RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 12
My own sunshine


Notas iniciais do capítulo

"If this is to end in fire, then we should all burn together watch the flames climb high into the night, calling out father stand by and we will watch the flames burn auburn on, the mountain side...and if we should die tonight w e should all die together ..."



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Londres; Brentford; Castle’s cake; Quarta-feira; 8am.

Uma multidão estava ao redor da confeitaria, agora interditada pela polícia britânica. Um novo caso envolvendo nosso assassino Harrison Steven, ou como eu prefiro chamar, Red Velvet.

– Detetive! – Uma repórter me parou para fazer perguntas, que eu não responderia tão cedo. – O que está acontecendo na confeitaria? Esse é um caso de assassinatos em série?

– Primeiramente eu tenho que fazer meu trabalho para então poder responder perguntas. – Minha voz era calma o suficiente para disfarçar meu coração disparado.

Estávamos sem meios de negar que um serial killer estava solto pelas ruas e em busca de mulheres com características parecidas com a minha. Os casos não apareciam detalhadamente na mídia, mas não era necessário uma divulgação da polícia para que algum repórter conseguisse alguma informação particular para ir ao noticiário.

Não sei até quando ele irá continuar com as mortes encenadas sem entrar em contato comigo, que possuo o que ele tanto deseja. É evidente que seu conhecimento sobre quem eu sou faz parte dos seus planos, ele não nos atingiria se não tivesse um alvo no departamento.

– Mary Anne, vinte e sete anos, trabalhava aqui mas estava desaparecida a mais de um mês. – Lauren me informava as poucas coisas que havia descoberto sem me encarar. – Vestido de veludo vermelho com polônio 210, cortes no pulso formando 457, nenhuma cicatriz nas costas como as outras vitimas possuíam e sem evidência nenhuma do assassino.

– Quem encontrou o corpo? – Perguntei observando o local da desova do corpo.

– Um funcionário chegou cedo para abrir a confeitaria e a encontrou. – Ethan caminhou em minha direção com alguns papeis em sua mão. – Fico feliz que esteja melhor. – Suas expressões eram tão devastadoras quanto as de Lauren.

– Ethan, acho que a gente precisa...

– Conversar? Sério mesmo? – Aquele não parecia ser o Ethan que eu conhecia, ou pelo menos achava que conhecia. – Eu fui te visitar, como sempre fiz quando ficou doente, e olha só... Jasper estava lá te fazendo panquecas!

– Se ele esteve lá ou não isso não devia ser da sua conta. – Murmurei um pouco irritada.

– O problema não é ele, nunca foi ele. – Um pausa me fez pensar em várias teorias. – O problema é saber que nunca tentou me amar, e com ele que está a pouco mais de duas semanas aqui, já tem uma tentativa e tanto...

– Chega, Ethan! – Gritei sem me importar com quem estava ao meu redor. – A questão nunca foi tentar ou não. A verdade é que não vejo em você o homem que quero ao meu lado, eu nem sei se quero alguém ao meu lado... espero que entenda e supere isso como um adulto. – Retirei a maleta de analises de sua mão e cambaleei, elegantemente, para o lado de Jasper. – Droga! – Sussurrei tão baixo que somente o grandalhão foi capaz de ouvir.

– Te causei um problema. – Seus olhos me encararam preocupados. – Não devia ter insinuado nada aquele dia...

– Você não tem culpa de nada. – Tentei sorrir. – Eu precisava disso, e aliás, você só insinuou no dia errado porque acabou acontecendo de qualquer forma.

– Destino. – Ele riu voltando a encarar o luminol que não estava obtendo efeito contra o carpete. – Local de desova. – Afirmou após ver que ninguém conseguiu resultados importantes para analise. – Já decidiu se vai contar para mais alguém?

– Eu não sei, talvez fale para Derik.

– Deveria contar ao Ethan. – Seu tom de voz compreensivo me dava um novo conselho. – Só para evitar problemas, vocês são uma equipe. – Um lindo sorriso torto estampou seu rosto.

~X~

Londres; The West End; Departamento de polícia; 1pm.

Esperei até que Harry saísse do departamento e chamei toda a equipe na sala, com exceção de Lauren que estava ocupada demais me ignorando.

– O que foi Reid? Parece preocupada... – Derik balbuciou enquanto eu começava a escrever novas pistas no quadro branco.

– 457 é o número do voo em que meus pais morreram. – Comecei a falar observando a todos atentamente, meus olhos imploravam atenção e minha voz, quase um sussurro, tinha medo de que alguém escutasse nossa conversa. – Meu pai estava trabalhando em um caso chamado Red Velvet, se tratava de um serial killer que matou mais de vinte e duas mulheres, ele usava polônio 210 nas vitimas pois era a única substância que deixava a densidade do sangue apropriada para os experimentos que ele continua testando. – Jasper encostou seu corpo na beira da minha mesa, demonstrando que estava do meu lado. – Em um desses experimentos ele obteve o Red Velvet, não se trata do tecido e sim de um diamante de sangue. – Ethan finalmente reconheceu o quão importante era a minha história. – Meu pai conseguiu a única amostra desse diamante, ele escondeu e me deu a chave para que um dia eu o encontrasse.

– Você o encontrou? – Derik estava ansioso para saber o desfecho.

– Sim, eu devolvi a caixa para o lugar onde meu pai deixou e escondi o Red Velvet. – Uma breve pausa até decidir se realmente revelaria a parte mais importante. – Eu tenho um nome.

– Um nome? – Ethan arqueou as sobrancelhas agindo profissionalmente.

– Harrison Stevens. – Sussurrei. – Ainda não sei nada sobre ele.

– Já avisou Harry? – Derik caminhou em minha direção preocupado.

– Esse é o ponto que eu queria chegar, não podemos contar ao Harry, pelo menos não tudo.

– Por que?

– Ele me tirará do caso. – Meu tom de voz se alterou. – Você sabe o que ele faz quando algum caso com relações familiares chega até nós, ele vai pedir para que nos afastemos até segunda ordem. E eu não posso ficar longe disso, não depois do que ele fez.

– Ele foi o culpado pela morte dos seus pais? – Ethan entendeu o recado e sua boca se abriu espantado. – Charlotte, eu sinto muito. – Sua frase continha toda a sinceridade do mundo. – Mas temos que contar a Harry. – Meus olhos se fixaram no dele como se eu tentasse destruí-lo com meu olhar, ele não estava fazendo isso para seguir as regras mas sim pois eu não tentei ama-lo.

– Não. – Derik interrompeu nosso conflito psicológico. – Não somos os melhores porque somos uma boa equipe, somos os melhores porque somos uma boa equipe de amigos. – Ele encarou Ethan como se estivesse incerto de quem era o rapaz em sua frente. – Ninguém irá contar ao Harry, não se preocupe Charlotte. – Um belo sorriso surgiu em sua face, deixando meu coração um pouco mais aliviado.

Uma longa conversa sobre como seria daqui para frente nos ocupou por algumas horas. Jasper mencionou ficar em minha casa para evitar que alguém fosse atrás de mim, como se isso impedisse alguma coisa. Decidimos que contaríamos a Harry sobre o diamante, e que faríamos uma busca falsa obtendo o nome, que também seria revelado a ele. Seríamos como bons amigos adolescentes encenando para que os pais não descobrissem o que aconteceu na noite passada. Talvez se o cargo de detetive venha a falhar, eu tente uma vaga no teatro.

Uma pontinha de medo começou a surgir em alguma parte do meu cérebro, que gritava “ Charlotte, você não pode coloca-los nisso!” e realmente foi a coisa mais egoísta que eu fiz. Coloca-los nessa loucura envolvia muitas coisas, principalmente nosso emprego, e com a crise que o mundo está enfrentando, dificilmente acharemos outro cargo igual.

– Só espero encontra-lo antes que ele me encontre primeiro.

~X~

Londres; Kensigton; Charlotte’s Studio; 8:46pm.

– Você está linda. – Jasper estava encostado no batente da porta do banheiro enquanto eu organizava as roupas que iriam para a lavanderia.

– Calça de moletom e regata não deveria deixar alguém bonita. – Ri dando de ombros, entrando em contradição comigo mesma ao saber que ele ficava perfeitamente bem vestido assim.

– Mas você está. – Suas mãos envolveram minha cintura e seu rosto encostou no meu, fazendo eu admirar o espelho em minha frente. – Somos um belo casal. – Ele apontou para nossa imagem refletida.

– Mas não somos um casal. – Pude notar minhas bochechas avermelharem.

– Porque você não quer. – Ele ergueu as mãos como se jogasse toda a culpa do mundo em cima de mim.

– As coisas não precisam acontecer a cento e oitenta por hora. – Cambaleei em direção a sala, ligando a TV e sentando no sofá desleixadamente.

– Você acha que não consegue entrar em um relacionamento, pois não sabe a capacidade que tem em fazer as pessoas sorrirem. – O encarei confusa. – Não sei o que aconteceu, talvez nem queira saber, mas eu não tenho a intensão de te ferir Lottie. – Ele sentou ao meu lado e segurou minhas mãos frias. – Você é o seu próprio sol, você pode se curar de qualquer coisa.

– Isso é coisa de super-herói, não acha?

– E você é! – Ele sorriu torto, do jeito que eu amava. – A mulher maravilhava fica no chinelo perto de você.

– Isso é muito gentil. – Sorri. – Não combina com você.

– Eu sei, você revela a pior parte de mim. – Sua gargalhada ecoou pelo apartamento.

– Mas eu gosto dessa parte. – Corei desviando meu olhar para a TV. – Ninguém se ofereceria para cuidar de mim, nem mesmo Ethan. – Admiti como uma forma de agradece-lo por tal ato.

– Cuidarei de você mesmo que me peça para ir embora.


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Notas finais do capítulo

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