RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 25
Nightmare girl




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Londres; Southbank; Charied’s Pub; 8pm.

– Eu estou bem! – Gritei após ouvir Jasper e meu pai inventando mil e uma maneiras de me levar ao hospital mais próximo.

– Querida, em vinte e quatro horas você viu o seu carro explodir, foi capturada, matou seu ex namorado, viu seu supervisor ser morto e prendeu sua meia irmã... – Papai dizia em meio a risos.

– E eu estou bem. – Sentei em uma das poltronas de couro do escritório, esperávamos toda a equipe no local.

Pude sentir aquele vento frio, que dizem ser a tal da morte, passar por mim várias vezes enquanto eu estava no galpão da Diamond Biology. Me faltou coragem para admitir que, no momento, eu estava com medo e incerta dos planos que começaram a surgir em minha mente.

Agi como uma boa profissional faria e, mesmo com receios, minha única certeza era que Jasper me encontraria, não importa o quanto demorasse, ele seria o primeiro a me salvar.

– Wow! Senhor Reid! – Derik entrou no escritório fazendo barulhos como uma criança qualquer faria. – Um pub! Isso significa que teremos rodadas grátis?

– Somente para Charlotte... – Meu pai riu.

– Mas ela não pode beber. – Derik murmurou confuso.

– Exato! – Ri ao perceber que o senhor Reid continuava o mesmo mão de vaca de anos atrás.

Ethan sentou ao meu lado, em silêncio. Primeiramente, encarou suas mãos sobre seu joelho, passou seus olhos para o chão de madeira, para a grande prateleira de livros, o que me fez pensar que esse foi o único hobbie que meu pai poderia ter se quisesse se manter escondido, e logo em seguida encarou o grandalhão em nossa frente, que estava em uma longa ligação com o departamento, que parecia ter parado para ouvir sobre nosso caso. Seus olhos passaram para minha face logo depois, encarando meu semblante bipolar, que não se decidia entre radiante e aterrorizante.

– Estou feliz por você. – Sua voz parecia sincera mas algo em suas expressões diziam o contrário.

Eu o feri. Feri Ethan da maneira mais fria que poderia existir. Um amor não correspondido, um pedido não aceito, uma tentativa que nunca existiu. Reconheço sua dor ao concordar que, se tratando de Jasper, tudo ocorreu rapidamente, e com ele eu nem me preocupei em tentar.

Mas para quê serve o amor se não para nos fazer sentir vivos? Uma história como a minha e a do Jasper merece ser escrita, merece estar nas páginas de um livro, ou em um álbum de fotografias, mas a história entre Ethan e eu, será sempre um motivo para ser contada.

– Theodore Adolf. – Papai murmurou chamando a atenção de todos, que logo se aconchegaram no sofá mais próximo. – É o cara que vocês procuram. – Sua prateleira foi puxada, com dificuldade, para o lado esquerdo da sala, deixando a mostra o enorme quadro de evidências que ele possuía ali. – Filho de Harrison com uma garota qualquer, foi deixado em um internato até completar dezoito anos, foi quando Red Velvet foi visita-lo pela primeira vez, ensinando-o como transformar sangue em um bom diamante. – Todos o encaravam perplexos, como se aquela fosse uma história de terror contada ao redor de uma fogueira em um antigo acampamento no meio da mata. – Theodore se especializou em biomedicina, fez todos os cursos e faculdades que envolvessem química orgânica e de minerais e biologia genética. Posso dizer que, para a idade que possuí, ele tem um curriculum impressionante. – Começou a riscar nomes e fotos que estavam em sua lousa, fazendo com que eu me recordasse de alguns rostos. – Reconhecem-nos?

– Martha Vegan, desapareceu no ano passado. – Ethan comentou, apontando para uma das fotos.

– Louis Joshua, desaparecido desde fevereiro deste ano. – Derik continuou.

– Todos estão desaparecidos em um período de dois anos, mas o que isso tem a ver com Red Velvet? – Perguntei procurando respostas rápidas.

– Todas essas doze pessoas são, como eu posso dizer? ... um novo experimento de Theodore, o verdadeiro exército Red Velvet. – Cruzou os braços e apoiou seu corpo no topo da mesa, como um bom supervisor e detetive que era. – Tudo o que fizeram até agora foi um teatro, eles estavam esperando o momento certo para atacar e o momento, é agora!

– O que eles querem? – Lauren finalmente se pronunciou.

– A principio, o sangue de Charlotte. – Engoli a seco. – Agora ela carrega algo mais precioso que o próprio sangue...

– Ninguém encostará um dedo no meu filho. – A voz rouca de Jasper ecoou atrás de mim, transformando seu sotaque irlandês em algo digno de filme de terror.

– Eles mandaram um bilhete, marcarão um encontro e todos terão que estar presentes. – Papai caminhou em minha direção. – Teremos que te proteger, toda a equipe terá que participar disso.

– Ela não participará disso. – As mãos frias de Jasper atingiram meu ombro, em um gesto protetor.

– Se toda a equipe entra na guerra, eu também entrarei.

~X~

Londres; The West End; Departamento de polícia; 9am.

Uma linda quinta-feira ensolarada da janela do departamento de polícia, que estava mais agitado do que nunca. Todo o caso que chegava para alguma equipe era passado primeiramente para mim, que assumi o cargo de supervisora até que Red Velvet seja encerrado, para analisar as evidências e ver se não havia ligações com o caso em que estava trabalhando.

Saber que tudo isso estava prestes a terminar, deixava um sorriso estonteante em meu rosto. Ou esse era apenas um sintoma que a gravidez me proporcionava?

– Seu café, baby! – Jasper me entregou o copo de café macchiato e deixou um beijo em minha bochecha, como sempre faz todas as manhãs.

Algo havia mudado nele. Talvez seja coisa da minha cabeça, mas ele nunca esteve tão sorridente desde que pisou com seus sapatos irlandeses em terra Inglesa. Seus cuidados haviam aumentado, transformando qualquer coisa que eu pensasse em fazer, em algo perigoso, obrigando-o a me acompanhar. Até mesmo para ir ao banheiro, onde ele ficava me esperando na porta, conversando comigo como se isso não fosse algo constrangedor de ser feito. Todas minhas vontades eram prioridades para ele e para sua mãe, que agora começou a me tratar como o diamante que eu devo valer. Parte boa de toda essa história? Muffins. Mas não qualquer muffin! Muffins de blueberry com cobertura açucarada e canela. O tempo todo.

– Lottie! – Derik cantarolou meu nome. – A equipe D encontrou isso em um dos corpos. – Ele me entregou a foto que estava em suas mãos.

Fitzrovia, 99 street, 457 Red pointless house. At night”

– Pensei que eles iriam mandar um bilhete. – Comentei ao ver essa frase, convidativa, no corpo de uma vítima.

– O que vamos fazer? – Derik perguntou, um pouco inseguro.

– Acabar com eles. – Sorri, somente para que sua confiança voltasse, por dentro eu estava tão tremula que mal poderia ficar de pé. – Convoque todas as equipes do turno da noite, eu quero todos os policiais de plantão e todas as munições que estiver no nosso estoque.

– As vezes eu tenho pesadelos com você. – Ele riu e correu para o lado oposto, indo em direção ao destino que eu havia lhe dado.

Caminhei lentamente até a sala de tiros.

Pode parecer um pouco estranho, mas esse era o lugar onde realmente todo o estresse saía.

Coloquei o óculos e o protetor auricular necessário. Vesti uma luva de couro, apenas para impedir que a pólvora se espalhasse em minha mão, o cheiro era motivo para náuseas.

Encarei o alvo de tiro, logo ao fundo, como se aquele fosse o meu medo, e eu confesso que no momento possuía muitos. Aquele alvo era a ausência da minha mãe, o maior motivo para eu me permitir a me envolver nesse caso, era a falta que senti do meu pai por longos anos, era as lágrimas que deixei que escapassem dos meus olhos quando tudo parecia me machucar, era o medo de encarar a perda novamente, perder Jasper, ou até mesmo esse serzinho que agora habitava em mim, era a última coisa que eu queria no mundo. Aquele alvo era o eu sem coragem, o eu com medo, o eu que se culpava por deixar que toda a equipe se envolvesse na guerra que iria começar.

Atirar no alvo era muito mais do que um treinamento para saber se sua mira está boa. Atirar naquele alvo era como matar todos os medos e receios, e mandar embora todas as versões de mim que me assustavam e me deixavam vulnerável.

– Sabia que iria encontrar você aqui... – Jasper me assustou, fazendo com que eu apertasse o gatilho antes do tempo, acertando o alvo, do mesmo jeito. – Desculpe... – Riu sem jeito. – Eu descobri uma coisa, na verdade, Ethan descobriu.

– O que? – Retirei os protetores, permanecendo com o óculos, e o encarei esperando a continuação de sua frase. Suspenses não eram o meu forte.

– Theodore Adolf, ele matou meu pai.

– O que? – Repeti achando que aquilo era coincidência demais.

– Todas as pessoas desaparecidas estavam sendo treinadas em Dublin, elas eram treinadas para matar e como não queriam que fossem descobertas antes do tempo, se intitularam gangue. – Jasper parecia aguentar toda aquela informação, diferente de mim que o abracei como se estivesse reconfortando-o. – Está tudo bem... eu só não quero te perder.

– Você não vai. – Fiquei na ponta dos pés para que fosse possível selar nossos lábios. – Tomarei cuidado.

– Promete?

– Prometo.


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Notas finais do capítulo

Guess what? Estamos nos capítulos finais. Há mais três capítulos a serem publicados... me sinto vazia sem escrever Red Velvet. Oh Gosh!



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