No final do vilarejo de Piedade existe um velho casarão. Anteriormente o grande bordel Tentation - o mais famoso do lugar em seus tempos de ouro -, agora funciona como uma pensão barata. Na sacada de um dos quartos estava um jovem de aparentemente vinte anos de cabelos bem escuros e olhos azuis. Usava calça jeans e uma jaqueta de couro totalmente negra por conta do frio que fazia no mês de junho. Em sua mão estava o isqueiro que tratava de abrir e fechar impaciente.

Bernardo POV

“Meu nome é Bernardo Reis e sou um lobisomem do tipo ômega. Vim parar em Piedade após ser perseguido pela polícia há alguns meses atrás após estuprar onze garotas e, é claro, das notícias de morte de pessoas se espalharem pela cidade. Desde que encontrei aquele alpha na floresta - o tal Maurício -, confesso estar bastante receoso. Se ele souber algo sobre a raça dos ômegas, com certeza saberá sobre os cinco dias mais complicados que temos de meses em meses. Sangue fervendo, o corpo arrepiado, excitação total… Dá arrepios só de lembrar! Daqui a uma semana esses dias voltarão e já tenho que procurar as próximas vítimas.”

Eram dez horas da noite quando Bernardo percebeu. Ele guardou o isqueiro no bolso da jaqueta e se levantou para ir dar uma volta antes da meia-noite. As ruas do povoado já estavam se esvaziando. Os moradores com certeza estavam assustados após as primeiras notícias de mortes em série. Bernardo passou frente a uma casa azul, onde uma família se despedia. Ele entrou atrás de uma árvore e ficou a observar Luísa bastante interessado.

– “Carne boa, nova… Aposto que intocada.” – pensou ele já decidindo a próxima vítima.

Foi então que sentiu algo quente em sua perna. O homem olhou para baixo e viu um cachorro amarelo fazendo xixi na sua calça novinha.

– CACHORRO IDIOTA! – ele o chutou para longe, fazendo-o bater na parede sangrando pelo nariz.

Gabriel ouviu o barulho e correu para ver o que tinha acontecido. Bernardo subiu na árvore e se escondeu.

– Mamãe, papai! O cachorro!

– “Quase que esse pirralho me vê!” – pensou o rapaz olhando toda a cena de cima.

– Ele morreu!? – perguntou Gabriel fazendo o maior escândalo.

– Não sei, querido… - disse Isabella.

– Eu vou ligar para os pais da Clarisse! Eles são veterinários, vão saber o que fazer. – disse Ana correndo para o quarto, que coincidentemente ficava bem de frente para a árvore onde Bernardo estava.

– “Hum…” – pensou Bernardo a olhando procurar o número na agenda. A menina era tão linda… Parecia um anjo. Pena que se não se comportar em breve poderá estar morta.

Após ficar ali muito tempo observando Ana Luísa e a família, Bernardo deixou o local correndo para o bosque. Era noite de lobisomem. AUUUUUUU!