–Olá – falou ela sorrindo, Lass levantou as orbes azuis e as mirou na moça, que se surpreendeu com a cor bonita de seus olhos – Esta perdido?

A jovem abaixou-se ficando da altura do albino. A moça possuía cabelos castanhos escuros e grandes olhos dourados. A jovem usava calças e uma camiseta branca, por cima um avental vermelho. Lass balançou negativamente a cabeça.

–Estou explorando – falou o pequeno, um pouco acanhado. A moça sorriu mais ainda.

–Então você é o famoso forasteiro que chegou – falou ela rindo levemente, fazendo o pequeno encara-la – Mais se me lembro bem, disseram que eram duas pessoas.

–Sim, eu e meu Ni-ni – falou o menor, acentuando a palavra “meu” e sorrindo. A moça riu levemente, pois percebeu um tom de possessividade por parte do albino com o seu irmão.

–A entendo – falou a moça, porem alguém a chamou dentro da loja – Traga seu irmão aqui mais tarde, lhe darei uma generosa fatia de bolo.

A moça disse isso se levantando e seguindo para dentro da loja, Lass voltou seus olhos para a vitrine.

–Então isso se chama bolo – sussurrou o menor, sorrindo de leve e retomando o caminho.

Lass andou até o final da vila, aonde havia um arco de flores azuladas com uma placa de metal dourado no alto com a palavra “Ulduz”, o albino olhou em volta vendo algumas carroças com diversas mercadorias entrando e saindo, passando pelo arco e seguindo pela floresta, o albino então soltou um suspiro baixo e virou-se, seguindo pelo caminho que veio.

Enquanto Lass dava sua caminhada, Lupus aproveitou para ir até a escola que havia ali. O moreno reparou quando estavam passando algumas crianças andando com pequenas mochilas, seguido uma das ruas secundarias da vila. O moreno seguiu pela rua e logo achou a pequena entrada para a rua secundaria.

O moreno seguiu pela rua por mais ou menos dez minutos, reparou que haviam varias casas de ferreiros e uma livraria no caminho. Após passar as lojas e algumas casas, o moreno avistou uma casa branca de telhado azul que possuía uma placa na frente escrito “escola” e era a única coisa que a diferenciava das outras casas.

O moreno andou calmamente até a construção, viu uma sala grande aonde haviam diversas crianças com varias idades, haviam cinco fileiras de carteiras organizadas de acordo com a idade e serie das crianças, sendo a primeira fileira da primeira serie e a ultima da quinta serie.

A frente das crianças havia um enorme quadro negro dividido em cinco partes, cada parte com uma matéria diferente referente ao mesmo assunto, ou seja a aula era sobre biologia e em cada parte estava um pouco sobre o assunto referente ao nível das series.

E em frente ao quadro estava a professora, uma mulher jovem de no máximo vinte e cinco anos, os cabelos eram castanhos avermelhados e seus olhos pretos. Por um momento, Lupus admirou a figura esguia e feminina que se desdobrava em cinco para dar aula para diferentes idades.

A professora avistou o moreno encostado na entrada da sala e sorriu para o mesmo, pedindo que o mesmo esperasse pois ainda faltava bastante tempo para o recreio, Lupus sorriu para a moça que ficou um pouco corada e encantada com a beleza do moreno.

Lupus saiu e resolveu passar na livraria que havia visto, seguiu a passos largos até o local, ao entrar na loja, foi atendido por um senhor de idade com longos cabelos brancos. Lupus pediu um livro de figuras e letras grandes, o homem lhe trouxe diversos exemplares, no fim o moreno acabou levando todos os dez que o homem havia lhe trazido.

Lupus ficou na loja até ouvir o barulho de diversas risadas e imaginou que seria aquela a hora do intervalo. O moreno então voltou para a escola, encontrado a professora na sala, apagando o quadro.

–Bom dia – falou o moreno, sorrindo. As crianças que antes brincavam, pararam as atividades que faziam para olhar o que o moreno fazia.

–Bom dia – falou a moça – Em que posso lhe ajudar?

–Eu e meu irmão mais novo acabamos de chegar à vila, e eu gostaria de ensina-lo a ler e a escrever – começou o moreno – Então gostaria de saber se há algum material que eu possa usar para ensina-lo.

–Mais quantos anos tem seu irmão? Por que dependendo da idade eu mesma posso ensina-lo – falou a moça, sem compreender. Lupus apenas sorriu.

–Eu gostaria de matricula-lo mais eventualmente deixaremos a vila em um futuro próximo – falou o moreno.

–Compreendo – falou a professora, ligeiramente corada – Bem, nesse caso eu tenho alguns materiais sim, mais preciso que os devolva antes de ir embora, pois custaram muito caro.

Dito isso a moça seguiu em direção a um armário que havia ali, pegando alguns livros de exercício e os entregando ao moreno.

–Nesses livros contem o conteúdo da primeira e segunda serie – falou ela sorrindo. Lupus pegou os cadernos vendo que eram o inicio do básico da escrita e matemática – Quando ele terminar esses, venha buscar o resto.

–Obrigada – falou Lupus, sorrindo novamente. O jovem virou-se e começou o caminho de volta para a hospedaria. A professora ficou encarando as costas largas com um sorriso bobo no rosto, até que um dos alunos disse.

–Professora, vou contar para o seu namorado que a senhora estava se encontrando com outro homem – falou um dos meninos mais velho, com mais ou menos dez anos com um sorriso vitorioso nos lábios enquanto os outros alunos riam baixo.

–Seus... – falou a moça com raiva, mandando todos para dentro de castigo.

Lass voltou a hospedaria e entrou em seu quarto a procura do irmão, porem o mesmo não estava lá, o pequeno então deitou na cama para esperar, mas acabou dormindo. Lupus chegou duas horas depois do albino, o moreno passou novamente na livraria e comprou alguns cadernos em branco para que o menino pudesse usar para fazer as lições.

Lupus entrou no quarto, vendo o pequenino dormir profundamente na cama, o jovem então aproximou-se e acariciou os cabelos brancos, vendo que os mesmo estavam bem compridos, principalmente a franja. Enquanto Lupus fazia carinho, Lass resmungou algo e o chamou sorrindo timidamente, Lupus sorriu e depositou um beijo em sua testa.

Após isso o moreno decidiu ler o material que havia pegado, para então começar a ensinar o albino, Lupus leu e resolveu todos os problemas que haviam ali em menos de uma hora, Lass continuava a dormir ressonando baixo, Lupus vendo que o menino não acordaria tão cedo, resolveu descer até a cozinha da hospedaria, talvez pudesse se distrair fazendo algo lá.

O moreno estava na metade da escada quando sentiu o cheiro forte de fumaça, algo estava queimando, ou melhor, tostando no fogo. Lupus desceu as escadas rapidamente e correu até a cozinha, encontrando muita fumaça.

–Olá? – chamou o moreno, logo a dona da pousada apareceu com um pouco de fuligem no rosto.

–Ah olá – falou ela, colocando a mão no rosto, um pouco envergonhada – Desculpe a fumaça, me distrai por alguns instantes e as coisas acabaram desse jeito.

–Mãe não minta – falou à menina que haviam conhecido de manha – A senhora não sabe cozinhar, devia deixar Iris cozinhar, assim não estragaria os ingredientes.

–Ana! – falou a senhora, ligeiramente irritada. Lupus riu baixo.

–Sabe, eu estou entediado e pelo que vi não há mais ninguém na pousada, então eu poderia cozinhar – falou o moreno sorrindo.

–Você sabe cozinhar? – falou a mulher, olhando-o com desconfiança.

–Sim – respondeu Lupus, ainda sorrindo.

–Estranho... mais tudo bem – falou a mulher, sorrindo – Mais temos poucos ingredientes....

–Não tem problema – falou o moreno, sorrindo e olhando os ingredientes que tinham sobrado – São mais que o suficiente.

As janelas foram aberta para que a fumaça saísse, Lupus olhou os ingredientes, vendo por onde começaria e o que faria, rapidamente o moreno pegou alguns ingredientes e os lavou, descascou o que precisava e os cortou, alguns em rodela e outros em cubinho, sob os olhares atentos das duas mulheres presentes.

Enquanto Lupus cozinhava, Lass acabou acordando, viu os livros encima da mesa e estranhou, aquilo não estava ali quando ele entrou no quarto. Lass então levantou e saiu do quarto, seguindo pelo corredor e indo em direção a escada, ao chegar na metade da escada, o cheiro gosto de comida o atingiu, fazendo sua boca salivar.

O menino desceu as escadas e seguiu o cheiro até chegar à cozinha, aonde encontrou Lupus mexendo em uma panela, seus cabelos estavam presos em um rabo baixo e curto, enquanto o moreno mexia na panela, uma mulher e uma menina cortavam algumas folhas verdes que Lass nunca tinha visto. Lass então correu até o irmão, o abraçando por trás sorrido.

–Ah! Lass... – falou Lupus sorrindo – Quando que você acordou?

–Agorinha mesmo – falou o albino, sorrindo. Lupus desligou o fogo da panela que estava mexendo e se abaixou, ficando da altura do menino.

–É mesmo, mais evite dormir durante o dia – falou o moreno, vendo o albino balançar positivamente a cabeça com uma expressão extremamente fofa no rosto – Então, como foi o passeio?

–Foi divertido, haviam muitas pessoas diferentes – começou o menino, falando animadamente – Tem muitas lojas diferentes, algumas que eu nunca tinha visto.

–É mesmo? – falou Lupus, voltando sua atenção para o almoço que estava preparando – Quais?

–Umas lojas com roupas de metal, uma loja com joias... – começou o menino, contando as lojas nos dedos, quando chegou no dedo de numero dez o albino sorriu largamente – E teve uma loja com muitos bolos!

–É mesmo – falou Lupus, ouvindo atentamente enquanto colocava a comida pronta em tigelas – Vamos mais tarde lá então.

–Eba! – falou o menino rindo, Lupus aproveitou para lhe fazer carinho nos cabelos alvos.

–Mais agora vamos comer – Lupus disse isso enquanto colocava a ultima tigela com comida sobre a mesa.

A dona da pousada olhava admirada o banquete montado, o cheiro gostoso da comida fazia sua boca salivar e mesmo que a mesma tenha visto tudo sendo preparado, o resultado final ainda a fez ficar surpresa.

–Uau... – falou Ana, olhando assustada.

–Vamos comer? – falou Lupus, sentando-se a mesa e sendo acompanhado pelos demais.

Lupus foi o primeiro a se servir, colocando comida para si e para Lass que estava sentado ao seu lado. Lass pegou o garfo com cuidado e experimentou a comida, Lupus perguntou se estava bom e o menino sorriu largamente enquanto dizia que estava delicioso. Após um tempo todos já haviam se servido e já estavam comendo.

Enquanto comiam a dona da pousada olhou para Lupus e Lass atentamente, vendo algumas semelhanças em suas aparências como, por exemplo, formato dos olhos e lábios, formato do rosto e etc.

–Senhor Lupus – chamou a dona da pousada.

–Só Lupus já esta bom – falou o moreno, sorrindo.

–A claro....- falou a mulher – Lupus, quantos anos você tem?

–Vinte e um – falou o moreno, olhando estranho para a mulher – Por que?

–Ah, não é nada – falou a mulher, sorrindo – Eu só estava pensando que você realmente começou cedo...

–Comecei cedo...? – falou o moreno, sem entender enquanto tomava um gole de suco.

–Sim, afinal é difícil encontrar um homem com vinte e um anos que já tem um filho desse tamanho – falou a dona da pousada, com um sorriso ligeiramente malicioso nos lábios.

Lupus arregalou os olhos e afogou-se com o suco enquanto sua pele clara tomava uma coloração levemente escarlate. Lass olhou sem compreender o assunto, assim como Ana.

–Como? – falou Lupus, recuperando o folego.

–Ele é seu filho correto? – falou a dona da pousada, rindo – Afinal, vocês se parecem, principalmente o formato do rosto e olhos.

–Não, Lass não é meu filho – falou Lupus, rindo baixo – Lass é meu irmão.

A dona da pousada arregalou os olhos enquanto Lupus ria da situação.

–Eu..mais eu pensei...pensei que... – começou ela, porem não conseguiu formular uma frase coerente enquanto sentia seu rosto esquentar.

–Não tem problema – falou Lupus sorrindo e olhando com carinho para o irmão que já havia terminado de comer – Acho que estou mais para pai do que para irmão, de qualquer modo.

Lass abraçou o irmão pela cintura e com cuidado pegou a mão do moreno e a colocou em sua cabeça, em um pedido silencioso por carinho, Lupus suspirou baixo e começou a afagar os cabelos brancos com muito carinho, sentindo Lass apertar um pouco mais sua cintura.

–Aproposito Ana – Lupus chamou a atenção da menina que já estava repetindo pela terceira vez – Quantos anos você tem?

–Seis – falou a menina, mostrando o numero com a mão, sorrindo.

–Então você e Lass devem ter quase a mesma idade – falou Lupus, pensativo.

–Ni-ni – chamou Lass – Podemos ir na loja de bolos agora?

–Claro – falou Lupus sorrindo – Gostaria de vir junto Ana?

Os olhos dourados da menina brilharam.

–Sim! – falou ela sorrindo.

Logo todos já haviam terminado de comer, Ana foi ajudar sua mãe a lavar a louça enquanto Lupus e Lass subiram para o quarto que estavam hospedados, após meia hora ambos desceram, encontrando Ana parada os esperando para irem, enquanto segurava uma marmita nas mãos.

No caminho, Ana e Lass começaram a conversar, Lupus apenas olhava e sorria enquanto via Ana arrastando o pequeno albino até as vitrines das lojas e comentado sobre tudo. Após quinze minutos de caminhada Lass avistou a vitrine, que agora tinha bem menos bolos do que havia visto anteriormente.

Ana correu na frente enquanto Lass voltou e segurou a mão de Lupus sorrindo. Ao entrarem na loja viram Ana entregando a marmita que trazia nas mãos para a atendente que Lass havia conhecido mais cedo. A moça virou-se para ver os novos clientes, abrindo um largo sorriso ao ver o menino ali.

–Ah! Você voltou! – falou ela sorrindo. Logo seu rosto se voltou para Lupus que sorriu levemente para a garota – Uau.... – sussurrou ela – Bem, sejam bem vindos!

Dito isso, a moça pediu para que eles escolhessem uma mesa, Lupus olhou envolta e percebeu que o local estava vazio, rapidamente o moreno escolheu uma mesa próxima a janela, em seguida fizeram o pedido, Lupus escolheu uma fatia de bolo de chocolate com morango, enquanto Lass escolheu um pedaço do bolo totalmente branco que havia visto de manha e por sorte ainda estava lá, já Ana escolheu um pedaço de bolo de chocolate.

Os três se sentaram e logo os pedaços foram entregues.

–Iris, você vai comer agora? – perguntou Ana, sorrindo.

–Não, eu não estou com fome... – falou a morena, porem seu estomago fez um barulho meio alto, Iris corou – E mesmo por que temos clientes!

–Eu não me importo – falou Lass, sorrindo adoravelmente. Íris encarou o rosto incrivelmente fofo do albino e não conseguiu se segurar, abraçou o menino.

–Kya! Como você é fofo! – falou ela, Lass sentiu o rosto corar – Por você ser tão fofo eu vou te dar mais uma fatia de bolo!

Lass sorriu largamente, fazendo a garota agarra-lo novamente, Lupus olhou a cena e riu baixo enquanto Lass olhava para o irmão corado e um pouco assustado. Íris pegou a marmita que Ana havia trazido e sob o convite de Lass, sentou-se com os três na mesa. A jovem abriu a pequena marmita sentindo um cheiro incrivelmente gosto sair dali.

–Nossa... – falou ela sentindo a boca salivar. A morena então pegou o garfo e deu uma boa garfada na comida, sentindo o sabor delicioso se espalhar por sua boca – Que delicia!

–Né! – concordou Ana, sorrindo.

–Quem que cozinhou Ana? Porque com certeza não foi a mamãe – falou Iris – Até estranhei, já que quando tem hospedes ela me chama para fazer as refeições...

Iris focou seus olhos na irmã, vendo a menina com o dedo esticado apontando para Lupus que estava sentado a sua frente. A jovem olhou para Ana novamente, vendo a garota assentir positivamente.

–Você que cozinhou...? – perguntou Iris, olhando incrédula para o moreno, que sorriu e assentiu – Mentira...

–É verdade – falou Lass sorrindo – Meu ni-ni cozinha muito bem! – falou o menino, com o nariz levemente empinado.

–A minha irmã também cozinha bem! – falou Ana, inflando as bochechas levemente, Lass fez a mesma coisa. Lupus riu baixo ao ver os dois naquela maneira.

–Nossa, isso foi realmente inesperado – falou Iris – Um homem que sabe cozinhar bem...uau...

–Quando se mora sozinho, você é meio que obrigado a aprender – falou Lupus, comendo um pedaço do bolo.

Lass ao ver o irmão pegar um pedaço do bolo e comer, fez o mesmo, surpreendendo-se com o sabor que além de doce era ligeiramente azedo.

–É doce... – comentou o menino.

–Sim, é doce – falou Lupus sorrindo.

–Espera... – falou Ana – Você nunca comeu bolo?

Lass balançou negativamente a cabeça.

–Nossa, de que mundo você veio? – falou Ana, inocentemente. Lass abaixou levemente a cabeça, com um olhar triste no rosto.

–Ana.. .– sussurrou Iris, repreendendo a irmã mais nova.

Lupus afagou os cabelos de Lass com carinho, sorrindo ternamente para o menino que fechou os olhos e aproveitou o carinho.

–Quer outra fatia? – perguntou Lupus, Lass balançou a cabeça positivamente com as bochechas levemente corada.

Lupus pediu mais três fatias dos seguintes sabores, pêssego, abacaxi com coco e chocolate. Logo o clima meio estranho deu lugar a risadas e após algum tempo já haviam terminado de comer, estava na hora de voltar.

Ambos voltaram quando o sol estava começando a se por, Ana e Lass vinham brincando pela rua e após alguns minutos já estavam na porta de hospedaria, Ana despediu-se de Lass dizendo que brincariam mais no dia seguinte e seguiu hospedaria adentro, enquanto Lupus e Lass subiram as escadas, indo em direção ao quarto.

Lupus resolveu dar banho no mais novo, aproveitando para brincar um pouco com o menino, o que resultou em muita agua no chão e um banho de quase uma hora, após o banho, Lupus secou os cabelos alvos com cuidado.

–Ni-ni – chamou Lass – Por que escolheu essa vila?

Lupus apenas sorriu para Lass, colocando-o de frente para a janela.

–Por causa daquilo – falou o moreno, apontando para uma torre, ou melhor, a única corre que havia na cidade.

O sol já havia se posto, dando espaço para a noite, assim que toda a luz solar se foi a cúpula da torre começou a brilhar em uma coloração azulada.

–Uau... – falou Lass.

–Esta vendo essa luz? – perguntou Lupus, Lass balançou a cabeça dizendo que sim – Essa luz provem de uma pedra muita rara, ela afeta as plantas, principalmente as flores que passam a liberar uma energia que mantem os monstros longe da cidade.

–Que legal – falou Lass – E essa pedra tem em outros continentes?

–Não, ela existe somente aqui, e quando levada para outro lugar ela perde pouco a pouco o seu poder.

Após isso, Lupus e Lass ajeitaram-se para dormir, assim que deitaram Lass abraçou a cintura do maior e dormiu, Lupus observou o menino dormir um pouco antes de finalmente pegar no sono.

No dia seguinte, Lupus começou a ensinar Lass, percebendo que o menino tinha uma alta capacidade de aprendizado, e gravava facilmente as coisas, além de possuir ótima memoria fotográfica. Estudaram até o almoço, que Lupus passou a fazer, após isso, Ana convidou Lass para ir brincar com seus amigos, no começo o albino ficou acanhado, mais após alguns minutos já estava rindo e se divertido com os demais.

A mesma rotina repetiu-se por três meses, durante aquele tempo, Lupus ensinou Lass a ler e escrever, a fazer contas utilizando formulas complicadas para outras crianças da mesma idade do albino, porem para Lass, resolver os problemas que Lupus lhe dava era razoavelmente fácil.

Enquanto estavam lá, Lass virou amigo de mais quatro crianças, três meninos e duas meninas, sendo uma das meninas a Ana. Os seis passavam a tarde toda brincando e só voltavam quando o sol estava se ponto, completamente sujos.

Durante esse tempo nada de estranho aconteceu, fazendo que o moreno abaixa-se um pouco sua guarda, e Lupus permitiu a si mesmo relaxar e curtir um pouco o que o local tinha a oferecer e em pouco tempo já estavam familiarizados com o local.

Aquele dia não deveria ser diferente, porem foi naquele dia que tudo mudou. Assim como nos outros dias, Lupus acordou primeiro que Lass, o moreno observou Lass dormir completamente abraçado em sua cintura durante um tempo, até que resolveu levantar.

O moreno se soltou com cuidado do abraço carinhoso e levantou, colocou uma calça jeans preta e uma camisa branca e nos pés botas, após isso o moreno desceu, encontrando Mona a dona da pousada varrendo a entrada do local.

–Bom dia – falou ela sorrindo.

–Bom dia – falou o moreno.

–Vai até a escola? – perguntou ela.

–Não, Lass já aprendeu toda a matéria dos materiais da escola, estava pensando em ir até a livraria – falou o moreno, sorrindo.

–Entendo – falou Mona – Boa caminhada.

Lupus sorriu para a mulher e saiu. O moreno achou a livraria facilmente e rapidamente achou o que queria, comprou alguns livros de matérias diversificadas e voltou para a pousada, encontrando Lass agora acordado e tomando café da manha.

–Bom dia ni-ni – falou o menino, com um sorriso incrivelmente adorável no rosto.

Lupus apenas sorriu e acariciou os cabelos alvos, sentando-se com Lass a mesa e tomando café também. Comeram animadamente enquanto Lass perguntava ao moreno o que aprenderia naquele dia, porem Lupus viu que as crianças estavam brincando na rua, aproveitando o sol e o clima quente, então o moreno o liberou para brincar, dando um folga para o menino.

Assim que disse isso, Victor, um dos amigos de Lass apareceu, chamando-o para brincar junto com Ana, Cristina e Leo. O menino se levantou e saiu, dando um beijo no rosto do moreno e rindo, enquanto seguia Victor para fora.

Victor era um menino esguio de cabelos incrivelmente laranjas e olhos cinzas, Já Cristina possuía longos cabelos rosas de uma tonalidade escura e lindos olhos verdes, Leo possuía uma aparência bem comum, com cabelos e olhos castanhos claros. Os quatro brincavam juntos até que Romeo apareceu, juntando-se a brincadeira, Romeo possuía cabelos pretos e lindos olhos róseos.

Lupus sentou-se na varanda, observando as seis crianças brincarem, porem desde o dia anterior o moreno sentia-se de algum modo incomodado e ansioso, algo definitivamente estava errado. O moreno decidiu afastar esses pensamentos e seguiu para dentro, pegando os livros que havia comprado e os estudando, para saber por onde começar a ensinar o albino.

O resto do dia passou calmamente e quando o sol começou a se por, o sentimento de desconforto aumentou, assim que o sol desapareceu uma quantidade absurda de nuvens formaram-se no céu, assim como o barulho forte de trovões.

Lass entrou rindo no quarto e rapidamente correu até o irmão, abraçando-o pelas costas. O menino o abraçou forte, porem o soltou e seguiu para o banheiro, pois sabia que precisava de um banho. Como sempre, Lupus secou os cabelos alvos de Lass.

Após isso, Lupus passou alguns exercícios para Lass e enquanto o menino os fazia, o moreno pegou seu cinto aonde estavam suas pistolas e bolças e o colocou, longe da vista do albino, pois não queria assusta-lo.

O moreno saiu silenciosamente do quarto e da pousada, trazia no rosto um olhar incrivelmente serio. Assim que saiu começou a chover, mais não uma chuva comum e sim um chuva magica, o moreno percebendo isso retirou o selo que usava e quebrou a pedra com o pé, seguindo pela rua.

Lupus começou a reparar envolta, seu poder estava bem próximo de zero, portanto era quase como um humano comum, o que no caso era bom e ruim ao mesmo tempo, era bom pois se misturava com as pessoas que corriam para casa para se esconder da chuva, mais ruim pois seu poder de luta estava muito baixo.

Após poucos minutos a rua estava completamente vazia e silenciosa, o moreno andava a passos lentos, reparando nas flores que agora brilhavam em um tom azulado claro, o moreno seguiu até a praça da vila, aonde havia um bom espaço e a entrada da igreja.

Ao chegar lá, o moreno viu uma figura humana usando uma capa que cobria todo o seu corpo e rosto, rapidamente o moreno empunhou suas armas, pois sentia um grande poder emanando da figura, poder de mais para ser um mero humano. A figura ao ver o moreno ali começou a rir.

–Você realmente se parece com ele – falou a voz feminina – Realmente....idêntico...

Lupus apenas encarou a figura.

–Ah é claro, que má educação a minha – falou ela, retirando a capa, revelando um corpo delgado com belas e desejáveis curvas, além de longos cabelos roxos e olhos vermelhos e inumanos – Boa noite.

–Cazeage... – sussurrou o moreno.

–Olá Regis... – falou ela, Lupus manteve a expressão seria – Ou deveria dizer...Lupus.

–O que você quer? – perguntou Lupus.

–Você sabe o que eu quero.... – falou Cazeage com uma voz manhosa – Aonde esta o garoto?

Lupus manteve-se serio, apenas olhando.

–Sem resposta hum.... – falou ela – Não tem problema, todos falam....todos sempre falam.

Sem esperar mais, Cazeage realizou o primeiro movimento, lançando bolas de energia, porem Lupus era rápido e desviava dos ataques com facilidade. O moreno, aproveitando começou a desferir tiros com suas Scarlets, porem as balas não a atingiam, sendo detidas em um escudo invisível.

Lupus impaciente com aqueles ataques começou a se aproximar e em um piscar de olhos, o moreno estava extremamente próximo de Cazeage, que se surpreendeu, Lupus aproveitando-se disso sacou Ruptura e atirou, a bala bateu no escudo e estilhaçou-se, acertando de raspão a mulher nos braços e rosto.

–Seu...! – falou ela, passando a mão no em sua bochecha retirando o sangue.

A mulher então esticou a mão para frente, fazendo golpes com o vento que pareciam pequenas laminas. Graças a chuva Lupus conseguiu desviar, porem foi cortado no rosto também. O moreno percebeu que Cazeage só estava brincando, e que ele com o seu poder atual não conseguiria vencer, portanto só tinha duas opções, a primeira era tentar fugir, porem o moreno tinha certeza de que seria impossível fugir, então só lhe restava uma escolha, acertar um ataque fatal que a obrigaria a recuar.

Decidido, o moreno começou a se mover, rapidamente Lupus invocou sua espada espiritual Kodachi, porem ao fazer isso se sentiu ligeiramente tonto, seu poder estava muito baixo, mais para a infelicidade do moreno Cazeage percebeu isso e atacou utilizando uma lamina de vento que pegou de leve no ombro do rapaz.

Lupus gemeu baixo de dor, porem avançou do mesmo jeito. O moreno desviou facilmente dos ataque se aproximando cada vez mais, Cazeage permitiu que o moreno se aproxima-se e criou uma runa magica no chão, quando o moreno aproximou-se o suficiente ela a ativou causando uma explosão que gerou muita fumaça.

Cazeage movimentou o braço, mandando a fumaça para longe, mais diferente do que imaginou, Lupus não havia sido pego pela explosão, ao perceber isso, Cazeage sentiu uma dor forte em seu abdome e ao olhar para baixo viu a lamina vermelha como sangue a atravessando, assim como o gosto de sangue em sua boca.

–Mal...dito... – falou ela, cuspindo sangue. Cazeage então lançou mais um ataque, obrigando o caçador a recuar – Você....seu verme...ousa me ferir....

Ao dizer isso, uma grande quantidade de magia foi liberada, Cazeage finalmente estava em sua verdadeira forma, de um grande cachorro.

–Você morrera aqui! – gritou ela, atacando.

Os ataques eram rápido e consecutivos, Cazeage usava o vento e runas para atacar, assim como suas garras, Lupus desviava como podia, mais acabava sendo acertado de leve nas pernas e braços por alguns ataques, porem Lupus sabia que não conseguiria manter aquela luta por muito tempo e eventualmente algum daqueles ataques o acertaria seriamente.

Lass estava sentado no sofá um pouco encolhido lendo o problema que Lupus havia lhe passado, o menino tentava inutilmente resolve-lo, mais era muito mais difícil do que os outros que ele já havia lhe dado, o menino também havia percebido que o moreno tinha saído, e portanto não poderia lhe explicar como resolver.

Derrotado, Lass suspirou e deitou-se no sofá, e quando estava quase dormindo, uma grande explosão fez o garoto acordar. Lass sentou-se no sofá, analisando o que estava acontecendo, mais a chuva forte e os trovões o impediam de localizar a direção da qual veio a explosão. Porem a explosão se repetiu e dessa vez Lass conseguiu identificar da onde vinha.

Lass saiu correndo em direção a explosão, a chuva o atrapalhava o fazendo tropeças na rua de paralelepípedos, porem ele não parou, o motivo era simples, ele sabia que algo estava acontecendo com seu irmão.

O menino chegou na praça completamente sujo e com os joelho ralados, ao olhar para frente, viu Lupus parado lutando contra um cachorro gigante. Lupus estava machucado, havia sangue em sua camisa e suas roupas estavam rasgadas em alguns pontos.

–Ni-ni! – chamou o albino. Lupus virou o rosto para o garoto.

–Não... – sussurrou ele, agora seu olhar estava assustado.

–Ora Ora! – falou Cazeage – Nem precisei procura-lo, ele veio até mim.

–Sua...! – falou Lupus.

–Vamos Lupus, me entregue o garoto e o deixarei sair vivo – falou ela. Lupus não se moveu. Cazeage ao perceber isso atacou Lass com laminas de vento, porem Lupus foi mais rápido, pegando o garoto e o retirando do ataque.

Lupus ficou de pé com Lass em seu colo, porem Cazeage não perdeu tempo e criou uma runa abaixo dos dois, forçando Lupus a empurrar o menino para longe de si, assim o retirando da explosão.

–Achei que precisa-se dele vivo – falou o moreno, ofegante, com uma queimadura feia em seu braço direto.

–Você sabe que ele não morreria tão facilmente – falou Cazeage com desdém na voz – Ainda mais que ele possui o sangue daquele maldito em suas veias ... fora que se ele morrer, eu posso simplesmente conseguir outro.

Cazeage então concentrou seu poder na agua, fazendo uma tempestade de agua surgir a sua volta.

–Eu me pergunto ,qual de nós é o mais rápido – falou ela, e Lupus teve certeza de que se ela estivesse em sua forma humana, estaria sorrindo.

Cazeage coordenou seu ataque, várias agulhas de gelo se formaram, indo em direção do albino, Lupus sabia que o ataque o acertaria, e que se o acerta-se o menino não sobreviveria, mais Cazeage parecia ignorar esse fato, Lupus então não pensou, apenas agiu.

Lass ao ver as agulhas vindo em sua direção, apenas fechou os olhos e colocou os braços na frente do corpo, porem a dor não veio, ao contrario, sentiu algo quente atingir seus braços e rosto.

Lupus percebeu que a mulher estava falando serio, ela pretendia mata-lo, ou machuca-lo muito, sem escolha, Lupus utilizou o resto de magia que tinha para se teleportar, parando na frente do albino e levando o ataque por si.

O moreno sentiu todo o seu corpo ser perfurado, as agulhas o atravessaram, acertando principalmente seu estomago, pulmões e pegou de raspão em seu coração. O moreno vomitou sangue, porem manteve-se em pé, sentia sua temperatura caindo, assim como sua consciência que queria abandona-lo, e em um ultimo esforço, Lupus virou-se para Lass.

–Co...rra... – falou o moreno, cuspindo mais sangue. Lass arregalou os olhos, gritando pelo irmão.

Cazeage retirou as agulhas de gelo e retornou a sua forma humana. A mulher veio andando calmamente até o moreno, Lass estava ao seu lado, chorando desesperadamente. Cazeage aproximou-se e se abaixou, tocando de leve o rosto de Lupus.

–Estou tão feliz Lupus – falou ela, sorrindo – Eu sabia que você não o deixaria morrer, exatamente como planejei.

Dito isso, ela se levantou e pegou Lass pela cabeça, o menino gritou em agonia. Lass sentia como se algo estivesse sendo forçado para dentro da sua cabeça, o menino resistiu, lembrando-se de quando Lupus o acolheu e cuidou de si, cada sorriso, cada carinho que o moreno de lhe deu.

–O que...? – falou ela, incrédula, pois não conseguia possuir o corpo do menino – Entendo – falou ela, ao ver que os olhos de Lass não desviaram do corpo de Lupus caído no chão em nenhum momento.

Lupus ouvia o menino gritar, mais era como se tudo fosse um sonho muito distante, porem o moreno obrigou-se a ficar acordado, se dormisse, com certeza morreria.

–Lass... – sussurrou o moreno. Cazeage começou a rir.

–Memorias... – falou a mulher, rindo – Você parece ter umas bem bonitas ai..

Dito isso, Cazeage utilizou uma magia, Lupus ouviu a ativação da magia a reconhecendo de imediato.

–Não... – sussurrou o moreno – Pare...

Lupus tentou se levantar, porem apenas o fez sangrar mais. Cazeage continuou o que fazia, vendo a vida que Lass tinha em seus olhos ir se apagando pouco a pouco, cada memoria feliz que o albino havia tido ao lado de Lupus estavam desaparecendo, sendo levadas para algum lugar da sua consciência.

–Ni...ni... – falou Lass, pausadamente.

Cazeage começou a rir descontroladamente, estava simplesmente adorando aquilo. Após terminar ela tentou possuir o garoto novamente, dessa vez conseguindo facilmente, assim que terminou, ela começou a rir, porem dessa vez utilizando o corpo do albino. Lupus viu Lass virar de costas para si com um sorriso de canto e seguir em frente, sem olhar para trás.

***

Lire olhava abismada perante tudo que escutou, já Lupus a olhava, calmamente, esperando a elfa falar algo.

–O...O que aconteceu depois disso? – perguntou ela – Por que não voltou para procura-lo?

–Eu fiquei em um estado muito critico, Arthur foi quem me encontrou, eles perceberam a aglomeração de magia e estavam seguindo para lá – falou Lupus – Ele me disse que eu só sobrevivi por minha própria força de vontade.

Lire olhava assustada.

–Eu fiquei em uma câmara de recuperação por mais de dez anos, o motivo é muito simples, a agua utilizada no ataque estava envenenada, o que impedia o meu corpo de se recuperar, quando acordei, mal conseguia andar – falou Lupus – Quando soube o que estava acontecendo, sinceramente, eu queria ir correndo até ele, mais não podia, se eu parecer na frente dele com a minha forma original...

–O que aconteceria – perguntou Lire, olhando seriamente para Lupus – A magia não selou apenas as memorias dele não é?

Lupus balançou negativamente a cabeça.

–Essa magia é uma magia muito antiga – falou Lupus – Ela não sela as memorias especificamente, ela sela algo das memorias, no caso, o que Cazeage selou foi a minha presença e tudo relacionado a mim das memorias de Lass, consequentemente as memorias da vila e daqueles que vivem lá também foram apagadas.

Lupus olhou para Lire, com uma expressão extremamente triste no rosto.

–Se eu aparecer como eu realmente sou, ou apenas se eu agir como agia antes, a magia vai se ativar e vai quebrar a mente dele – falou ele – Essa magia vai pegar todas as memorias que ele tem e vai destruí-las. O Lass que você conhece vai deixar de existir.

Lire abaixou a cabeça, agora entendia o porque do moreno agir daquela maneira perto do albino.

–Não há como recuperar as memorias dele? – perguntou Lire.

–A apenas um jeito – falou Lupus – Ele tem que se lembrar por si mesmo.

Lire olhou sem entender.

–Sabe quando você vê duas pessoas se abraçando e acaba tendo uma visão de algo parecido? – perguntou o moreno, Lire assentiu – Mais ou menos isso. Ou ele pode reconhecer algo que tenha visto naquela época, mais como eu não sei a extensão da magia em suas memorias, isso poderia ser muito arriscado.

–E você esta bem com isso? – perguntou a loira – Ele pode nunca se lembrar disso, e pode te odiar pra sempre...

–Eu não ligo – falou Lupus, sorrindo – Desde que eu possa estar ao seu lado, eu não ligo se ele me odeia ou não.

Lupus falou aquilo olhando para a janela, observando a lua, Lire abaixou a cabeça, sentindo grossas lagrimas escorrerem dos lindos olhos verdes.

–Já esta tarde, você deveria ir dormir – falou Lupus, se levantando da cama e abrindo a porta.

–Lupus, uma ultima pergunta – falou Lire, agora de pé – E se formos mandados para uma missão em Erisis....o que você vai fazer?

–Eu acho isso muito difícil – falou o moreno, sorrindo de canto – Não há nada naquele continente que já não tenha sido estudado, não haveria motivo para mandar a Grand Chase para lá.

Lire assentiu e sorriu ternamente para Lupus, que se surpreendeu um pouco.

–Boa noite – falou a loira, dando um beijo na bochecha do moreno – Irmãozão..

Dito isso a loira saiu correndo do quarto rindo alto, Lupus riu baixo e fechou a porta, com um sorriso de canto nos lábios.

–Francamente... – sussurrou o moreno, rindo um pouco e se ajeitando para tomar banho, dessa vez sem interrupções.


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal, eu gostaria primeiramente de fazer uma homenagem ao Grand Chase que infelizmente foi desativado e fechado em todo mundo.
Vou sentir muita falta de ouvir "Fogo! Fogo!" ou "Ah! Meteoro!", vou sentir falta dos bugs completamente loucos, dos pets, principalmente do meu amado Sirioth (Que vivera eternamente em meu coração)
Mais o que vou sentir mais falta é não das pequenas coisas que o jogo possuía, mais o que ele era por inteiro, de cada missão, de cada pet, cada personagem, cada historia, vou sentir muita falta de cada componente que fazia parte desse maravilhoso jogo.
Long Live Grand Chase o/

Obrigada a todos que leram até o fim essa nota final gingante.

Atenciosamente Blood Roses.