Meu Segurança Particular. escrita por Uvinha Lee


Capítulo 68
Touché.


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo antes de #MSP voltar ao hiatus novamente porque minhas aulas voltam semana que vem. Aproveitem a leitura!



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A delegada estava na varanda de seu apartamento e vestia apenas um blusão com pantufas brancas. Confortavelmente sentada em sua poltrona, lia algo em seu notebook enquanto carregava um copo de chocolate quente, que combinava perfeitamente com o tempo levemente frio. A época de chuvas ainda não havia passado e nem parecia estar perto.

— Isso não está certo... – Disse sem tirar os olhos estreitos da tela. Ela dá outro gole no café e continua lendo, mas o interfone toca. A ruiva escuta, mas estava raciocinando profundamente tentando encontrar uma suporta solução para aquele e-mail que recebera de seu parceiro e pupilo Hibiki.

O interfone novamente. A ruiva bufa e revira os olhos.  Ela tira o aparelho do gancho e apronta-se para dar uma bronca no porteiro que já havia sido alertado para não incomoda-la com pessoas que ela não tenha o avisado que viriam, mas as batidas em sua porta anunciaram que a visita já estava em frente ao seu apartamento.

— Eu juro que tentei dizer que ele não podia subir, senhorita Scarlet! – Exclamou ansiosamente o pobre infeliz do outro lado da linha, praticamente temendo por sua vida. Ela já sabia de quem se tratava. Novamente...

— Arh... Esquece. Não é como se você pudesse controla-lo. – Disse a ruiva, desculpando-o dessa vez. Algo, estranhamente, a fez se sentir mal pelo pobre porteiro, que a essa altura já devia ter desenvolvido algum tipo de medo fóbico de contrariá-la. Ela quase pode sentir seu próprio interfone tremer. – Acalme-se, homem. Você tem bolas no meio das calças ou não? Argh. – Ela desliga, aborrecida. No entanto, lembra-se que há pouco se sentiu mal pelo sujeito. Não tinha jeito, ela apenas era ácida naturalmente. Ainda assim, fez uma nota mental para tentar ser menos ameaçadora dali em diante. Por que sequer me preocupo com os sentimentos das outras pessoas de uma hora para a outra, afinal? Tch...

A ruiva vai até a porta e abre-a, dando de cara com o azulado que apoiava uma das mãos na guarnição lateral de sua porta. Assim que a viu, sorriu sedutoramente.

— Estou... Em casa. – Disse ele fazendo referência às frases comumente ditas pelos maridos ao chegarem em casa.

— Jellal. – Respondeu com olhos caídos. Ela expirou e massageou a testa. – O que você quer, estou no meio de uma coisa importante. – Ele pareceu confuso.

— Hm? Não vai gritar ou me xingar dessa vez? – Ela o fitou, estranhando seu comentário. – Isso, sim, é inesperado. – Deu um risinho.

— Oh. Eu sempre faço isso, não é?... – Perguntou-se a ruiva desviando o olhar quase em um momento de reflexão. Jellal arqueou uma sobrancelha.

— Você está estranha, ruiva. Por sorte, eu te trouxe isto! – Ele levanta a mão e a garota percebe que ele trazia uma sacola de papel que tinha o nome de uma doceria estampado. Ela pisca, sem reação inicial. – Eu sei que você adora doces, então... – Disse ele, entrando sem o consentimento da garota, que também não se opôs e estava mais pra observadora passiva.

Ela fecha a  porta e vai até a bancada que separa a cozinha da sala de estar, onde ele colocara o doce. Ela expira e senta-se em um dos bancos altos localizados próximo à bancada, ao lado do azulado que já estava com talheres em mãos.

— Tudo bem, já que fez isso, não serei mal-educada. Comamos o cheese cake. – Ela pega uma das colheres das mãos de Jellal, que parece satisfeito ao vê-la apreciar o doce. De alguma forma, aquele parecia ser o bolo mais gostoso de todos pela expressão que a ruiva fez ao dar a primeira colherada.

— Você está saindo de uma abstinência de comer doces... Ou então eu realmente acertei na doceria. A propósito, qual foi, mesmo? Sempre comprarei nesta... – Diz enquanto pega a sacola para ler o nome do lugar na logomarca estampada.

— Não importa, eu apenas gostei do cheese cake, Jellal. – Diz a ruiva impaciente. – Além disso, quero voltar ao foco. Tenho um abacaxi para resolver e agradeceria se dissesse logo para que veio aqui. Certamente, não veio apenas para me dar esse doce. – Ela lambe a colher, e o fita esperando sua explicação.

— Tch. Como sempre colocando o trabalho na frente do seu marido. Me pergunto como você pode ter sido a única a querer separação... – Disse em tom de ironia. – Sempre fui o único colocado de lado na relação. – Em meio ao drama o azulado a fita e percebe que ela traz uma expressão entediada. Ele não consegue segurar o riso ao ver sua cara e a ruiva massageia a testa.

— Muito engraçado...

— Você não parece a mesma, sinceramente. – Diz ainda se recuperando da risada. – O que há de diferente? Nem sequer me bateu ou me lembrou que não somos casados. – Agora ela se irritou.

— Isso porque tenho coisas a fazer e não quero motivos para prolongar essa visita inesperada! Além disso, pare de dizer que estou diferente apenas porque não estou sendo ignorante! Não é como se eu destratasse todos o tempo todo! – Ela se levanta, dando as costas ao azulado.

— Ah, claro... Porque você é sempre tão sensata, calma e nada impulsiva.

— Vai dizer por que veio aqui, ou não? – Responde, mudando o assunto.

— Só depois de me explicar desde quando começou a se importar tanto com motivo pelo qual seu apelido é “A tirana”. – Ironizou com um sorriso.

— JELLAL! – Disse quase em um rosnado, fazendo o garoto rir e levantar as mãos, rendendo-se.

— Tá... – Deu uma risadinha. – Tudo bem, você venceu. Não vim aqui pelo bolo. – Fez uma pequena pausa, fitando-a. – Ou para vê-la vestida de modo tão sensual e até bem fofo, se me perguntar... – A garota continuava irritada, mas suas bochechas ficaram vermelhas com o comentário. Ela pisca algumas vezes e tenta manter sua pose. Mas encará-lo ficou mais difícil, então apenas desviou o olhar.

— Vá apenas... Ao ponto... – Ele se aproxima da ruiva, que o fita. O garoto olha atrás da garota e vê o conteúdo da tela do notebook.

— Então é isso. – Ela arqueia uma sobrancelha. – Acho que conseguirei resolver o tal abacaxi que você tem aí. – O rapaz retira um papel enrolado do bolso de trás da calça e estende em frente à delegada, que olha o objeto e o fita, confusa.

...

Lucy havia ido até a mansão da rapper para levar mais algumas encomendas e seu traje especial para o show dos dragões gêmeos, do qual Lucy havia se oferecido para fazer, o que deixou Levy muito feliz, apesar do contexto não agradá-la tanto assim. Gajeel é quem os recebe juntamente com Juvia, já que a outra azulada parecia ocupada demais.

— Salamander? – O moreno arqueou uma sobrancelha ao notar a presença de Natsu logo atrás de Lucy.

— Eu também estou aqui, no entanto a primeira pessoa que vê é o Natsu? – Brinca Lucy com uma mão à cintura, batendo a ponta do pé no chão. – Acho que alguém estava com saudades! – Sorriu ironicamente. A essa altura a loira já tinha mais intimidade com o segurança de Levy, já que costumavam visitar o ateliê juntos, às vezes, em meio aos compromissos.

— Ói, Lucy... Grávidas podem ter um aborto por overdose de cócegas? Se não, farei você querer não ter dito isso. – Gajeel retribuiu o sorriso irônico da loira e bagunçou sua franja, a estilista protestou arrumando seu cabelo imediatamente.

— Isso se conseguisse chegar perto da minha garota... Mão de ferro. – Disse o rosado brincando em tom desafiador.

— Acha que é páreo para mim, tampinha? Sequer lembrou-se de tomar sua fórmula de crescimento? – Provocou Gajeel, dando tapinhas na cabeça do garoto.

— Quem precisa de altura, quando se tem uma aparência como a minha? Já quebrou algum espelho hoje, GajeET? – Provoca o rosado com olhar confiante.

— Olha só! Falou o cara de cabelos rosas! Você quem escolheu a cor ou é naturalmente gay assim, mesmo, senhor Natsu Dragqueen?

— Se quiser, te mostro onde mais tenho cabelos rosas, Gajeestranho mãos-de-tesoura.

Os rapazes quase estavam encostando as testas com seus punhos fechados enquanto se provocavam. Enquanto isso, as garotas apenas os observavam de longe, por segurança.

— Eles estão apenas brincando, certo, Lucy-san? – Cochicou Juvia inclinando seu rosto para perto do ouvido de Lucy. A azulada encarava os rapazes e trazia algumas peças de roupa em mãos.

— A este ponto, nem eu mesma posso diferenciar... – Respondeu Lucy com uma gota caindo pela testa enquanto apoiava as mãos ao pé da barriga saliente.

— Eles sempre fazem isso?... – Perguntou Aquarius inclinando-se para cochichar também.

— Hm... – Assentiu a loira, com expressão entediada.

— Não se preocupem, meninas. Eles seeeempre fazem isso.

Todos, incluindo os dois brigões, desviaram sua atenção para a voz feminina notoriamente alegre que surgiu repentinamente no fundo da sala de estar.

— Levy! – Exclamou Lucy, ao virar-se e ver a rapper vindo saltitante em sua direção. A loira pareceu feliz por ver a azulada. Além disso, já havia parado de chama-la de “Vikky” havia algum tempo.

— Lucy-chan! – A garota dá um longo abraço na loira e acaricia a barriga da estilista enquanto trocam sorrisos.

— Há quanto tempo as duas não se veem, mesmo, GajeET? – Cochichou Natsu com olhos confusos observando Lucy e Levy.

— Uma semana... – Deu uma pausa antes de continuar. –  E você é um cara morto, Salamander. – Repondeu Gajeel, igualmente confuso enquanto observava a animação descomunal ao se reencontrarem.

— Hm. Digo o mesmo. Isso ainda não acabou, mão de ferro. – Respondeu quase automaticamente já que os dois não tiraram os olhos das garotas nenhum segundo.

Apesar do alvoroço do encontro dos antigos “parceiros” de rua, Lucy resolveu subir e ir até o quarto de Levy para conversarem um pouco. Aquarius e Juvia deixaram as duas à vontade enquanto organizavam as coisas no andar de baixo. Além de vigiarem para que os dois não acabassem se atracando, é claro.

No quarto da McGarden.

A loira entra no quarto da rapper e nota imediatamente a diferença na decoração. Ela não tem reação e olha o ambiente por alguns segundos, processando a novidade. A rapper percebe o silêncio repentino e começa a rir depois de virar e ver a expressão no rosto de Lucy ao ver seus novos objetos decorativos.

— Você comprou um gato? – Pergunta ela confusa, tocando uma pequena bola felpuda pendurada no pequeno telhado de uma casinha de veludo.

— Hm-hm. – Negou a rapper, sentando confortavelmente em sua cama. – É o gato do Gajeel. Ah! A propósito, eu deveria te avisar que ele adora sair dos lugares repentinamente, então é melhor estar preparada. Não quero que tenha um susto e acabe tendo essas coisinhas fofas aqui. – Brincou a azulada, fazendo a loira rir.

— Então esse é um gato misterioso, já que até agora está se escondendo.

— Às vezes, acho que faz de propósito apenas para nos ver pagando mico com um baita susto nos momentos mais inoportunos.

— Com relação a sustos, não se preocupe. Eu estou acostumada com aquele pestinha do Happy. – Diz a loira sentando-se ao lado da azulada.

— O gato do Natsu! – Ela ri e continua. – Eu havia esquecido... Mas espera... Ele ainda está no ateliê? – Levy pergunta, confusa.

— Acho que ele planejou isso desde o início. Talvez seu plano fosse que eu e o dono dele acabássemos morando juntos de qualquer forma. – A rapper arqueia uma sobrancelha.

— Morar... Juntos?

— Hm.. – A loira sorri e cora levemente ao lembrar-se de algo.

— Sua. Grande. Traidora! A quanto tempo estão morando juntos e você não me disse nada?! – Brincou Levy jogando uma almofada em Lucy que riu.

— Hey! Para sua informação ele acabou de me propor isto pouco antes de virmos aqui hoje! – A garota abriu a boca, pasma.

— Você acha que esses gatos estão secretamente trabalhando juntos para nos arranjarem problemas? – Pergunta a azulada, desconfiada. Isso fez a loira cair na gargalhada.

As  duas continuaram conversando sobre os últimos acontecimentos enquanto os rapazes ainda estavam no andar de baixo sendo vigiados pelos olhos rígidos de uma ditadora.

— Ói, você realmente não tem nada melhor para fazer? – Pergunta Gajeel sentado de braços cruzados e com cara amarrada ao lado do rosado, que tinha a mesma postura.

— Ah, claro. Tenho muitas coisas melhores para fazer. No entanto, tenho que vigiar dois moleques babões que não conseguem ter uma conversa civilizada ao menos uma vez. – Disse em tom ameaçador disparando um olhar sinistro e aproximando-se sinistramente de ambos, que se encolhiam à medida que ela chegava perto.

— Ói, Salamander, você vai sentar no meu colo ou o quê... – Cochichou Gajeel sem tirar os olhos de uma Aquarius furiosa de olhos brilhantemente infernais.

— C-Cala a boca, mão de ferro. Você também está com medo. – Cochichou de volta o trêmulo rosado, inclinado na direção do moreno para tentar esquivar-se de uma Aquarius furiosa de olhos brilhantemente infernais.

— Só se eu fosse um maldito frango como você... Que patético, Dragqueen. – Disse o moreno ainda encarando uma Aquarius furiosa de olhos brilhantemente infernais.

— Se é assim, por que apenas não espanta essa sinistra? Você é segurança ou não? – A este ponto já estavam praticamente caindo ao lado do estofado de tanto afastarem-se para longe de uma Aquarius furiosa de olhos brilhantemente infernais.

— É, sou. Mas não o seu. – Respondeu o moreno pronto para escapar de uma Aquarius furiosa de olhos brilhantemente—

 

...ISTO QUE ESTOU OUVINDO É OUTRA DISCUSSÃO?...

 

Eles não entenderam como aquela mulher pareceu tão maior do que eles de uma hora para a outra, mas o arrepio que subiu e desceu pelas espinhas de ambos ao ouvir o grito da assistente de Lucy foi real.

— Não. – Gajeel aflito.

— Estou pensando alto. – Natsu fazendo a egípcia.

— Quem está discutindo? – Gajeel fingindo entediar-se.

— Essa garota deve ouvir coisas... – Natsu sendo sonso.

— Oh... Então tudo bem. – Disse a garota com voz ameaçadoramente baixa e calma encarando-os de cima enquanto os rapazes já se encontravam sentados em boa postura com braços cruzados e caras amarradas olhando para lados opostos e com gotas de suor nervoso caindo pelas respectivas testas.

Por sorte, Juvia precisou de ajuda e Aquarius foi assisti-la, mas não antes de dar outro aviso ameaçador de que estaria de olho nos dois, mesmo de longe.

— É com isso que terei que conviver?... Tch.. – Murmura o rosado, bufando em seguida.

— Ói, quer que ela volte a nos perturbar ou o quê? – Disse ele emburrado.

— Confesse, mão de ferro. A Aquarius te deu medo. – Provocou com um risinho no rosto arqueando uma sobrancelha ao fitar o moreno.

— Apenas fique quieto.

— Wohoh! Ficou mesmo com medo da Aquarius! – Apontou com um largo sorriso no rosto, pronto para gargalhar.

— Eu apenas teria que aguentar uma surra sem revidar, já que ela é tão amiga de Lucy. Não estava com medo de apanhar de uma garota. Tch... – Justificou-se o moreno, que não conseguiu fazer o rosado parar de rir. – Tá, tá. E que papo é esse de “conviver”, afinal?

— Oh. É que me mudarei para o ateliê de Lucy. – O moreno parece surpreso.

— Não brinca. Então quer dizer que... – O rosado o fita com um sorriso satisfeito ao contar-lhe a novidade e o moreno continua em tom incrédulo. –... Que alguém realmente aceitou ficar com um cara como você e até morar junto? – Natsu entende a ironia e então põe-se emburrado. O moreno ri.

— Bom, pelo menos eu assumo meu romance. – Cruzou os braços e sorriu provocando o rapaz.

— Ói. O que quer dizer com isso? – Perguntou, mas sem demonstrar tanto interesse em sua entonação.

— Vai dizer que não viu os rumores sobre você e a Levy-san.

— Tch...

— Vocês deveriam ficar juntos de uma vez, agora todos já sabem além de nós. Hahaha.

— Não é como se fosse fácil como é para você, Salamander. – Diz o moreno. – Por que, ao invés disso, não se preocupa com os novos despertadores que logo virão para te acordar durante a noite e impedir a diversão pervertida do papai e da mamãe? – Gajeel sorri.

— Você é um babaca. – Disse o rosado, com expressão entediada. – E não muda de assunto. Quando vai fazer a Levy-chan acordar para o fato de que está caidinha por você, assim como você está por ela?

— Não é como se ela já não soubesse. – Disse o moreno sem fita-lo. Pareceu refletir.

— Então qual o problema?

— Acontece que o ex-namorado idiota fez um estrago e digamos que ainda estou tentando consertar.

— Se esse é o caso, então a Levy-san precisa de alguém exatamente como você. – O moreno arqueou uma sobrancelha e encarou o rosado. – Então conserta logo. – Concluiu ele seriamente.

Gajeel fita Natsu por alguns segundos e desvia o olhar pensando sobre suas palavras. Não muito depois, o moreno dá um pequeno suspiro acompanhado de um riso no canto da boca e acomoda-se no sofá.

— Ora, que surpresa. Acho que finalmente concordarei com você... Salamander.

— Heheheh. – O rosado abre um largo sorriso e coça a cabeça.

Parece que os dois finalmente conseguiram conversar como gente grande, afinal.

...

A ruiva ainda tentava entender o que aquilo tinha a ver com o problema que tinha que resolver, mas decidiu seguir o raciocínio de Jellal. Ele sempre sabe o que faz.

— O que é isso? – Ela pega e desenrola, olhando o conteúdo. – Uma matéria de jornal?... – Ela começa a ler.

— Aquela garota que mencionou outro dia. Flare Corona. Mandei um parceiro do setor investigativo procurar por notícias sobre ela. – Disse ele com as mãos nos bolsos.

— Acontece que eu mesma mandei fazer uma investigação sobre ela e meus garotos não acharam nada. – Disse desviando a atenção da matéria impressa em suas mãos. – De qualquer forma, o que essa matéria tem a ver com isso?

— Leia com atenção. – Ela volta seus olhos à matéria.

[...] Um antigo hospital de saúde mental foi destruído depois que um grande incêndio atravessou o edifício que existe desde o século XIX. O incêndio no Little Plumstead Hospital, perto de Norwich, estourou às 01:45AM no domingo. Havia mais de 50 bombeiros na cena no auge do incêndio. O gerente da estação, Duncan Ashworth, disse: "É um edifício bonito e um prédio muito complicado. Todas as estruturas internas queimaram" [...]

Ela ainda olha a matéria quando responde.

— Tá, um incêndio em um hospital psiquiátrico. – Disse dando de ombros. Ela o fita. – E daí?

— Como não houve resultados para o nome da garota, mandei pesquisarem por imagens e então vi essa matéria publicada pelo site da BBC News no ano passado e—

— Como conseguiu uma foto da garota? – Perguntou desconfiada, já que ela não teve conhecimento de imagens disponíveis de Flare.

— Eu apenas tenho minhas fontes. – Disse, claramente, desconcertado.

— Você sabe que é ilegal tirar fotos de alguém sem seu consentimento, ainda mais para usá-la em uma investigação não-oficial, certo?

— Acontece que não fui eu quem as tirou.

— Jellal. – Ela não se contentou com a justificativa.

— Argh.. Tá bom, alguns amigos foram no tal concerto do pianista e acharam que seria legal tirar fotos da maluca que estava causando um tumulto em frente ao teatro e foi assim que consegui as fotos. Satisfeita?

— Eu sabia que você tinha trapaceado para conseguir informações! – Ela expira e massageia a testa. – Jellal, francamente... Sabe o que pode acontecer, se descobrirem?

— Uma multa do valor do meu salário mensal... Heh... – Ele coça a nuca, preocupado em pensar no risco que corre. – Mas eu sei me virar. Não se preocupe. – A garota ainda estava irritada, mas ela sabia que ele sabia, de fato, se virar.

— Hm. É melhor que não descubram. Porque agora sou sua cúmplice, de qualquer forma. – Algo sobre essa afirmação aqueceu o coração do azulado. A garota continua. – Conseguiu descobrir por que não existe sequer uma informação sobre essa garota, afinal?

— Hm. Porque ela está morta. – Diz ele com um sorriso satisfeito.

— O quê? – Ela franze o cenho arregalando os olhos.

— Bom, tecnicamente, ela está morta. Mas não a Flare Corona.

— Seja mais claro. – Erza encara o advogado, que continua.

— Se você olhar novamente aqui embaixo, vai encontrar fotos de alguns dos internos que acabaram morrendo. – Diz apontando para um pequeno quadrado com a foto da garota.

— Alice Reignfield?... – Erza não entende o que uma coisa tem a ver com a outra, mas o azulado mostra uma montagem feita com as fotos das duas lado a lado.

Eram a mesma pessoa, mas com características físicas totalmente diferentes. Alice tinha cabelos e olhos escuros como a noite, também não tinha o rosto tão triangular, era mais redondo e parecia mais magra.

— A garota tem uma identidade fantasma. – Jellal continuou. – Flare Corona não existe, nem nunca existiu. E, para todos os efeitos, Alice Reignfield também não existe, porque morreu naquele incêndio. – A ruiva bate fortemente seu punho na parede e fica furiosa.

— Maldita farsante!! – Ela fica ligeiramente ofegante. – Então era isso... Uma dupla identidade... Como conseguiu passar despercebida todo esse tempo...

— Quem sabe quantos estelionatos e falsas identidades precisou fazer para se safar até agora.

— Uma falha como essas sobre o meu nariz... – Diz irritada. – Agora estou lembrando desse tal incêndio... Não puderam identificar como começou... Essa tal Flare esteve envolvida em um escândalo relacionado com isso há algum tempo, mas toda a investigação acabou estranhamente não dando em nada. – Raciocinou consigo.

— Eu posso apostar que ela não está sozinha nisso. – Afirma o azulado.

— Raramente me sinto tão atiçada com um caso. Eu irei até o fundo disso. – A garota diz em tom grave e determinado. – Os dias de zumbi dessa Flare estão acabados.

— E quanto a Porla? – Ela fita o ex-marido. – Está focada em encontra-lo... Acha que deve mesmo desviar seu foco para esse caso? Se quiser, posso—

— Não... Isso é questão de honra. Essa garota é minha. – Ela o fita com olhos determinados. – Além do mais, sinto que estou perto de achar aquele desgraçado. Essa garota será apenas um momento de distração de algo que será inevitável no final. Eu irei fazer o meu trabalho, Jellal.

— Eu sei que vai. – Ele se aproxima da garota e parece orgulhoso. – Delegada Scarlet. – Ela demora um pouco para desarmar-se, mas sorri. O rapaz a puxa e a beija.

Ela cede, mas separa-se brevemente e o encara.

— Obrigada. – O rapaz fita os olhos da garota e sorri serenamente. – Por me ajudar.

— Erza... Quando vai entender que estamos juntos nisso? – Ela pisca, desviando o olhar por um breve momento.

— M-Mas esse caso não tem nada a ver com você, Jellal, não tinha obrigação nenhuma de—

— Não me refiro ao caso. Me refiro à vida. – A ruiva sente um frio no diafragma. Só ele conseguia fazê-la sentir-se como uma adolescente apaixonada. – Entende de uma vez que o que nós temos é pra sempre. – Ele encosta sua testa à da delegada que tem seus olhos escondidos pela franja. – Cabeça-dura.

Ela abre a boca para argumentar, mas ele puxa seu pescoço e toma seus lábios mais uma vez antes de, lentamente, deitarem-se no meio daquela sala pouco iluminada, no tapete felpudo aos pés do sofá.

...

As horas passam e, eventualmente, a visita de Lucy, Natsu e Aquarius chega ao fim. O cabeleireiro de Levy chega para arrumá-la.

— Levy, aquele cara estranho com tesouras nas mãos acabou de... – O moreno vai até o quarto da garota, onde a havia deixado há pouco, mas não a encontra. – LEVY?! – Gajeel grita por ela, cansado de perde-la pela quarta vez seguida. – Essa garota está definitivamente tramando alguma coisa.

— Me chamou?

Ele vira e a encontra com cara de quem não fez nada, ou pelo menos de quem está fingindo muito bem que não fez nada.

— Já chega, baixinha. – Ela arqueia a sobrancelha enquanto ele se aproxima dela determinadamente e para em sua frente, inclinando-se para encara-la de perto. – Desembucha. – Ela pisca algumas vezes e inclina-se levemente para trás. Ela olha rapidamente para o lado e o encara novamente.

— O quê? – A azulada pergunta com os braços para trás e ar de inocência.

— Não me vem com “o quê”, esteve escapando o tempo todo fazendo ligações e resolvendo coisas, além disso, mudou repentinamente de humor e parece toda energética e animada do nada. O que não está me contando? – Ele cruza os braços.

— Você está estressado, Gajeel? – Ele estreita o olhar e levanta uma sobrancelha.

— O qu—

— Você devia descansar, não quero sobrecarregar você. – Ela põe o indicador sobre os lábios e levanta o olhar.

— Descans—

— Pensando bem, você deveria ir se arrumar, o que ainda está fazendo com essa roupa? – O moreno se avalia e a encara, estático.

— Meu... Uniforme?

— Você está se fazendo de tonto ou o quê? Essa é uma noite importante para mim, Gajeel. Não pode ir vestido com qualquer uniforme.

— Levy. Corta esse papo e conta logo o que você fez a tempo de consertar toda  a—

— Por que é tão difícil entender que nada aconteceu, Gajeel Redfox? – Ele se inclina e encara os olhos da menina por alguns segundos sem dizer nada até que a responde.

—... Porque sei quando você está mentindo. – Disse ele em um tom sedutor. A garota tremeu ao ouvir sua afirmação e seu coração deu uma leve desregulada momentânea da qual fez seu melhor para não demonstrar.

— Você apenas... Tem muita auto confiança. – Ela dá as costas para não encará-lo. – Foi você mesmo quem me incentivou a cantar com o Rogue. – Ela vira parcialmente e ele se põe estreito novamente, cruzando os braços.

— Hm. – Ele assente. – “E”?

— “E” que estou apenas tentando fazer com que essa experiência seja menos insuportável e você não está ajudando.

— Fingir estar animada não vai ajudar em nada.

— Me enfiar embaixo de um carro ou pular de um viaduto são opções mais reais do que eu gostaria de fazer ao invés de subir num palco e cantar uma canção, que compomos juntos, com o Rogue, mas isso também não ajudaria em nada, não é? – Ela se aborrece e bufa, dando alguns passos para longe. O moreno a observa por alguns segundos e expira, finalmente convencendo-se.

— Tá, você venceu. – Ela respira fundo e vira fazendo bico enquanto levanta seus olhos para fita-lo. Ele expira e fita seu rosto por um momento. – Faço o que você quiser.

O bico da rapper lentamente se torna em um sorriso satisfeito.

— Você fica meio sexy falando assim.

— Tch... – Ele sorri e puxa a cintura da garota para perto, beijando seu pescoço. Ele odiava admitir, mas talvez estivesse ficando apegado demais à Levy. Ele podia dizer que estava carente apenas pelo fato da garota não ter lhe dado tanta atenção o dia todo. Ele até se questiona se, no fundo, talvez não tenha sido isso que realmente o irritou.

A azulada separa repentinamente os lábios que o moreno já havia tomado para si e volta a parecer energética.

— Tudo bem, já que conseguiu me animar novamente, vá e cumpra sua promessa.

— Eu irei. – Diz ele aproximando-se para beijá-la novamente, mas ela recua.

— Então vai!

— Isso pode esperar. – Diz ele, puxando-a de novo, mas ela o afasta.

— Gajeeeel... – Diz manhosa.

— Argh. Pra quê a maldita pressa?

— Por que meu cabeleireiro está esperando. – Ela sorri.

— ... Como é.... Que é?

— Vai arrumar seu cabelo.

— Nem ferrando.

— Gajeel! Você prometeu! – Protestou a garota, que o seguia enquanto ele ia para longe.

— Ninguém encosta no meu cabelo, Levy.

— É mesmo? – Ela ironiza.

— Não provoca. “Aquilo” uma é exceção. – Ele responde. Ela dá uma gargalhada.

— Quer saber, ou você arruma o cabelo, ou então não tem mais... – Ela  o puxa pela gola e cochicha algo em seu ouvido que parece deixa-lo pasmo. E depois irritado.

— Você só pode estar brincando.

— Paga pra ver. – Ela cruza os braços.

— ÓI... Você... – Ele ficou indignado por um momento e parecia procurar as palavras certas. – Isso... ARGH! É... Golpe baixo.

A garota aponta para a direção que ele deve ir e arqueia uma sobrancelha. Ele hesita, mas acaba indo mesmo contra a vontade. Ela sorri, satisfeita.

— Funciona toda vez. – Ela tira o celular do bolso ainda com o sorriso vitorioso. Digita o número de alguém e coloca o aparelho no ouvido, jogando-se na cama.

A ligação chama algumas vezes até que ele atende.

— Eu de novo... Laxus! – Ela sorri. – Sobre aquele favor que te pedi mais cedo...

Ela aguarda a resposta de seu antigo segurança e atual cúmplice e, depois de alguns segundos, a azulada sorri satisfeita. Os dois trocam mais algumas palavras e depois ela encerra rapidamente a ligação, encarando o teto de seu quarto e segurando o aparelho sobre o peito.

—... Essa será uma... Longa. Noite. Hihi... – Diz mordendo o lábio inferior em meio ao riso.

Fica um breve momento encarando o teto enquanto reflete sobre a conversa que acabara de ter com o loiro.


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Notas finais do capítulo

Deixa só eu comentar aquele final ridículo de Fairy Tail. Fiquei indignada, esperava muito mais dos casais. Como fã de Gale não posso reclamar tanto, já que a Levy praticamente anuncia uma gravidez, mas cadê o resto? Cadê a conversa Gale sobre o fato de Gajeel ter se DECLARADO PRA LEVY pouco antes de "morrer"?

Sério que o Hiro acha que estamos lendo um mangá pra IMAGINAR COMO FOI? Meu querido, eu quero VER. Quero cenas, se possível um hentai muito bem feito com direito a malabarismo, contorcionismo e chicotadas pelo tempo que nos fez de trouxa.

E O QUE DIZER DE NALU, que me fez ter esperança que o Natsu ia deixar de ser tão tapado e ia se dar conta que está apaixonado por Lucy e iam finalmente se beijar de verdade... "Nós não vamos mais nos separar. Nunca mais" ... Alguém será que pode me dizer mas que merda é essa? O QUE ADIANTA FICAR JUNTOS PRA SEMPRE COMO BFFS?

E, por favor, alguém fala pro Gray que ele não deu a resposta da Juvia, porque "Acho que você é minha" não é coisa que se diga pra uma mina que apenas se matou pra você continuar vivo, seu mal-agradecido.

EU NEM CURTO JERZA, MAS CADÊ O JELLAL? Como assim eles mal se cruzaram, cadê o beijo que o Hiro ficou nos devendo da última vez que ele nos trollou? O único shipp que desde o começo teve possibilidade de realmente se pegar foi o único que nunca teve nada...

E sério que ele não perdeu a oportunidade de dizer que o alfa dos raios não tem shipp canon pelo fato de ele pegar todo mundo? Precisa esfregar na cara que o Laxus não é de ninguém?

Resumindo, estou revoltada e escrevi mais um capítulo de #MSP por questão de honra, porque se não é autor de fanfic pra salvar os shipps, ninguém salva. #Sofro

Mas enfim, meus rappers. Só quis compartilhar meus pensamentos (leia-se minhas revoltas) com vocês e dizer que o mangá pode ter acabado, mas enquanto existirem leitores e fãs que amam os personagens, Fairy Tail não vai acabar. #NEVEREVER

Até a próxima!

P.s: A notícia do hospital que pegou fogo realmente existe e fica no Reino Unido. ;)



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