Enquanto nós esperamos escrita por Tia Lety


Capítulo 4
Capítulo 04- Colocando as cartas na mesa


Notas iniciais do capítulo

Obg por estarem acompanhando!! Vcs são dmssssssss!!!

Tia Lety



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Dormi na pediatria naquela noite, e se por acaso, aquele nojento viesse, eu batia na cara dele. Ainda não acreditava que ele fez isso comigo. Josh disse que me amava e esperava pela minha resposta para namorarmos, mas quando descobri sobre ele e Emily Keys, meu coração se despedaçou em mil pedaços, como se fosse um copo de cristal caindo no chão. Ju estava dormindo ainda. Olhei para janela e vi aquela cor linda alaranjada no céu. Devia ser muito cedo, mas não aguentei, queria me levantar, ia ficar louca deitada naquela cama, só pensando no cretino do Josh.

Sai do quarto e dei de cara com ele. Rodei o olhar e ia sair, mas Josh agarrou meu braço com força e disse:

—Deixa eu me explicar.

—Eu não quero ouvir nada!— me soltei

Mas ele me agarrou de novo com os dedos gelados e ásperos. O olhei com raiva, não queria mais falar com Josh de novo, a cena de ele se beijando com Emily Keys não sai da minha cabeça. E de onde eles se conhecem? Josh já foi da minha escola? As perguntas latejam na minha cabeça.

—Era tudo mentira não é...? —perguntei

—O quê?! Não!

—Como pode fazer isso comigo?!—berrei

—Emma, mas eu te amo!

Meu corpo não conseguiu se controlar e dei um tapa no rosto de Josh. Ele beija
outra menina e diz que me ama? Que tipo de cretino ele é? Josh era meu príncipe no cavalo branco, que tinha me salvado do cruel dragão chamado infelicidade. Josh me deu sentido à vida. Ele me ensinou a ser feliz. Me deu uma razão para viver. Sempre pensei em desistir ou em... Parar de respirar a qual quer momento. Mas, ele me desapontou. Muito.

Corri para o meu ex-quarto e fechei a porta e escorreguei até o chão encostada na porta. Senti lágrimas no meu rosto. Pus minhas mãos no rosto, querendo respostas. Josh bateu na porta.

—Emma por favor! Você tem que saber a verdade!

—Eu não quero ouvir mais nada!

—Emma...— senti ele encostando a cabeça na porta— Me dá uma chance.

Ouvi a voz dele um tanto trêmula. Limpei meu rosto com as mãos e me levantei. Me julgue, mas eu não consegui me conter, abri a porta para Josh, e ele tinha lágrimas no rosto. Verdadeiras? Eu não sabia, mas a minha vontade era de abraçá-lo e não largar. Sentei na cadeira e disse à ele:

—Você tem cinco minutos para me convencer que está certo.


Josh suspirou. Ele me contou que conheceu Emily numa viajem que fez para Tóquio quando tinha 16 anos. No avião, eles começaram a namorar. Aquilo me fez ter náuseas. Josh me disse que tinha se envolvido num tráfico de drogas com essa idade e contou para Emily, que prometeu guardar segredo. Porém, depois que ele saiu dessa roubada, percebeu que Emily Keys era louca pirada, e decidiu terminar com ela. Insatisfeita com o pé na bunda, a garota chantageou Josh com o negócio do tráfico, que se eles não voltassem, ela falaria para a polícia que ele já foi um traficante.

Era muita cara-de-pau em uma só pessoa. Eu não me conformo com isso. Mas o que fazer? Emily tinha o poder. Mandar matá-la? Seria muito cruel, mas bem que merecia. Emily estragou minha vida dos treze aos dezessete, será que essa garota sempre vai me perseguir?! Ela me fez passar vergonha, me machucou e até me humilhou na escola inteira. Teve um dia, que eu fui ir aos chuveiros femininos, e eu estava menstruada no dia. Fui a ultima a terminar o banho. Sai do box e fui me trocar, então eu não estava achando o absorvente. Meu Deus, me lembro como se fosse ontem, eu pirei! A calça do colégio era branca, eu não tinha casaco ou algo que me cobrisse. Tinha tocado o sinal da aula e eu estava no banheiro, esperando algum sinal. Não sabia se me vestia ou ficava de toalha até alguém aparecer, e o chão já estava completamente encharcado. Depois de três horas (depois das aulas), Emily Keys apareceu no banheiro, sacudindo o pacote de absorvente. Implorei para ela me devolver, mas eu recebi um não. Eu não podia correr atrás dela, estava de toalha e poderia até escorregar no meu próprio sangue. Emily me mostrou o celular e tirou uma foto. Ótimo, eu me lembro muito bem que eu pulei em cima dela, mas as amigas me tiraram de cima dela. Eu agradeço todos os dias que a minha toalha não caiu, podia ter sido bem pior. A pergunta que você deve estar se fazendo é: por que Emily não é suspensa ou expulsa da porcaria desse colégio? Bem simples, a mãe dela é a diretora do colégio e ela suspende ou expulsa quem ela quiser, ou seja, não vai expulsar a própria filha nem se ela implorasse. Emily postou a minha foto no site da escola e eu passei vergonha por dois anos seguidos, mas logo o povo esqueceu, para a minha "sorte".

Emily viria hoje no hospital para visitar Josh. Olhei para ele e fiz uma cara de
desapontada, triste e envergonhada.

—Desculpe pelo modo que te julguei.

—Não tem problema, eu ainda te amo mesmo, e nenhuma mulher do mundo vai mudar isso.

—Hm... Certo...— tremi. Odeio quando ele é romântico. Eu só falto derreter.

Quer saber? Eu já tinha um plano. Eu sei o que fazer e Emily Keys vai pagar... Não vamos sequestra-la!

Quando ela chegou no hospital, fiquei no meu quarto, olhando para Josh, que fazia carinho no gato que ele adotou. Emily chegou e soltou um berro, que me
fez pular da cadeira. Ela disse:

—Josh! Eu já falei para você, pare de mexer com gatos! São animais doentes!

—Desculpa Emily, mas eu gosto de gatos. Aliás... Você conhece minha amiga?
Emma?

Josh não sabia do meu plano, mas até agora, estava indo muito bem.

—Oi Emma! Muito prazer. Já fomos apresentadas e...

—Eu sei muito bem quem é você. Fala sério Emily? Vai fingir que não conhece a garota que infernizou a vida?

—O que...?— perguntou Josh

—Você vai mesmo chantageá-lo com isso?

—Mas... —Emily se sentia presa

—Você pode ter essa arma, mas se você denuncia-lo, terei que contar tudo pra polícia o que você fez pra mim. Eu sei que Josh fez uma coisa errada, mas ele é
meu amigo, e não vou deixar ele apodrecer na cadeia!

Emily olhou para os lados. Josh me olhou e Emily olhou para Josh.

—O que você ainda está fazendo aqui garota?! Vaza!— berrei

Emily não tinha mais armas ou cartas na manga, até porque eu e ela tivemos
um jogo, e eu escolhi as cartas boas. Emily saiu inconformada da sala, batendo a porta com força. Ficamos num silêncio insuportável, até Josh ter um ataque de risos. Eu não sabia direito porquê, mas eu estava rindo junto a ele. Josh me abraçou rodopiando. Senti o cheiro dele de novo, que nenhum perfume do mundo tem fragrância melhor. Josh me colocou no chão devagar. Eu queria tanto entender o amor...

—Simples...— ele cochichou no meu ouvido— Você me completa.

Ele adivinhou o que eu estava pensando? Eu precisava de um tempo para organizar meus pensamentos, para deixar tudo bem claro, se eu o amo, ou não. Fui hoje no meu médico e ele disse que eu estou de alta! Mas tinha que dormir no hospital por conta de exames e se eu piorar de madrugada. Peguei minha bicicleta que o hospital me deu, e fui para o colégio.

Entrei bem na hora da aula da professora May, a professora de biologia. Sentei
na carteira e a professora me cumprimentou.

—Bem alunos, vamos fazer uma aula de campo. —gritos da sala— Ei, ei! Eu
preciso falar!— silêncio— Bem, vamos numa floresta fora da cidade, analisar uns
tipos de pteridófitas. Eu sei que é assunto antigo, mas eu preciso fazer umas pesquisas com vocês sobre as fotossintéticas antes de começar o novo assunto. Podem levar quem quiser de casa. Será amanhã viu!

A sala começou a discutir e a comentar sobre a aula de campo. Eu ia convidar
Josh, aposto que ele adoraria ir. Sai de sala e uns garotos me seguiram. Eram três da minha sala ou do 3º ano. Me virei irritada e fiz um gesto tipo: que é?!
Eles começaram a me rodar e um cara de olhos castanhos disse:

—E ela voltou...

—O que vocês querem?— perguntei

—Deixe-me... Me apresentar. Meu nome é Axel e esses dois são Bob e Jason.

—Oi.— falei, impaciente

—Bem... Eu e Emily tínhamos uma história.— imagino bem. Num lugar com
um nome bem grande e piscando, Motel— Ela me prometeu, que se infernizássemos sua vida, Emily viajaria comigo e iríamos embora dessa porcaria de escola.

—Você é burro garoto?— perguntei. Silêncio— Ela só está te usando. Não percebe?

—Não, ela disse que me ama! Enfim, chega de papo, vamos afundar a cara dela rapazes.

Por defesa própria, com o punho fechado, acertei o rosto de Axel. Bob e Jason
me olharam em fúria. Será possível? Emily não me deixa em paz! Precisa mandar três capangas idiotas para me socar quando ela não está?! Corri até o estacionamento de bicicletas, peguei a minha e coloquei meu boné. Chutei as outras bicicletas, que caíram todas. O trio me viu e eu rodei os pedais.

"Adeuzinho otários" era uma das coisas que eu sonhava em falar e procurava o momento certo. Hoje realizei esse sonho. Berrei para os três isso. Olhei para trás
e vi Axel com uma bicicleta atrás de mim. Agora fedeu.

Axel era um rapaz bonito, e podia ganhar com isso. Tinha olhos castanhos, cabelos negros longos caídos nos olhos e lisos, e aquele tipo de roupa "mané descolado". Mas não. Ele preferiu ser um dos capangas nojentos de Emily. Ele continuou me perseguindo. Minhas pernas estavam mortas, estava quase desmaiando de tanto cansaço, mas o drama me chama, e eu precisava continuar pedalando. Até que eu estava me divertindo. Continuamos pedalando no centro da cidade, até o pneu da minha bicicleta estourar. Eu já tinha despistado um pouco Axel, mas não demoraria para ele me achar de novo. Larguei ela na calçada e entrei numa loja de perucas. Que foi? Preciso me disfarçar. Comprei uma peruca linda loira. Escutei no fim da rua:

—Você não vai conseguir escapar Emma! Só você que tem um casaco com o
nome "interna" nas costas!

Corri. Que saco! Axel já estava na minha cola, quando eu vi um garoto com um skate na mão. Era exatamente o meu tamanho.

—Garoto, você me vende esse skate?— pedi, quase implorando

—Não.

—Te dou 50 pratas por ele.

—Vendido.

Era tão fácil subornar crianças com dinheiro. Coloquei o boné na cabeça, junto
com a peruca. Andei de skate pela rua, e Axel atrás de mim. Depois de meia hora, paramos em um parque, e Axel conseguiu me pegar. Ele me segurou pelos ombros. Não sabia o que fazer, estava tão cansada que não conseguia pensar direito. Lembrei-me da minha mãe e do meu pai, que quando eles brigavam, minha mãe dava um beijo no meu pai, e eles faziam as pazes, era tão bonitinho. Pensei em fazer isso... Mas hoje não. Cuspi no olho de Axel e corri. Ele berrava algo tipo: Ai meu olho!, mas eu não entendia direito. Entrei no hospital, bufando. Tentei me esconder das enfermeiras. Entrei no meu quarto e fechei a porta. Josh não estava lá, devia estar em seu exame diário.

Apesar de ter colocado minha cara em jogo e ter quase rasgado meus músculos da perna, foi bem divertido. Tomei um banho e fui para a pediatria visitar Ju.

Cheguei lá e vi Josh também, eles estavam conversando.

—Oi pessoal! —cumprimentei

—Tem alguém de bom humor aqui.— comentou Josh

—Vocês não vão acreditar no que acabou de me acontecer!

Nós três sentamos na maca e eu contei tudo. Sobre Axel, o murro, a perseguição e a cuspida no olho. Eles riram muito. Bem... Foi um dos melhores dias da minha vida. Desmascarei Emily, fiz as pazes com Josh e tive uma perseguição
emocionante. Perguntei a Josh se ele queria ir comigo para a aula de campo, e
ele disse que sim! Será que finalmente eu estou... sendo feliz?


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