Mistérios da Meia-Noite escrita por LadyWolf
Maurício correu com Luísa nos braços até a cabana na floresta. O lobo pensou que o povoado era o lugar menos seguro naquele momento. Dois ômegas querendo arrancar-lhe a cabeça mais um caçador com balas de prata. A situação realmente não era das melhores.
– Vovô? - perguntou quando chegaram. Ele procurou por todos os cantos da casa, enquanto Luísa observava cada detalhe daquela velha construção. - Ele não está.
– É aqui realmente que o senhor mora, professor?
– Hã? Ah... - somente agora havia caído a ficha de Maurício. Ele acabava de levar sua aluna para o seu esconderijo secreto desde a época em que assassinou a adorável Rosa. - Sim, senhorita Luísa... Moro aqui com um velho senhor que me acolheu há muito tempo atrás.
– Isso tem a ver com você se transformar em um lobo? Lobisomem...? Homem lobo... Sei lá!
Maurício suspirou e fez um gesto para que a menina se sentasse no sofá.
– Sente-se, vou te contar a minha história.
...
Enquanto isso, no velho casarão, Bernardo estava deitado na cama sentindo fortes dores graças aos tiros que havia recebido. Lívia, ainda ferida, tentava estancar o sangue que saía de seu velho amigo.
– DROGA! - berrou Bernardo mordendo o lábio inferior. - CADÊ AQUELE VELHO INFELIZ!?
Toc toc toc. Alguém bateu a porta.
– Deve ser ele. - disse Lívia já se levantando. - Não morre não, Bê. Aguenta aí.
– Vou tentar. - o homem riu.
A loira olhou no olho mágico e viu a figura do velho senhor de barba branca que vestia uma velha túnica marrom. A mão foi até a chave e ela destrancou a porta.
– Antes tarde do que nunca. - reclamou a mulher.
– Boa noite, senhorita Lívia.
– Entra logo. - disse o puxando para dentro do apartamento e passando a chave na porta outra vez.
– Bernardo! Quanto tempo! - disse Vovô já indo observar o que havia acontecido com o homem.
– Corta essa, pai. Você nunca ligou pra mim. - reclamou.
– Ah... Adorável como sempre. - disse sorrindo. - Onde posso lavar as mãos?
– Ali. - disse a mulher indicando a pia do outro lado do quarto, que seria a parte da cozinha.
Vovô largou a maleta no chão e foi lavar as mãos. Quando voltou pôs as luvas de borracha que havia dentro da mesma e foi "cutucar" as feridas de Bernardo.
– Hum... Isso tá feio mesmo. - disse observando atentamente. - Isso é prata?
– S-sim. - respondeu o homem meio que gemendo. - Aquele caçador idiota sabia realmente o que estava fazendo.
– Meu filho, você só recebeu o que estava merecendo.
– Vai começar... - suspirou Bernardo.
– Você matou muita gente e estuprou mulheres... - disse indo procurar algo na mala. Era uma seringa e um vidrinho com líquido transparente que tratou de colocar na primeira. - E ainda por cima foi se meter com um alpha, é lógico que ia acontecer alguma coisa ruim.
– Você tá defendendo aquele almofadinha do Maurício!?
– Moça, me ajude a segurá-lo por favor.
Lívia somente fez que sim e foi segurar o braço de Bernardo.
– Que droga é essa? Pai! PAI!
Vovô enfiou a agulha da seringa na veia do braço esquerdo de Bernardo. O homem quase gritou, e se sacudiu todo na cama. Aquele líquido ardia em seu corpo como se fosse ácido.
– O-o que foi isso...? - perguntou ofegante logo depois que a agulha foi retirada.
– Nem queira saber. - disse o velho rindo. - Mas vai te ajudar a melhorar.
– VOCÊ NUNCA ME DIZ NADA!
– Anos e anos de pesquisa não podem ser jogados fora dessa forma, meu caro Bernardo.
– HUNF!
– Agora tente dormir um pouco. - disse Lívia sentando-se na cama e fazendo cafuné no ômega.
– E o outro, não vai sentir sua falta?
– Quem? O Maurício? Ah, talvez um pouco... Mas qualquer coisa digo que passei a noite pesquisando no bosque.
...
Maurício estava sentado no sofá de frente para Luísa. Ele contava a sua história para a garota que parecia estar cada vez mais impressionada.
– E foi assim que tudo aconteceu... - ele suspirou.
– Mas, por que ele me deseja tanto?
– Ômegas ficam loucos por... Bem... Você sabe né? De tempos em tempos. E quando cismam com alguém, o destino da pessoa é certa. Porém, ele deu de cara com um alpha e um caçador, então acabou se dando mal.
– Mas nada o impede de voltar...
– Luísa. - Maurício pegou em suas mãos e a olhou em seus olhos. - O vilarejo não é mais um lugar seguro nem para você e nem para mim. Aquele caçador muito em breve vai vir atrás de mim, eu sei muito bem disso. Já não é de hoje que...
– Espera! - a mente de Luísa deu um "estalo" - "Há uns vinte anos atrás o coronel tinha uma filha chamada Rosa. Essa moça era uma jovem muito bonita e todos os homens da cidade a desejavam. - disse o pai de Luísa.
– Mas só um conseguiu a ter. – completou a mãe.
– Me lembro bem dessa história. – disse o tio tendo um ataque de tosse.
– Esse homem se chamava… – disse a mãe.” Professor, você foi o lobisomem que assassinou a filha do coronel! Estávamos falando disso lá em casa outro dia!
– O-O que? Ainda falam disso?
– Mas foi você quem matou também as outras pessoas?
– Não. Foi o Bernardo, provavelmente junto com aquela outra ômega, a Lívia. Mas o caçador não sabe disso... - disse soltando as mãos da menina devagar. - Para ele todos os lobisomens não passam de bestas assassinas, mas eu não sou assim. Sempre me transformei bem longe das pessoas. O que aconteceu com Rosa foi uma fatalidade, e eu nunca vou me perdoar por aquilo.
De repente Maurício olhou mais uma vez nos olhos de Luísa e viu um brilho diferente. Um brilho que somente agora ele havia percebido.
– R-ROSA? - o homem caiu do sofá.
– !? - Luísa ficou totalmente confusa. - Professor, você tá bem?
– E-Está. Está tudo bem. Só devo ter batido a cabeça com força, sei lá. - disse Maurício levantando. - Vou arrumar uma roupa melhor pra você.
O homem saiu de cena totalmente confuso. Ele havia realmente visto o olhar de Rosa em Luísa. O que estava acontecendo? Por que logo em Luísa? Maurício pegou uma blusa e uma calça de moletom no armário e voltou a sala.
– Aqui, senhorita. Vai ficar um pouco grande, mas é melhor do que um vestido rasgado certo?
– Obrigada, professor. - Luísa pegou as roupas e sorriu. - Ér...
– Ah, pode se trocar aqui. Eu vou até o rio, preciso tomar um banho e cuidar desses machucados, tá? Qualquer coisa é só gritar.
– Está bem.
E Maurício deixou a casa pela porta dos fundos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
No próximo capítulo teremos a visão da Luísa sobre tudo o que está acontecendo o