RED velvet escrita por Juliana Moraes
Notas iniciais do capítulo
Uma linda madrugada fria em que estou postando para vocês, acompanhada do meu bom e velho chá.
Tenham uma otima leitura!
Londres; Marylebone; Madame Tussauds; 2pm.
Entrei no museu de cera junto com toda a equipe, que chegou no meu instante. Havia milhares de pessoas curiosas para saber o que tinha acontecido, a maioria turistas com máquinas fotográficas na mão.
Uma equipe de TV estava parada em frente ao museu, esperando uma entrevista para contar alguns detalhes sobre o novo assassinato.
– O que aconteceu? – Observei o caminho de sangue que se formou da entrada até o corpo de uma mulher, de pé em cima de um avião cenográfico. – Veludo... – Analisei boquiaberta o vestido antigo que a vitima vestia.
– Alisson De La Roche, vinte e dois anos, estava desaparecida a mais de um mês. – Harry lia as informações recebidas enquanto Lauren fazia uma rápida pericia corporal.
– Ela foi morta a mais de uma semana, está completamente congelada para que fosse mantida em pé somente com a ajuda de um apoio de metal. O estado de seus olhos mostra que foi envenenada, nenhum hematoma evidente... – Puxou delicadamente as mangas dos vestidos se assustando com o que viu. – Pulsos mutilados formam os números...
– 457. – Ethan tirava fotos de cada grão de poeira que existia naquele lugar. – Eu acompanho a autópsia. – Pediu para que os paramédicos retirassem o corpo do local.
– O sangue foi implantado. – Jasper analisava as posas de sangue no chão, sem olhar diretamente para o corpo da mulher. – Se ela está morta a mais de uma semana não tem como o sangue ser dela. Seus pulsos foram cortados recentemente, caso contrario já estariam com alguns pontos cicatrizados.
– Bela teoria West. – Derik parabenizou o novato enquanto o mesmo coletava amostras do sangue no chão.
– Coletaram os vídeos de segurança? – Perguntei a Harry enquanto procurava atentamente uma nova pista.
– As gravações foram roubadas. – Ele me encarou preocupado. – Um serial killer não pode ficar a solta, Charlotte. – Colocou a mão em meu ombro e me entregou sua maleta de pericia. – Aposto todas minhas cartas em você. – Harry sorriu demonstrando toda a confiança que sentia por mim.
Esperei até que o corpo fosse levado para fora do museu, e comecei a me preparar para a analise do local. Refiz o coque em meu cabelo, coloquei meus óculos de segurança, somente para que nenhum resíduo dos produtos utilizados me atinjam, e por fim, vesti as luvas de látex azul para começar o trabalho.
– Vou procurar pelas digitais. – Abri a maleta e peguei o pequeno pote com pó de óxido de ferro, no tom de rosa mais chamativo que existe.
Cuidadosamente espalhei o pó por toda aérea do avião em que a nossa vitima foi colocada esperando que algum resíduo de suor, ou gordura natural, tivesse deixado uma marca reveladora.
– O luminol está no canto direito da maleta. – Murmurei assim que notei que Jasper procurava confuso pelo liquido que revelava qualquer gota de sangue que tentou ser limpa. – Droga! – Gritei irritada assim que nenhuma evidencia de digital apareceu. – Ele usou luvas. – Procurei um pano seco dentro da maleta e limpei toda a superfície do avião para identificar qual o tipo de luva foi usado pelo assassino.
– Nenhuma digital na sala de segurança. – Derik voltou até o local onde o crime aconteceu nos informando sobre a péssima notícia. – O homem que estava de plantão disse que acabou dormindo com os fones de ouvido e não ouviu nem viu nada.
– Um ótimo segurança. – Jasper deu de ombros. – Ei, Charlotte! – Ele me chamou enquanto tirava fotos o chão que brilhava em tom de turquesa. – Resíduos de sangue.
Peguei uma pequena amostra do lugar, onde o luminol reagiu perfeitamente, e arrumei todas as coisas para que as evidencias saíssem seguras e sem nenhuma modificação.
– Detetive, detetive... – Uma repórter correu ao meu lado chamando minha atenção. – O que pode nos dizer sobre o ocorrido, isso é o começo de um novo ataque terrorista?
– Ainda não temos informações concretas sobre o caso. – Empurrei o microfone para longe de meu rosto. – Por favor, só poderemos obter resultados se nos deixarem trabalhar. – A encarei irritada.
– O corpo foi colocado como se fosse uma estátua de cera, o que pode nos dizer sobre isso? – Ela insistia em colocar aquele microfone em minha boca.
– Ela já disse que não podemos dizer nada sobre o caso pois é confidencial até que a segunda ordem seja dada, com licença. – Jasper retirou o microfone da mão da repórter e entregou a outra pessoa. Seus braços passaram pela minha costa, permitindo que eu caminhasse em sua frente sem nenhum contato com a multidão que nos rodeava.
– Nunca pensei que diria isso a você, mas obrigada. – Sorri agradecida enquanto entrava no carro super blindado que nos esperava. – Espero que isso não seja um caso de serial killer...
– Quer meu palpite? – Neguei com a cabeça fazendo-rir. – Isso é muito além do que um serial killer, essa pessoa quer chamar a atenção de alguém e quer alguma coisa em especial. – Ele pensava em mais alguma coisa enquanto via a paisagem passar pela janela do carro.
~X~
Londres; The West End; Departamento de polícia; 5:48pm.
Fazia novas anotações no quadro. A foto de Alisson, nossa vitima, foi colocada ao lado da de Richard, algumas ligações nos ferimentos foram encontrados. Alisson havia sido morta por ingestão e inalação de polônio 210, que mesmo radioativo, perdeu sua utilidade após a morte e o congelamento da garota. Linhas pontilhadas, formando um novo desenho, ocupavam toda a costa dela, outras coordenadas foram dada, 3750 e 256 N.
Derik e Ethan acompanhavam um especialista em códigos para desvendar as coordenadas e os números envolvidos nesse caso. Ambos estavam concentrados no trabalho do rapaz que parecia confuso e pressionado pela gravidade do caso, ninguém poderia morrer.
– Detetive Reid. – Megan, funcionária do laboratório me entregou uma pasta com o resultado da analise detalhada do vestido de veludo. – O vestido foi costurado a mão, posso dizer que quem o fez levou semanas para fazê-lo. O material é o mesmo que encontramos na casa de Richard, porém muito mais atual do que o encontrado. Havia polônio 210 misturado com ácido sulfúrico na gola, uma quantidade suficiente para matar uma pessoa de setenta quilos, em alguns dias.
– Nenhuma digital ou DNA?
– Nada, sinto muito. – Ela encarou Derik enquanto voltava para seu laboratório.
– Jasper, pegue a lista de químicos com fichas criminais... – Apontei a lista em cima de minha mesa. – Descarte professores, menores de trinta anos e fichados por crimes leves. – Ele fazia riscos nas listas, descartando oitenta por cento dos nomes ali.
– Sobraram dez.
– Ligue para todos e convoque-os para um interrogatório amanhã. – Pedi enquanto enviava um e-mail para Harry, informando sobre o andamento do caso e todas as teorias criadas durante esse curto tempo.
Esperei atentamente até o horário que cessava meu turno, como se esse trabalho realmente tivesse um horário fixo.
Enquanto Jasper murmurava sorridente ao telefone, Derik e Ethan se decepcionavam com o rapaz que nada descobriu sobre o nome de nosso assassino.
Toda a equipe estava envolvida em pegar o assassino, sabendo que se não o capturássemos rapidamente, novos crimes aparecerão e cada vez com mais intensidade e frieza.
Preparei algumas perguntas a serem feitas nos inúmeros interrogatórios que farei amanhã, e deixei toda minha parte organizada para evitar estresse matinal.
– Hora de ir para casa detetive Reid. – Jasper segurou minha bolsa e as pastas que eu carregava em meu braço. – Como preciso de mais uma carona serei gentil. – Um lindo sorriso torto estampou seu rosto, iluminando-o.
~X~
Londres; Kensigton Street; 8pm.
– Droga! – Murmurei após várias tentativas de movimentar meu carro atolado na neve que começou a cair. – Estamos presos. – Bati no volante sem encarar Jasper do meu lado, ainda sorridente.
– Nada é tão ruim que não possa piorar, em alguns minutos uma longa tempestade irá tomar conta da cidade maravilhosa. – Ele apontou para as nuvens cinzas no céu escuro. – Sugiro que me deixe dormir em seu apartamento está noite, afinal o seu está a uma quadra e o meu a um bairro de distancia.
– Espero que isso não tenha sido uma teoria para se aproveitar de mim, investigador West. – O encarei confusa. – Não costumo ser boazinha com as pessoas.
– Acontece que se não sairmos daqui em dois minutos, teremos que passar a noite dentro do carro. – Ele retirou o cinto de segurança e segurou minhas pastas e o seu casaco na mão, pronto para sair.
– Tudo bem, mas você dorme no sofá. – Suspirei fundo, incomodada com a companhia que teria durante toda a noite.
Não seria tão má a ponto de deixa-lo ir a pé até seu apartamento, ainda mais depois do frio que estava fazendo.
Jasper me acompanhou silenciosamente pelos corredores, sua respiração parecia ofegante e seu corpo parecia tremer, provavelmente devido as baixas temperaturas e o pouco agasalho que ele vestia.
– Entre. – Fiz um gesto para que ele passasse em minha frente. – Está um pouco bagunçado, mas acho que você não vai se importar com isso. – Tranquei a porta novamente e liguei o aquecedor podendo, finalmente, retirar os casacos de pena de ganso que pesavam.
– É um belo estúdio. – Ele encarou admirado o meu pequeno apartamento sem paredes. – Nem parece que uma detetive durona mora aqui.
– O que quer dizer com isso?
– Quero dizer que seu apartamento é feminino demais para alguém que usa duas armas. – Ele sorriu, colocando minhas coisas no balcão da cozinha.
Ignorei o fato de Jasper estar analisando atentamente cada centímetro do meu lar doce lar.
– Bom, não temos como pedir comida então acho que teremos que comer macarrão instantâneo. – Abri o armário procurando algo que saciasse a minha fome de maneira rápida.
– Eu preparo o jantar. – Me assustei ao ouvir seu sussurro extremamente perto de mim. – Desculpe. – Ele riu ternamente.
– Eu preciso de um banho... fique a vontade. – Deixei-o na cozinha e capturei algumas roupas para vestir, entrando no banheiro logo em seguida.
Um demorado e quente banho era tudo o que uma detetive precisava após todo o estresse que o trabalho proporcionava.
Esperei até que a banheira enchesse e mergulhei dentro da mesma, brincando com as espumas que se formaram ali. Peguei um livro, que sempre deixava no banheiro para esse momento e revirei as páginas, degustando atentamente cada palavra escrita ali.
Um momento de paz era tudo o que uma garota solitária de Londres precisava. Mas é claro que essa noite, paz foi impossível de se obter com os barulhos que vinham da cozinha. Jasper cantava música italiana enquanto preparava alguma coisa, barulhos de panela e de assovios me tiraram o sossego que vim procurar na espuma do meu banho.
Resolvi pular para fora da banheira, na intensão de impedi-lo de quebrar toda a louça que eu tinha e que não era muita. Vesti uma calça de moletom cinza da Pink, uma blusa simples da Forever XXI e pantufas confortáveis para descongelar meus pés gradativamente.
– Olá assassino de cozinhas. – Procurei Jasper pela cozinha, não encontrando-o. Passei meus olhos para o outro lado e o vi sentado ao redor da minha mesa de centro, com dois belos pratos de macarrão à bolonhesa em sua frente.
– Gosta de comida italiana, Charlotte?
– Com a fome que eu estou, gosto de qualquer coisa. – Sorri desleixada sentando do outro lado da mesa, ficando em sua frente. – Não sabia que cozinhava... – Peguei a taça, que ele acabou de encher com um dos meus melhores vinhos, e dei um belo gole.
– Há muita coisa que não sabe sobre mim.
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See ya later xx