RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 15
Sufocated


Notas iniciais do capítulo

" Everyone have a secret but can they keep it? No they can't!..."



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Londres; The West End; Departamento de polícia; 4am.

Não existia argumentos suficientes que fizessem Harry mudar de ideia. Eu estaria fora das buscas em locais de crime até que Harrison Steven fosse pego, e se for eu a captura-lo, sua pena de morte seria dada antes mesmo do julgamento.

– Temos um novo caso. – Jasper entrou na sala após uma longa conversa, em particular, com Harry. – Charlotte vem comigo, mas vai ficar no carro com a Lauren até segunda ordem.

– Por que não me matam de uma vez? – Peguei meu casaco e segui em direção ao estacionamento sem mencionar nada a ninguém.

Jasper permitiu que todos passassem em nossa frente e segurou meu braço delicadamente, me obrigando a parar.

– Por que não me contou antes sobre o seu sangue? – Seus olhos fixos em mim pareciam monótonos. – Achou que se contasse, eu iria querer brincar de ratinho de laboratório com você? – Afirmei com a cabeça achando a tese um tanto quanto engraçada. – Realmente não me conhece senhorita Reid.

– Não preciso conhecer ninguém para tentar guardar um segredo. – Tentei caminhar para meu destino mas ele não permitiu.

– Confia em mim. – Ele me abraçou como se soubesse que eu estava precisando de um de seus sufocantes abraços. – Eu posso guardar vários segredos, só confia em mim. – Seus lábios frios tocaram minha testa deixando ali um beijo sereno.

– Eu confio. – Sussurrei desviando meus olhos do dele, não podia permitir que meu escudo desabasse em sua frente.

Caminhei até o carro onde Lauren estava. Ela ainda estava me ignorando mesmo depois de todo o caos que foi revelado. Eu esperava um pouco mais de compaixão vindo dela.

Jasper dirigia rapidamente em direção a uma galeria de arte no bairro Fitzrovia. Aparentemente, Red Velvet deixou uma nova vítima lá.

O barulho da sirene parecia estremecer meu coração, pontadas de medo começaram a surgir em cada centímetro do meu corpo. Cada metro perto do local da desova do corpo fazia meu sangue arder, como se o ódio fizesse parte do meu DNA.

– Eu vou entrar. – Jasper estacionou o carro em frente a galeria, movimentada demais para essa hora da madrugada. – Lauren fique com ela até que eu volte para busca-las. – Ele a encarou sem expressões em seu rosto.

Toda a minha equipe estava entrando no local armados e sem mim. E foi aí então que percebi que eu era apenas uma peça substituível da equipe.

Encarava pela janela aflita, tentando adivinhar o que estava acontecendo lá dentro. Minhas pernas batiam contra o chão em uma forma de ansiedade sem controle. Eu estava a beira da loucura.

– Eu vou entrar. – Peguei a arma calibre trinta e oito em minha bota.

– Não vai não. – Lauren trancou as portas, me deixando sem saída. – Você sabe que isso é perigoso para você, não vale a pena se arriscar assim.

– Não precisa fingir que se importa. – Minha voz não era estável. – Eu quero estar lá dentro, com a minha equipe.

– Sua equipe está muito bem lá dentro, te protegendo.

– Eu não pedi proteção.

– Certo, então vá lá dentro e mostre a sua equipe que não confia neles, por que é somente isso que vai demonstrar quando pisar na galeria. – Ela destravou as portas novamente, me dando a opção de sair ou esperar. – Eles não estão felizes sem você, mas são sua família e tudo o que querem é que você esteja viva no final do caso.

– Droga! – Cruzei os braços e encostei no banco irritada. – Odeio quando tem razão. – Respirei fundo colocando a arma em meu colo.

– Eu também faria o mesmo por você. – Sua voz era um sussurro e não sabia se ela queria que eu ouvisse sua frase amigável demais para a situação em que nos encontrávamos.

– Lauren... – Pensei em algo para dizer, mas fui interrompida pelo reflexo do grandalhão saindo de dentro da galeria. – Posso entrar? – Sai do carro tão rapidamente que meus pulmões reclamaram.

– Realmente ama o se trabalho. – Ele riu.

– Mais do que imagina. – Segurei a maleta de perícia e o segui pelos corredores destruídos da galeria de arte, cujo o nome não lembrava.

Não me surpreendi ao ver aquela garota com as mesmas características que eu, vestida com vestido de veludo vermelho, pendurada em uma moldura de quadro, como se fosse a obra mais preciosa que já tivera. Todo o resto estava destruído, um dano que eu avaliaria em milhões de libras já que aquela era a galeria de arte de maior destaque de toda cidade Londrina.

Sem encarar os olhos preocupados que me eram enviados, abri a maleta e retirei o óxido de ferro, em um lindo tom pink, para procurar digitais por todo o local.

As digitais de Harrison eram como uma agulha no palheiro, mas não essa noite. Ele sabia que já sabíamos o verdadeiro nome dele e não precisaria tomar os devidos cuidados para que suas digitais não fossem reveladas.

– Olhem. – Pedi a Ethan, que era o mais próximo de mim para avaliar o que havia encontrado. – Ele me ama. – Ironizei um sorriso enquanto ele se assustava mais uma vez com a capacidade do Red Velvet em me atingir.

As digitais formavam CJR, ou para maior entendimento, Charlotte Juliet Reid. Seria romântico se ele não fosse um serial killer, certo?

– Você precisa sair daqui. – Ethan ainda permanecia com os olhos arregalados.

– Charlotte, volte para o carro! – Harry gritou assim que percebeu uma movimentação estranha ao fundo da galeria.

– Eu vou ficar. – Segurei minha arma.

– Volte para o carro, Lottie. – Jasper retirou a arma de minhas mãos e me enviou um olhar preocupado que me convenceria das maiores loucuras do mundo. – Por favor.

– Por você. – Sussurrei ao sair correndo até a Range Rover branca estacionada logo a frente. – Droga. – Chutei o pneu do veículo, como se aquilo fosse espantar a variação de emoções que estava sentindo.

Abri a porta e me sentei no banco de carona.

Meu coração parecia me prender em algum tipo de análise científica de mim mesma. Minha visão começou a ficar embaçada e as pulsações pareciam fazer parte dos ruídos noturnos do bairro movimentado. Tentei abrir o vidro do carro mas algo não permitiu tal ato. Mais uma tentativa.

– Até o carro está contra mim hoje! – Bati no vidro sem obter nenhum resultado.

– Olá Charlotte. – Aquela imagem fez com que a Samara, de “ O chamado”, virasse uma miss aos meus olhos. – Finalmente tivemos nosso encontro. – Harrison Steven me encarou por trás da máscara como se estivesse se divertindo.

– O que quer aqui, Red Velvet? – O encarei procurando minha arma, disfarçadamente, pela minha perna. – Pensei que iria se esconder por mais algum tempo.

– Cansei de matar tantas pessoas para conseguir somente um diamante. Preciso do elemento principal para melhorar minha produção. – Ele sorriu e eu percebi que as portas do carro estavam trancadas, não por uma ordem minha. – Preciso do seu sangue.

– Vampiros são mais legais que você.

– Será? – Havia uma pequena caixa preta em sua mão, com um reluzente botão vermelho. – Será mesmo, Charlotte?

– Vá para o inferno! – Blefei tentando sair do carro antes que o mesmo explodisse.

– Primeiro as damas... – O botão foi acionado e, ao contrário do que eu imaginava, uma fumaça sufocante começou a entrar por todos os meios que existiam. – Não sei se foi uma boa aluna de química, mas lhe apresento o Sarin. – Ele sorriu ao cruzar os braços. – O famoso gás usado na era nazista. Na câmara de gás, sabe?

– Por favor... – Senti meus olhos lagrimejarem e meu pulmão falhar aos poucos. – Me tira... me tira daqui! – Bati no vidro mesmo sabendo que não teria resultado.

– Mais tarde volto para buscar seu corpo. – Harrison dava fim ao seu show enquanto meu pânico aumentava a cada segundo.

Meu coração acelerava involuntariamente, não pela adrenalina que situações como essa exigem, mas sim pois esse era o efeito principal do gás.

Procurei pela minha arma em todos os cantos, encontrando-a no chão do banco do carona. Eu sabia que o carro era extremamente blindado, mas eu não poderia morrer aqui. Não hoje.

Mesmo sem forças, e com os gritos abafados pela falta de ar que já me era apresentada, atirei em direção da janela algumas vezes. O barulho era estrondoso e não teria como ninguém me ouvir, a menos que lá dentro algo também tivesse acontecido. Mais um tiro, no mesmo ponto, e um pequeno buraco se formou na janela, que no final não era super blindada como diziam. Coloquei meu pé sobre o buraco e empurrei o vidro com força, quebrando -o uma pequena parte, porém suficiente, para que eu pudesse respirar algo que não fosse aquela droga.

Pude ouvir um estrondo ainda maior vindo da galeria, a porta havia sido arrombada por Jasper que correu em minha direção e terminou de quebrar o vidro do carro, permitindo que todo o meu corpo, fraco, saísse do veículo.

– Charlotte! – Ele me levou para longe do veículo. – Fala comigo... por favor! – Eu o encarei confusa. Meus olhos tentavam se fixar nos seus, mas tudo tinha a tendência de girar e ficar embaçado, me obrigando a fechar as janelas da alma. – Charlotte! Por favor! – Não, eu não escutava o som da sua voz. Aliás, tudo o que conseguia escutar era minha respiração falha tentando se recuperar. Mas eu sabia que Jasper gritava por mim, eu podia sentir seus braços desesperados me segurando contra seu peito, assim como nos filmes mais românticos da história dos filmes românticos.

Era por ele que meu coração tentava manter o ritmo. Somente por ele.

Talvez fosse tarde. E eu me arrependeria de não ter passado mais tempo com o grandalhão que tanto me protegia. Ele merecia viver as histórias de amor mais lindas que um casal pode vivenciar, e eu daria tudo isso a ele, mesmo não sendo a mulher mais romântica do mundo.

– Por favor, Charlotte. – O doce som da sua voz irlandesa despertou-me. – Fica aqui comigo... por favor! – Meu corpo parecia leve como pano em seus braços.

– Eu vou ficar. – Murmurei com dificuldade. – Nunca mais me peça para ficar no carro... – Tentei rir sentindo meus pulmões danificados por todo veneno que havia inalado.

– Case-se comigo! – Seu pedido despertou até mesmo os sentimentos mais secretos que eu escondi em mim. – Por favor, Charlotte Juliet Reid, case-se comigo!


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Notas finais do capítulo

Não sei a Charlotte, mas eu aceito!
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