O menino que colecionava Horcruxes escrita por Maga Clari


Capítulo 9
Guerra


Notas iniciais do capítulo

Olá, amigos. Andei sumida, não foi? Provas, final de semestre, sabe como é.
Capítulo curtinho, eu sei. Mas não consegui escrever mais do que isso.
O capítulo está maravilhoso, modestia à parte, apesar do finalzinho, como sempre, ter ficado bosta. Enfim.
Hope you enjoy!
Beijocas



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Depois de uma nova recusa ao cargo de professor, Voldemort voou porta afora, extremamente aborrecido. Tudo nele esbanjava ódio: seus olhos, o modo de caminhar... Pelo menos, Voldemort havia conseguido esconder uma de suas horcruxes na Sala Precisa, antes mesmo de subir à sala do diretor.

Mas a verdade é que o pobre Alvo Dumbledore era sensitivo. Ele, assim como eu, desconfiava das reais intenções que meu menino possuía ao se candidatar. O velho bruxo apenas olhou-o, bondosamente, e levou-o até a saída.

*Um fato curioso*

A partir deste dia, o cargo de professor de DCAT ficou amaldiçoado. Nenhum outro professor conseguiu lecionar mais do que um ano. Os motivos foram diversos, mas sempre no prazo de um ano.

 

Anos depois, tivemos nossa confirmação. Voldemort queria fazer uma patrulha ideológica em Hogwarts. Queria convocar seguidores. Além de amar desesperadamente aquele lugar. E eu o entendia, mas é claro que entendia! Nunca tive uma família também. Sei como é ser odiada. Evitada. Talvez por isso seja tão sedenta pelo amor dos outros. Gosto de vê-los ter o que eu nunca tive e nunca terei.

E preciso confessar que, em determinado momento, eu senti o mais próximo de confusão mental que uma besta como eu poderia sentir. Um misto de admiração, medo e decepção.

Cerca de vinte anos havia-se passado, e eu estava ainda superando o trauma lá das bandas do Fürer. Àquela altura, Rudy já havia começado a correr entre as nuvens, ao som do acordeão celestial que o papai Hans recebera. Meu emocional estava destruído, obviamente. No entanto, pelo que parecia, eu estava prestes a passar por tudo aquilo outra vez. E embora tentasse negar a mim mesma, sabia que era verdade. Eu prevejo o futuro. Meus olhos me dizem.

Sendo assim, resolvi apenas caminhar sem rumo e seguir meu outro menino. Sentei-me num banco de praça apenas para observar.

Voldemort desfilava entre as tortuosas ruas de Godric's Hallow. Seus sapatos ecoavam, e o vento seco de fim de Outubro balançava alguns fios de seus cabelos, cuidadosamente escovados. Havia um sorriso de vitória em seus lábios, e a expressão de seu rosto me deixou um pouco nervosa.

— Então, meus caros bruxos londrinos. Imagino que saibam o porquê de estarem aqui.

Embora a praça estivesse lotada, todos permaneciam em silêncio. Voldemort soltara um riso cínico e satisfeito, balançando a cabeça.

— Okay, okay — continuou, pigarreando — Então vamos ao que interessa, não é mesmo? Bem... Convoquei-vos aqui para fazê-los uma proposta. Uma pequena e simples proposta...

Enquanto discursava, Voldemort caminhava, de um lado para o outro, com as mãos entrelaçadas, atrás das costas. Nem sempre olhava para o público.

— Creio que todos tenham a consciência do quão suja anda se tornando nossa comunidade bruxa... Não dá mais para sujar minhas próprias mãos dia após dia, se esses pobres coitados continuam a procriar.

Assustei-me ao vê-lo se referir aos não-bruxos como se fossem animais. Eu já deveria esperar isso dele. Mas uma mãe nunca espera.

— Que fazer, então? — indagou, mais para se mesmo, do que para os demais. Sua voz estava ainda mais alta naquele momento, em decorrência de um feitiço ampliador — Perguntei-me isso ano após ano, sem encontrar uma resposta plausível. No entanto, se vocês me ajudarem, podemos, juntos, derrotar a terrível praga que nos atormenta durante toda a nossa vida. Somos a classe dominante. A espécie mais forte da seleção natural. Merecemos à sua subordinação!

Um som de gritos juntou-se, em coro, àquelas duras palavras. Palmas foram oferecidas, e, em resposta, um agradecimento sincero. Voldemort riu, mais uma vez, pedindo silêncio.

— Para uma mais fácil identificação, portanto, preciso que me ofereçam o braço esquerdo. Farei uma marcação enfeitiçada. Dessa forma, sempre que precisar, poderei convocá-los através dela. Uma espécie de comunicação entre nós. Perguntas? Algum comentário?

Um garoto magricela levantou a mão, bem no meio daquela multidão.

— Sim, Black. A palavra é sua.

— E o que acontece se a pessoa recusar?

— Está pensando em desistir, é, priminho? — Bellatrix Black debochou, com uma risada macabra e perversa — Diz pra ele, Lord. Diz pra ele o que faremos com os traidores de sangue.

— Por que o senhor negaria a marca? — meu menino perguntou, muito calmamente.

— Só uma curiosidade, Lord.

— Ótimo — meu menino sorriu, e então, como um último aviso, bradou: — Para os desavisados, preciso lembrar que traidores de sangue são tão sujos quanto os próprios sangue-ruins. Mais alguém tem algo a dizer? Não? Ótimo. Por gentileza, façam todos uma fila para eu distribui-los a Marca Negra.

Um a um, os bruxos de famílias ricas se enfileiraram diante de seu novo imperador. Voldemort estava no ápice de felicidade ao vê-los todos tornando-se seus servos.

Os primos Black foram os últimos da fila. Observei meu menino dar tapinhas nas costas do bruxo que ainda estudava em Hogwarts. Regulus apenas estendeu o braço, relutantemente, e sentiu a queimadura escurecer em sua pele, tomando o formato de uma cobra, saindo de um crânio.

*Uma breve explicação*

A cobra é o símbolo que Salazar Slytherin utilizou para classificar os dignos de sua casa. Voldemort colocou-a na Marca Negra.

— Não tenha medo, meu pobre garoto — o bruxo mais velho sorriu, entre sussurros — Eu confio em você. Aposto que será um de meus melhores soldados. Vai dar tudo certo. E aliás, as garotas irão venerá-lo. Aposto que vão.

Então, com um aceno, dispensou o penúltimo da fila. Logo atrás, Bella encarou-o, em completa admiração, alguns poucos minutos sem nada dizer.

— Dê-me o seu braço, mulher!

— Darei o meu braço e tudo o que precisar — sussurrou, de modo atrevido, enquanto sentia sua pele queimar — Lord.

— Gosto de como isso soa.

— Eu também.

Lady Bellatrix arrastou os dedos sobre os ombros de seu ídolo. Procurava parecer o mais provocativa possível, no entanto, Voldemort lhe ofereceu um riso desdenhoso ao tirar seus dedos dali.

— Não é hora para isso, Bella.

— É sempre hora para isso, Lord — sussurrou perigosamente perto, com um risinho também. Tascou-lhe um beijo agressivo, antes de partir: — Tenho alguns trouxas à minha espera.

— Queime-os por mim, mulher!

— Adeus!

E então, Bella aparatou.

Nunca havia visto meu menino tão satisfeito como naquele momento. Ele transbordava prazer em seus movimentos. Sentia-se verdadeiramente Lord. E eu temia, muito mesmo, a guerra que ele planejava.

Em contrapartida, o doce e gentil Alvo Dumbledore criou a Ordem da Fênix. Um grupo de bruxos que treinavam para combater os servos de Voldemort e suas ideologias perigosamente preconceituosas.

Duelos foram travados durante anos a fio. Vidas foram desperdiçadas, e eu vi cada cor que elas tinham.

É interessante pensar sobre as cores. Naquele momento, assim como ocorreu na Alemanha, havia um arco-íris enorme se estendendo para mim. Bruxos, trouxas, abortos, gigantes, goblins, lobisomens... Cada um tinha uma alma diferente. Eu não aguentava mais! Estava cansada!

Nem mesmo os pobres elfos foram poupados. Lembro-me de ter quase levado Monstro, não fosse pela sua magia de elfo doméstico. Monstro contou tudo a seu mestre, e este, já farto de tudo aquilo, foi até onde Voldemort havia deixado a criatura para testar a segurança de uma de suas horcruxes, o medalhão.

Regulus, com sua audácia, criou uma cópia do medalhão. Substituiu-o lá no esconderijo, onde Monstro havia sido posto, e bebeu toda a poção que era preciso, antes de adquirir o medalhão verdadeiro. O mesmo líquido que seu elfo fora imune. No entanto, antes que pudesse escapar de mim, sua sede fora enorme. Eu queria poder dá-lo um pouco de água, mas não adiantaria muita coisa. Regulus, então, inclinou-se para fora da ilha, para beber a água do pequeno mar. Infelizmente, algumas criaturas puxaram-no para o fundo.

Em todo caso, o único servo do bem que Voldemort teve, e também o mais jovem, tivera que ser levado por mim. Um menino tão bom... Carreguei-o no colo, acariciando seus cabelos negros. Queria poder tê-lo dito que tudo ficaria bem, que Monstro destruiria a horcrux. Infelizmente, eu sabia que aquilo não aconteceria. E meu coração apertava só de pensar.

*Mais uma curiosidade*

A poção tomada chama-se Poção do Desespero. A pessoa que a ingere perde o controle mental. Suas memórias são alteradas. Sente uma dor profunda na alma. Acredite, eu sei como é.

Aquela guerra era totalmente inútil, e eu não sabia o que pensar de meu menino. O Tom do orfanato havia voltado com força. E eu realmente temia o que ele seria capaz de fazer aos cinquenta anos de idade.


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