GoGo acordou ao som de metal batendo em metal e um cheiro familiar vindo de algum lugar. Ela tentou se sentar, mas sua cabeça estava muito dolorida para ela fazer isso agora. Ela gemeu alto, passando a mão em sua testa e murmurando maldições. Ela não se lembrava de quase nada da noite passada. Talvez um bar e... Honey junto com ela para comemorar algo.

— Honey? — GoGo resmungou. Sua boca estava seca, com um gosto ruim. Ela franziu o cenho para o gosto.

— Bom dia sua dorminhoca, você parece tá cansada! — Honey respondeu se sentando na cama, ao lado de GoGo e sorrindo para sua amiga. Como esse ser poderia estar tão bem de manhã? GoGo nunca poderia entender.

— Muito engraçado Honey — disse irônica, ela então olhou para os lados e deu um suspiro — O que diabos aconteceu ontem a noite?

— Oh, sobre isso... — Honey se encolheu e colocou uma mecha atrás da orelha, desajeitada com algo que GoGo não compreendia. — Que tal nós duas falarmos sobre isso durante o café da manhã? Tá quase pronto, vamos, se vista e vem. Eu não fiz tudo á toa! — Honey se inclinou e deu um beijo na bochecha de GoGo, então se levantou e deu um sorriso, indo para o andar de baixo de seu apartamento e deixando sua amiga sozinha no quarto.

Amiga... Deuses, o que a gente fez ontem à noite... GoGo balançou a cabeça relutante a pensar em coisas erradas. Ela só tinha dormido na cama da Honey porque ela, gentil como sempre deve ter oferecido para ela ficar lá, já que, como GoGo sabia, não tinha quarto de hóspedes. E ela nunca a deixaria ficar no sofá dela. Claro. E ela só estava de roupas íntimas porque era pleno verão. E o verão de San Fransokyo era absolutamente insuportável, por isso ela só queria se refrescar. Lógico.

Nada havia acontecido.

Pelo menos era isso que GoGo tentava se convencer enquanto esfregava seus olhos preguiçosamente e se espreguiçava, seus músculos, principalmente os das mãos, estavam doendo como o inferno. Ela esperava que Honey tivesse algum remédio para isso.

Pelo menos eu não to com náuseas... GoGo pensou enquanto colocou sua roupa, que estava jogada no chão.

Ela caminhou lentamente até a cozinha no andar de baixo, ela queria estar com sua armadura agora, isso a deixaria bem mais rápida. Mas nesse momento GoGo estava quase caindo de sono, sentia como se uma manada de rinocerontes tivesse passado em cima dela ou algo do tipo.

Finalmente chegando à cozinha, ela se sentou desajeitadamente na cadeira e pegou um chiclete no bolso de sua jaqueta. GoGo suspirou aliviada e fechou os olhos, isso iria acalmar ela por um momento.

Ela abriu seus olhos quando ouviu um cantarolar, essa era Honey cantando algo que ela nem sabia o que era. Mesmo assim, GoGo sorriu ao ver Honey cantando ao mesmo tempo que fazia torradas e algumas panquecas para as duas. Ela vestia um avental e usava apenas uma blusa branca, sem shorts nem nada, ela dançava ao ritmo da música que cantava.

GoGo poderia, estranhamente, se acostumar com aquilo.

Ela fechou os olhos novamente, apenas escutando o cantarolar de Honey. Até que ele acabou e GoGo escutou o deslizar de um prato em sua mesa, ela abriu os olhos e olhou para Honey sorrindo para ela.

— Eu fiz torradas com framboesa e panquecas com gosto de chiclete, só pra você, tudo com uma ajudinha da... Química! — Ela terminou a sentença falando pausadamente, animada com sua criação nova. Não muito surpreendente, porém deliciosa.

GoGo soltou uma risadinha de leve — Parece delicioso, Lemon. — Ela pegou uma panqueca e comeu um pedaço. — Nossa isso é ótimo. Obrigada...

— Nah, isso não é nada, você sabe disso! E obrigada por cuidar de mim na noite passada e... é você sabe o que mais. Eu realmente me sinto livre! Mais livre do que quando estou chem-balls nos nossos inimigos! — Honey exclamou feliz e então comeu um pedaço de sua torrada, enquanto isso GoGo escutava aquilo confusa.

— Espera, sobre que diabos você tá falando?

Honey levantou a sobrancelha — Você não se lembra, boba? Ontem á noite. Saímos pra comemorar juntas porque o Hiro conseguiu recriar o Baymax! E os meninos não quiseram ir porque estavam na casa do Fred fazendo... Sei lá o que. — Honey sorriu e corou — E fomos pra um bar. Tiramos selfies e viemos pra casa. Ai... Você meio que me... Beijou. E ai eu confessei que eu sempre gostei de você e... — Ela suspirou se lembrando dos acontecimentos seguintes — Seria errado se eu dissesse o que veio depois?

— Se é o que eu estou pensando... É, é muito errado.

— Ok, eu vou tentar ficar quieta.

GoGo estava corando agora. Ela nunca corava daquele jeito. Como Honey podia fazer aquilo com ela. GoGo apenas não entendia. Honey tinha um efeito maluco nela, um efeito borboleta. Quase que literalmente. Seu coração começava a palpitar e então sua barriga parecia ter bilhares de borboletas voando e ela começava a suar.

Será mesmo que ela nunca tinha reparado aquilo até aquele momento?

Não, é lógico que não. Ela sempre soube. Mas talvez aquilo fosse seu momento.

— Honey... Nós... — Honey balançou a cabeça, indicando que sim. GoGo soltou um suspiro. — Olha, se você não gosta de mim e quer terminar nossa amizade aqui, tudo bem, eu... Eu sempre sou confiante, mas parece que eu estou encurralada aqui Honey, você deve estar me odiando agora.

Honey balançou a cabeça e riu, ela se levantou e foi até o lado da cadeira de GoGo, que teve que olhar para cima para ver sua amiga. — Não, como eu podia te odiar? GoGo, eu sempre gostei de você... Só nunca mostrei porque achei que gostava do Fred.

— Do Fred?!

— É...

— Nem em um bilhão de anos ele poderia ter eu. — GoGo disse fazendo uma carranca fingindo nojo, Honey sorriu.

— E ontem você disse que... Que me amava. Que sempre gostou de mim desde que me viu pela primeira vez no curso. Sei que estava bêbada, mas eu também e... Eu sabia que você tava falando a verdade. Eu podia ver nos seus olhos, GoGo.

Pela primeira vez naquele dia, GoGo soltou um sorriso genuíno. Ela se levantou e ficou de frente para sua amiga, que poderia muito bem ser mais.

— Então você realmente gosta de mim?

— Sim... — Ambas se olharam por um momento e Honey sorriu mais uma vez, — Vem cá baixinha.

— Hey, sua girafa não me chame ass-

GoGo não teve tempo de completar a sua frase antes que Honey puxou ela para um beijo suave. Ficando nas pontas dos pés, ela respondeu ao beijo.

—Honey... — Ela interrompeu por entre o beijo.

— Sim, baixinha?

— Você é uma girafa nerd do caramba, sabia?

— Eu sei, mas agora eu sou sua girafa nerd.

GoGo sorriu com aquilo. É, ela certamente podia se acostumar com isso.