Percy

Eu admito eu estava a adorar ter a Annie a cuidar de mim, ela era doce comigo… aquela doçura que não enjoava nem era falsa. Voltei aninhar-me nas almofadas da sua cama. Aspirei o aroma que emanava nos tecidos dos lençóis. Cheiravam a morangos e a limão. Lembro-me que quando estava com saudades da Annie vinha aqui, deitar na sua cama… Custou-me bastante ver ela a ir-se embora.

FalshBack On

“Atenção passageiros para o voo 456B é favor de dirigir-se para a plataforma de entrada” – a voz do altifalante do aeroporto falou.

– Bem é agora… - Annabeth disse se levantando dos bancos de espera.

– Vamos ter saudades filha – a minha abraçou Annabeth. Juntamente com o meu pai.

– Eu também mãe. – ela gaguejou nos braços dos pais. As lágrimas escorriam-lhe pela cara.

– Annabeth – o meu pai chamou agarrando nas bochechas da menina de olhos cinza – Lembra-te estaremos sempre aqui para ti, eu sei que os dois anos vão custar a passar mas… lembra-te serás sempre nossa filha e não te preocupes pois estaremos á tua espera.

– Eu amo-vos muito… - ela disse a sorrir no meio das lágrimas.

Eu cheguei-me perto dela. Os nossos pais separaram-se dela para eu poder falar.

– Toma conta dos pais ouviste Percy? – ela disse a rir com os olhos a lacrimejarem.

– Eu tomo, lembra-te estarei sempre no facebook à tua espera e sabes que podes me ligar a qualquer hora. – eu disse. Se eu vos dissesse que não chorei bem… obviamente que estaria a mentir. A Annie e eu éramos melhores amigos desde sempre… estava a custar-me perdê-la.

– Eu sei cabeça de alga – ela disse me abraçando, eu apertei-a com força e escondi o rosto nos seus cabelos. – Toma cuidado Percy…

– São só dois anos… passam no instante. – eu tranquilizei. Apesar de eu saber que aqueles 2 anos custariam mais a passar do que qualquer outro.

– Adeus mãe, adeus pai – ela disse pegando na sua mala de viagem. – Adeus Percy…

– Nunca um adeus… - eu disse abraçando-a de novo – Isto é um “até”.

Ela assentiu voltou a abraçar-nos e caminhou para longe de nós… para longe de mim…

FalshBack Off

Os primeiros meses foram um tédio. Só passado um longo tempo eu me acostumei a não ter a minha sabidinha comigo… Sempre que me sentia mal, com saudades dela ou com qualquer outro problema vinha para aqui… para a cama dela vendo o seu quarto. Os meus pensamentos foram abafados com um espirro seguido pelo seguinte e por outro que o acompanhou depois. Peguei no maço de lenços tirando um para me assoar.

– Está tudo bem? – uma voz doce ecoou pela porta do quarto.

– Está sim... –respondi com uma voz engripada. Ela trazia um tabuleiro com uma tigela grande e um sumo de laranja.

– Trouxe canja para veres se melhoras – ela disse pousando o tabuleiro na cama.

– Não era preciso – eu disse.

– Vamos abre a boca – ela disse enchendo a primeira colher de canja.

– Desculpa? – eu perguntei com um sorriso.

– Abre a boca para eu te dar de comer – disse ela simplesmente.

– Bem acho que vou ter que ficar doente mais vezes para te ter a cuidar de mim… - murmurei. Ela começou a dar-me colheres de canja á boca…

– Obrigado Annie – eu agradeci dando um beijo no rosto.

– Que nada Percy… sabes que eu sempre vou estar aqui para ti… agora descansa. – ela disse dando um sorriso corado.

– Eu já estou cansado de dormir – resmunguei.

– Bem e que tal se formos ver o que está a dar na Tv deitaste no sofá e eu tapo-te com uma manta…

– Alinho nessa –eu disse saltando da cama, senti frio e logo o meu maxilar voltou a tremer.

– Antes de irmos vai vestir algo mais quente… - ela disse fitando o meu corpo semi-nu. Não pude deixar de corar quando eu senti o seu olhar observando o meu corpo… Ela saiu do quarto e voltou pouco depois com uma camisola e umas calças de fato-de-treino. Ajudou-me a vestir e fomos lá para baixo. Deitei-me no sofá e Annabeth tapou-me com uma manta aconchegando-me no estofo do sofá. O meu maxilar tremia devido á gripe e à febre presente no organismo.

– Tens frio? – Annabeth perguntou sentando-se na poltrona ao lado do sofá.

– Um pouco – admiti. Ela riu. Foi á cozinha e voltou com duas canecas cheias de algo que desconheci.

– Toma chocolate quente… - ela disse me entregando e voltando para a sua poltrona colocando a caneca nos lábios.

Bebi o liquido doce… pousei a caneca na mesinha do centro e voltando aconchegar-me nos cobertores. O meu maxilar não parava de tremer provocando um som irritante.

– Anda cá – Annabeth disse deitando-se ao meu lado. Por alguma razão fiquei nervoso, o corpo dela enconstado ao meu fazia-me sentir bem… era bom.

– O que estás a fazer? – perguntei com uma voz trémula.

– A ver se te aqueço, esse tremer de lábios está-me a deixar stresada.

– Desculpa.

– Não tens de pedir desculpas… estás doente é normal – ela disse bagunçando o meu cabelo. Parei de temer quando o meu corpo sentiu o calor vindo dela. De repente assustei-me ao ouvi-la espirrar.

– Droga – ela resmungou esticando-se e pegando um lenço para se assuar.

– Parece que te apaguei a gripe – afirmei com um sorriso.

– É mesmo… - ela disse assuando-se ao lenço de papel. Eu sorri, virei o meu corpo para o dela e encarei-a de frente. Peguei na ponta da manta e passei-lhe por cima tapando-a.

– O que estás a fazer? – ela perguntou com um sorriso inocente.

– A aquecer-te… - disse. Passei os braços por cima da cintua e abracei-a.

Ficamos abraçados um no outro. Annabeth começou a ganhar um pouco de febre ficamos no sofá agarrados tapados com a manta a assistir Tv.

***

Annabeth e eu ficamos assim toda a tarde e acabamos por melhorar um pouquinho. Estavamos na sala quando ouvi o celular da Annabeth a tocar.

– Annie o seu celular está tocando. – eu gritei. Annabeth estava na casa de banho e veio a caminhar graciosamente até ao celular.

– Estranho é o Will. – ela disse.

– O que é que esse cara quer? – perguntei irritado – Já não basta ele fazer o que fez?

– Percy calma ele estava bêbedo ele nem devia saber o que estava fazendo.

– Eu não me interesso se ele sabia ou não… - esmuguei.

– Percy você também já beijou muitas garotas quando estava bêbedo – ela resmungou. Parei. Ela estava com ciumes? Não podia ser ciumes…

Ela colocou o celular ao ouvido e foi para a cozinha. Levantei-me sem fazer barulho e encostei-me à porta. O que foi? Eu não gostava dele! Não gostava de como ele ria, olhava, falava sequer… muito menos com a Annie.

“Eu percebo… você estava bêbedo e eu desculpo” – ela disse. O quê ela desculpava-o? Depois de ele a beijar á força?

“Não se preocupe Will, o Percy apenas me tentou defender…” – ela voltou a disser. Ao menos percebeu!

Quando senti a porta a abrir corri para o sofá.

– Era o Will ele queria pedir desculpas… - ela disse se sentando ao meu lado.

– Desculpas… - eu resmunguei.

– Qual é o teu problema com ele? – ela perguntei se chegando mais perto de mim.

– Não sei… não gosto dele… - respondi. – E você?

– Eu o quê?

– Porque é que você não gosta da Calipso?

– Ao contrario de você eu tenho argumentos… - ela disse se ajeitando no sofá e mudando o canal da Tv.

– E quais por exemplo?

– Ela é uma pega, patricinha, irritante, egoísta e… - ela travou. Fiquei com impressão de que ela queria dizer mais alguma coisa.

– E… - incentivei.

– Ela te afastou… - ela murmurou.

– Me afastou?

– Sim te afastou… lembra-se dos dias em que passou comigo antes de eu ir para Londres?

– Não – eu respondi pensativo. Não me lembrava mesmo de ter passado os últimos dias com a Annie.

– Aí é que está… -ela disse com a cabeça baixa – Os pais avisaram que eu ia para Londres uma semana antes da partida… e eu tentei me despedir direito de toda a gente… excepto de você… você teve toda a semana com a Calipso nem se lembrou de que eu existia…

– Sério? – perguntei espantado. Como eu pude me esquecer dela? Como eu pude me esquecer da minha melhor amiga? Da minha Annie?

– Sério… só antes da partida é que você se deu conta que eu ia embora…

– Annie me desculpa – eu disse puxando-a para os meus braços – Eu nem me dei conta que te tinha magoada… eu fui mesmo estúpido.

– Deixa para lá já passou… além disso eu também arranjei uma distracção – ela disse sorrindo inocentemente.

– O quê?

– O Will ele me tratou como uma princesa na ultima semana… - ela murmurou com um sorriso. Aí eu me senti idiota. Então eu era o culpado daquela amizade. Boa Perceu! Mesmo idiota que tu és! Você trocou a oportunidade para o babaca do “Willy”.

– Pode deixar – eu disse roçando o mão na sua bochecha – Eu nunca mais me afasto de você… Pode dizer ao “Willy” para se acostumar porque eu nunca mas nunca vou voltar a afastar de você.

– De que é que isso importa agora? - ela disse dando um sorriso triste – Já passou.

– Não Annie não passou eu fui estúpido em trocar os seus últimos dias por uns encontros idiotas… você era mais importante e eu fui uma parvo em o fazer…

– Já passou Percy… você e eu estamos aqui agora é o que interessa…

Eu puxei-a para mais perto de mim envolvendo-a nos meus braços…

– Eu senti a tua falta sabidinha – eu murmurei.

– Eu também senti Percy… muito mesmo… - ela disse sorrindo.

Abracei-a e voltamos a assistir aos filmes que passavam na Tv. Eu me senti mal em tê-la deixado… tê-la abandonado pela Calipso… eu juro por tudo que a partir de agora eu sempre estarei perto dela… sempre...