O menino que colecionava Horcruxes escrita por Maga Clari


Capítulo 6
Clube do Slugh


Notas iniciais do capítulo

Demorei dessa vez, não foi? Mil desculpas.
Estou participando do desafio do nyah de sci-fi e tenho tido pouco tempo.
Hoje me dei conta de que Bella não era nascida nessa época. Peço desculpas por isso também. Vamos transformar essa fic num UA, tudo bem pra vocês?
Aceitam isso? Um universo onde Bella é muito mais velha que em Harry Potter... E alguns personagens que não descobri a idade também. Já que foram os primeiros comensais, suponho que sejam dessa época.
Hope you enjoy!



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Apesar de lidar com este tipo de coisa o tempo inteiro, preciso confessar que meu colega de ofício começou a me assustar, dia após dia.

Como já comentei no início da história, eu fui obrigada a levar todas as cores de meus humanos. No entanto, Tom Riddle parecia sentir algum prazer especial em fazer aquilo. E o modo como ele o fazia me assustava profundamente.

Durante todo aquele ano de puro horror, Tom atraía estudantes para o banheiro feminino — o banheiro que havia sido transformado em câmara, no subterrâneo — para que pudesse concretizar os desejos de seu tão estimado parente, Salazar Slytherin.

*Uma pequena observação*

Slytherin era um homem de família renomada e aristocrática. Acreditava nos bons costumes, além de super valorizar sua comunidade mágica. Por estes motivos, imaginava que o mundo seria um lugar melhor sem os não-mágicos. Sua casa, Sonserina, prendia essas crenças no peito, desprezando trouxas e abortos, como se estes fossem os piores dos vermes habitantes da Terra.

Tendo isto como plano de fundo, Tom sentiu-se orgulhoso de ter o mesmo sangue que o criador de sua tão adorada casa. É importante recordar o quanto a descoberta de Hogwarts fora importante para ele, uma vez que meu menino sempre fora o esquisito e desconjuntado. Agora, encontrando-se ali, a perspectiva de poder e razão de vida dominava seu espírito austero.

O tempo inteiro Tom fora visto perguntando, pesquisando, se informando sobre os mais variados assuntos. Confundido com apenas um curioso — ou quem sabe um cientista, ou ainda um futuro Ministro —, os professores, alunos mais velhos e funcionários da escola sempre o mantinham por dentro de tudo que ele desejava saber.

E fora assim que Tom Riddle descobrira sobre seu passado. Durante buscas incessantes, conseguira construir a sua árvore genealógica, xingando a si mesmo quando soube que era metade trouxa por causa de seu pai. Ora, mas como seria possível uma bruxa, como a sua mãe, morrer logo após o parto? Isso era mesmo verdade?

Tomado por um súbito ódio de seu pai, Tom resolvera extirpar o sobrenome dele do seu, usando-o pela última vez na câmara secreta, quando escrevera na parede de pedras a frase tão assustadoramente perigosa, I am Lord Voldemort.

— Gosta de meu novo nome, mulher?

— Soa bastante aristocrático, não é? — Bella sorrira malignamente, falando com ele em sussurros — Lord... Combina perfeitamente com você.

— Você pode ser a Lady, se quiser — respondeu, usando o seu charme, como sempre fazia. Ah, como ele adorava aquilo!

*Uma pequena nota sobre Bellatrix Black*

Aquela breve frase transformou-se numa enorme ferida. Bella carregou-a no peito por toda a vida, como uma cólera incurável. Nunca se perdoaria por ter acreditado que um dia seria a Lady de Tom.

Em todo caso, daquele dia em diante, nosso menino manipulou seus seguidores para que chamassem-no de Lord Voldemort e nunca — em hipótese alguma — de Tom Riddle.

E embora o resto da escola não conhecesse seu novo nome, o jovem Voldemort sentira-se como se estivesse no ápice de seu reinado de glória. Tamanha era a importância dada ao título de Lord, que este começara a mandar e desmandar, como se mesmo fosse dono de alguma coisa em Hogwarts.

Meu menino e seus seguidores desfilavam pelos corredores, e quase todos os respeitavam como se fossem celebridades. Bonitos, simpáticos, charmosos, inteligentes e perspicazes. Quem não os idolatraria? Até mesmo eu, se fosse humana, sentiria uma admiração por aquele grupo de alunos-estrelas.

E como se não bastasse tudo isso, Voldemort fora nomeado Monitor da Sonserina, junto com sua querida Bellatrix, tendo como chefes apenas Avery e uma garota bonita que nunca descobri seu nome. Para Voldemort, aquilo não era importante, portanto, nunca cheguei a saber.

Burra, burra, burra! Eu devia tê-la seguido. Devia ter pressentido que ela seria mais uma de suas vítimas. Ora, mas é claro que para ele não importava. A pobre menina tinha os dias contados... O monitor inciara sua caça aos sangues-ruins dentro de sua própria casa. Salazar nunca permitiria trouxas na Sonserina.

Passei um bom tempo longe daquela escola, preferindo espairecer um pouco, respirar outros ares. Tom estava me decepcionando, eu não queria mais vê-lo. Pelo menos, não daquele jeito sombrio e psicótico.

Preferi perseguir o menino de cabelos cor-de-limão, e minha menina roubadora de livros. Afinal, ambos sempre me arrancavam sorrisos tolos e ingênuos. E eu adorava isso!

No entanto, meu ofício me obrigara a retornar para aquelas bandas para lá da Bretanha. Havia uma grande quantidade de almas para serem levadas por mim. Meu coração — se é que você consiga crer que eu também tenha um — batia ruidosamente enquanto eu caminhava em direção à câmara secreta.

Senti um imenso alívio ao terminar de levar a última delas. Eu já estava com ela em meus braços, preparando-me para levitá-la, quando a menina de óculos redondos implorou-me para deixá-la ficar.

— Por favor... — suplicou-me com uma voz doce, porém aterrorizada — Por favor, eu não quero ir agora... Quero proteger meus futuros colegas!

Aquelas palavras flutuaram até a mim como um soco no estômago. Respirei fundo e então resolvi deixá-la assumir o banheiro. Por favor, faça isso! Tentei dizê-la, mas ela nunca ouviria... Apenas coloquei-a de volta à pia de porcelana.

*A última vítima do basilisco naquele ano*

Murta era o nome dela. Traidora de sangue. Aluna da Corvinal. Extremamente inteligente. Ameaça a Voldemort. Desconfiava dele há tempos. Deixei-a lá de pirraça.

O irônico é que a popularidade daquele grupo de Sonserinos era grande demais para que alguém suspeitasse. Murta, entretanto, nunca simpatizara com alguns deles. Espalhava fofocas, e muitas delas chegavam aos ouvidos de Voldemort.

Apesar disso, o desaparecimento de centenas de alunos nunca passaria despercebido à Armando Dippet. Este, por sua vez, tivera que cancelar temporariamente as aulas, afinal, não queria por em risco seus alunos. Principalmente após inúmeras cartas dos pais questionando o que diabos estaria acontecendo. Seus filhos se comunicavam com eles, esbanjando terror em suas palavras.

Há muito tempo eu não via medo e desespero nos olhos de meu menino. A possibilidade de voltar ao orfanato Wool, e perder todo o seu reinado em Hogwarts, perturbou-o dia após dia.

— Você não tocou em sua comida hoje — comentou um de seus bajuladores, Mulciber, caso não esteja enganada.

— E desde quando é do seu interesse o que eu coloco ou não coloco em meu estômago?

— Só achei estranho — encolheu-se, sentindo-se repentinamente pequeno, principalmente por ser anos mais novo que seu ídolo.

— Tenho assuntos a tratar — anunciou, levantando-se da mesa da Sonserina — Aproveitem o resto do desjejum sem mim. E, ah! Mulciber, tome cuidado com os explosivins. Lembro-me de ter me machucado no ano em que tive essa aula.

O terceiranista sorriu com o último comentário. Era assim que Voldemort conseguia a confiança de seus servos. Fingia preocupação e cuidado para com eles. Parecia ser um pai protetor.

Mas o que realmente preocupava meu menino era a possibilidade de Hogwarts fechar as portas para sempre. Teria que bolar um plano, afinal. Resolvera pensar à respeito a manhã inteirinha. Caminhou pelos jardins até que encontrou a solução para o problema:

— Vem, Aragogue. Está segura aqui. Ora, vamos, menina...

Coloquei a cabeça por detrás de abóboras imensas, dando uma espiada numa das figuras mais interessantes da escola.

Rúbeos Hagrid caminhava alegremente com seu bichinho de estimação. Na verdade, tratava-se de uma aranha filhote. Imagino que a tenha encontrado na Floresta Proibida.

No entanto, meu sorriso se desfez ao ver o semblante arrepiante surgir no rosto de Tom. Aquela expressão que ele sempre fazia antes de aprontar alguma coisa.

Tempos depois, soube que ele havia incriminado o pobre coitado por usar Aragogue para machucar os alunos. Entretanto, Armando Dippet — tendo o apoio fervoroso do Professor Dumbledore — sabia que se isso fosse verdade, Hagrid não teria feito intencionalmente. Por este motivo, o jovem e desajeitado bruxo tivera sua varinha quebrada, mas, lhe fora concedido o título de guarda-caça, e o direito de morar nas imediações do castelo, tendo uma casa construída lá nos jardins para ele.

Voldemort não ficara cem por cento satisfeito, afinal, tão traidor de sangue como os abortos e trouxas, um meio-gigante também deveria ser afastado da sociedade bruxa. Mas não quisera intrometer-se muito naquilo. Estava feliz em Hogwarts continuar funcionando, afinal.

E após um verão agitado — verão este que passara tendo Hogwarts como porto-seguro, após uma súplica bem teatrada ao diretor —, o jovem sonserino recebera com muita alegria uma carta durante a noite da seleção das casas no segundo semestre de 1943.

*Anexo da carta recebida*

Prezado senhor Riddle,

Venho através desta carta convocá-lo para um chá em minha sala. Esteja presente às dezenove horas do dia de hoje. Sua presença será essencial nesta e nas futuras reuniões. O senhor acaba de ser aceito no chamado Clube do Slugh, que durará até o seu último ano em Hogwarts. Venha com trajes à rigor. Será uma festança!

Meus sinceros votos de carinho,

Professor Slughorn

PS: Pode convidar uma companheira, caso queira.

Meu menino dobrara a carta e a guardara no bolso das vestes. Convidar uma companheira, lembrou-se do que o professor escrevera. Eu juro que pensei que ele chamaria a pobre Bella. No entanto, Voldemort não permitiria espaços para amizades ou romances; preferia brilhar sozinho.

Não a chamaria, afinal.

Hesitei, sentindo-me gradualmente mais decepcionada com ele. Levantei-me junto com o mais novo membro do Clube do Slugh, e assisti à sua jornada em tentar parecer o mais bem trajado de Hogwarts.

Eu não tinha muita paciência para aquilo. Optei por voltar à rua Himmel, e aproveitar o pouquíssimo tempo que me restava para apreciar o meu Jesse Owens correr.

Aquele seria o seu último ano, e eu não estava emocionalmente preparada para levá-lo.

Pode parecer estranho, mas não sou eu que escolho o tempo de vida de ninguém. Por mim, todos vocês viveriam para sempre!

E eu juro de verdade que adoraria que o pequeno Tom do orfanato pudesse transformar-se numa boa pessoa antes que eu tivesse que levá-lo.

Mas nem sempre temos tudo o que desejamos, não é mesmo?


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