A mocinha e o vilão escrita por Tia Lety


Capítulo 14
Capítulo 14- O Senhor das Rosas




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Narração de: Agnes

Já estava escuro. O acampamento não era muito longe daqui, era exatamente vinte metros daqui. Estava passando um batom vermelho nos lábios, quando lembrei-me do beijo que Eric deu. Eu não queria admitir nunca, mas adorei aquilo, se o meu orgulho não fosse maior, eu o beijava o dia inteiro. Coloquei uma sombra preta e lápis de olho. Pus a máscara e ergui a sobrancelha, não parecia eu, e esse era o objetivo. Peguei a espada e coloquei no cinto, tentando parecer determinada. Isso não iria dar certo... Mas não posso voltar atrás agora. Karine e Diego só esperavam por mim para irmos no acampamento adversário. Onde foi que eu amarrei meu burro?

Eric estava do lado de fora do chalé, sentando na borda do lago. Estava fumando, soltando fumaça pelas narinas. Escutava os grilos, a água do lago e via de como o acampamento era escuro. Isso contribuía no plano.

Eu, Karine e Diego pegamos as bicicletas de maratona e saímos. O caminho era mais escuro que o acampamento! Escutava barulhos pela floresta, os galhos se partindo ao meio. Queria das meia volta e gritar: "Jorge, me tira daqui!", mas eu iria parecer muito frouxa, então continuei.

Já podíamos ouvir a música do acampamento. Deixamos as bicicletas na entrada e entramos.

—Ai gente... Será que eles não vão nos receber com pedras e tiros?— perguntou Karine

—Eu acho que não. Eles pareciam muito zen com a gente na competição.— comentou Diego

—É agora ou nunca.— suspirei— Vamos entrar.

Abrimos a porta do galpão e entramos de fininho. A música que tocava era do Maaron 5, Maps. Todos riam bastante e dançavam. Karine e Diego foram para a pista de dança, me deixando sozinha no meio de uma festa desconhecido. Obrigada amiga. Senti cutucadas no meu ombro, e era um garoto com uma flor.

—Uma flor, para outra flor.— disse ele

Aceitei a flor e a coloquei no meu bolso. O garoto estava fantasiado de coelho branco, da Alice no País das Maravilhas. Estava de cartola, onde saíam duas brancas orelhas pontudas, um paletó com uma gravata azul, uma calça social e botas. Uma máscara cobria sua face, e um sorriso provocativo em seus lábios. Seus olhos eram azuis.

—Quer dançar?— perguntou ele

—Espera... Do que posso te chamar?— perguntei

—Ah... Senhor das Rosas.

—Isso é um tanto provocador não acha, Senhor das Rosas?— ri

—E você? Do que posso chamá-la?

—Pode me chamar de Dama da noite.

—Isso não é o nome de uma flor?

—Certamente. "Uma flor, para outra flor" lembra?

A música ficou lenta, e o DJ gritou: "Só para os casais!". Isso era um tanto clichê. Senhor das Rosas agarrou minha mão com suas luvas, me levando para o meio da pista de dança. Ele pousou uma de suas mãos no meu ombro e a outra na minha cintura. Passei meus braços por trás de seu pescoço e dancei devagar.

Depois, mudaram a música para Bang Bang, da Ariana Grande, Jessie J e Nicki Minaj. Senhor das Rosas passou a festa inteira comigo, dançando e rindo de tudo que eu dizia. Ele podia ser muito legal, mas tudo me fazia lembrar Eric. Como ele estaria agora? Sacudi a cabeça. "Não. Vim para cá esquecê-lo.", pensei. Mas era inútil! Eu não conseguia, era como se Eric fizesse parte de mim.

Sentei em uma das cadeiras do bar e respirei. Dancei muito. Senhor das Rosas sentou no banco ao meu lado e pediu uma cerveja. Pedi uma água e ele riu:

—Não vai beber esta noite?— Senhor das Rosas virou o copo de uma vez

—Eu não bebo.— respondi— Nunca desejei.

—Sendo assim, boa água.— ele levantou o copo

Voltamos a dançar. Estava muito cansada, queria muito voltar para o acampamento e dormir, mas decidi ficar já que estou aqui.

Senhor das Rosas me chamou para o lado de fora da festa. Ah! Era maravilhoso o silêncio! O vento batia no meu rosto, o vento frio. Senhor das Rosas sentou no gramado.

—Percebi que você ficou meio... avoada na festa. Quer conversar?

—Você não entenderia.

—É melhor contar o que te aflige para alguém que não tem envolvimento na história.

Era estranho, mas fazia sentido. Contei tudo a ele. Contei sobre Eric, que eu ainda o amo, que ele me magoou muito, que eu fui muito feliz com ele. Senhor das Rosas ouvia em silêncio, até eu me quebrar em lágrimas. Ele me abraçou e o senti soluçar. Senhor das Rosas ficou emocionado com a minha história de vida dramática? Isso não era muito sexy. Ele se levantou e me ajudou a me levantar. Seu rosto era tomado por lágrimas.

—Desculpe por isso...

O Senhor das Rosas me beijou. Tinha... gosto de menta. Igual ao de Eric. O empurrei e tirei sua máscara. Era Eric! Gemi gritando e tentei correr. Era Eric! Eric! Ele agarrou meu pulso e disse:

—Espera! Por Favor! Por que ficou tão chateada? Nos beijamos ontem a noite!

—Se você soubesse...— solucei— O tanto que eu queria que alguém aparecesse...— Eric estava derramando rápidas lágrimas, mas eu não conseguia decifrar sua reação— E mudasse minha vida do jeito que você mudou... Mas era você. Você! Eric por que você faz isso?

—Porque eu te amo.

—Tem que perturbar minha vida! Você sabe que eu preciso de liberdade, eu preciso achar alguém que eu confie de verdade, que não faça apostas bobas e...— parei um momento— O que disse?

—Eu disse que te amo.

—Repita, por favor.

—Eu te amo, Agnes.

Tirei a máscara do rosto e limpei meu olhos marejados. Parece que eu queria voltar todo o caminho de onde eu vim. Queria esquecê-lo para sempre, mas a cada segundo, isso tem ficado mais difícil.

—Droga...— murmurei— Eu também amo você.

Eric me beijou, agarrando meu rosto. Estou de volta para onde pertenço. Quem eu quero enganar afinal? Sempre fui apaixonada por ele.

—Se você soubesse...— Eric disse, libertando meus lábios do sabor mais doce do mundo— o quanto este momento significa para mim, e quanto tempo eu esperei... E se você soubesse...— eu podia sentir que as suas lágrimas eram reais, ele fungava— o quanto está me fazendo feliz. Nunca pensei que eu... O monstro Eric, amaria alguém tanto assim.

Sorri. Ele era o meu monstro Eric. Só meu. O beijei. Sim, eu havia lhe dado uma segunda chance. Havia lhe dado uma oportunidade para me fazer finalmente feliz.


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