Narração de: Agnes

Eu estava um pouco atrás de Eric, quando ele caiu no meio da mata, desmaiando. Corri até ele. Me joguei no chão, preocupada, e chamei por seu nome. Eric estava gelado e completamente pálido. Seu celular estava ligado, e ele o estava segurando com força.

Chamei pelo diretor do acampamento e ele veio correndo, logo chamou alguém pelo seu rádio. Minutos depois, um pessoal colocou ele na maca e foi correndo para a enfermaria. O que diabos aconteceu? Eric não era de sair desmaiando assim, aliás, ele não se surpreendia com facilidade, deve ter sido uma bomba e tanto.

Horas depois, o diretor pediu para todos voltarem para os chalés, e logo, logo teríamos uma reunião de emergência. Fiquei preocupada com Eric, talvez seja por causa dele.

O diretor chamou todos os campistas e falou, um tanto constrangido:

—Bem... Os pais de um campista souberam que ele desmaiou no... campeonato. E a nossa viajem de ida será antecipada.— todos os campistas comemoraram a notícia— Eu sei que vocês não querem demonstrar a saudade que terão de mim, mas... É a vida.

Todos os campistas foram para os seus chalés arrumarem as malas, mas eu fui para a enfermaria, encontrar Eric. Ele estava deitado na maca, ainda meio tonto. Eric sorriu quando me viu.

—Oi Agnes.— falou ele

—Oi Eric...— respondi. Sentei-me na cadeira ao lado da maca dele— O que aconteceu lá na floresta?

—Minha pressão caiu, só isso. Nada demais.

—Pelo amor de Deus, Eric!— me estressei— Somos namorados agora! É isso que uns fazem com os outros, desabafam os problemas!— Eric ficou em silêncio— Não vai me contar?

—Não aconteceu nada!— ele gritou, num tom frio, que me fez calar a boca

Me levantei da cadeira e deixei a enfermaria. Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa, eu o conheço. Eric não é o tipo de pessoa que se deixa envolver-se demais pelas emoções, por isso que quando as demonstra, é de forma um tanto dramática.

Peguei minha mochila e coloquei na van. Karine e Diego estavam conversando perto da van. Na verdade eles estavam se pegando, literalmente. Fico pensando se um dia vou chegar nesse nível com Eric.

Eric colocou a mochila dele na van. O diretor chamou todos os campistas para dentro da van. Eric sentou ao meu lado e sorriu. Isso é bipolaridade ou alguma coisa à mais?

—Eu não queria que ficasse com raiva de mim por uma besteira dessas.— disse ele— Quer ir jantar comigo hoje à noite? Ia ser amanhã, mas Carl me ligou e adiantou o jantar.

—Jantar?— tentei sorrir— Tudo bem.

A viajem demorou mais do que eu esperava. Acho que adormeci no ombro de Eric. Mas o meu celular me despertou. Olhei para ver quem era e era o meu pai, digo o meu pai mesmo. Depois eu atendo ele, com certeza era para pedir alguma coisa ou perguntar qual foi o resultado do jogo ontem. Mandei uma mensagem para Wesley vir me buscar.

Chegamos no colégio antes do sol se pôr. Eric me deu um beijo e disse:

—Te espero hoje.

Sorri e vi o carro de Wesley. Entrei e joguei minha mochila para o banco de trás. Wesley tinha um rosto fechado e mau-humorado, nem imaginava por quê.

—Aquele era o marginalzinho?— disse ele

—Sim, estamos namorando.—falei, o provocando. Wesley deu um freio no carro inesperado

—O quê?!

—Isso mesmo, eu vou jantar com ele hoje a noite, e acho melhor, você e o Jorge perdoarem ele. Precisamos perdoar Wesley...— sorri, o desafiando

Ele ficou em silêncio. Wesley é o meu meio-irmão, se eu estou feliz, acho que ele devia entender. Eric e eu estamos finalmente juntos, e eu estou finalmente feliz, nada poderia estragar isso.

***

Coloquei um par de brincos e um vestido longo cor da noite, tomara-que-caia. Eric disse que era um jantar elegante. Me olhei no espelho e fiquei satisfeita com o que via. Wesley me olhava sentado na cama, um tanto infeliz.

—Você está linda maninha...

Sorri para ele olhando para o espelho. Wesley podia ser um cavalo de tonto, mas sabia ser muito fofo as vezes. Eu o abracei e disse:

—Não se preocupe. É a minha felicidade agora. Vai dar tudo certo.

—Me ligue se quiser que eu vá buscá-la.

—Sabe que isso não vai acontecer.— ri

Desci as escadas com dificuldade, eu quase nunca uso salto alto, e era muito difícil de andar. Jorge estava dormindo no sofá, Wesley e eu saímos sem fazer barulho e nos fomos. Wesley me deixou na frente do restaurante e suspirou.

—Eu só me preocupo.— disse ele

Beijei sua bochecha, deixando a marca do batom em seu rosto. Sai do carro e entrei no restaurante.

Eu sou o tipo de pessoa que se impressiona com a riqueza dos locais. O lustre do restaurante era enorme e brilhante, as mesas eram todas cobertas por uma toalha branca e decoradas com pratos de porcelana e taças de cristal. Vi Eric numa mesa bem grande e acenei.

Ele me viu e empalideceu, como quando desmaiou na floresta. Eric estava de paletó, a barba estava maior. Me aproximei da cadeira, Carl puxou a cadeira, para eu sentar.

—Há quanto tempo, Agnes. Pensei que desistiu de Eric.— disse ele

—Pensou errado.— odiava aquele garoto...

Ele sentou ao lado da namorada, a que entrou no sebo com ele. Acho que seu nome era Raquel. Ela se levantou e disse:

—Pessoal, tenho um anunciado muito importante para fazer a todos vocês...— Eric começou a tremer e bebeu um copo de água. Pousei minha mão na dele e dei um sorriso torto

Não estava entendendo porquê ele estava assim, tremendo, inseguro e pálido.

—Eu estou grávida.— completou Raquel

Carl levantou a sobrancelha, um tanto confuso.

—Lembro-me de ter usado camisinha.

Raquel suspirou. Eu não sabia o que fazer, acho que ela não estava muito contente pelo fato de alguém estar crescendo dentro do seu ventre, mas normalmente eu bateria palmas e assobiava com os dedos, mas nem se ela tivesse feliz eu faria isso. Esse restaurante é fino, e não precisa de canalhas barulhentas feito eu.

—O filho não é seu Carl.— ela fez uma pausa— É do Eric