Mistérios da Meia-Noite escrita por LadyWolf


Capítulo 16
Capítulo XII: Um pouco da verdade




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Maurício correu com Luísa nos braços até a cabana na floresta. O lobo pensou que o povoado era o lugar menos seguro naquele momento. Dois ômegas querendo arrancar-lhe a cabeça mais um caçador com balas de prata. A situação realmente não era das melhores.

– Vovô? - perguntou quando chegaram. Ele procurou por todos os cantos da casa, enquanto Luísa observava cada detalhe daquela velha construção. - Ele não está.

– É aqui realmente que o senhor mora, professor?

– Hã? Ah... - somente agora havia caído a ficha de Maurício. Ele acabava de levar sua aluna para o seu esconderijo secreto desde a época em que assassinou a adorável Rosa. - Sim, senhorita Luísa... Moro aqui com um velho senhor que me acolheu há muito tempo atrás.

– Isso tem a ver com você se transformar em um lobo? Lobisomem...? Homem lobo... Sei lá!

Maurício suspirou e fez um gesto para que a menina se sentasse no sofá.

– Sente-se, vou te contar a minha história.

...

Enquanto isso, no velho casarão, Bernardo estava deitado na cama sentindo fortes dores graças aos tiros que havia recebido. Lívia, ainda ferida, tentava estancar o sangue que saía de seu velho amigo.

– DROGA! - berrou Bernardo mordendo o lábio inferior. - CADÊ AQUELE VELHO INFELIZ!?

Toc toc toc. Alguém bateu a porta.

– Deve ser ele. - disse Lívia já se levantando. - Não morre não, Bê. Aguenta aí.

– Vou tentar. - o homem riu.

A loira olhou no olho mágico e viu a figura do velho senhor de barba branca que vestia uma velha túnica marrom. A mão foi até a chave e ela destrancou a porta.

– Antes tarde do que nunca. - reclamou a mulher.

– Boa noite, senhorita Lívia.

– Entra logo. - disse o puxando para dentro do apartamento e passando a chave na porta outra vez.

– Bernardo! Quanto tempo! - disse Vovô já indo observar o que havia acontecido com o homem.

– Corta essa, pai. Você nunca ligou pra mim. - reclamou.

– Ah... Adorável como sempre. - disse sorrindo. - Onde posso lavar as mãos?

– Ali. - disse a mulher indicando a pia do outro lado do quarto, que seria a parte da cozinha.

Vovô largou a maleta no chão e foi lavar as mãos. Quando voltou pôs as luvas de borracha que havia dentro da mesma e foi "cutucar" as feridas de Bernardo.

– Hum... Isso tá feio mesmo. - disse observando atentamente. - Isso é prata?

– S-sim. - respondeu o homem meio que gemendo. - Aquele caçador idiota sabia realmente o que estava fazendo.

– Meu filho, você só recebeu o que estava merecendo.

– Vai começar... - suspirou Bernardo.

– Você matou muita gente e estuprou mulheres... - disse indo procurar algo na mala. Era uma seringa e um vidrinho com líquido transparente que tratou de colocar na primeira. - E ainda por cima foi se meter com um alpha, é lógico que ia acontecer alguma coisa ruim.

– Você tá defendendo aquele almofadinha do Maurício!?

– Moça, me ajude a segurá-lo por favor.

Lívia somente fez que sim e foi segurar o braço de Bernardo.

– Que droga é essa? Pai! PAI!

Vovô enfiou a agulha da seringa na veia do braço esquerdo de Bernardo. O homem quase gritou, e se sacudiu todo na cama. Aquele líquido ardia em seu corpo como se fosse ácido.

– O-o que foi isso...? - perguntou ofegante logo depois que a agulha foi retirada.

– Nem queira saber. - disse o velho rindo. - Mas vai te ajudar a melhorar.

– VOCÊ NUNCA ME DIZ NADA!

– Anos e anos de pesquisa não podem ser jogados fora dessa forma, meu caro Bernardo.

– HUNF!

– Agora tente dormir um pouco. - disse Lívia sentando-se na cama e fazendo cafuné no ômega.

– E o outro, não vai sentir sua falta?

– Quem? O Maurício? Ah, talvez um pouco... Mas qualquer coisa digo que passei a noite pesquisando no bosque.

...

Maurício estava sentado no sofá de frente para Luísa. Ele contava a sua história para a garota que parecia estar cada vez mais impressionada.

– E foi assim que tudo aconteceu... - ele suspirou.

– Mas, por que ele me deseja tanto?

– Ômegas ficam loucos por... Bem... Você sabe né? De tempos em tempos. E quando cismam com alguém, o destino da pessoa é certa. Porém, ele deu de cara com um alpha e um caçador, então acabou se dando mal.

– Mas nada o impede de voltar...

– Luísa. - Maurício pegou em suas mãos e a olhou em seus olhos. - O vilarejo não é mais um lugar seguro nem para você e nem para mim. Aquele caçador muito em breve vai vir atrás de mim, eu sei muito bem disso. Já não é de hoje que...

– Espera! - a mente de Luísa deu um "estalo" - "Há uns vinte anos atrás o coronel tinha uma filha chamada Rosa. Essa moça era uma jovem muito bonita e todos os homens da cidade a desejavam. - disse o pai de Luísa.

– Mas só um conseguiu a ter. – completou a mãe.

– Me lembro bem dessa história. – disse o tio tendo um ataque de tosse.

– Esse homem se chamava… – disse a mãe.” Professor, você foi o lobisomem que assassinou a filha do coronel! Estávamos falando disso lá em casa outro dia!

– O-O que? Ainda falam disso?

– Mas foi você quem matou também as outras pessoas?

– Não. Foi o Bernardo, provavelmente junto com aquela outra ômega, a Lívia. Mas o caçador não sabe disso... - disse soltando as mãos da menina devagar. - Para ele todos os lobisomens não passam de bestas assassinas, mas eu não sou assim. Sempre me transformei bem longe das pessoas. O que aconteceu com Rosa foi uma fatalidade, e eu nunca vou me perdoar por aquilo.

De repente Maurício olhou mais uma vez nos olhos de Luísa e viu um brilho diferente. Um brilho que somente agora ele havia percebido.

– R-ROSA? - o homem caiu do sofá.

– !? - Luísa ficou totalmente confusa. - Professor, você tá bem?

– E-Está. Está tudo bem. Só devo ter batido a cabeça com força, sei lá. - disse Maurício levantando. - Vou arrumar uma roupa melhor pra você.

O homem saiu de cena totalmente confuso. Ele havia realmente visto o olhar de Rosa em Luísa. O que estava acontecendo? Por que logo em Luísa? Maurício pegou uma blusa e uma calça de moletom no armário e voltou a sala.

– Aqui, senhorita. Vai ficar um pouco grande, mas é melhor do que um vestido rasgado certo?

– Obrigada, professor. - Luísa pegou as roupas e sorriu. - Ér...

– Ah, pode se trocar aqui. Eu vou até o rio, preciso tomar um banho e cuidar desses machucados, tá? Qualquer coisa é só gritar.

– Está bem.

E Maurício deixou a casa pela porta dos fundos.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo teremos a visão da Luísa sobre tudo o que está acontecendo o