RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 22
If you ever come back


Notas iniciais do capítulo

"And I wish you could give me the cold shoulder
And I wish you could still give me a hard time
And I wish I could still wish it was over
But even if wishing is a waste of time
Even if I never cross your mind..."



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Jasper envolveu os braços ao redor de minha cintura, impedindo que eu caísse. Me guiou até o sofá próximo e pediu para que eu sentasse ao seu lado.
Meus olhos fixos no homem em minha frente, minha boca entreaberta e os pulmões tão acelerados quanto meu coração me fizeram apagar por um momento.

– Charlotte... – O homem de cabelos grisalhos e óculos de leitura se ajoelhou em minha frente sereno.

– Quem mais fingiu a morte? – Gritei retirando meus braços de suas mãos frias e frágeis. – Quem mais mentiu pra mim? – Minha voz era como um vento frio em meio a uma tempestade.

– Eu não entendo...

– Primeiro Brian, agora você...

– Brian? O que aconteceu com Brian? – Seus olhos arregalados pareciam se perder em meio ao tempo.

– Infelizmente, nada! – Passei as mãos pelo meu rosto, borrando meus olhos com o rímel que passei mais cedo. – Por que você se escondeu de mim? – Fixei meus olhos no dele, pedindo uma explicação imediata e valida. Mesmo que nada justificasse sua ausência e suas mentiras.

– Foi a única maneira que achei de te proteger. – Aqueles olhos azuis, do qual eu tanto senti saudade, pareciam ser sinceros a cada palavra dita. – Antes de entrar naquele avião, sua mãe e eu tivemos uma briga e ela entrou sozinha... – Somente eu sabia o quão doloroso era a pausa que ele acabara de fazer. – Percebi que tudo o que havia descoberto sobre ela ser parte do caso Red Velvet era verdade e se eu também estivesse morto, isso seria a única coisa que salvaria você.

– Bom, não salvou. – Levantei-me sem rumo, procurando uma distância segura de ambos, que me guiaram com os olhos. – Há melhores maneiras de se proteger alguém... Jasper me protege o tempo todo, e não precisou sair do meu lado nenhum momento para isso.

– Quem é Jasper?

– Meu noivo! – Jasper o encarou cabisbaixo, preocupado com a maneira como eu agia.

– Você vai casar... Charlotte...

– Eu cresci pai... ou devo lhe chamar de Daniel? – Cruzei meus braços sobre meu corpo e continuei encarando-o em busca de uma resposta. – Por que se escondeu aqui?

– Todos que entram aqui saem bêbados de mais para me reconhecer. – Dois passos foram dados em minha direção, mas em gestos pedi que ele parasse de se aproximar. Eu não estava pronta para isso. – Eu esperava que me abraçasse.

– Esperava um abraço? Céus! – Virei de costas para não deixar que as lágrimas me dedurassem. – Eu desejei que sua morte fosse mentira por longos sete anos... eu chorei por você, dia e noite. – Finalmente, consegui coragem para encara-lo novamente. – Eu desejei que estivesse comigo para dançar o baile de formatura, quando eu me formei no colegial. Desejei que estivesse me aplaudindo quando peguei meu certificado de policial, eu segui sua profissão por que sempre foi um herói para mim. Você não esteve comigo em nenhuma data importante... eu quase morri envenenada pelo Red Velvet, e você também não esteve comigo para falar que tudo isso iria acabar. – Seus olhos estavam tão vermelhos quanto o meu, mas não podia deixar que meu coração amolecesse agora. – Sabe quantas noites eu chorei por não ter o meu pai ao meu lado quando eu entrar na igreja vestida de noiva? Eu ainda choro. – Senti uma dor insuportável tomar conta da minha garganta. – Eu senti sua falta, ainda sinto, mas não posso te perdoar pelo o que fez.

– Charlotte...

– Eu matei Harrison. – Palavras saiam da minha boca sem que eu pensasse nelas antes. – Eu desencadeei uma guerra. E agora está muito tarde para você tentar me proteger. – Caminhei em direção a porta, segurando as lágrimas que pediam passagem desesperadamente.

Permaneci do lado de fora enquanto ouvia Jasper murmurar algo para meu pai, que parecia tão devastado quanto eu.

– Ela só precisa de um tempo... – Jasper sussurrou baixo e eu pude sentir a angustia em sua voz. – Ela o ama.

– Talvez ela nunca me perdoe.

~X~

Londres; Southwark; Jasper’s apartamento; 9pm.

Toda equipe estava espalhada pela sala de Jasper. Derik e Ethan pediam comida chinesa, Jasper pedia para sua mãe voltar ao hotel para que a reunião fosse concretizada e Lauren, como uma boa amiga, me aconchegou em seus braços e tentava me acalmar cantando uma canção baixa e deslizando a mão sobre meus cabelos.

Lauren foi a primeira a chegar, logo a primeira a saber sobre meu pai. Seus olhos negros se arregalaram de uma maneira absurdamente assustada, que cheguei a pensar que eles saíram para dar uma volta longe do seu devido lugar. Fiquei grata por ela estar lá.

Derik e Ethan chegaram logo depois, famintos e para desviar o foco da atenção em mim, começaram a fazer palhaçadas que fizeram a mãe do Jasper gargalhar até lágrimas saírem de seus olhos.

– Ela se foi! – Jasper suspirou aliviado. – Como está, Lottie?

– Ficarei bem. – Tentei sorrir em um ato falho. – Meninos, podem sentar por perto, por favor? – Pedi a atenção dos rapazes que brigavam pelo último saco de doritos. Ambos seguiram em minha direção, como dois policiais obedientes. – Primeiro eu preciso saber no quanto eu posso confiar em vocês.

– Muito! – Derik murmurou imediatamente, levantando as mãos para cima como um ato de promessa.

– Além do infinito. – Ethan corou ao encarar o olhar ameaçador de Jasper.

– Eu descobri que minha mãe fazia parte da máfia do Red Velvet, ela morreu na tentativa de sair de lá para me proteger. – Tentei conter a ardência em minha garganta, evitando contato visual com qualquer um que fosse. – Ethan me ajudou a pegar os documentos sobre o caso antigo, que estavam no porão, e vocês sabem que quando um documento não contém as informações necessárias ou está muito simples devemos desconfiar... quando as mortes começaram Harry mencionou não saber nada sobre isso, no entanto, foi ele quem redigiu os documentos arquivados.

– Você quer dizer que... – Derik me encaraou aflito.

– Harry está por trás disso, tanto quanto Harrison esteve.

– Isso sim é preocupante. – Lauren sussurrou com o semblante aterrorizado.

– E mais um coisa... meu pai está vivo.

– Quem? Seu pai? – Ethan riu constrangido. – Josh Daniel Reid? Vivo?

– Haviam uns documentos escondidos no porão da minha antiga casa, eu os encontrei e um endereço foi me direcionado, me levando até ele.

– Isso é incrível, Lottie! – Ethan se animou. – Eu sou fã daquele cara! – Nunca foi fácil para Ethan esconder a admiração que ele sentia por meu pai, após o velho resolver inúmeros casos que o FBI, teve dificuldade em concretizar.

– Eu preciso que mantenham isso em segredo. – Preferi manter a conversa de “ Não consigo perdoa-lo” para outra hora. – Lauren, preciso que investigue algumas digitais e alguns DNAs que encontrei na antiga casa. Consegue isso sem que Harry saiba?

– Claro! Se eu chegar agora no laboratório consigo os resultados para antes do pôr do sol. – Ela parecia estar animada por estar em um caso secreto como esse, mesmo sabendo que secreto, no nosso caso, significava fora da lei.

– Ethan, eu preciso devolver o documento que roubei...

– Deixa comigo! – Não precisei terminar de falar para que ele se manifestasse.

– Derik, mantenha Harry ocupado. – Ele sorriu entusiasmado, fazendo um gesto de honra, assim como no exército. – Amanhã nos reuniremos novamente para juntar o que conseguimos e formar um plano. – Todos concordaram.

A campainha tocou fazendo Derik e Ethan vibrar e gritar sem parar como duas crianças mimadas.

~X~

Acordei um pouco mais cedo do que de costume. Sentei da pequena varanda do apartamento de Jasper, ou do nosso apartamento, ainda não me acostumei com a ideia, enrolada em um cobertor fino, com um bom copo de café expresso na mão e admirando a mais linda vista do pôr do sol que Londres poderia oferecer.

Eu parecia vulnerável a tudo. A charlote Reid, detetive durona que carregava armas demais junto de si, parecia agora uma manteiga prestes a ser derretida.

Muita coisa aconteceu desde que me permiti a sentir algo forte como o amor. Toda a coragem que eu achava que tinha, virou só mais uma armadura que eu tinha que vestir todos os dias para enfrentar o mundo, e quando a tirava, sentia que a qualquer momento o meu mundo poderia desabar, sendo Jasper o alicerce que impediria o desabamento.

– Senti sua falta na cama. – O grandalhão mais lindo do mundo apareceu ao meu lado, sonolento e com o cabelo bagunçado. – O que faz acordada tão cedo? – Ele sentou em meu colo, como se o seu peso não fosse fazer com que minhas pernas reclamassem, mas eu não me importei.

– Acha que eu fiz errado em não perdoar meu pai?

– Se eu soubesse que meu pai está vivo, eu o perdoaria mesmo sem saber o por quê. – Seu olhar despertou em mim a sanidade que me faltou por muito tempo. – Por que não se veste para o trabalho e aproveita para abraçar o seu pai?

~X~

Londres; Southbank; Chareid’s pub; 7am.

Não perdoa-lo seria um erro. O maior de todos os tempos. Perde-lo foi a pior coisa que poderia ter me acontecido e viver sua ausência foi uma tortura pela qual eu não quero passar novamente. Ele está vivo! Perdeu muita coisa na minha vida, mas está aqui novamente para viver comigo, ao meu lado, tudo o que está por vir.

– Estamos fechados. – Ele sussurrou assim que a porta do pub avisou que alguém estava entrando.

– Até mesmo para um abraço? – Seu corpo virou-se em minha direção, imediatamente. Um lindo sorriso estampou seu rosto e eu corri em sua direção, assim como fazia quando o via chegando do trabalho. Ele abriu os braços e esperou que eu envolvesse meus braços contra seu corpo, no mais demorado, aconchegante e verdadeiro abraço.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando. Sem tempo para responder comentários, mas assim que possível responderei a todos... lots of love xx