No capítulo anterior:

“–Durma bem, princesa. - disse e deu um meio sorriso. - Sua jornada só está começando, mas haja o que houver, eu estarei sempre contigo."

O dia logo amanheceu e Ariel e Legolas voltaram imediatamente para o castelo de Thranduil, onde Legolas propôs uma pequena reunião entre ele, Ariel, Thranduil e Lucy, para que os eles soubessem toda a verdade sobre Ariel e decidissem o melhor a se fazer.

–Deixe-me ver se entendi, você acabou de me dizer que Ariel é a princesa "morta" de Aragorn e Arwen? - Thranduil andava de um lado para o outro com a expressão confusa.

–Sim Ada, tudo bate com o que aconteceu depois da Guerra do Anel, e veja com os seus próprios olhos o antigo colar de Arwen, como ele poderia ter parado nas mãos de Ariel? - Legolas entregou o colar, que estava embrulhado em um pano élfico que Thranduil logo reconheceu sendo de Valfenda.

–Por Ilúvatar! Ariel é mesmo filha de Passolargo e da Estrela Vespertina! - Thranduil estava perplexo. - A profecia mais uma vez se concretizou, o Cinzento estava certo. Bom, o que devemos fazer agora é reunir a Sociedade do Anel, pelo menos o que restou dela, e entrarmos todos em um acordo. Partiremos amanhã para Gondor.

–Partiremos? - Legolas se pronunciou. - Ada, e quem tomará conta da Floresta das Trevas, o senhor é o rei, não pode simplesmente abandonar seu povo, como Ariel voltou, acredito que Sauron já tenha percebido, e se isso realmente aconteceu não tardará para que as trevas cresçam na Terra-Média! - Legolas estava com a voz um pouco exaltada, o que assustou a todos, inclusive a Thranduil pois o filho nunca teria contestado uma ordem dele.

–Sim, partiremos Legolas. Eu irei também, sou mais velho que você e conheço bem os perigos que correremos até a chegada em Gondor, portanto, não deixarei que duas elfas viagem sozinhas por uma terra totalmente desconhecida por elas. E quanto a Floresta das Trevas, ela ficará bem protegida em suas mãos. - disse e lançou um olhar sério para o filho, como em um confronto.

–O quê? Em minhas mãos? Que Ilúvatar e o senhor me perdoem, mas eu não obedecerei a essa ordem, eu também irei a Gondor afinal eu faço parte da Sociedade do Anel e prometi a Ariel que a protegeria de tudo e de todos. Perdoe-me, mas não poderei tomar conta da Floresta.

Ariel vendo o conflito entre Legolas e Thranduil não pode ficar calada, já estava um pouco nervosa pela situação.

–Então vamos todos, eu, Lucy, e vocês dois. E fim de reunião, quando partiremos Alteza?

–Amanhã mesmo, depois do desjejum pois a viagem é longa, cinco dias se formos rápidos. Hoje mesmo mandarei uma carta para Elrond e o encontraremos em Gondor.

–Ótimo! Com licença Altezas. - Ariel e Lucy fizeram uma breve reverência e saíram do aposento.

–Nossa Ariel, o que você tem que conquistou os dois de uma vez só? Passa a receita amiga! - Lucy disse rindo para a amiga e deu um soquinho de leve no braço dela.

–Conquistei os dois? Do que você está falando Lucy?

–Ah, conta outra que você não percebeu que toda aquela discussão ali era pra decidir quem iria levar você até Gondor, e pelo visto o rei não vai te entregar de bandeja pro príncipe, viu como ele ficou todo enciumado?

–Que exagero Lucy, só estão preocupados conosco. - Ariel ficou um pouco corada mas logo tentou disfarçar.

–Sei, mas então, princesa? Como se sente? Ansiosa, nervosa, feliz? Vai conhecer seus pais biológicos e terá que embarcar em uma missão que não parece nada fácil hein?

–Ah Lucy, está tudo um pouco confuso aqui em minha mente, mas eu acho que estou feliz, finalmente poderei conhecer minhas origens, minha verdadeira história, e quanto a missão, se é meu dever contribuir para que a paz daqui não acabe, eu farei isso pelo meu povo!

–É assim como uma verdadeira princesa deve agir! Estou tão orgulhosa de você! - Lucy a abraçou bem forte. - Pode contar comigo para o que precisar tá bom? Estamos nessa juntas!

–Obrigada Lucy! Você sim posso chamar de amiga/mãe/irmã!

Logo anoiteceu e tudo estava arrumado para a viagem, roupas, alimentos, algumas ervas e medicamentos élficos de primeiros socorros, além de armas de luta. Ariel estava muito ansiosa e ao mesmo tempo com medo, mas pediu proteção aos seus superiores e acreditou que tudo daria certo. Como não conseguiu dormir, ela resolveu andar um pouco pelo castelo, estava procurando alguma biblioteca, queria algo para ler, se distrair e quem sabe assim conseguir pegar no sono, até que encontrou uma porta diferente das demais, era majestosa, toda esculpida com detalhes élficos, o que chamou a atenção de Ariel. Em um impulso ela girou a maçaneta e abriu, e quando abriu ficou absurdamente encantada com o que viu. Era o jardim mais lindo que ela tinha visto, mesmo à noite dava pra ver como era bem cuidado.

Mesmo com receio de ser pega por alguém, Ariel resolveu entrar, e quando o fez sentiu uma paz tão grande, uma tranquilidade que a fez esquecer todos os problemas. Ela observava tudo com atenção, as luzes, as cores, aos pequenos animais que viviam lá dentro, tudo irradiava uma beleza sem fim, quando de repente ela ouviu um baque e uma figura parada na porta. Thranduil.

Ariel não sabia o que fazer, o que dizer, estava envergonhada pois pela cara que ele fez dava pra ver que ele não gostou de sua presença por lá.

–Majestade, me perdoe, eu... Eu estava procurando a biblioteca, e por engano abri essa porta, eu não queria irrita-lo, eu só... Me perdi...

–Suponho que você encontrou um lugar melhor que a biblioteca, mas esse lugar é de meu uso pessoal, sugiro que se retire imediatamente. - Thranduil disse com um tom seco e frio na voz, fazendo com que Ariel assustasse e saísse correndo.

Ela correu até chegar a seu quarto e se trancou lá, se castigando mentalmente pelo que fez.

No outro dia de manhã, Ariel não tinha ido tomar o desjejum e Legolas, preocupado fora atrás dela.

–Ariel? Sou eu, Legolas, posso entrar? - o príncipe bateu na porta do quarto dela.

–Tudo bem Legolas, entre. - respondeu a menina do outro lado.

–Posso ajudar? Por que não foi tomar seu desjejum, nós iremos partir e a viagem será longa. - ele se sentou na cama, ao lado dela, com o olhar preocupado.

–Não estou com fome Alteza, no caminho eu como qualquer coisa. Já estamos saindo?

–Sim, está tudo bem? - ele olhava no fundo dos olhos dela e fazia um carinho em sua mão.

–Está sim Legolas, obrigada por se preocupar. Mas, posso te fazer uma pergunta? O que tem naquela porta que fica próxima ao aposento de seu pai?

Legolas parou e respirou um pouco, e sem encarar Ariel respondeu:

–É lá que está o jardim de minha mãe. Ninguém entra lá, nem eu. Somente meu Ada.

Ariel notou que Legolas sempre ficava triste e cabisbaixo quando tocava nesse assunto e tratou de desconversar.

–Ah sim... Então, que tal me mostrar meu cavalo? - Ariel pediu um pouco animada.

–Ah claro, vamos lá. Sabe montar?

–Sei sim, meu pai me ensinou há alguns anos, mas infelizmente meu cavalo teve de ser vendido e há muito tempo não monto em um.

–Qualquer coisa estarei bem atrás de você, para te proteger! Faça disso uma promessa!

–Tudo que eu puder fazer para o bem de você e de todos eu farei, também é uma promessa!

Legolas lançou aquele sorriso para Ariel, que corou na hora, mas sorriu de volta feliz, a presença do príncipe fazia muito bem à ela.

Ao fim da manhã todos se despediram do povo da Floresta das Trevas, que agora estava pela supervisão de Tauriel, a chefe da guarda, e em poucas horas os quatro estavam à caminho de Gondor. Thranduil e Ariel não trocaram uma só palavra durante o percurso e isso parecia intrigar o rei, que ia montado em seu alce bem atrás de Lucy e Legolas atrás de Ariel.

A princesa viajava em seus pensamentos imaginando como seria o reencontro com seus pais, pensando em sua próxima jornada, e em tudo que estava para acontecer, Ariel também pensava muito nos pais que deixara em seu mundo, em como sentia saudade deles. Se ela pudesse trazê-los a essa terra...

Cavalgaram o dia todo, quando a noite estava chegando resolveram parar para descansar e procurar um rio para se banharem. Ao acharem, Ariel deixou que todos se banhassem primeiro e ela iria por último, não queria ficar a sós com o rei e achou melhor assim.

Reconhecia que ela estava errada de invadir o jardim da falecida rainha mas ainda estava magoada por ele tê-la tratado de uma maneira tão rude. Mas afinal, por que ela estava tão incomodada com isso? Ele era o rei, ele governava a tudo, era esse o jeito dele, ela não entendia o porquê de estar tão sentida com isso, mas desde que chegara o rei mexia com ela de alguma forma. Ela querendo ou não tinha que admitir isso. E com ele não era diferente.

Para tentar espantar esses pensamentos Ariel resolveu ir beber um pouco de agua no rio próximo as árvores. Por já ser madrugada e ela não conhecer a floresta em que estavam, achou melhor levar sua espada junto, forjada pelos Altos-Elfos, a espada apresentava um brilho azul na presença de Orcs.

Ela desceu das árvores sorrateiramente, essa era uma das habilidades dos elfos, eles podiam ser extremamente silenciosos quando queriam, e caminhou até o rio, onde tomou a água e sentou-se a margem para refletir um pouco. Até que ouviu um ruído e imediatamente desembainhou sua espada, que não emitia luz alguma e apontou na direção do ruído, mas logo tratou de abaixa-la, era Thranduil que a tinha seguido até as margens do rio.

–Pelo jeito as aulas com o Legolas serviram de algo, está atenta como ele ao perigo. - O rei élfico deu um meio sorriso, que na opinião de Ariel era um charme.

–O que você quer? - Ariel tinha feito questão de se referir a ele como "você" e não por "Alteza" ou "meu senhor" como ela deveria, e usou também o mesmo tom de voz que ele tinha usado na noite anterior com ela no jardim, seca e fria.

–Vejo que é bem absoluta também, mas saiba que mesmo fora da Floresta eu sou seu rei, portanto não deve dirigir-se a mim como "você".

–Você é o rei e eu sou uma princesa, ambos na mesma casta, o tratamento deve ser o mesmo para nós dois, então Thranduil, te tratarei como você me trata, agora se me permite eu gostaria de voltar a dormir. - ela já ia saindo quando ele a puxou pelo braço, ficando bem próximo a ela.

–Ainda não acabei. Foi por isso que eu te procurei. Reconheço que fui muito rude com a senhorita, me perdoe. - disse ele olhando no fundo dos olhos dela.

–Por que eu deveria? - sem que ela percebesse a espada tinha ganhado um brilho azulado, o que indicava que tinham orcs por perto, mais exatamente, um acabara de tentar mata-la, porém antes de proferir o golpe tinha sido morto por Thranduil.

–Por que acabei de salvar sua vida. Corra! - Thranduil ordenou, mas ao invés de correr Ariel juntou a si para tentar acabar com o pequeno, porém forte, grupo de orcs que estava tentando ataca-los.

Ariel lutou bravamente ao lado de Thranduil, apesar de não ter muita prática com uma espada, usou-a perfeitamente e juntos conseguiram matar todos os Orcs daquele grupo.

–Sauron nos descobriu, ele sabe que você está aqui. Vamos, precisamos partir agora mesmo! - Thranduil puxou Ariel, mas ela hesitou por um instante.

–Espere, obrigada por te me salvado! - ela deu um sorriso que timidamente foi retribuído.

Rapidamente acordaram Lucy e Legolas e partiram imediatamente para Gondor, os perigos dessa jornada estavam apenas começando.