A mocinha e o vilão escrita por Tia Lety


Capítulo 6
Capítulo 06- Sentir de verdade


Notas iniciais do capítulo

Caso eu não poste amanhã, desculpe ;-;

Tia Lety



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narração de: Eric

Eu agarrei o pulso de Agnes. Ela me olhou com os olhos marejados, um pouco nostálgicos e tristes. Não sei por quê eu a impedi de ir embora, não tinha nada para dizer. Eu só senti que Agnes estava triste, e precisava de alguém para conversar, mas logo eu? A pessoa mais insensível do mundo? Me pergunto se um dia eu vou sentir de verdade, o que é amar, e o que é ser amado. Parece ser uma das melhores sensações do mundo.

Agnes podia ser estressada e meio impulsiva, mas ela tinha sentimentos. Por um momento, eu consegui esquecer tudo. Da aposta, das cervejas prometidas, de mim.

—Agnes eu...— tentei falar— Não sabia.

Ela se soltou da minha mão e tirou o cabelo dos olhos.

—Não tem... Problema. Eu só não gosto de ver álcool. Mas se você gosta de beber, não posso fazer nada à respeito.

Na verdade ela podia sim. Agnes não sabe o efeito que causa em mim. Sacudi a cabeça para afastar esses pensamentos melosos. Agnes escreveu alguma coisa em seu caderno e arrancou a folha. Tinha um número escrito e seu nome ao lado, e tinha um PS. "Só me ligar para assuntos úteis.". Agnes grifou o úteis. Apertei meus lábios e assenti com a cabeça. Peguei o caderno das mãos dela e anotei meu número. Também coloquei um PS. "Pode me ligar para qual quer coisa.". Agnes ficou vermelha e tentou sorrir, mas acho que ainda se sentia meio mal por causa da garrafinhavodka. Ela ajeitou a alça da capa do violão e se foi, me deixando cheio de perguntas, que por mais que eu não quisesse, eu sabia a resposta.

Meu coração batia forte no meu peito. O que estava acontecendo comigo? Na verdade, nunca houve nada parecido. Carl se levantou do banco atrás de mim. Nem tinha visto ele ali, se movimenta como uma cobra e aparece em locais inesperados.

—Parabéns Eric...— ele batia palmas

—Parabéns pelo o quê?

—A garota logo logo fica apaixonada por você amigão...

Quando Carl disse isso, pareceu que ele tratava Agnes como um objeto, como uma coisa descartável. Carl tirou um cigarro do bolso e colocou na boca, depois me ofereceu vodka. Sacudi a cabeça, negando. Ele me virou e bateu de leve no meu rosto, com a testa franzida, surpreso.

—Você recusou um drink?!

—Recusei, por quê?

—Eric você está...?

Os amigos dele o interromperam e começaram a falar um monte de besteiras. Afinal, por que eu ando com eles? São um bando de vagabundos e... Eu também sou. Tenho que encarar os fatos, aquele grupo era parte de mim, era o que eu sou.

Carl pegou sua namorada com o carro emprestado e todos nós fomos para um restaurante ali perto. Era uma das primeiras vezes que eu ia com Carl e seus amigos para um restaurante, já que viviam em barzinhos e mercadinhos que vendiam cerveja mais barata.

Sentamos e Carl começou a falar com Diego, amigo dele. Carl pediu cerveja e fez questão de encher o meu copo. Fui bebendo aos poucos, sabendo que logo estaria um bêbado podre. Raquel, a namorada de Carl, agarrou minha mão por debaixo da toalha. A olhei e levantei a sobrancelha. Raquel era uma moça bonita, de longos cabelos loiros, um corpo escultural e um sorriso lindo. Ela controlou minha mão e passeou por suas coxas. Retirei minha mão, um pouco tentado. Podia ser um canalha, mas não era fura-olho. Se eu achasse ela por ai, talvez eu tivesse uma noite divertida, mas Raquel é namorada de Carl.

Era mais ou menos umas nove horas da noite quando saímos do bar. Tinha bebido muito, devia estar com a aparência acabada e deplorável. Todos nós estávamos andando pela rua, quando Raquel me empurrou para dentro de um beco e começou a me beijar. Eu queria poder fazer alguma coisa, mas estava muito fraco, nem em pé ficar conseguia direito. Ela foi tirando minha blusa e passeou suas mãos pelo meu corpo. Minha consciência voltou e eu a afastei de mim.

—Ah Eric... Só uma noite.— pediu ela, se aproximando de mim

—Dê essa noite ao seu...— estava enjoado— namorado.

—Mas você é mais... mais. Carl é legal, mas é magricela e não gosta muito de falar comigo.

—Olha... Agradeço os elogios e tal, mas eu não fui feito pra você.

Coloquei a blusa de novo e sai do beco, quase me batendo nas paredes. Eu não queria ir para a cama com uma pessoa sem... emoção. Sem gostar dela mesmo. Eu quero sentir. De verdade. Karine e o garoto que ela está andando, com certeza são namorados. O que é amar? Me sinto tão desumano pensando nisso. Jamais amar alguém...

Passei em frente ao sebo em que Agnes trabalha e sorri. Meu coração voltou a bater com força. Acho que estou com arritmia ou...

—Não... não pode ser.— ri

Pela manhã, eu estava com uma ressaca infeliz. Estava deitado na minha cama, olhando para o teto. Ainda bem que Luiz não fez teatro ontem, era tudo que eu menos merecia.

Meu telefone vibrou. Atendi, com uma voz meio rouca:

—Alô?

—Eric, sou eu, Agnes.— ela limpou a garganta— Eu te acordei?

—Não, não. Eu não durmo.

—Fala sério.

—Seríssimo.— sentei na cama

—Enfim! Onde vamos começar as gravações do livro? Só tem que fazer um resumo com as suas palavras no vídeo.— falou Agnes

—Ah sei lá, que tal no sebo?

—É! O sebo é legal. Tudo bem, depois do almoço você aparece lá.

Agnes desligou sem eu nem ter chance de responder. Bem a cara dela mesmo. Liguei meu computador e entrei no site da escola. Uma propaganda tomou conta da tela do aparelho: "Ei você! Está pensando em tocar algum instrumento? Ligue para este número, vendemos e damos aulas.". Eu ia fechar, mas lembrei que Agnes tocava violão e achei até bem bonito. Entrei no site da propaganda e tinha uma loja dessas na cidade, mas o violão era muito caro. Eu tinha dinheiro, mas era para a minha... Bebida. Não era muito, mas se eu quisesse juntar, eu juntava. Parei por alguns minutos. Abri minha carteira e sai de casa.

Por que eu estou fazendo isso? Música? Estava com dor de cabeça e um pouco enjoado, sintomas da resseca. Entrei numa das lojas e olhei todos os violões. Eram muito bonitos realmente. Uma garota perguntou a mim:

—Tentando impressionar alguma garota?— era uma vendedora

Eu a olhei e ela se reprimiu. Parei e pensei: "Estou tentando impressionar Agnes?"


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