RED velvet escrita por Juliana Moraes


Capítulo 10
Behind the case


Notas iniciais do capítulo

" I know I don't know you, but I want you so bad... everyone have a secret but can they keep? No they can't "



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Desci as escadas tão rapidamente que meu coração ameaçou sair pela minha boca. Entrei em meu apartamento e cambaleei sem folego até o armário, onde as coisas confidenciais do meu pai estavam. Eu não o abri depois de sua morte.

– O que aconteceu, Charlotte? – Jasper entrou logo atrás de mim, também sem folego e sem entender nenhum dos meus atos.

– Meu pai estava trabalhando em um caso particular antes de falecer, guardou todas as coisas nesse armário e pediu para eu nunca abri-lo e assim eu fiz... – Procurava a chave entre as gavetas com teias de aranha. – Mas agora eu percebi que ele estava trabalhando no nosso caso, red velvet.

– Ainda não estou entendendo.

– 457 é o número do avião em que meus pais estavam e ... eles foram assassinados! – Meu coração apertava a cada nova descoberta. – Eles foram assassinados, Jasper! – Minhas mãos tremulas passaram por meus cabelos e minhas pernas ameaçaram cair. – Como eu nunca pensei nisso antes... – Os braços do grandalhão passaram por minha cintura e me guiaram até a poltrona vermelha, não muito longe de onde estávamos.

– Talvez seja uma coincidência...

– Não existe coincidências em um crime. – Afirmei com toda certeza que havia no mundo. – Preciso saber sobre o que se tratava o caso... – Tentei me levantar mas fui impedida pelas mãos frias de Jasper em meu braço.

– Eu pego as coisas, você fica quieta aí. – Ordenou delicadamente e assim eu fiz.

Sem demoras ele encontrou a chave do armário e o abriu em questão de segundos. Uma completa zona foi revelada e por um momento senti vergonha por nunca ter arrumado aquele móvel antigo.

– São essas caixas? – Perguntou apontando para uma imensa caixa preta, quase cinza devido a poeira. – Todas essas coisas são casos em que seu pai trabalhou particularmente?

– Na verdade, são casos que ele nunca conseguiu terminar. – Retirei a decoração da mesa de centro e, desajeitadamente, sentei ao chão para ficar perto dos arquivos. – Tranque a porta. – Pedi, impedindo-o de sentar ao meu lado.

Não sabia ao certo por onde começar, milhares de pastas e evidências tomavam conta da caixa preta que ainda não fazia muito sentido para mim.

– Caso Red Velvet... – Jasper começou a ler um dos papeis que ele havia encontrado ao fundo. – Uma série de mortes com mesma causa, e mesma assinatura, vem ocorrendo frequentemente desde que uma pesquisa sobre o diamante de sangue foi revelada a mídia. – Aquelas eram anotações do meu pai, anotações pessoais que, provavelmente, não chegou perto do departamento em que ele trabalhava. – Temos algumas pistas sobre o serial killer : É um químico muito competente, mas sinto muito por ter escolhido usar suas habilidades para algo tão terrível. Sua idade não foge da minha, podendo ser apenas alguns anos mais novo que eu, ou eu que estou me sentindo jovem ultimamente... – Ri baixo ao lembrar das brincadeiras que meu pai fazia sobre nunca estar envelhecendo. – Um acidente, ainda quando era um adolescente, trouxe consequências para nosso procurado. Uma cicatriz no rosto, devido a um incêndio em sua antiga casa, faz com que ele use uma máscara de ferro, como se aquilo fosse assustar alguém ou apenas um objeto do seu charme pessoal. – Parei de vasculhar a caixa e voltei toda minha atenção ao tom da voz de Jasper, que transmitia conforto e segurança, como se ele estivesse me abraçando e me confortando mesmo com os braços longe de mim. – As mortes são essenciais para o desenvolvimento de sua tese e, com muito rancor, devo admitir que seu trabalho foi um tanto quanto curioso. O sangue das vítimas eram utilizadas para o desenvolvimentos de retículos cristalinos que, reagindo junto a estilhaços de vidros, transformavam-se em um lindo e vermelho diamante, quero dizer, aparência de diamante. – Jasper parou por um segundo tentando entender toda a loucura em que o caso se transformou. –Polônio 210 foi essencial para que as mortes fossem ocorridas, somente com essa substância o sangue se tornava perfeito para os testes... somente um diamante foi obtido após mais de vinte e duas mortes e o mesmo se tornou precioso para o serial killer, que o procura atentamente em...

– Meu pai roubou o diamante. – Murmurei ao lembrar que, em um belo dia de sol, meu pai escondia algo no porão de nossa antiga casa. – E pagou caro por isso. – Me levantei atordoada e caminhei em direção a varanda. – Eu sempre soube que um avião não explodiria sem nenhuma razão evidente, é o meio de transporte mais seguro, não é mesmo? – Respirei fundo ao sentir o vento frio de chuva me atingir. – Acho que no fundo eu sabia que algo mais tinha acontecido, só tive medo de descobrir a verdade.

– Algumas verdades sempre irão nos ferir. – Jasper ficou em minha frente e, sem resistir a imensa vontade que sentia em abraça-lo, passei meus braços pela sua cintura e aconcheguei meu rosto em seu peito, onde era possível ouvir seu coração bater tão rapidamente quanto o meu. – Eu sinto muito, Charlotte. – Suas t'mãos me envolveram em um delicioso abraço, que foi acompanhado pelas gotas de chuva que começaram a cair do céu iluminado. – Nós vamos captura-lo.

~X~

– Não estou me sentindo muito bem, Harry. – Mentia ao telefone enquanto Jasper me encarava preocupado. – Jasper foi para casa, precisou resolver alguns problemas no seu prédio. Tudo bem para você? – Toda a tensão se foi após ele dizer um imenso “Sim, tudo bem”. – Até amanhã, obrigada pela compreensão. – Encarei o grandalhão em minha frente. – Eu estava muito doente para continuar trabalhando, não se esqueça disso caso alguém pergunte. – Levantei-me do sofá de couro e cambaleei até a geladeira a procura de algo.

– Quer que eu cozinhe? – Sem que eu percebesse ele estava logo atrás de mim. – Posso fazer uma parmegiana deliciosa. – Seu sorriso torto, extremamente próximo de mim, me fez corar.

– Fique a vontade. – Voltei ao meu sofá, extremamente confortável, e liguei a TV para assistir algo enquanto Jasper quebrava minha cozinha.

Mudava os canais sem parar, tentando achar alguma coisa que não envolvesse crimes e muito menos romance. Parei de apertar o botão vermelho após encontrar um filme de desenho animado, não por ser algo divertido de assistir, mas por que eu sabia que não prestaria atenção em nada do que estivesse do outro lado da tela então mudar de canal se tornou desnecessário.

Um assassinato pode mudar muita coisa, principalmente no meu modo de pensar e agir. Sempre achei que foi uma injustiça do destino meus pais terem sido levados tão cedo, minha avó dizia que eles haviam completado a missão destinada pelos céus e foi nessa teoria que decidi acreditar, talvez por ser a que menos causou danos ao meu psicológico. Mas se 457 realmente foi o culpado pela morte dos meus pais, tenho receio do que me eu me tornarei para obter a justiça necessária.

Fico a perguntar se eu me tornei alguém cujo meus pais olhariam e falariam “ Esse é o meu maior orgulho”. O maior desejo de minha mãe era que, aos vinte e quatro anos, eu já estivesse com uma aliança dourada no dedo e uma barriga imensa com um pequeno ser dando chutes lá dentro, meu pai também queria isso, mas dizia que eu poderia esperar até os trinta e que eu precisava me estabilizar financeiramente primeiro. Eu? Não tenho planos para o futuro, muito menos planos de ter uma aliança dourada no dedo ou uma barriga imensa. Gosto de pensar que o destino será dono dos meus passos, assim eu não tenho que me preocupar tanto com o tempo em que as coisas levam a acontecer.

– O jantar está servido madamme. – O cheiro vindo da cozinha parecia uma mão me puxando para perto de Jasper. – Impressão minha ou aqui está realmente frio? – Uma pergunta que confirmava minha tese do grau nesse apartamento.

– Droga! – Olhei o aquecedor que mencionava apenas dez por centro do gás e por isso entraria no modo econômico, podendo durar a noite toda em dezessete graus, que é quente para os britânicos mas não o suficiente para a noite de inverno que as noites londrinas nos proporcionavam. – Virarei picolé essa noite. – Ignorei o sorriso no rosto de Jasper e comecei a pensar em contrata-lo para ser meu cozinheiro, já que não tinha muito tempo para cozinhar e adorava comer.

– Eu vou ficar aqui está noite. – Parei de mastigar e encarei-o confusa. –Acha mesmo que vou te deixar sozinha depois de tudo o que descobriu? Se estou certo, as vitimas se parecem com você pois o assassino sabe que seu pai escondeu o diamante e por isso...

– Ele acha que eu estou com o diamante. – Confirmei sentindo pontadas de desconforto atingirem o tom de minha voz. – Isso não significa que você precisa se mudar para cá.

– Significa sim. – Um imenso sorriso surgiu em seu rosto como se tudo aquilo fosse uma aventura.

Qualquer outra pessoa no mundo que se oferecesse para fazer o mesmo não me incomodaria tanto quanto Jasper incomoda. Talvez seja essa mania de bater de frente com o que eu digo, ou de querer me proteger achando que não sou capaz de fazer isso sozinha, mas seja lá o que for não quero que isso perturbe meus pensamentos.

– Ainda tenho muitas perguntas para te fazer. – Seu entusiasmo não se encaixava no momento. – Por que não tem ninguém, detetive Reid? Quero dizer, um companheiro sabe? Há homens caindo aos seus pés mas você parece não perceber isso...

– Opção.

– Não acredito. – Arqueei a sobrancelha. – Você não pode querer ficar sozinha para sempre, é entediante. – Seus cotovelos apoiaram-se na mesa para que seu corpo pudesse ser inclinado em minha direção. – Não tem vontade de casar e ter filhos?

– Você tem?

– Claro que sim! Esse é o sentido da vida, não é mesmo?

– Tudo isso parece muito lindo, Jasper. – Murmurei admirada. – Ainda mais vindo de um galã como você. – Sorri deixando meu escudo descansar por um momento. – Porque não tem ninguém, investigador West?

– A pessoa certa ainda não me encontrou.

– Não seria você a encontrar a pessoa certa?

– Eu já encontrei, ela que não consegue ver isso ainda.

– Bom, e quando ela perceber isso, não ficará brava por estar aqui? – Cruzei meus braços em tom de zombação.

– Você ficará brava, Charlotte? – Ele fez o mesmo ironizando nossa conversa.

~X~

Londres; Kensigton; Charlotte’s studio; 2:32am.

O aquecedor havia parado de vez e o arrependimento de não ter o trocado antes bateu em minha porta. Os cobertores não esquentavam o meu corpo, que estremecia a cada segundo tentando não entrar em estado de hipotermia. Encarei Jasper no sofá e ele parecia fazer o mesmo, ainda acordado.

– Charlotte? – Ele me chamou após notar uma movimentação estranha em minha cama. – Está acordada?

– Infelizmente.

– Sei que vai me matar por fazer isso, mas a culpa é sua por não ter trocado o aquecedor. – Ele se levantou com os cobertores na mão e os estendeu sobre os outros dois que estavam em minha cama. Eu sabia o que ele estava prestes a fazer e não hesitei. – Nenhum comentário grosseiro? – Seus olhos pairaram sobre os meus e um sorriso brincalhão estampou seu rosto como se o sol tivesse acordado mais cedo.

Jasper deitou ao meu lado e puxou meu corpo para perto do dele. Minha cabeça em seu peito e minhas mãos sobre sua barriga descoberta. Eu estava totalmente sonolenta, ou apenas usei isso como uma desculpa viável para que ele permanecesse ali.

Negar que minha mente e meu corpo sentia fortes atrações por Jasper era quase impossível, mesmo querendo manter a pose de durona, perto dele uma parte de mim parecia ser tão frágil quanto porcelana.

Criei uma teoria sobre mim mesma que implica no fato de que todas as pessoas ao meu redor acabam feridas, ou por eu amar muito ou por falta desse mesmo amor. Já faz muito tempo desde que meu coração aqueceu pela última vez, realmente não sei se quero me lembrar como é que se conjuga o verbo amar.

Eu tinha dezessete anos quando meu namorado e melhor amigo sofreu um acidente de carro e acabou falecendo, ele estava indo me visitar com um lindo buquê de flores quando um motorista embriagado não respeito o sinal vermelho. Lembro da dor de perde-lo e das noites que fiquei em claro aos prantos, alimentando a saudade e aumentando o vazio que era meu coração. Muitos anos se passaram e eu decidi que não gostaria de sentir aquela dor novamente. Amar pode ser lindo mas quando o amor acaba em uma das partes, a dor nos faz querer desejar a morte.

Ouvi a campainha tocar mas dei uma bronca aos meus olhos quando eles ameaçaram abrir, o cansaço ainda tomava conta de mim.

– Bom dia Charlo... – Uma voz familiar ecoou pelo apartamento sendo pausada logo em seguida.

– Bom dia, Ethan! – Jasper murmurou animado fazendo com que eu lembrasse que não estava sozinha.

– O que faz aqui? – Permaneci intacta na cama, fingindo estar em um profundo sono para não ter que explicar nada a meu preocupado e fiel amigo.

– Pode falar baixo? Lottie está dormindo. – Jasper usou meu apelido e eu sabia que era para irritar Ethan, devido a seus sentimentos não correspondidos por mim.

– Harry me falou que ela estava doente.

– Sim, eu cuidei dela. – Se eu não fosse uma boa atriz, teria levantado da cama e enchido Jasper de porrada. – O aquecedor dela quebrou, deve ter pegado um resfriado mas eu a esquentei essa noite. – Por mais que eu não estivesse vendo, eu sabia que um estrondoso sorriso estava estampado em seu rosto.

– Vocês...

– Quer ficar para o café? Estou preparando panquecas para a Lottie. Ela precisa recuperar a energia que gastou essa noite... se é que me entende...

– Eu estou indo, vejo você depois. – Interrompeu as brincadeiras do grandalhão metido a besta.

– Quer que eu avise que passou aqui?

– Não, mais tarde faço uma ligação. – O barulhoso estrondoso da porta informou que ele foi embora.

Jasper gargalhava divertidamente encarando a porta, o que me fez jogar uma almofada em sua direção sem que sua habilidade de percepção me impedisse de atingir sua cabeça.

– Ei! – Ele parou de rir e me encarou ainda com aquele sol estampado no rosto. – Bom dia para você também Sunshine!

– Por que disse aquelas coisas para Ethan? – Perguntei incrédula.

– Ele te ama. Você não ama ele. Te fiz um favor.

– Jasper, isso foi terrível. – Levantei desajeitada observando o olhar do grandalhão sobre minhas pernas desnudas. – O que ele vai pensar de mim?

– De você eu não sei, mas com certeza ele está querendo me matar. – Voltou ao fogão onde as panquecas, com um cheiro incrível, estavam sendo feitas. – Como sabe que gosto de blueberry? – Perguntei ao vê-lo colocar as frutinhas junto da massa.

– Ethan sempre te leva muffin de blueberry, não foi difícil adivinhar.

– Estava pensando em usar em minha doença falsa para procurar o diamante na casa antiga. – Apoiei meu corpo na bancada enquanto meus olhos brilhavam assistindo a panqueca ficar pronta.

– Não irá contar a ninguém sobre isso?

– Por enquanto, não. – Respirei fundo sentindo náuseas de fome. – Não quero que ninguém se machuque por mim.

– Esse é o dever da polícia, te proteger.

– Harry irá fazer com que eu saia do caso, para que eu não haja por impulso.

– Nesse caso seremos só você e eu.

– Somente eu.


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Notas finais do capítulo

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See ya later xx