RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 23
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Londres; The West End; Laboratório de análises; 10am.

– O fio de cabelo e a digital que você encontrou no porão da sua casa é de uma garota chamada Sophie Lancaster. – Lauren cochichava as informações que ela havia encontrado. – Ela tem vinte e sete anos e morou em Chicago toda sua vida, chegou a Londres faz alguns meses. Não tem endereço fixo e aparentemente não tem nenhum trabalho também. – Ela virou a tela do computador para que eu pudesse observar a garota. Uma linda garota ruiva com olhos negros e sardas por todo o rosto.

– Lauren, eu sei que isso é estranho, mas teria como cruzar o DNA dela com o da minha mãe? – Comecei a notar semelhanças na garota que eu sempre quis herdar de minha mãe.

– Claro, em um minuto. – Ela começou a digitar coordenadas no computador, fazendo que as máquinas cruzassem os DNAs e obtessem um resultado. – As outras duas digitais são dos seus pais... agora, as pistas que seu pai nos deixou nos levam ao Harrison, dois rapazes que já estão mortos e que não pareciam ser muita coisa para o Red Velvet, de um rapaz desconhecido e com isso quero dizer que não encontrei seu nome apenas seus cromossomos, e por último e não menos importante, do Harry.

– Harry é quem comanda.

– Pedi para Ethan investigar sobre a garota e sobre o passado de Harry. – Ela caminhou alguns metros para pegar o resultado que havia pedido. – Precisamos de provas fortes para apresentar para o comandante do departamento. – Suas sobrancelhas se estreitaram e no mesmo momento eu soube que minhas teorias estavam certas.

– Minha mãe enganou meu pai, certo?

– Eu sinto muito, mas você tem uma irmã que quer te matar.

– Só acontece nas melhores famílias. – Pisquei para ela e guardei os relatórios em uma pasta pessoal.

Caminhei em direção a minha sala, encontrando Jasper em um dos corredores.

– Eu tenho uma irmã. – Sussurrei para ele, que me encarou assustado. Não esperava outra reação que não fosse um susto. – E ela quer me matar.

– Ela te culpa pela morte de sua mãe... isso é loucura Charlotte! – Assim que fechamos a porta da sala, ele permitiu-se a falar um tom mais alto.

Ethan digitava sem parar, pedindo silêncio por um momento até que sua obra prima ficasse pronta. O encaramos ansiosos pelos resultados. Jasper sentou-se ao seu lado, encarando cada detalhe do que ele estava fazendo, provavelmente ele entendia disso e queria certificar-se de que não havia nada de errado. Eu comecei a montar um novo quadro do caso, dessa vez um simples e sem informações demais, não queria chamar a atenção de Harry.

Era evidente a tensão que existia em cada um de nós naquela sala.

– E ai pessoal! – Derik entrou sorridente, segurando café e muffins para todo mundo.

– Esse cheiro... – Observei o muffin de queijo parmesão e gorgonzola na mão de Derik. Aquele cheiro conseguiu revirar o meu estomago me obrigando a procurar o lixo mais perto para me desfazer do café da manhã. – Eca!

– Lottie, você está bem? – Jasper correu ao meu lado, tirando o lixo de minhas mãos e me fazendo sentar.

– Eu estou bem, só foi o cheiro que me deixou muito enjoada.

Pude observar Derik e Ethan se olhando, como se conversassem mentalmente entre si.

– Quero que vá ao médico, okay? – Jasper implorava com aquele olhar doce que somente ele conseguia fazer.

– Eu estou bem Jas...

– Te ligamos assim que o resultado ficar pronto. – Ethan murmurou sem me encarar. – Só um exame geral, sempre é necessário.

– Foi só um mal estar. – Admiti sem entender o porquê de tanta preocupação.

Se tem uma coisa que eu aprendi nesses anos que trabalhei como detetive, é que não se deve desobedecer as ordens dadas pelos investigadores. Principalmente quando se tratava de ir ao médico para um exame geral.

~X~

Londres; Southbank; British Hospital; 11am.

Esperava no saguão do hospital, me deram uma senha e eu esperei até que o médico o gritasse. Eu estava me sentindo bem, não tão forte e radiante como alguns meses atrás, mas eu estava bem.

– Quarenta e cinco. – Brian apareceu gritando o número que me foi dado. Ele passou os olhos por todos os pacientes e quando parou por mim, viu que um suspiro irritado foi bufado. – Charlotte Reid! – Ele me chamou.

– Trabalha em todos os hospitais do Reino Unido agora? – Blefei ao segui-lo até uma pequena sala no final do corredor.

– Já sei o que tem. – Ele parou em minha frente. – Mau humor e isso não se cura com remédios.

– Pode ser rápido, por favor? – Sentei na maca, assim como ele pediu, e tentei não encara-lo em nenhum momento.

– O que sente?

– Alguns enjoos, um vômito. – Revirei os olhos após ele me cegar com aquelas mini lanternas de médico.

– Deite-se. – Ele pediu levantando minha blusa até o meu umbigo e apertando minha barriga em alguns pontos. – Dói?

– Não. – Não conseguia parar de pensar no quão constrangedor isso era. – Eu só preciso que me diga que estou bem, assim posso voltar ao meu trabalho. – Me levantei ao vê-lo pegar uma seringa.

– Exame de sangue. – Apontou para a maca, como se me obrigasse a sentar novamente. – O resultado ficará pronto em meia hora, já que é uma policial.

– Detetive. – O corrigi.

– E como anda o rapaz que levou um tiro?

– Muito bem. – Reparei a aliança dourada que ele usava em sua mão esquerda. – Parabéns pelo casamento. – Minha voz nunca demonstrou tanta sinceridade.

– Acabei de me separar, na verdade.

– Oh! Gostaria de dizer que sinto muito, mas eu não sinto. – Agora sim minha voz demonstrou toda a sinceridade. – Você mereceu.

– Pode esperar na sala ao lado.

Caminhei até a sala indicada e me sentei na única poltrona vaga. Pensei em sair sem esperar que o exame ficasse pronto, afinal eu estava perfeitamente bem, mas precisava de uma prova que dissesse que eu estive nesse lugar horripilante.

Mandei algumas mensagens de texto para Ethan e Jasper, perguntando como estavam as coisas, mas tudo o que consegui como resposta foi “ Você acabou de sair daqui, Charlotte! Dá um tempo...”, o que me fez rir ao imaginar Ethan me dizendo isso com sua voz fina e engraçada.

O telefone tocou e pude ficar aliviada por um momento.

Baby! Como estão as coisas por ai? – Jasper murmurou sereno.

– Estou esperando o resultado do exame. – Tentava falar baixo para não atrapalhar as pessoas que tentavam prestar atenção no noticiário.

Ethan descobriu algumas coisas. Sophie Lancaster não tem ficha criminal, é uma garota normal que aparentemente fez tudo certo, até retirar uma arma do bolso e atirar em todo mundo na boate. – Eu não mencionei nada, estava esperando que todas as informações chegassem a mim para então comentar algo. Mesmo que pausas fossem dadas por Jasper na esperança de que eu o enchesse de perguntas que ele saberia como responder. – O pai da garota era o dono da Diamond Biology Ltda, ele morreu alguns anos depois do ocorrido, em um acidente de carro. – Ouvi algum dos rapazes murmurar algo para que Jas me dissesse. – Ah! O namorado da Sophie... está sentada certo? Não quero que se assuste ou...

– Continue Jasper!

O namorado da garota, o cara que viram com ela na boate, é nada mais do o médico que se fingiu de morto.

– Brian? – Respirei fundo para não demonstrar nenhuma reação inadequada. – Você tem certeza disso?

Lauren cruzou a digital dele com a digital que seu pai encontrou no outro caso.

– Ele se formou em Chicago. – Sussurrei incrédula.

– Foi o ponto de encontro com a Sophie.

– Encontraram algo sobre o Harry?

Ele trabalhou de segurança durante um ano na Diamond Biology, após isso ele virou o gerente geral da fábrica e conseguiu uma vaga no departamento logo em seguida. Quem indicou ele a vaga foi seu pai, está escrito que seu pai o achou competente para o cargo em vista que ele não estava contente com seu emprego na fábrica.

– Ele nunca deixou de trabalhar na fábrica. – Sussurrei ainda mais baixo.

E para finalizar, encontramos documentos sobre o acidente de sua mãe que diz que o corpo de todas as vítimas foram encontradas, menos o do seu pai, ou seja...

– Ele sabe que meu pai está vivo. – Vi Brian caminhando em direção a pequena sala onde eu estava. – Então está tudo certo para hoje a noite? Okay! Te encontro lá meu amor... – Desliguei o celular e o encarei ironicamente.

– Os resultados Reid, aparentemente você está bem. – Agradeci com a cabeça e caminhei em direção ao meu carro, no estacionamento do hospital.

Procurei a chave em minha bolsa, enquanto ainda estava longe do veículo. Apertei o botão do alarme e assim que o fiz, vi meu carro de estimação, uma Range Rover branca, virar milhões de pedacinhos em chamas. A força com que a explosão aconteceu fez com que eu, e mais alguns pacientes que passavam por ali, caísse ao chão.

– Oi, irmãzinha. – Tudo o que consegui ver foi a ruiva, que parecia se mesclar com as chamas ao fundo, me encarar ferozmente. Minha cabeça estava pesada demais para que eu pudesse responder ou agir da maneira que eu desejava.

Tudo o que eu via ou pensava, se transformou na mais profunda escuridão.


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Notas finais do capítulo

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