Mind Games (interativa) escrita por Isabela


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá para os que não me conhecem, sou um grande fã da Marvel e de "Carrie, a estranha". Decidi misturar os dois porque achei que poderia fazer uma boa história com isso. As postagens serão semanais. Normalmente aos domingos. Teremos uma longa história pela frente, então espero que gostem!

Em breve terei uma beta/co-autora. Então perdoem-me se o texto tiver algum erro de português. Reviso tudo no Word, mas ás vezes eles passam por despercebido.

Agora, finalmente, o capítulo:



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Ela havia acabado de voltar para casa. Seu dia não poderia ter sido pior. Humilhada pelas supostas colegas de classe, agora no pequeno quartinho debaixo da escada, tudo por causa de uma menstruação.

E ela se perguntou o porquê de sua existência. Não era querida, exceto talvez por sua mãe que a tratava do seu jeito peculiar e super religioso. Mas as outras pessoas? Não. Elas não a queriam por perto, e ela tampouco queria sua companhia. Apenas nutria o incontrolável desejo de ser aceita. Parar de sofrer com as ofensas, chega de ser chamada de estranha. "Carrie, a estranha.", era como a chamavam. Ou simplesmente "estranha", que era exatamente como ela se sentia em seu colégio. Uma estranha, uma intrusa. Uma carpa em um rio de piranhas.

Agora com o baile se aproximando, as garotas normais iriam atrás dos vestidos, acessórios e etc. Os pares praticamente já formados e o assunto do baile seria debatido até o acontecimento do mesmo. Mas sabemos que Carrie White não é uma garota normal. E ela mesmo haveria de descobrir isso, com a ajuda de um completo estranho de intercâmbio que veio de uma escola particular em Winchester. Ela, a idiota do banheiro. E ele? Bem...

Apesar de essa narrativa ter começado aqui, essa história começa meses antes do baile. Antes do incidente no banheiro. Mas não antes de começarem a chamá-la de estranha. Afinal, o que uma garota como Carrie White poderia fazer?

Acredite quando digo que a resposta iria surpreendê-los.

***
Dois meses atrás...

Parecia um dia comum na escola, sua mãe a havia deixado, e se despedido com um rotineiro beijo na testa. Até ali tudo estava normal, ela se esquivou pelos corredores em direção à sala de aula. Literatura. Como de costume, ela se sentou no canto extremo da sala. Era comum que a cadeira do seu lado e/ou frente estivessem vazios. E então ela olhou de relance para o rosto novo. E que rosto. Após todos se sentarem, o professor apresentou o novo estudante.

- Atenção alunos. Esse é o nosso novo estudante. Jonathan Crane, de Winchester. - O professor olha para ele. - Já foi apresentado, agora se sente.

Carrie o observou, era estranho ter um aluno novo praticamente na reta final do ano letivo. Ele tinha o estilo típico de um musicista. Usava uma camiseta branca com uma camisa "de flanela" vermelha por cima. Jeans levemente rasgados no joelho. Os cabelos louros e rebeldes escapavam do gorro que usava, e brilhantes olhos cor de esmeralda mostravam confiança. O violão pendurado nas costas, e uma bolsa "de carteiro" em seu ombro. Ele era carismático, certamente. Bonito, também. Carrie estranhou quando o mesmo veio se sentar ao seu lado. Haviam outros lugares disponíveis, então por quê?

Sim, ele não a conhecia. E nem teria como conhecer. Sua mãe nunca a deixaria conhecer ninguém. Todos eram pecadores, ela dizia. E ele seria a personificação dos pecadores de acordo com sua mãe. E ele sorriu para ela.

Mas ela não foi a única que percebeu. Chris Hangersen, que era apenas a rainha da escola, observou a cena, e sibilou por dentre aquelas presas que chamava de dentes. Uma gota de veneno escorreria dentre eles, mas sua semelhança com uma víbora não era para tanto.

- Ei, Jonathan? - Ele se vira. - Por que se sentar perto dessa esquisita aí quando poderia estar perto de pessoas mais interessantes?

Ele abre a boca para responder, mas antes que o possa fazer, é interrompido.

- Espero que tenham gostado desses lugares. -Diz o professor. - Pois eles serão permanentes até o final do semestre. - Depois disso, ele se vira para Chris e continua.

- Mesmo se eu quisesse, não poderia fazê-lo agora. - Ela o olhou fixamente durante essa fala. Isso significaria que ele não ia querer se afastar dela? Por quê? E então ele se vira para Carrie. - Então, qual é o seu nome?

Ela desviou o olhar dele, e ficou quieta por alguns segundos.

- Vamos lá, eu sei que seu nome não é "esquisita". - Suas palavras não soaram ofensivas, mas doces. A fizeram corar.

- Carrie. Carrie White. - Disse, tímida.

- John. Jonathan Crane. - Ele estendeu-lhe a mão, e ela timidamente a apertou.

- Então turma... - O professor se levanta. - Hoje falaremos de Shakespeare.

***

O sinal toca, liberando os alunos para um breve intervalo.

- E então, Carrie White. - Ele pega o violão e o coloca em suas costas. - Você também tem aula de Química agora?

- S-Sim. - Ela ergue os livros sobre o peito, abaixando a cabeça.

- Se importa se eu acompanhá-la? - Ela acena negativamente com a cabeça.

Conforme andavam pelos corredores, ele tentava puxar algum assunto com Carrie. Ela, porém, respondia com um tímido "sim" ou "não". Sua mente, entretanto, voava. Ele parecia ser um cara legal, e até mesmo interessado em ser amigo dela. E então ela se deixou ter um acesso de intensidade e perguntou.

- Você poderia falar com qualquer um, com os populares, atletas... Por que você vem falar logo comigo? - Ele fez uma expressão de surpresa, talvez porque essa foi a primeira vez que a ouviu falar uma frase completa, mas sorriu.

- Esses tipos de pessoas: atletas, populares... São todos iguais. Eu não quero conhecer pessoas iguais. São as diferenças que nos tornam mais interessantes.

- Então para você eu sou interessante? Como um projeto?

- Sim, você é interessante. Mas eu não a chamaria de projeto. Talvez como uma obra de arte. Muitas facetas, muitos significados.

- Por exemplo?

- Bem, há dois minutos você mal dizia uma palavra, agora estamos trocando frases completas. - Isso a faz rir por um segundo, e ele ri também. - Olhe só, eu a fiz rir. Acho que a conversa valeu a pena, afinal.

Carrie não respondeu, até mesmo porque não sabia o que falar. Não tinha nenhum assunto para falar, a menos que ele quisesse falar de costura ou da Bíblia. Não deixou de notar os olhares das pessoas nos corredores. Ela se sentiu embaraçada, estava realmente sendo notada. Pessoas com quem nunca tinha falado antes apontavam para ela e para ele, curiosas.

"Quem é o garoto que está andando com a estranha?", deviam perguntar. Mas Jonathan não parecia se incomodar com os olhares. Seus próprios olhos só estavam voltados para Carrie, que começou aos poucos a sair da casca. Não se falaram muito durante a aula, apesar de terem acabado como parceiros de laboratório. E como teriam aulas diferentes depois, se despediram com a promessa de se reencontrar no almoço.

***

Acabaram se encontrando na fila da cantina, e se sentaram juntos.

- A comida é sempre sem gosto assim? - Pergunta Jonathan, pegando o que achou ser purê de batatas de seu prato.

- Você se acostuma. - Responde Carrie, ainda um pouco tímida. - Se eu puder perguntar... Por que se mudou para cá?

- O trabalho da minha mãe. Ela meio que foi transferida. - Respondeu. - E você, nasceu aqui? - Ela faz que sim com a cabeça. - E você mora com seus pais?

- Só com minha mãe.

- Divórcio?

- Mais ou menos isso.

- Hum... Meus pais eram divorciados. Meu pai me criou sozinho, até que ele morreu e eu fui morar com minha mãe. - Ele limpa a boca com um guardanapo. - Meu Deus, que comida horrível.

- A maioria das pessoas traz comida de casa. - Comenta Carrie. - Mas ás terças eles servem um cachorro quente muito bom.

- Vou tomar nota disso. - Ele empurra o prato para longe de si e bebe seu refrigerante. - Do que você gosta?

- Como assim?

- Música, filmes, livros...

- Oh, bem... - Ela ficou sem fala durante alguns instantes, sua mãe não a deixava ouvir nada além das músicas que ela gostava de escutar no rádio, ou seja, religiosas. Nunca lera um livro senão os da escola e a Bíblia. Filmes? Nunca vira um filme. Mas ela tinha que responder alguma coisa. - Bom, eu acabo ouvindo muita música gospel por causa da minha mãe, não li muitos livros embora eu goste de ler e... Nunca fui para o cinema.

- Sério? - Ele pergunta, incrédulo. Carrie confirma com a cabeça. - Bom, um dia desses eu a levarei, então.

- Não, não! Quero dizer... Minha mãe não iria deixar.

- É uma pena. - Disse. - Qual é a sua próxima aula?

- Cálculo.

- Eu tenho educação física. Pelo jeito não vamos mais nos ver hoje.

- É...

- Você tem carona pra casa?

- Minha mãe. - O sinal toca.

- Bom, acho que só nos veremos novamente amanhã. - Ele a estende a mão. - Foi bom te conhecer hoje, Carrie White.

- Igualmente, Jonat... - Ela aperta sua mão.

- John.

- John.

- Te vejo amanhã. - Ele se levanta, e desaparece pela porta do refeitório. Carrie também se levanta e vai para a aula. Embora olhasse para o quadro, seus pensamentos estavam em outro lugar. E ela não percebeu quando o professor chamou sua atenção.

- Carrie? Carrie! - Ela se liberta de seus devaneios, e rapidamente volta o olhar para o livro. Ela ouve risadas. - Qual é a resposta da questão 3?

- Ela não deve saber. - Chris Hangersen ri, do fundo da sala. Um pequeno coro de bajuladoras a acompanha. - Deve estar pensando no namoradinho. Aquele esquisito.

- Um esquisito bem gato. - Diz Susan Snell, uma das melhores amigas de Chris, embora não concordasse com a maioria das coisas que a mesma fazia ou falava. Uma onda de murmúrios e risadinhas vieram das alunas da sala. Carrie sente uma pontada de ciúmes e a vidraça da janela ao seu lado começa a rachar, porém ninguém além dela pareceu reparar.

- Silêncio! - Pediu o professor. - Carrie; a resposta, por favor.

- 14 metros cúbicos. - Disse, alto o suficiente apenas para o professor ouvir.

- Correto. Agora... - Essa tinha sido por pouco. Sorte a sua ter adiantado alguma parte da matéria. E o que havia sido aquilo com a vidraça? Alguém teria jogado uma pedra ou algo do tipo? Ela olha de relance, esperando ver alguém. Entretanto, não há ninguém fora da escola. Ela decide ignorar isso e volta a prestar atenção na aula.

***

- Tudo bem na escola hoje, minha querida? - Sua mãe, Margaret, passa a mão em seus cabelos quando ela entra no carro.

- Sim, mamãe.

A volta para casa foi silenciosa, excetuando-se apenas a música do canal religioso que tocava no rádio.

Ao chegar em casa, Carrie se manteve em sua rotina. Fez os deveres, tomou um banho, se vestiu, sua mãe veio para escovar-lhe os cabelos, comeu sopa no jantar, mas não antes de rezar. Após o jantar, ia para a cama. Sua mãe a acompanhava e elas rezavam novamente. Então Carrie deitava e sua mãe lhe dava um beijo de boa noite. Após por a filha para dormir, descia e ia costurar.

Mais um dia da simples vida de Carrie White.


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Notas finais do capítulo

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