Mistérios da Meia-Noite escrita por LadyWolf


Capítulo 23
Capítulo XIX: Obrigado




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Os dias se passaram rapidamente e logo chegou o dia em que Maurício iria buscar Luísa. Ele se preparava para sair quando Vovô, de repente, apareceu atrás dele.

– Já está indo? - perguntou o velho.

– Sim.

– Nossa, isso está horrível. - disse olhando o rosto deformado de Maurício.

– Uhum, obrigado pelo elogio. - disse virando de costas e andando até a porta.

– Espera, Maurício.

– O que foi? Vai queimar o outro lado do meu rosto agora?

Vovô ficou calado sem dizer uma palavra. Maurício suspirou e se virou em sua direção.

– Desculpa.

– Não, você tem razão... Eu peguei pesado demais com você. - Vovô foi até uma das estantes e de lá tirou uma caixa. - Aceite isso como um pedido de desculpas.

– Não precisa, Vovô. - disse Maurício.

– Por favor, garanto que vai gostar.

– Tá... - Maurício pegou a caixa e a abriu. Dentro havia uma máscara de couro que tapava a testa e metade do rosto.

– Eu fiz para você esses dias. Acho que vai ser muito útil.

Maurício pegou a máscara e a colocou sobre o rosto, em seguida indo se olhar no espelho.

– Até que ficou boa. - ele abriu um sorriso. Todas as queimaduras agora estavam cobertas. - Obrigado, Vovô. Agora vou lá buscar a Luísa.

– Está bem. Cuidado no povoado!

– Pode deixar.

Maurício colocou o capuz do sobretudo e saiu de casa.

...

Enquanto isso, Luísa estava em seu quarto arrumando uma mochila e pensando em como iria dizer tudo para seus pais. Ela não tinha coragem de falar, então teve a ideia de escrever uma carta. A garota arrancou uma folha de seu caderno – de biologia, por coincidência -, pegou uma caneta e começou a escrever.

"Mamãe e papai,

Me desculpem por ir embora desse jeito, mas é necessário. Nem sei por onde começar... Há alguns meses atrás entrou um professor subistitudo de biologia, o Maurício Linhares. Lembram que falei dele algumas vezes? Então, na noite que sumi um homem chamado Bernardo, que conheci na igreja, jogou o Henrique contra a parede e depois tratou de me raptar. Ele quase abusou de mim, mas o Maurício apareceu antes de qualquer coisa acontecer e me salvou. Só que tem muito mais por trás disso: os dois são lobisomens (eu sei que não vão acreditar, mas é verdade!) e Maurício está com medo de Bernardo vir atrás de mim. E o pior é que ele não pode mais ficar no povoado para me proteger, pois tem um caçador de lobisomens rondando o povoado. Bem, eu sei que essa história é meio maluca, mas foi isso que aconteceu. Não se preocupem, eu vou ficar bem. Eu amo vocês.

Com carinho,

Luísa."

Luísa colocou a carta em um envelope e foi se deitar para esperar a hora em que Maurício chegaria. Não demorando muito seus pais vieram a dar "boa noite" e as luzes da casa se apagaram. A menina ficou deitada até às onze horas, até que ouviu um barulho na janela. Ela levantou assustada e viu Maurício sorrindo.

– Boa noite. - disse ele sentado na janela. Estava escuro, mal podia-se ver a máscara em seu rosto.

– M-Mau... - disse se lembrando do que havia descoberto sobre sua vida anterior, um sorriso tomou conta de seu rosto.

– O que foi? Parece... Feliz?

– Mau, eu descobri uma coisa esses dias. - Luísa foi até frente ao homem, agora percebendo algo mais escuro. - Eu sou a Rosa.

– O-O QUE!?

O lobisomem se desequilibrou na janela e caiu da janela, se espatifando na grama dois andares abaixo.

– Mau! - sussurrou a menina indo ver como ele estava.

– E-Eu tô legal... - saiu quase que um gemido.

– Fica aí mesmo, já estou indo!

A garota pegou a mochila e a carta sobre a escrivaninha e deixou o seu amado quarto. Quando chegou a sala vazia sentiu um nó na garganta e sentiu vontade de chorar. Mas estava certa do que queria fazer e não voltaria atrás de jeito nenhum. Luísa deixou a carta sobre a mesinha de centro, abriu a porta e deu uma última olhada na sala. Deixaria tudo para trás pela segurança de todos.

– "Mamãe, papai... Obrigada." - e fechou a porta.

– Então, o que estava falando sobre a Rosa? - perguntou o homem aparecendo atrás dela.

– Sábado passado eu fui ao centro de uma amiga, e a mãe de santo me contou sobre a minha passada. Ela disse que eu amava muito um homem que tinha uma fera dentro de si e que acabou me matando... E eu não consegui pensar em outra coisa...

– E-Então... - os olhos castanhos se encheram de lágrimas. - Rosa...

– Mau!

Ele a abraçou com força em meio ao choro. Agora ele entendia muito bem a visão que teve dias atrás e o que reconhecia no brilho de olhar de Luísa, o porquê de tanta atração por uma menina de apenas dezessete anos de idade. Maurício agora agradecia a todos os deuses de todas as crenças por trazer a sua pequena Rosa de volta aos seus braços.

– Mau... E isso...? - perguntou somente agora na luz conseguindo ver a máscara.

Luísa já ia colocar a mão na mesma, mas Maurício a impediu.

– Não.

– Por que?

– Alguma outra hora eu te conto.

– Mau!

– É sério...

– Hunf... Tá...

– Vamos?

A menina balançou a cabeça de forma positiva e os dois saíram dali indo em direção ao bosque.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será sobre o nosso caçador!