RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 20
Bleeding


Notas iniciais do capítulo

" Still alive but I'm barely breathing..."



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Não havia dúvidas. Harry faz parte dessa máfia.

O jeito como ele estava sempre preocupado enquanto invadíamos a um novo local, não era preocupação com a equipe e sim com o que Harrison poderia dizer sobre ele, ou que algo saísse do controle e ele acabasse sendo revelado. Ele sabia de cada detalhe do caso, e mesmo assim deixou que aos poucos a equipe descobrisse-o como se fosse uma novidade.

Ele matou meus pais.

– Charlotte! – A voz da última pessoa no mundo que gostaria de ver, ecoou por meu ouvido. – Na minha sala, agora! – Resmunguei seguindo o policial mais desonesto da história.

Entrei na sala de Harry, onde seus quadros de mérito e medalhas estavam espalhadas por todos os cantos, e fiquei encarando-o até que ele finalmente começasse a falar. Eu sabia exatamente o por que de estar ali. Eu matei um criminoso sem o mesmo estar me ameaçando.

– Eu consegui uma boa desculpa para que não fosse punida pelo o que fez. – Ele começou a murmurar como se fosse a melhor pessoa que existia. – Concordamos em dizer que ele o ameaçou, nos deve um obrigada.

– Obrigada. – Sussurrei quase que ironicamente.

– Posso saber o motivo de tal comportamento? – Seus cotovelos foram apoiados na mesa e seu corpo inclinado em minha direção.

– Tpm. – Dei de ombros e me levantei da cadeira super macia de sua sala.

Caminhei pelos corredores em direção a sala de autópsia, onde certamente Lauren estaria.

– Lottie! – Ela murmurou assim que eu abri a porta da sua sala gelada e sentei ao seu lado, e ao lado de Harrison, que estava sendo examinado. – Foi um belo tiro.

– Como você está?

– Senti muito medo, mas agora estou bem. – Seu sorriso parecia ser verdadeiro e por um momento a invejei. – Quem não parece estar bem é você. O que aconteceu?

– Posso confiar em você certo? – Eu não conseguiria guardar algo tão grande para mim mesma.

– Você sabe que sim. – Ela deixou o corpo de lado, retirou suas luvas sujas de sangue e as jogou na lixeira de alumínio próxima à maca. – É algo com o casamento? – Puxou sua cadeira para perto de mim e sentou-se ao meu lado, me encarando cuidadosamente.

– Com o casamento está tudo bem, quero dizer... talvez minha querida sogra não tenha gostado de mim mas... – Um barulho estrondoso ecoou na porta, me interrompendo.

– Céus, finalmente encontrei você! – Derik murmurou aliviado. – Temos um novo caso, desta vez em uma casa de shows na divisa de Brentford com a Holloway.

– Não me diga que... – Meus olhos se arregalaram sobre o moreno em minha frente.

– É melhor você ver com os próprios olhos.

~X~

Londres; Brentford with Holloway street; Dancing night club; 8am.

Chegamos ao local do crime mais rápido do que esperávamos. O local já estava interditado e, por esse mesmo motivo, atraia olhares das pessoas que passavam por lá e das testemunhas que presenciaram o crime.

– Quatro vítimas. Três homens e uma mulher. – Ethan me informava enquanto tentava seguir meus passos rápidos para dentro da boate. – As testemunhas disseram que uma mulher entrou na boate e começou a atirar sem parar, ela vestia preto e uma máscara vermelha. – Ele segurou meu braço e me fez parar de andar por um segundo. – Ela gritava seu nome enquanto disparava a arma.

– É muito maior do que eu pensava.

– Não querem somente seu sangue, Lottie. – Seus olhos refletiam a preocupação que habitava seu corpo. – Tem algo mais que ...

– Eu não sei mais o que eles querem.

– Eles? – Jasper me assustou. Seus braços envolveram minha cintura e me puxaram para ele, sendo possível que seus lábios tocassem minha testa. – O que está acontecendo?

– Red Velvet. – Tentei conter a angústia em meu peito. – É isso o que está acontecendo, denovo. – Meus olhos fixaram-se nos dele como se eu implorasse sua atenção. – Podemos conversar? – Segurei sua mão e o puxei para mais perto de um dos corpos espalhados ao chão sujo, de bebida e outras drogas, do club. – Finja que está procurando vestígios nas vítimas. – Sussurrei e assim fizemos.

– Você está me deixando preocupado. – Pegou a pinça de sua maleta e retirou um fio de cabelo das mãos da vítima.

– Eu roubei os arquivos do caso do meu pai. – Minha voz era tão baixa que, por um momento, duvidei de que ele estaria me ouvindo. – O nome dele não está entre os policiais envolvidos no caso, não falam sobre um suposto diamante de sangue e as anotações estão péssimas... – Retiravas os resíduos contidos embaixo da unha roída do jovem rapaz. – Minha mãe participou do crime... – Senti um nó se apertar em minha garganta. – Ela foi morta pois desejou sair dessa máfia... para me proteger.

– Foi por esse motivo que seu pai continuou o caso longe da policia...

– Sabe o que isso significa? – O encarei aflita por um breve momento, somente para ter certeza de que ele estava me ouvindo. – Um policial está envolvido nesse caso, e ele está muito próximo de nós...

– Jasper! – Harry chamou sua atenção, como se um pai estivesse chamando pelo filho. – Poderia ajudar Charlotte com os interrogatórios? Acho que a equipe dá conta dos vestígios. – O grandalhão apenas confirmou sorrindo e logo após me lançou um olhar que eu não saberia deduzir.

~X~

Londres; The West end; Sala de interrogatório; 11am.

Sete testemunhas nos esperavam em salas separadas. Era óbvio que havia muito mais pessoas que presenciaram o crime, mas somente as que gostam do nome estampado no jornal estavam aqui.

Vendo-os sentados e entediados, lembrei da verdadeira razão para não gostar de ir à baladas e preferir tomar uma boa cerveja preta em um pub local. Todos estavam vestidos indecentemente. As meninas usavam roupas curtas, não do tipo curto que eu usaria em uma tarde de verão para ir a Brighton, mas sim um curto extremamente vulgar. Os rapazes, vestidos mais decentemente do que as garotas, pareciam perder a cabeça a cada mulher que passava por eles. Com toda certeza que há no mundo, nenhum dos jovens tinham mais do que vinte e um anos.

– Harry? Você tem certeza disso? – Jasper me encarava aflito, sem saber como raciocinar sobre o que eu havia descoberto.

– Não tenho certeza, Jas. Mas posso afirmar que ele sabia de tudo isso, muito antes de toda essa história começar. – Encarei o primeiro garoto entrando na sala de interrogatório, acompanhado de um dos seguranças, que ficará na sala até que o mesmo acabe. – Eu preciso voltar para minha casa, tenho certeza que tem alguma coisa lá...

– E como vai fazer isso sem que alguém desconfie? – Caminhamos para o lado de fora da sala de vidros e fomos em direção ao nosso destino principal.

– Eu te acompanho nos interrogatórios, só preciso que me cubra no último para que eu possa sair. – Meus olhos suplicavam um sim.

– Isso é loucura! – Ele balançou a cabeça em negação, mas eu sabia que isso era um sim disfarçado de “ Você não pode fazer isso.” – Assim que eu acabar, vou atrás de você. – Concordei. – Jarold While! – Jasper lia a pasta com o nome do rapaz.

– Ao seu dispor. – O garoto sorriu para mim, me encarando dos pés da cabeça. – Wow! Quem é a garota bonita? – Seu corpo se inclinou em minha direção.

– Seu pior pesadelo. – Jasper riu e o garoto encontrou as armas em minha cintura, tomando juízo e parando de falar coisas que me fariam atirar em seu rosto juvenil. – O que estava fazendo na hora do crime? – Sentei em sua frente e comecei a colocar fotos da cena do crime, algumas imagens forte demais para um jovem de ressaca encarar sem sentir náuseas.

– Eu estava dançando com uma garota, Lindsey. – Ele empurrou as fotos em minha direção. – Demorei a perceber que estava acontecendo um tiroteio, a música estava muito alta... as pessoas começaram a gritar e a sair correndo. – Seus olhos passaram para Jasper, que provavelmente estava fazendo caretas feias para o garoto. – Eu me escondi atrás da picape do DJ e quando me levantei para ver, como o lugar estava... eu vi a garota, a que atirou em todo mundo, retirando a máscara vermelha e o casaco preto que estava vestindo.

– Você viu para onde ela foi? – Jasper murmurou atento a suas palavras.

– Ela saiu da boate, com todo mundo.

– Qual era a cor do cabelo?

– Ruivo. – Ele parecia convicto do que dizia.

Fiz algumas anotações, marquei cada palavra importante que os jovens mencionaram. A maioria concordou que era uma garota ruiva, que ela já estava na boate, vestida com roupas curtas assim como as garotas. Disseram que ela estava com um rapaz loiro e que ele saiu antes dos tiroteios começarem. Uma garota afirmou ter visto a ruiva no banheiro, vestindo seu casaco preto e pegando uma mochila atrás da tampa da vaso sanitário.

– Ela gritou Charlotte Reid quando os tiroteios cessaram e a música parou. – A garota que mascava chicletes como se a goma tivesse feito algo a ela, murmurou. – Ela parecia drogada.

Uma drogada que eu nunca vi em toda a minha vida não sairia gritando meu nome e atirando em pessoas inocentes.

Harry não concordou que esse era mais um caso ligado ao Red Velvet, mas eu tinha certeza de que era.

Harrison foi morto. E como um bom chefe de uma máfia, ele tinha um plano B caso sua morte acontecesse. A partir de agora todos que participaram dessa busca implacável pelo meu sangue, está atrás de mim, e não é o meu sangue que eles querem. É a minha morte.

O primeiro passo de um bom plano, baseada em todos os outros casos relacionados a gangues e máfias poderosas, é chamar a atenção do objetivo. E como nesse caso o objetivo sou eu, qualquer crime será alvo de minha atenção, afinal, não é atoa que sou uma detetive.

O segundo passo, o que já aconteceu, é o massacre digno de noticiário. Chamar a atenção da mídia é essencial para que a cidade fique em alerta e os policias mantenham-se ocupados com a proteção da população e esqueçam da proteção do alvo.

O terceiro passo, gosto de chamar de “ A caçada”, é onde toda a máfia começa por em prática os planos para a morte do alvo. E nesse caso, não será tão fácil.

– Preciso ir. – Peguei meu casaco na sala de vidros enquanto observava a última testemunha entrar na sala de interrogatório.

– Te encontro em uma hora. – Jasper me beijou delicadamente e me permitiu ir, mesmo eu sabendo que o real desejo dele não era que eu me afastasse.


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Notas finais do capítulo

Hallo! Cinco mil visualizações WOW! Fico super feliz em dividir minha estória com vocês.
Não deixem de conferir MARYLIN, a venda pela editora protexto. Sei que está um pouco caro, mas seria uma honra ter um pedacinho de mim junto com vocês.



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