Questões Difíceis escrita por Lady Neliel


Capítulo 1
Filhos


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente espero que gostem! É minha primeira SuiKa ♥
Tive a inspiração olhando para a foto de uma prima minha de 3 anos e pensando na inocência dela e me veio isso q-q Acho que a maioria dos pais passam por isso e é, sem dúvida, muito constrangedor.
Enfim, ta aí e Boa Leitura! :D



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Apenas um abajur estava aceso para iluminar o casal deitado na cama. Os olhos extremamente azuis do homem – que acabaram por adquirir um tom violeta causado pela pouca luminosidade do local – fitavam com atenção a tela do celular enquanto o dedo indicador movia-se rapidamente e jogava alguns contatos em pastas usando o touch screen. Ao ouvir um suspiro da mulher deitada ao seu lado, parou o que fazia para dar-lhe devida atenção.

- O que houve Karin? – perguntou, desligando o celular e colocando-o sobre a cômoda. O som das cortinas balançando conforme a brisa era o único que adentrara no quarto enquanto a mesma fizera os cabelos de ambos dançarem lentamente, além de mexer quase que poucos milímetros o lençol branco que cobria ambos – está preocupada? – aconchegou-se, deitando de lado, tirando o lençol de cima do próprio corpo e apoiando o cotovelo direito no travesseiro para poder olhá-la da forma que desejava. A face receosa de sua esposa acabara por preocupar-lhe mesmo antes de receber uma resposta da mesma.

- Um pouco, sim – ela respondeu sincera, virando-se também de lado para ficar de frente para o marido. Fechou os olhos e acabou por receber do mesmo um carinho no rosto.

- Eu fiz alguma coisa? – Ele perguntou ainda mais preocupado e aquilo a fez abrir os olhos e sorrir para ele, negando com a cabeça – e então?

Suigetsu sempre fora o melhor amigo, o excepcional namorado, o noivo fabuloso e agora o marido perfeito. O amava com todas as forças que tinha e tudo que fazia para ele era com dedicação e carinho, e sabia que ele também agia dessa forma. Eles foram feitos um para o outro, almas gêmeas, as peças do quebra cabeça, o encaixe perfeito e isso, somado há oito anos juntos e quatro casados, fizeram a ruiva pensar se já não estava na hora de dar um passo seguinte para fortalecer ainda mais essa união, entretanto não sabia exatamente como começar esse tipo de conversa.

Puxou o ar gelado para dentro de si e segurou-o por alguns segundos antes de soltá-lo. Aquilo a deixava mais calma e agora encarava com mais atenção a face do belo marido de cabelos grisalhos e charmosos. Toda vez que seus olhos encontravam os dele, ela tinha mais certeza da decisão que tomara.

- Sabe Sui – ela começou, a voz pouco trêmula e isso prendeu totalmente a atenção do homem – já estamos há anos juntos e, b-bem, minha mãe têm me perguntado quando lhe daremos netos...- ela começou e ele suspirou. Já não era a primeira vez que a sogra falava desse assunto delicado com a esposa, mas esta sempre negava e dizia que ainda não estavam preparados para isso, e ele concordava. Ainda não era o momento exato para filhos.

- E o que você respondeu? – O marido a perguntou e esta suspirou novamente. Fora ali que ele soubera que alguma coisa estava errada com Karin. Muito errada.

- Disse o mesmo de sempre, é claro – Karin respondeu, seu tom de voz aumentou ligeiramente e isso acabara por assustar Suigetsu, mas pelo menos aquela resposta deixou-o mais aliviado. Odiaria ter que dizer não à mulher de sua vida, pois sabia que ela ficaria chateada, mesmo que ele tivesse seus motivos para isso. Mas agora sabia que, talvez, as coisas não estivessem tão erradas assim.

- Ah, certo – respondeu e então esperou que ela falasse mais alguma coisa, mas isso não aconteceu.

O silêncio tomou conta do quarto e Karin amaldiçoou a si mesma por não ter coragem o suficiente de dizer o que realmente pensava sobre o assunto, mas sabia que aquilo era normal. Qualquer escolha difícil é complicada de ser tratada, mas sabia que poderia confiar em seu marido com todo o seu ser. Respirou fundo novamente e agora tomou coragem para, de uma vez por todas, dizer a Suigetsu a decisão que havia tomado.

- Você está pensando no assunto, certo? – O marido interrompeu seus pensamentos e aquilo não a surpreendeu realmente. Ele a conhecia como ninguém, aliás, nem ela conhecia a si mesma tão bem quanto ele – é isso não é?

- Sim – ela disse, esticando o braço em direção ao abajur e o acendendo para poder ver nitidamente o rosto do amado. Apoiou as mãos no colchão e impulsionou-se para cima sentando-se na cama. As costas apoiadas na cabeceira da mesma e o travesseiro sobre as pernas com os braços em cima deste – há algumas semanas eu tenho pensado e acho que já está na hora de termos um bebê.

É, as coisas estavam erradas sim.

Aquilo realmente o pegou, mas não estava tão surpreso. No fundo ele podia pressentir que a ruiva pensava realmente no assunto e que já se decidira quanto a isso, mas queria muito estar errado e, durante esse tempo, acreditou que estava. Suigetsu sabia que poderia estar pronto para ser pai, mas lembranças dolorosas de sua infância bloqueavam sua mente e ele nem sequer considerava a possibilidade de pensar. Ele também sabia que isso era cruel e errado. Karin é uma mulher maravilhosa que desejava ser mãe, e queria muito poder fazer isso por ela.

Mas não podia.

- O que acha? – ela perguntou aflita pela demora de resposta do marido e então observou ele sentar-se exatamente como a mesma estava e ficar quieto por mais alguns segundos.

Aquele silêncio a estava matando por dentro, mas seria forte o suficiente para aceitar qualquer resposta que fosse dele, mesmo que aquilo a magoasse.

- Você sabe que eu sou um homem que não suporta mentiras, certo? – Suigetsu perguntou e a ruiva assentiu com a cabeça, unindo as sobrancelhas e prestando total atenção no que ele dizia – odeio que mintam pra mim, assim como odeio mentir.

- E o que isso tem a ver com ter um filho, querido? – a confusão era notável em sua voz, e ele pôde ver a mesma cruzar os braços como se fosse defender-se da próxima coisa que ele diria. Como se já soubesse que ele negaria seu pedido.

- Tudo, Karin – o marido a respondeu e ela ficou ainda mais confusa – você sabe que crianças fazem perguntas constrangedoras e não sei se estou pronto para respondê-las agora. Me sinto inseguro – ele encarou Karin, que fechou os olhos e suspirou. Quando ela os abriu, pôde ver a irritação tomar conta daquele corpo e sabia que uma discussão estava por vir.

- Essa foi a desculpa mais ridícula que você já me deu – A ruiva disse e apertou o travesseiro em seu colo com força. Agora fora a vez de o marido unir as sobrancelhas e a encarar com raiva.

- Isso não foi uma desculpa, Karin – Suigetsu parecia ofendido, seu tom de voz aumentara e aquilo fez os olhos de sua esposa arregalar-se, surpresa pelo atrevimento do esposo – crianças são muito curiosas, perguntam coisas que nos deixam constrangidos e acabamos mentindo!

- Se não quiser ter filhos agora é melhor ser sincero, já passamos da fase de inventar esse tipo de desculpa! - o homem de cabelos grisalhos a encarava confuso. Aquela conversa estava deixando-a mais chateada do que brava, afinal, se amavam e estavam juntos a quase quatro anos. Era normal um casal querer ter filhos depois de um tempo, tanto quanto era normal crianças serem curiosas - E que perguntas são essas que você tanto teme?

- De onde vêm os bebês, por exemplo – ele respondeu tão rapidamente que aquilo surpreendeu ainda mais a ruiva.

- Está com medo de responder isso?!– ela quase gritou, indignada. Não poderia acreditar que seu marido, homem de seus sonhos e amor da sua vida estava com medo de uma perguntinha simples dessa, que já tinha até mesmo resposta – é só dizer o que seus pais lhe disseram, ué. E essa mentira é por um bem maior, ou quer tirar a inocência de seu filho?

- Claro que não – Suigetsu respondeu quase gritando novamente, mas logo baixou o olhar – mas a história da cegonha não vai funcionar. Você sabe que as crianças de hoje são mais espertas do que nós, adultos – observou a esposa assentir consigo, pois sabia que aquilo tudo era verdade. Cada geração nascia mais inteligente e ativa, e aquilo o assustava muito – e se for pra eu mentir para o bem de meus filhos, que seja uma mentira criativa, Karin.

- Criativa como? – ela perguntou, e aquilo fez o homem fechar os olhos para pensar numa resposta e sorriu de canto ao perceber que numa sexta à noite o casal estava falando sobre as mentiras que contariam aos filhos que nem mesmo existiam. Foi quando uma ideia atingiu-lhe a mente.

- Podemos dizer que existe um site! – ele gritou com empolgação e Karin o olhou assustada.

- Site? – perguntou confusa e fora a vez dele de assentir com a cabeça.

- Exato! Quando casais querem ter um filho, eles entram nesse site onde tem várias fotos de bebês – Suigetsu falava totalmente animado e fazia gestos com as mãos enquanto o fazia - e escolhem o que eles querem. Após ter escolhido, dizemos que imprimimos a foto e você a comeu, e assim a criança vai parar na barriga da mãe – Indecifrável, era a palavra que definia a expressão de Karin ao ouvir tudo aquilo que o marido fala. Um misto de raiva, deboche e até mesmo decepção tomavam conta de seu ser e ela teve vontade de esbofeteá-lo depois daquilo.

- Sui, você voltou a fumar maconha? – ela perguntou, a mão direita sobre a testa deixava claro que aquela ideia fora, de longe, ridícula – Isso foi horrível, marido. Horrível! Sem contar que seria perigoso também.

- Perigoso? – ele perguntou e então a ruiva fez um sinal negativo com a cabeça, suspirando.

- Se tivéssemos um garoto, daria pra enrolar ele com essa desculpa sim, mas e se for uma menina? – ela levantou a questão e isso fez com que Suigetsu arqueasse uma das sobrancelhas – eu não quero minha filha comendo papel – disse e olhou para ele nervosa, que acabou por ficar estressado também.

- Certo Karin, se minha sugestão é tãaao ruim assim – a ironia estava mais do que clara em sua voz – me diga, qual sua ideia maravilhosa?

A ruiva mordeu o lábio e pensou por alguns segundos, respirando fundo e tentando de algum modo ter uma ideia que fosse mais eficaz que um site e mulheres comendo papel com fotos de bebês.

- Já sei! Caminhões! – exclamou, batendo apenas uma palma e virando-se para o marido, animada – podemos dizer que a gravidez é como um caminhão cheio de bebês! – ela olhou pra Suigetsu que tinha um sorriso deveras sugestivo no rosto, mas ignorou – o caminhão entra na garagem e deixa um ou dois bebês lá e depois volta e... – ela suspirou, colocando ambas as mãos no rosto – desisto! Isso é ridículo – mas ele continuava com aquele sorriso totalmente malicioso na face, e aquilo causou uma gigantesca curiosidade nela – porque está sorrindo assim?

-Eu sabia que eu era potente, mas, nossa... Quer dizer que meu pênis é um caminhão?– ele perguntou e então Karin o olhou incrédula, dando no braço do mesmo um tapa fraco e isso fez com que os dois rissem.

- Vai se foder! Você só prestou atenção nisso, não é? – perguntou retoricamente e continuaram rindo por alguns segundos – você tem um pouco de razão, esses assuntos são muito difíceis, mas eu ainda assim quero tentar... – ela o olhou receosa e sorriu. As bochechas adquirindo um tom avermelhado – meu maior desejo agora é ter um filho seu.

Essa frase fez com que Suigetsu sorrisse abertamente. Ele poderia negar, brigar, argumentar, mas depois de toda essa conversa a possibilidade de terem uma criança correndo e bagunçando a casa lhe pareceu muito, muito tentadora. Ele se aproximou da esposa e a beijou ternamente, sendo retribuído e, naquele momento, ambos sabiam que estavam prontos para esse novo desafio.

- Espero que eles nasçam ruivos – o marido comentou, parando o beijo – eu sofria bullying por ter o cabelo muito claro – ela distribuía beijos por todo o rosto e pescoço e todos os pelos do corpo dele se arrepiaram – além disso, eu gosto de suas madeixas vermelhas.

Ela deu um riso abafado no pescoço dele e então parou os beijos para poder olhá-lo nos olhos e sorrir.

- A cor certa é vermelho melancia – e então lhe deu um selinho.

Ambos riram entre o beijo, afinal essa era uma mania de Karin que ele já havia se acostumado. Ela sempre lhe corrigia sobre a cor dos cabelos, mas não se incomodava. Na verdade, achava graça e... Melancia.

Melancia... MELANCIA!

- KARIN, MELANCIA! – ele gritou e a pegou pelos ombros enquanto ela o encarava totalmente confusa e assustada – você é um gênio meu amor!

- O que está dizendo? – ela teve que rir da empolgação exagerada do marido e este praticamente a jogou deitada na cama enquanto falava animado.

- Diremos que bebês são como sementes de melancias! Eu coloco a semente na sua barriga e a semente cresce, se transformando num bebê – ele gritou e ela ficou encarando-o com um sorriso bobo na face – o que foi?

- Pensei que quisesse ser criativo quanto a isso – ela disse, e observou ele engatinhar em sua direção, posicionando-se em cima da mesma – eu não havia sugerido porque essa história é bem comum.

- Isso não importa mais – ele disse, mordendo o lábio inferior da ruiva sentindo a mesma ficar totalmente arrepiada – só quero colocar meu caminhão na garagem e deixar um ou dois bebês aí dentro.

Eles riram e se amaram naquela noite como nunca haviam se amado. Em algumas semanas, os enjoos começaram e com eles os desejos. É, Karin acordava Suigetsu as 3 da manhã para comprar-lhe melancias e, fora neste momento que se arrependeu de praticamente gritar por elas segundos antes de terem relações.

As melancias o perseguiam na cor dos cabelos da esposa, na comida, no perfume e até mesmo nas plantações que havia no quintal da casa, mas ele não reclamou.

Ele nunca reclamaria, porque ele a ama. Ama sua esposa e sua filha recém-nascida. Ama os momentos com elas e ama melancias, não o gosto, mas sim pelo que elas simbolizavam.

Um novo começo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gosto. É meio bobo, eu sei, mas eu nunca escrevi SuiKa e preferi não me arriscar com temas mais pesados. Enfim, obrigada pela leitura e no aguardo da opinião de vocês! Haha
Beijos.