Call Me Maybe escrita por Everlarkbb


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601890/chapter/1

Esse é oficialmente o domingo mais tedioso, na história dos domingos tediosos. A rua está praticamente deserta, um tédio. E, olha que eu moro numa cidade relativamente grande, não é a capital ou uma metrópole, mas temos alguns Shopping's. Depois que passei as ferias na casa da minha tia, passei a ver como toda cidade é grande e desenvolvida. Minha tia falava que sua cidade era isso e aquilo, mas para mim aquilo era do tamanho do meu bairro.

Meus amigos inventaram que domingo era o dia ideal para se pegarem, e me abandonarem. Logo eu, que formei os casais, que juntei o 'casal doçura', Brad e Annie, o 'casal te odeio, mas te amo', Melanie e Griffin e o 'casal os opostos se atraem', Carly e Gibby . Me abandonaram, achando que um domingo tedioso era o dia perfeito para namorarem, se pegarem.

E, eu... Bem, não é como não haja alguém que me queira. Eu preciso de alguém que desperte algo em mim, não que eu acredite nessas paixões à primeira vista ou algo assim. Na realidade, eu não entendo muito sobre amor, paixão. Para mim, existe apenas o algo que eu nunca senti.

Estamos no verão e isso daqui está um tédio, eu quero ir à praia, mas ir sozinha é tão chato, e os meus amigos que não estão namorando por ai, aproveitaram as ferias para viajarem. E, eu apenas observo ao redor, sei coisas sobre meus vizinhos que antes desconhecia, sei que na casa azul do outro lado da rua mora um cadeirante, e na casa amarela da esquina vive um cara que passa o dia inteiro na janela, sem camisa e que possui um coelho de estimação, alias ontem a noite novas pessoas se mudaram para a casa ao lado da minha, e como os Watson's, os vizinhos fofoqueiros estão viajando, não sei de nada, não sei se é gato ou feio, novo ou velho, solteiro ou casado, apenas uma pessoa ou uma família enorme, mas eu gostaria de saber. Talvez fosse legal se eu fizesse como aquelas adolescentes doidas e eufóricas, quer dizer ainda sou doida e eufórica, mas creio que minha adolescência já passou, mas eu poderia relembrar e ir dar boas vindas ao novo vizinho, talvez seja gato e esteja sem camisa ou talvez seja um velho rabugento que passa o dia gritando 'Não pisem no meu gramado!'. Imagino a minha mãe, e sua mania de falar sem parar, repetindo algo como: "Você não é mais uma adolescente, Sam! Você esta na faculdade, então pare de agir como uma.".

Está anoitecendo já, e nada de criar coragem para ir conhecer o novo vizinho, os Turner, vizinhos da esquina, família grande, unida, rotineira e tediosa, tem a política da boa vizinhança, mas estão viajando, talvez eu pudesse representa-los ou não. Obvio que não, eu sequer tenho um bolo para levar ou aparência de boa vizinha.

Estamos numa noite quente de verão, o vento soprando ruidosamente, talvez eu pudesse apenas sair por ai, eu poderia ir à pracinha do bairro, jogar uma moeda no poço, desejar um domingo menos tedioso, ou apenas um desejo qualquer que eu nunca vá contar para alguém, como sempre faço. Olho o relógio, 19h, se eu tomar um banho, me arrumar e ir para a praça, chego lá antes das 20h. Eu vou! Afinal o que eu poderia fazer por aqui? Ficaria deitada olhando para o teto? Não tenho livros para ler, a televisão está um tédio, como tudo nesse domingo, e qualquer coisa que eu faça no computador, só irei ver mulheres de biquíni ou suas pernas, aproveitando esse 'maravilhoso verão ensolarado', nada menos, nada mais.

Tomo um banho, coloco um short jeans, uma camiseta leve e uma rasteirinha. Um típico visual a La Sam Puckett, a universitária. Afinal, antes de tudo isso, no ensino médio eu me vestia bem, saltos, vestidos, cabelos bem penteados, mas agora é faculdade, e tudo que eu menos tenho é tempo de me arrumar, de visitar o salão, não lembro sequer quando tive tempo de cortar meus fios loiros.

Ainda meio em duvida, fecho a casa e ando sem rumo, viajando imersa em pensamentos sem nexo, quando percebo que estou parada a tal 'fonte de desejos' do meu bairro. A fonte sempre foi um alvo maior de crianças esperançosas, mas na maioria das madrugadas, bêbados se jogam na água para aparar moedas querendo realizar seus próprios desejos de mais uma bebida. Ela fica na pracinha do bairro, que é um dos poucos atrativos 'naturais' perto da universidade.

Como uma criança boba, pego uma moeda qualquer no bolso do short, olho para a fonte cheia de moedas e jogo a minha com um desejo que provavelmente não será realizado em mente. Levanto o olhar vagarosamente e minhas vistas logo encaram um garoto. Jeans rasgados, mostrando a pele, sem camisa, olhar parado em um lugar qualquer que talvez fosse minha direção. Cabelos castanhos molhados, grudados na testa, um topete encantador, lábios finos num sorriso torto e olhos de um castanho, com um brilho invejável. Sem duvidas, é difícil pensar olhando para ele. Mas, sou puxada para um planeta sem fantásticos olhos castanhos quando meu celular berra querendo minha atenção, uma musica qualquer, provavelmente algo como Take Me To Church, e eu sei que é minha mãe, afinal Pam nunca passaria uma noite sem me ligar. Atendo ainda meio confusa com meus pensamentos perturbados por fios castainhos, sorrisos tortos e topetes.

— Alô?

— Sam? Samantha? Filha, é você? — a voz estridente de Pamela soa de forma que assustaria qualquer um que não a conhecesse.

— Calma, mãe! - respiro fundo. - Sou eu, sim...

— Ah, filha! — me interrompe. — Como você está, querida?

— Já falei que não sou sua querida, mãe. — é apavorante a quantidade de pessoas que ela chama de 'querida', ser chamada assim me faz sentir mal, menos especial. — Estou ótima, mãe! Noite quente de verão, o vento sopra... Como eu poderia não estar bem?

— Hum... — pensa por dois segundos. — Qual o nome dele?

— Dele quem? — questiono perdida.

— Ah, por favor, Sam... Eu sou sua mãe! — reviro os olhos. — Da ultima vez que você se alegrou com uma noite quente de verão, o nome do motivo era Arthur, tinha olhos verdes e bochechas coradas. Não tente me enganar! — reviro novamente minhas orbes azuis.

Talvez, eu não seja a maior admiradora de noites quentes solitárias ou simplesmente do verão suado, mas não é exatamente assim.

— Para, mãe! — peço cansada. — Não tem ninguém, okay? Apenas, eu e olha... EU!

— Tudo bem... — aceita, ou finge aceitar enquanto provavelmente revira os olhos. — Apenas, usem camisinha, por favor. Nina é muito nova para ser tia. — comenta se referindo a minha pequena irmã de 11 anos, além de Melanie, minha gêmea, enquanto eu claramente sei que se refere a si mesma como avó e a mim como mãe, e eu concordo com isto. — Boa Noite, filha. Nina esta mandando um beijo... Tchau!

— Mande um beijo para ela também. — peço. — Boa Noite, mãe!

E, quando pisco, ela já desligou a ligação. Mais uma vez olho na direção que o moreno estava, e me surpreendo ao não o vê-lo. O que esperava também? Que ele ficasse parado esperando pelo meu olhar? Nunca, Puckett, nunca!

— Ola! — uma rouca ao meu lado diz, me viro para me surpreender ao ver aquelas orbes castanhos brilhantes olhando para mim.

— Oi! — semicerro os olhos.

— Oh, você esta me olhando como se houvesse a probabilidade de eu sequestra-la a qualquer momento. — ri realmente se divertindo com minha cara.

— Eu estou sozinha, andando pela praça do bairro numa noite de verão, quando de repente um desconhecido diz 'Ola!' para mim, eu sem duvidas tenho que me apavorar, certo? — me irrito um pouco. Se eu odeio algo, é que riam de mim.

— Oh, claro! Freddie Benson! — o moreno misterioso, agora Freddie, estende as mãos para mim, me fazendo sorrir negando com a cabeça.

— Sam Puckett! — cumprimento. — Mas, o fato de eu saber seu nome não te faz menos desconhecido que antes.

— Você está certa! — afirma, sorrindo divertido. — O que quer saber para que eu me torne menos estranho? - questiona, e eu apenas franzo o cenho. - Freddie Benson, 22 anos, acabei de me mudar para este bairro, por causa da transferência de universidade, na qual faço engenharia. Sou menos estranho agora?

Não falo nada, apenas gargalho de seu jeito um tanto quanto eufórico. E, Freddie franze o cenho, talvez irritado e começa a andar. Seguro seu braço, fazendo-o me olhar.

— Onde você pensa que está indo, baby? — pergunto em um tom nenhum pouco Sam, e ele apenas dá de ombros.

Quando se prepara para responder, meu celular toca, e é Carly. Moramos eu, Carly, Annie e Melanie na casa, e elas se preocupam comigo tanto quanto eu com elas, e eu sei que se não chegar em casa em pouco tempo, minhas amigas chamaram a policia.

— Eu tenho uma coisa que te tornará menos 'estranho'. — afirmo e ele apenas sorri esperando por uma resposta de minha parte. — Qual seu número de telefone?

— Esta é uma das coisas que eu não posso te dizer, baby! — responde divertido e dando destaque ao 'baby' que havia copiado de mim.

— Bem... Eu posso. - de repente pego em meu bolso um pequeno cartão que continha meu numero, o qual eu distribuía quando estava em busca de estagio. — Então... Ei, acabei de te conhecer e isto é loucura, mas aqui está meu número, então talvez me ligue. — peço insegura, deixando o cartão em sua mão e correndo na direção da minha casa.

–_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_--_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-

Se passaram duas semanas, e Freddie simplesmente não me ligou. E, estranhamente, isto me fez pirar. Mas, o que eu esperava? Simplesmente passar meu telefone e ele me ligar? Não, certamente, não. Ele falou que não podia me passar seu numero, quem sabe ele tenha namorada, talvez seja mais bonita que eu... Não importa se é ou não mais bonita que eu, só o fato de ele ter namorada muda tudo. Na realidade, sequer tem o que mudar, eu apenas agi como uma louca, passei meu telefone para um estranho e pedi para que me ligasse, além de louca, agi como uma oferecida. Mas, isto não faz diferença mais, não agora. Eu apenas não sei por que penso tanto nele, talvez ele tenha despertado algo em mim, ou muito provavelmente, seja apenas o fato de eu estar carente, somado a ideia de que tenho que aturar três casais ao meu lado todo o tempo, e minhas amigas falando de seus namoros perfeitos.

Me jogo cansada na cama e pego o primeiro livro que está ao meu alcance. Logo vejo a capa de 'A Esperança', e me lembro de uma de suas frases; 'Você não esquece o rosto da pessoa que representou sua última esperança.' E malditamente confirmo soltando um muxoxo cansado.

— Sam... Sam,Sam,Sam,SAM — Carly me chama eufórica, muito eufórica, entrando no quarto.

— O que foi, morena? — questiono acostumada com a sua euforia.

— Seu celular. — fala apenas, me entregando o aparelho e se retirando do quarto fingindo me dar privacidade, mas eu sei que continuará atrás da porta.

— Alô? — atendo.

— Sam? — uma voz rouca pergunta.

— Eu mesma... Quem fala?

— Freddie Benson. — percebo que ele sorri enquanto fala.

— Freddie... — saboreio seu nome, me permitindo sorrir um pouco, mas logo parando ao lembrar de todos os sorrisos bobos e inúteis que dei nas ultimas duas semanas ao ouvir meu celular tocar. — O que deseja, Benson?

— Hum... Um beijo, talvez. Um desejo da fonte, quem sabe... Mas, no momento, um encontro com você me bastaria, sabia? Apenas uma noite de loucuras, sem qualquer maldade, apenas diversão. O que acha?

— Hum... Parece legal, — tento parecer vaga e difícil, mesmo meu animo estando enorme. — mas o que te leva a crer que eu vá? Ainda mais agora. Eu poderia estar dormindo, sabia? E, mesmo que eu esteja acordada, isto não significa que eu esteja disponível.

— É... Você esta certa. — afirma me embasbacando.— Você esta disponível no momento, Puckett?

— Talvez... Mas, eu teria que me arrumar, e sair com um estranho não faz meu tipo.

— Ah, pensei que eu não fosse estranho mais. — dou de ombros com seu comentário, mesmo sabendo que ele não verá. — Qual é, Sam... Vá do jeito que está. Você esta bem assim, com este short e a blusa larguinha com estampa da bandeira dos Estados Unidos, parece confortável, certo? — como ele sabe? Ele é um psicopata! Eu realmente estou vestida assim.

— C-Como você sabe? — gaguejo um pouco, mas tento manter a voz firme.

Eu sou Jack, o estripador. — faz uma voz de filme de terror, o que me assusta um pouco, talvez muito. Ele gargalha. — Calma, garota! Você sabia que tem um novo vizinho? E, olha... Sou eu! E, sabia que a janela do meu quarto é de frente para o seu?

Antes dele terminar de falar me levando e giro em torno de mim mesma, procurando pela janela e quando a acho vejo do outro lado meu novo vizinho, Freddie Benson!

— Eu pensava que você era um psicopata... — comento fazendo-o gargalhar. — Descobri que você é pior que isto.

— Ah, qual é... Vamos lá, é apenas uma noite, no fim dela se você quiser me odiar, nunca mais olhar para minha face e planejar uma forma de me matar quando estiver dormindo está completamente autorizada, mas vamos lá! — implora num choramingo. — As aulas estão quase voltando, eu não tive tempo de aproveitar nada, nem sequer conhecer lugar algum, pensei em chamar alguém e me lembrei de você... O que acha? - suspiro quase rendida, mas ainda duvidosa. — Por favor! — pede fazendo um biquinho que eu vejo através da janela, me rendendo completamente.

— Tudo bem, Benson! — solto meu mais novo suspiro. — Mas, só aceito pela chance de te matar enquanto dorme, parece divertido. — brinco.

— Oh, claro! Bem, eu te espero em exatos 5 minutos na porta da sua casa, tudo bem? — questiona.

— Hum... — me avalio dos pés a cabeça, talvez eu possa ir com esta roupa, apenas tenho que calçar uma sapatilha e arrumar meu cabelo. — Acho que não vou conseguir em 5 minutos. 10 minutos?

— 6. — contesta.

— 6 é quase nada, Benson! 9.

— 7 e não se fala mais nisto. — exige.

— 8 e pronto.

— Mas, você sai ganhando, isto é injusto. — retruca infantilmente.

— Ah, Benson! Você acabou de me tirar da minha cama, então sem duvidas, você está ganhando. Agora, eu tenho que ir, se não vou aumentar o tempo.

— Não ouse, Puckett! Já estou descendo. Tchau.

— Até logo. — despeço-me e desligo, já jogando o celular na cama, e correndo em direção a minha penteadeira.
Tento desembaraçar meus fios, o que agora parece ser impossível, quando Carly aparece.

— Você sabe que eu estava invadindo sua privacidade, mas quem se importa, a questão é... Serio que ele — aponta na direção da janela, eufórica. — é o cara da fonte que depois de tanto tempo esta te chamando para sair? — assinto concentrada em terminar de desembaraçar meus fios rapidamente. — Você é uma bastarda sortuda, um olhar que ele te der já compensa suas duas semanas de espera.

Olho para a morena natural que tem suas esmeraldas chamadas olhos brilhando na minha direção e dou de ombros.

— Ele nem é tudo isto assim. — minto mesmo sabendo que Carly pode ler minha mente. Mas, continuo enquanto calço minhas sapatilhas azuis, deixando meus fios soltos.

— Cadê Melanie e Annie?

— Annie foi conhecer os pais de Brad, estava tão nervosa que parecia que ela era o próprio Brad quando pediu-a em namoro para os pais da ruiva, era divertido e pesaroso vê-la comendo as unhas até sangrar. — comenta me fazendo sentir pena de Annie, ela sempre foi insegura com esta coisa de relação e conhecer os pais de Brad é um passo enorme para ela. — Já Melanie esta dormindo para variar. Mas, agora me fale sobre o encontro.

— Cadê Gibby para te fazer concentrar em outras coisas quando se precisa dele. — resmungo.

— Ele saiu com Lucas — dá de ombros. — Acharam um lugar cheio daqueles jogos antigos, sabe?

— Caça Níquel? — sugiro sutilmente.

— Isto, isto... Então... — recomeça, mas eu a interrompo.

— Eu tenho que ir Carly, meus 8 minutos estão acabando. Te amo, morena! — me pronuncio já descendo as escadas. - Não me espera acordada.

— Claro que não vou esperar... Com um deus grego deste, você vai querer dormir na casa ao lado. -— brinca.

— Para, Carly! Você sabe que não sou deste tipo...

— Verdade, me desculpe! Mas... — não a deixo terminar, já passo pela porta com meu celular, chaves e dinheiro no bolso.

Logo vejo um certo moreno em minha frente. Camisa polo, calça jeans com pequenos rasgados nos joelhos e um sorriso tão grande que me lembra o gato de 'Alice no País das Maravilhas'.

— Bem pontual, Srta.! - comenta. — Vamos?

— Aonde? Ao infinito e além? — debocho, e ele apenas dá de ombros.

— Quem sabe... Vamos apenas andar, sim? — sugere me fazendo dar de ombros.

— Vamos andar, então... — sorrio.
Começamos a andar pelas ruas, atravessamos uma e outra, viramos uma esquina, em puro silêncio.

— Qual é, Benson! Você me tira de casa para andarmos neste clima fúnebre?

— Oh, me desculpe! Você também esta com uma cara que diz ’Não fale comigo!’. — justifica fazendo uma voz engraçada, que me faz rir.

— Talvez seja pelo fato de eu não estar acostumada a sair com estranhos. — dou de ombros.

— Pensei que já havíamos passado desta fase. — contesta, me fazendo dar de ombros novamente. — Sei que você quer perguntar algo... Pergunte!

— Por que você demorou tanto? — pergunto tímida

— Ham? — se faz de bobo.

— A ligar... Por que demorou tanto a ligar?

— Hum... Quer a resposta sincera? — assinto, aflita. — Quando você me passou seu numero e saiu correndo, eu pensei... Porra, essa garota deve ter sido uma miragem. E, eu não estava procurando por isso, por sentir um sei lá como eu senti na hora, mas agora você está no meu caminho... E, eu passei o tempo todo pensando algo como 'Essa garota é incrível demais para dar bola para mim...' e eu decorei seu numero, depois das inúmeras vezes que eu o digitei e redigitei, para logo depois desistir de te ligar, com medo... Então, eu abri as janelas do meu quarto querendo pegar um pouco de ar e parar de pensar em você, e quando eu vejo... BoomPown... Você simplesmente está no meu caminho.

— Uau... Você é bom nesta coisa de ser sincero! — exclamo embasbacada, ele me olha com uma pergunta muda no olhar. — Faremos o seguinte, vamos ignorar esta coisa toda, okay? E, vamos apenas viver esta noite, porque a partir de amanhã, vou me dedicar a te matar. — sorrio torto, brincalhona.

— Tenho que aproveitar minha ultima noite vivo então... — percebo que estamos em frente a um bar.

— Você tem algum plano? Porque eu acabei de ter uma ideia. — ele olha na mesma direção que eu.

— Beber?

— Não simplesmente beber, vamos brincar enquanto bebemos, nos conhecer... — sugiro.

— Parece divertido, mas brincar de que?

— Melhor Dia/Pior Dia, Eu Nunca... O que não faltam são ideias. — respondo, puxando-o para dentro do bar.

Sentamos num banquinho e pedimos bebidas fracas ao barman, pois não queremos ficar bêbados.

— Quem começa? — questiona.

— Vai você... Vamos começar com o que? Melhor dia/Pior dia ou Eu Nunca? — pergunto.

— Como se joga Melhor Dia/Pior Dia?

— Cada um conta seu Melhor e seu pior dia, aquele que 'perder' bebe. — explico e ele logo começa.

— Meu melhor dia tem pouco tempo, eu havia acabado de me mudar, consegui uma casa incrível, e ainda estava nas nuvens por ter conseguido uma vaga na melhor universidade de NewAnast, mesmo que no meu penúltimo ano da faculdade, e eu estava radiante, mesmo que afundado na bagunça da mudança, e pensei em dar uma caminhada pela pracinha do bairro que eu havia visto no caminho, eu precisava respirar... E, como minhas roupas ainda estavam nas malas, fui com a calça que estava mesmo e tirei minha camisa suada. Quando cheguei à praça, vi uma 'fonte de desejos' e logo após a visão mais linda que alguém pode ver. Uma garota loira, rindo como criança, e seus belos olhos azuis brilhando loucamente, com uma risada que parecia musica de tão linda. E, do nada ela fixou o olhar em mim, sabe? Foi fantástico! Mas, acho que o resto disto você já conhece. — sorri torto, enquanto eu apenas rio, ignorando a clara cantada.

— Você vai obviamente perder para mim, moreno! — desafio. — Meu melhor dia foi meu aniversario de 17 anos, eu não estava muito animada, e tudo estava tão sem graça... Até que eu recebi um telefonema da UNA, falando que eu havia sido aceita para cursar Direito e que eu teria que ir lá fazer a matricula. — ele finge bocejar como dizendo que eu perdi. — Então, eu contei para minha família e nós comemoramos, saímos, passeamos, minha mãe estava meio chorosa por eu não morar mais com eles, minha pequena irmã, Nina estava feliz pelo simples fato de me ver feliz, e meu pai não poderia estar mais orgulhoso. Foi meu melhor dia. — termino de contar.

— Sua história é até legalzinha, mas não é AQUELA coisa... — comenta debochado. — Nós dois temos Melhores Dias mega sem graça.

— Eu gosto do meu Melhor Dia. — contesto. — Vamos fazer o seguinte, estamos quites, nós dois ganhamos e nós dois perdemos.

— Nós dois bebemos. — anuncia, nós dois viramos o copo de uma vez e pedimos mais para o barman.

— Qual foi seu pior dia? — questiono.

— Eu nunca tive um pior dia. — dá de ombros. — Talvez, meu pior dia tenha sido quando descobri que o Papai Noel não existe. — rimos. — Ou, com certeza quando descobri que Valerie dizia querer namorar comigo e dizia isto para mais outro e outro... — arregalo os olhos.

— Serio? Você era feito de corno? — questiono totalmente curiosa, e sem a mínima delicadeza.

— Eu tinha 9 anos. — dá de ombros, me fazendo rir. -— Não sei de onde você tira graça, eu era criança, mas me magoou.

— Esta eu sem duvidas ganho. — afirmo, bebericando um pouco da bebida. Eu sempre odiei falar deste dia com qualquer pessoa, mas Freddie me passa uma estranha segurança. — Meu pior dia foi no dia seguinte ao melhor. Eu ainda estava imersa pela felicidade, tudo parecia perfeito, mas a rotina tinha de continuar, certo? Então, meu pai foi trabalhar como de costume, mas desta vez... — respiro fundo. — Um maldito caminhoneiro bêbado dormiu ao volante, e duas garotas ficaram órfãs de pai... — conto me afundando na banqueta, como sempre acontece quando me lembro 'daquele' dia.

Evito olhar para o garoto ao meu lado, até porque já conheço sua expressão facial, e é por causa dela que eu nunca falo daquele 25 de janeiro com ninguém. Todos sempre fazem a mesma cara de pena, pesar, param de me ver como pessoa e passam a ver como objeto de dó. Eu odeio isto.

— Sinto Muito! — pede, me irritando. Sei que ele apenas quer ser gentil, mas isto cansa.

— Ah... Apenas beba por ter perdido. — ordeno, e ele logo vira tudo de uma só vez, o barman logo enche novamente. — Agora, vamos jogar Eu Nunca!

— Eu não sei exatamente como se brinca de Eu Nunca, tem como você me explicar, por favor! — pede um pouco envergonhado, chegando a ser fofo, assinto.

— É assim, supõe-se que é minha vez, então eu falo uma coisa que eu nunca fiz e você provavelmente sim, se você tiver feito, você tem de beber, entendeu? — explico.

— Sim, mas desta vez você começa. — dou de ombros.

— Eu nunca... — começo pensativa. — Eu nunca fui a um jogo de futebol. — palpito.

— Olha que coincidência entre nós... — ele sorri debochado. — Porque eu também não! — exclama eufórico por 'não ter perdido'. — Eu nunca dei meu número para um estranho!

— Hey... Não é você que diz o tempo todo que não somos mais estranhos? — ele apenas dá de ombros se justificando, e eu viro a bebida que desce queimando, mesmo sendo fraca. — Eu nunca me iludi aos 9 anos de idade!

— Ah, para... Isto não vale! — dou de ombros, como dizendo 'com você valeu, comigo tem de dar também', e ele bebe.

— Eu nunca tive um dia de aula na UNA! — estreito os olhos em sua direção, mas bebo.

— Olha, o jogo é para nos conhecermos e assim não vai rolar. — contesto.

— Tudo bem!

— Eu nunca fui a um show de rock!

— Okay, você me pegou... — bebe de uma vez. — Mas, como nunca foi?

— Apenas nunca fui... — dou de ombros.

— Eu nunca morei com amigos. — reviro os olhos, mas bebo.

— Eu nunca desenhei bem. — afirmo e ele bebe.

— Eu nunca fui a um protesto contra o machismo. — afirma me fazendo rir ao imagina-lo num protesto contra machismo. Viro a bebida.

— Como você sabia? — estreito os olhos em sua direção.

— Você apenas tem cara de quem odeia machismo. — palpita. — Eu sequer tinha certeza de que já havia ido a um protesto. — dá de ombros.

Passamos horas assim, e eu descobri diversas coisas sobre Freddie desde o fato dele dormir de janelas abertas e dar dois nós nos cadarços ao fato de ser um bom cozinheiro e um perfeito nerd. Eu descobri sobre sua família e os conflitos que os envolvem, e que após toda a magoa aos 9 anos de idade, Valerie se tornou sua melhor amiga e é uma das pessoas mais importantes de sua vida, afirmação que me fez sentir algo estranho. Algo como um vazio. Descobri que passou toda sua vida em Conquilhéa, uma pequena cidade no interior do estado, seu maior sonho sempre foi estudar na UNA, e nunca havia namorado, apesar de ter milhares de garotas aos seus pés, coisa que ao contar sua modéstia passou longe e eu não duvidei do fato. Após algumas horas, e uma discussão sobre quem paga a conta, seguimos indo embora um ao lado do outro. Ninguém realmente bêbado, mas ninguém completamente são.

— Foi uma noite legal! — comento.

— Posso esperar por mais destas noites ou me preparar para ser morto pelas suas mãos? — brinca.

— Bem... Você é legal, me rendeu uma noite divertida e me ligou, mesmo eu tendo parecido uma maldita louca oferecida me ligou. — conto nos dedos — Talvez você mereça a chance de viver um pouco mais...
Ele se vira para mim, ainda andando.

— Posso te fazer uma pergunta? — questiona.

— Você acabou de fazê-la, mas pode fazer outra. — sorrio torto.

— O que você desejou aquele dia na fonte? — pergunta curioso.

— Eu não posso contar, Benson! — olho em suas orbes brilhantes. Castanho no azul azul no castanho. — Mas, posso dizer que foi realizado.

— Assim você faz meu ego voar, sabia?

— Como? Você acha que meu desejo era você? Oh, não! Meu desejo era ficar milionária... -— minto descaradamente.

— Conseguiu? — ergue as sobrancelhas, claramente rindo de mim.

— Consegui... No 'Super Banco Imobiliário'. — reviro os olhos, fazendo-o rir.

— Sabe... Você não ficou curiosa pelo motivo de eu não poder te passar meu numero? — estreita as sobrancelhas, tentando ver a sinceridade na minha resposta.

— Sinceramente, na hora eu sequer pensei nisto, Carly estava me ligando, e eu apenas passei meu número e sai correndo como uma louca. — dou de ombros. — Mas, nas ultimas duas semanas eu parei para pensar, e tudo que me vinha a cabeça é que você tinha namorada e eu fiz papel de uma vadia oferecida. — ele gargalha alto.

— Poxa, nunca pensei que você pudesse se equivocar tanto.

— E, qual era o problema? — questiono.

— Eu estava sem telefone. — dá de ombros. — Eu precisava comprar um chip.

— Serio que era apenas isto? — arregalo os olhos, de repente envergonhada.

— Pois é... As vezes você exagera. — dá de ombros.

— Olha... Parece que chegamos. — eu estava tão perdida na conversa que nem percebi que havíamos chegado.

Olho em seus olhos e por um milissegundo, o tempo para. É apenas azul no castanho. E, eu me sinto tão perdida, e me pergunto se ele se sente da mesma forma. Mas, como resposta tenho apenas a pressão de seus lábios contra os meus, de uma forma irônica e controversa, urgente mesmo sendo calma. Minhas mãos vão em direção ao seu pescoço, abraçando-o, e suas mãos para minha cintura. Eu entreabro meus lábios e nossas línguas duelam entre si, e apesar de tudo, a batalha maior é dentro de mim, meu coração acelerado e minhas mãos suando são uma prova da bagunça que estão meus pensamentos e sentimentos, mas cedo demais nos separamos. Olho em sua direção, e o vejo mirando-me. Passamos alguns minutos assim, mas logo realmente nos afastamos, abro a porta e chega a famosa 'hora das despedidas'. Miro-o, esperando que fale algo.

— Dizem que homens não podem ligar no dia seguinte à um encontro, e...

— Isto foi um encontro? — o interrompo, colocando para fora um dos vários questionamentos que estão em meu interior.

— Não me interrompa. — pede. — Para mim isto foi um encontro, sim! Mas, considere como quiser. — dá de ombros. — Continuando, dizem que homens não podem ligar no dia seguinte à um encontro, e eu não quero quebrar a regra. — fuzilo-o com os olhos e ele dá de ombros risonho. - Mas, creio que você pode ligar, certo? Então... — tira um cartãozinho do bolso da calça jeans. — Aqui está meu número, me ligue se quiser. — pede me mandando uma piscadela, antes de atravessar o jardim e entrar na sua casa me fazendo perceber que mesmo antes dele entrar na minha vida, eu sentia tanto a sua falta. Ele simplesmente tornou minhas noites de verão menos solitárias. Provavelmente, não apenas deste verão, afinal talvez eu ligue.

E, mesmo que eu negue o resto da vida, naquele tedioso domingo eu desejei um Freddie. Não exatamente este Freddie, mas alguém que despertasse algo em mim, e ele despertou, de forma rápida e louca um verdadeiro algo me povoou. Uma atração, uma paixão, o que é? Eu não sei, é apenas algo novo e mesmo que recente, forte o suficiente para sobreviver a cem vidas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai gostaram? Espero que sim, beijo amores ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Call Me Maybe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.