Maurício POV

"Quando vi as gotas de prata virei o rosto para o lado tentando fugir. Eu sabia que podia muito bem lançar Vovô longe, mas tinha compaixão daquele velho. Foi ele quem me acolheu quando eu mais precisava e me ensinou tudo o que sei hoje. Se eu o machucasse, seria totalmente ingrato.

Senti a prata cair sobre a pele. Aquilo queimava, e MUITO! Senti como se meu rosto estivesse pegando fogo e caí de joelhos no chão. A única coisa que consegui fazer foi gritar e chorar como uma criança. Sentia a pele borbulhar, penetrando parte dos músculos.

– O remédio está sobre a mesa. - foi a única coisa que ouvi quando Vovô me pegou pelo braço e me jogou para fora do laboratório. A porta se bateu mais uma vez.

Agora estava sozinho, em meio a sala escura e vazia. Me arrastei até a mesa e lá encontrei um pote e gazes. Foi então que percebi que Vovô não desejava me matar. Puxei tudo para o chão e abri o frasco de vidro, despejando bastante sobre uma das gazes e pondo-a no rosto. Senti uma dor ainda mais forte, mas que logo depois começou a cessar. Em poucos minutos só sentia pinicar por causa do remédio e finalmente a dor insuportável passou.

Suspirei aliviado. Havia tido um dia tão maravilhoso ao lado de Luísa. Por que tinha que ter acabado dessa forma? Me levantei do chão e fui até o espelho ver como estava a situação. Respirei fundo e retirei a gaze do rosto bem devagar. A parte destra de meu rosto estava em carne viva, totalmente queimada.

– Eu sou um monstro.

Foram as únicas palavras que consegui dizer. Soquei a parede fazendo um buraco na mesma e voltei a chorar. Minhas lágrimas eram de dor, raiva, revolta, medo, insegurança... O que Luísa iria pensar de mim agora? Conseguiria ela olhar na minha cara? Estava tudo perdido."