A última coisa que Nick Fury esperava ver em sua sala de reuniões nessa tarde eram os X-Men e Vingadores. Numa situação formal isso não seria inesperado, mas as coisas mudaram quando eles surgiram do nada literalmente em cima da mesa de vidro que, infelizmente, não aguentou o peso de sete pessoas sobre ela.

— Oh, vocês mudaram a mesa de lugar desde a última vez que estive aqui. - Disse Magik, que caiu em pé, sem nenhum arranhão. - Fizeram bem, aqui a iluminação é bem melhor.

— Uh... - Um dos executivos se levanta. - Acho que você está ocupado, diretor. Acertaremos isso depois.

A sala se esvazia. Maria Hill entra logo depois com um olhar confuso. Ela olha para a sala, suspira e dá meia volta.

— Hill... - A mesma olha para Fury. - Libere a sala de reuniões B e encomende uma nova mesa.

***

— A que me devem essa adorável surpresa? - Pergunta Fury, no caminho para a outra sala, John ia responder, mas se perdeu ao olhar para a base da S.H.I.E.L.D. Quanta tecnologia eles possuíam... via hologramas virtuais projetando-se de mesas, computadores avançados e tudo o que um programador consideraria um paraíso.

— Temos informações. - Disse Emma. - Que irão lhe interessar. Não teríamos vindo aqui se não fosse importante, acredite.

— Vocês mutantes guardam rancor. - Resmunga Fury.

— Recebeu minha cesta de frutas? - Pergunta Tony. - Pensei que tinha esquecido tudo isso.

— Eu não esqueço, Stark. - Fury digita um código de acesso em uma porta, que se abre para outra sala de reuniões.

— Depois somos nós que guardamos rancor. - Comenta Illyana, descontraidamente. Todos se sentam.

— O que vocês têm de tão importante para não poderem marcar um horário como pessoas normais? - Questiona Fury.

— Vocês serão atacados. - Diz Psylocke. - São o próximo alvo da Hidra e de Shaw.

— Isso não faz sentido. Shaw está atrás de vocês. - Fury franze o cenho, mas se apoia na mesa com os braços, subitamente interessado. - Como teriam descoberto isso?

— Nicholas, querido, você sabe o que é um telepata? - Pergunta Emma, debochadamente. - Nêmesis estava no Cérebro, rastreando dois membros do Hellfire Club...

— Na realidade, um deles parecia ser da Hidra. - Comenta John.

— De qualquer maneira, ele foi capaz de habilmente se infiltrar na mente de um humano que estava perto e escutou a conversa. - Continua Emma. - Esqueceu-se de que podemos fazer isso?

— Ainda não faz sentido. - Comenta o diretor.

— Na verdade, diretor Fury, você conhece a Hidra. - Comenta Steve. - Eles não trabalham com alguém a não ser que ganhem algo grande.

— E o que seria melhor para eles do que ver a S.H.I.E.L.D. destruída? - Pergunta Thor, de forma retórica.

— E com isso dito, acho que entende o motivo de nossa visita. - Comenta Psylocke.

— Como posso confiar que as informações estão corretas? - Pergunta Fury. - Vocês podem achar que é verdade, mas eles podem ter mandado aqueles dois como distração. Ou o garoto pode ter ouvido errado.

— Por mais que pareça tentador pregar uma peça dessa em você, Fury, eu confio no garoto. - Diz Tony.

— Por quê?

— Sei lá, ele me lembra do Will. - Diz Tony, após pensar um pouco. - Aquele era um cara legal, e, além disso, você não tem motivos para não se precaver.

— Eles definiram uma data? - Pergunta Fury, diretamente para John.

— Próxima semana. Não sei o dia exato, mas tenho certeza que disseram que era próxima semana. - Afirmou John.

— Vamos levar isso em consideração. Estaremos preparados. - Diz Fury.

— Nos ligue se precisar de alguma coisa, Nicholas. - Comenta Emma. - Sabe que ainda podemos ajudar um ao outro. Espero que reconsidere algumas de suas opiniões.

— Veremos. - O grupo de sete se levanta e forma um círculo ao redor de Illyana. - E, garoto... - John encara Fury. - Obrigado pelo aviso.

John acena positivamente com a cabeça e, de repente, estavam novamente no Instituto.

— Quando você acha que se acostuma à viajar desse jeito... - Comenta Stark. - Eu certamente prefiro voar. Falando nisso, eu vou voltar para a minha torre.

— Não quer uma carona? - Pergunta Illyana.

— Se ele não quiser, eu aceito. - Diz Steve. - Já que a torre de Stark praticamente se tornou a nova base provisória dos Vingadores, enquanto Fury esfria a cabeça, basicamente nos instalamos lá.

— Bem, vamos acabar logo com isso. - Magik teleporta a si mesma, Stark, Thor e Rogers. Volta alguns segundos depois. - Agora tenho que ir buscar Natasha, Banner e Clint. Eu deveria cobrar pelas minhas viagens... - Ela some de vista, e não volta dessa vez.

— Eu tenho que ir agora filho, com base nas novas informações que você nos deu, teremos que adiar a missão com Mística. - Diz Emma. - Se esse ataque à S.H.I.E.L.D. falhar, a Hidra vai romper a aliança. Serão menos inimigos à se combater durante a fase dois do plano.

— Eu vou com você. - Diz Psylocke. - Vejo você depois, John. Tire resto do dia de folga, você merece.

— Valeu... Eu acho. - John observa as duas indo pela mesma direção. Não sabia como matar o tempo agora. Percebeu que não havia contado para os amigos o que tinha visto e sabia que eles o matariam se ele não os informasse de uma descoberta tão importante. Imaginou onde eles poderiam estar, mas então lembrou-se de que poderia contatá-los dali mesmo. - Lena? Lena!

— John? O que está fazendo na minha cabeça? Sai! - Pensa Helena, bem alto.

— Eu não estou aí dentro mesmo. Só estou falando com você, juro. - Helena parece mais calma. Era muito reservada com relação aos seus pensamentos, como John teve a infelicidade de descobrir do pior modo possível. - Enfim, você está com Daryl?

— Estou com ele e com o resto do pessoal, por quê?

— Tenho algo para falar para vocês, onde estão? - Pergunta John.

—Estamos sentados nos bancos dos jardins, perto da fonte. - Responde ela.

—Estou indo. - Pensa John, em resposta. Já em movimento, ele sai pela estufa e caminha pelos jardins até encontrar a fonte.

***

— Eles vão atacar a S.H.I.E.L.D? - Exclama Helena. - Isso não vai acabar bem.

— Claro que não. - Continua Kate. - Mas talvez isso seja uma coisa boa, quero dizer, Fury pode confiar em nós de novo.

— Talvez ele até nos ajude. - Diz Daryl. - Agora ele vai perceber a gravidade da ameaça.

— E sua mãe ofereceu ajuda... - Serena franze o cenho. - Acho que o diretor Fury pode até pôr o ego de lado já que sua querida S.H.I.E.L.D está em perigo.

— E eu não comentei isso com ninguém, nem pensei, mas eu tenho um plano. - John olha ao redor. - Mas não devemos discutir isso aqui.

— Podemos pedir uma autorização para sair. - Diz Helena. - Psylocke não te deu o dia de folga? Vai ser fácil.

— Uma autorização para nove pessoas? - John ergue uma sobrancelha.

— Somos cinco. - Questiona Kate, os outros parecem igualmente confusos.

— Não, eu vou precisar de mais quatro. E acho que vocês sabem quem serão...

***

Foi mais fácil do que o grupo havia esperado, Psylocke parecia muito preocupada com os eventos que aconteceriam para demonstrar muita preocupação, ainda mais com nove mutantes poderosos saindo em grupo. Isso não a impediu de citar o discurso básico de "não revelem que são mutantes", "evitem falar dos assuntos da escola" e o clássico "cuidado com os estranhos". Após toda essa conversa, John foi ao seu quarto pegar algum dinheiro (que não era problema, sua mãe sendo dona de uma empresa multibilionária, digamos que ele recebia uma ótima mesada) e os nove se dirigiram ao centro da cidade, em uma das pizzarias mais famosas de Nova York.

— Tem certeza de que esse é um bom lugar para tratar de um assunto tão importante? - Pergunta Serena, enquanto o grupo se dirigia à uma das mesas.

— Claro que é. - Diz John. - Aqui dentro somos vistos como um grupo de amigos se reunindo. Aliás, eu tenho Manipulação Memorial nível Ômega. Poderia apagar cinquenta anos da mente de qualquer um aqui sem piscar. E eu já tomei precauções. As pessoas daqui não estão nos vendo como realmente somos, coloquei uma ilusão para quem nos vir.

— Esfrega na cara, Ômega. - Diz Akio, sentando-se. - A maioria daqui é Alfa e Beta, ok?

— Vocês entenderam o que eu falei. - John se senta entre Ambrose e Helene.

— Então, não que eu esteja reclamando, afinal vamos comer daqui a pouco, mas o que estamos fazendo aqui afinal? - Pergunta Ambrose. John dá uma rápida olhada no cardápio.

— Eu já falo para vocês, mas antes devemos pedir. Por minha conta. - Os outros começam à analisar seus cardápios.

— Eles têm bebida aqui? - Helena franze o cenho. - Incomum para uma pizzaria.

— Acho que tem um bar ali. - Diz Daryl, apontando com a cabeça para o canto do restaurante, dois homens olham para ele e erguem suas garrafas de cerveja como um cumprimento. Daryl ergue uma sobrancelha. - John... por que aqueles caras estão olhando estranho pra mim?

— Se lembra das ilusões? - Daryl olha para John de um modo ameaçador.

— Você não fez...

— Sim, você é uma mulher. - Diz John, os outros na mesa riem. - Se servir de compensação, você tá bem gostosa.

— Vai se foder. - Mais algumas risadas, eles escolhem as pizzas e entregam os cardápios.

— Agora, vamos ao que interessa. - John rola os olhos pela mesa.

— Espera. - Phoebe fecha os olhos por alguns segundos. John não escuta o barulho do ambiente.

— Fonecinese... - Murmura Helena. - Só podemos escutar a voz uns dos outros?

— Sim, e ninguém mais pode nos escutar. - Diz Phoebe, com um meio sorriso.

— Brilhante, não é? - Diz Akio, Phoebe revira os olhos.

— Como se fosse grande coisa. - Ela dá de ombros. - Vocês voam, leem mentes, tem poderes de cura e controlam os elementos. Eu sou um botão de mudo com pernas.

— Ha, ha. - Yurie descruza as pernas. - É um poder bem útil. Você supostamente consegue emitir rajadas de som com a boca e cantar bem.

— Sem querer interromper a discussão. - Diz Ambrose. - Mas acho que perdemos o foco.

— Isso é quase uma ironia vindo de você, mas ela está certa. - Diz Serena. - Por favor John, continue.

— Primeiro, eu vou atualizar vocês quatro das últimas novidades...

***

— Uau. Isso é muita coisa. - Diz Akio.

— E não é tudo, John tem um plano que aparentemente não envolve transformar seu melhor amigo em uma mulher. - Diz Daryl.

— Não tem nada relacionado com a S.H.I.E.L.D. Vamos admitir que minha mãe e Psylocke não vão nos deixar chegar nem perto daquele aeroporta-aviões. - Diz John. - Convenhamos, aquilo vai ser brutal, mas tudo bem já que não é para lá que vamos.

— E aonde iremos? - Pergunta Kate.

— Vamos invadir o prédio de Shaw. - Diz John, com um tom de firmeza na voz.

— Você enlouqueceu!? - Exclama Akio. - Sabe quanta segurança aquele lugar vai ter?

— Eu preferiria ir no aeroporta-aviões. - Diz Ambrose. - Seria menos suicida.

— Não entendem? A maioria das tropas que poderiam estar lá vai estar em combate. Eles estarão fracos!

— Você quer encontrá-la, não é? - Helena o encara. - Tudo bem, mas vai morrer se fizer desse jeito. Shaw e Selene não são idiotas, John! Ela vai estar protegida, muito bem protegida.

— Não é nada que nós nove não poderemos lidar, juntos. - John cerra os punhos sobre a mesa. - É para isso que temos treinado!

— Não. - Corta Serena. -Estamos treinando para defender o Instituto, não podemos simplesmente quebrar todas as regras que foram impostas para nós para que você tenha um reencontro do colégio.

— Sem pensar no perigo maior que estaríamos pondo no Instituto. - Diz Yurie. - Sem ofensa John, mas sequestrar essa garota, seja lá quem ela for, vai deixá-los mais determinados a atacar o Instituto. Não só para matar todos nós, mas também para tê-la de volta.

— Eu vou, com ou sem vocês. - Diz John, colocando a mão no centro da mesa. - Quem vai comigo?

— Isso é imprudente, ilógico, completamente irracional e com uma probabilidade incrível de todos sermos mortos. - Daryl coça a cabeça e repete o gesto de John. - Mas você é meu irmão e não vou deixar você morrer só porque é idiota.

— Eu poderia dizer o mesmo. - Disse Helena, pondo a mão no centro. - Estamos com você sempre, embora eu esteja cogitando amarrar você no seu quarto com a porta trancada até tudo acabar.

— Vão precisar de apoio médico. - Diz Kate, estendendo a mão. - Contem comigo.

— Por que não? - Diz Ambrose, pondo a mão no centro. - Quero dizer, uma missão suicida no meio da semana me parece bem mais interessante do que minha agenda tradicional.

— Bem... - Akio olha para Phoebe, que confirma com a cabeça. - Vão precisar arranjar lugar para mais dois.

— Três. - Serena estende a sua mão. - Vocês são meus amigos. Existem pessoas piores para embarcar numa loucura dessas.

Todos olham para Yurie, que estava de braços cruzados em sua cadeira.

— O quê? - Pergunta ela. - Eu não vou pôr minha mão aí não. Vocês parecem um bando de crianças.

— Yurie... - Ambrose aponta para o monte de mãos com a mão livre. - ... Junte-se à loucura.

— Ah... Tudo bem. - Ela põe a sua mão no topo. - Satisfeitos? Nove crianças suicidas formando uma pilha de mãos numa mesa de um restaurante movimentado. Vamos parar com isso antes que alguém veja.

As mãos retornam aos seus respectivos donos, e logo as pizzas chegam.

— Contemplem a provável última pizza de nossas vidas. - Diz Daryl.

— Fale por você. - Diz Ambrose, pegando um pedaço. - John está pagando, e somos um grupo de nove. Essa é a primeira de muitas...