... Algum tempo se passara após o incidente na apresentação de Silver...

O dueto de Vikky e Rogue se aproximava cada vez mais e agora era questão de semanas até que se encontrassem para o show. Os dragões gêmeos já haviam escutado a música composta por Levy e Gajeel, e sua equipe, assim como eles, já havia aprovado.

Falando no par de rappers, os rapazes se mantinham ocupados o tempo todo com vários shows em muitas cidades do Japão. Claro que isso não impediu que eles ficassem sabendo do que ocorrera na última apresentação de Silver.

— Você está exagerando. – Disse o moreno, dando outro gole do seu shake nutricional em frente ao notebook.

— Um dia você vai acabar se convencendo que aquela garota é sem noção. – Alertou Sting , em pé ao seu lado enquanto lia a nota no site sobre Juvia e Gray. A notícia que estavam lendo não tratava apenas do atentado à assistente de Levy, mas da suspeita de que o alvo original seria a rapper. Sting apenas tinha certeza de que Flare estava envolvida de alguma forma.

E exatamente como a Lockser pensara, a nota sobre o amor não correspondido do filho do famoso pianista estava em vários sites, gerando opiniões e comentários variados, desde pessoas que já torciam para o casal até pessoas que detestavam a garota por desperdiçar tal sorte. Não é como se o súbito enfoque da musicista fosse culpa de Gray, no entanto. Vários rumores já estavam em circulação antes mesmo da confirmação do rapaz. Entretanto, não eram apenas os dois o foco da matéria do site que Rogue lia. Havia fotos de Gajeel e Levy que deram algumas palavras sobre o que acontecera naquela noite e o rapaz não tirava os olhos da foto da rapper, postada na matéria do site.

— De qualquer forma, preciso falar diretamente com a Levy... Ultimamente mal tenho tempo para respirar. – Disse Rogue, ignorando o último comentário de Sting.

— Cara, só desiste. – O moreno franze a testa e desvia sua atenção da tela do computador, encarando o loiro.

— O quê?

— Ela já está em outra. Ou será que não reparou que ela e aquele segurança que a segue por todo lado são bem... – Simulou o sinal de aspas com os dedos. – próximos?... Pff... Ele até já te bateu por ter beijado a garota. – Ele se vira e vai em direção à cozinha.

— Eu já sei que aquele cara provavelmente gosta da Levy. – Ele abaixou o olhar e voltou a fitar a imagem da azulada. – Mas eu já decidi. Farei tudo diferente e consertarei meu erro do passado. – O loiro escutava tudo com semblante entediado. Ao fim da frase de Rogue, o rapaz já estava revirando os olhos e dando as costas ao parceiro de palco.

— Arh. Desisto. Faça como quiser. Mas não diga que não tentei te avisar. – Disse ele saindo de um cômodo a outro com um pacote de pipoca nas mãos. O rapaz ignorou o comentário de Sting e parecia determinado enquanto continuava a encarar a foto de sua ex.

Apesar de toda confusão e os rumores sobre um romance entre Juvia e Gray, a primeira apresentação musical oficial da assistente de Levy havia sido um sucesso. Logo Gildarts começou a receber algumas ligações para uma apresentação entre Levy e Juvia, o que o levou a considerar a hipótese de se tornar o futuro empresário de Juvia também, mas a branca não tinha a carreira musical como um projeto real. Ela preferia mesmo os bastidores. Claro que isso não impedia que Levy tentasse convencê-la de fazerem uma apresentação juntas.

Wendy e Romeo continuavam a sair juntos e às vezes acabavam falando sobre quem estava mais perto de ganhar a aposta, mas a verdade é que Juvia estava mais confusa que nunca. Gray e Lyon eram igualmente incríveis e a encantavam de formas diferentes. Mas uma coisa ambos compartilhavam: a tratavam como uma verdadeira princesa.

E falando no perolado, que parecia estar realmente mais ousado, ainda que, seguindo suas palavras, “não tanto como Gray”, ele havia decidido deixar claro para mais alguém além da própria Juvia que o jogo havia começado e ele também estava na disputa pelo coração da Lockser.

O moreno estava a ponto de sair quando a campainha do seu apartamento toca. O rapaz arqueia a sobrancelha; não se lembrava de ter chamado ninguém ou de terem anunciado visitantes. Ele segue até a porta e checa pelo olho mágico, destrancando-a quando identifica o visitante inesperado. O perolado com as mãos nos bolsos dá um meio sorriso ao ver a surpresa de Gray.

— Tem um minuto? Gray. – O rapaz, no entanto, não pareceu tão disposto para conversas.

— Na verdade, tenho um compromisso daqui a pouco, então... – Ele estava, sim, prestes a mandá-lo pastar. Mas ele era padrinho do seu irmão menor, afinal. –... Vamos falar em outro lugar. – Concluiu o rapaz, fechando a porta atrás de si, guiando Lyon para uma cafeteria a caminho do estúdio onde ele estaria para mais um ensaio do desfile.

— Uma água com gás. Obrigado. – Disse Lyon ao garçom que os recepcionou ao ocuparem uma das mesas do local. Gray sentou-se em frente a ele e pôs suas mãos nos bolsos do casaco enquanto o fitava com cabeça ligeiramente baixa e pernas relativamente abertas desleixadamente.

— Então? – Ele falou, impaciente. O perolado respirou fundo e pôs o menu, que estava analisando, de volta sobre a mesa.

— Eu acredito que... – O perolado elevou seu olhar à medida que falava, finalmente encarando o rapaz ao fim da frase. – Você já deve imaginar qual o teor do assunto. – O moreno “respondeu” arqueando a sobrancelha. Ambos trocaram encaradas por alguns segundos antes do moreno desviar o olhar e expirar, parecendo um tanto emburrado.

— A Juvia. – O perolado deu um pequeno sorriso, confirmando cordialmente.

— Hm. Então já percebeu. – Disse Lyon.

— Tem um tempo. – Respondeu sem fitá-lo.

— Entendo. – Lyon se ajeita sobre a cadeira e inclina-se ligeiramente para frente, tornando-se um tanto mais direto. – Eu quero apenas te deixar sabendo que eu... Também gosto da Juvia. – Gray estreita ligeiramente o olhar e expira quase como se estivesse bufando; torna seu olhar ao padrinho de Romeo.

— Então é isso. Veio me pedir para deixar o caminho livre. – Ele conclui antecipadamente.

— Não. – Lyon volta a encostar-se à cadeira e sorri. O moreno parece confuso quanto ao objetivo de Lyon. – Só quero que fique ciente que também lutarei por ela. – O rapaz encara Lyon com sobrancelha franzida como se raciocinasse sobre as palavras que acabara de ouvir dando um pequeno expiro ao sorrir ironicamente ao chegar a uma conclusão.

— Tch... Isso é ridículo. Você realmente é um cara estranho. Lyon. – Disse Gray fazendo com que o perolado desse um pequeno sorriso.

— É o que você sempre diz, de qualquer forma.

— Está dizendo que não se importa se eu beijar a Juvia outra vez? – Disse ironicamente.

— Estou dizendo que talvez você não seja o único a surpreendê-la com um beijo. – Sua voz pareceu um tanto mais séria e desafiadora. O moreno percebeu a seriedade no tom do rapaz e considerou suas palavras.

— Então... Vai tentar conquistá-la também, huh. – Disse o moreno, como se pensasse alto consigo, fitando os próprios punhos apoiados sobre a mesa à frente.

— Hm. – A resposta tirou outro expiro do rapaz ao dar um meio sorriso, um tanto incrédulo pela atitude inesperada. – Não se preocupe, entretanto. – Continua Lyon, fazendo Gray elevar seu olhar para fitá-lo. – Se eu perceber, mesmo por um momento, que você ganhou o coração de Juvia, então desistirei. – O moreno arqueou a sobrancelha. – O quê, não acredita?

— Não é isso. – Disse com o mesmo semblante incrédulo.

— Então?

— É que às vezes você parece ter saído de algum conto de romance do século passado. – O perolado riu.

— Talvez eu seja um pouco antiquado quando se trata de romance. Yare.. Acho que não posso evitar.

— Tch... – O rapaz se levanta e põe as mãos nos bolsos de seu casaco novamente, encarando Lyon, que permaneceu sentado. Ele sorri antes de falar. – Tudo bem. Acho que é justo que tente conquistá-la. Não posso impedi-lo. E já que estamos sendo abertos, também eu, quero te deixar ciente de algo. – O moreno parecia determinado. – Não irei recuar nem por um instante. Eu definitivamente quero aquela garota.

— Eu esperava que fosse assim. – Disse o perolado com um sorriso no rosto, levantando-se e encarando o moreno na mesma altura. – Também não irei recuar.

— Hmph. – O rapaz sorriu. – Eu tenho que ir agora. Nos vemos por aí.. Lyon.

— Hm. Até logo. Gray.

O moreno segue seu caminho, deixando o padrinho de Romeo, que ainda mantinha o sorriso nos lábios e parecia refletir sobre a conversa que acabara de ter com seu “rival do amor”.

E no ateliê, as coisas continuavam movimentadas. Muitos pedidos e encomendas chegavam e Lucy não parava de trabalhar, mesmo estando grávida. Ela era supervisionada constantemente por Yukino, Virgo, que já havia se efetivado como ajudante da estilista, sobretudo Aquarius, que se certificava de que Lucy não passaria do ponto e faria muito esforço. Afinal, havia um desfile para acontecer e ela deveria dar conta disto prioritariamente. Yukino era quem tomava conta de todo o trabalho no ateliê, enquanto Aquarius, Lucy e Virgo iam até o estúdio para continuar os preparativos para o desfile. Virgo havia ganhado mais confiança e estava animada para desfilar. Ela adorou sua roupa, assim como Aquarius e os outros modelos, incluindo Natsu, que já havia dado um jeito de rasgar os fundilhos de sua calça acidentalmente. Ele teve a ligeira impressão de que não havia perdido a vida por isso apenas porque ia ser o futuro pai do bebê que a loira estava carregando.

Bebê esse que já tinha seu primeiro ultrassom devidamente marcado e o guarda-roupa recheado de diversos modelos unissex. É claro que Lucy também desenhou alguns, como uma boa mãe estilista. Natsu e Lucy já haviam assumido oficialmente que estavam juntos, mas não era como se todos já não desconfiassem. E o rosado já tinha uma gaveta na cômoda do quarto de Lucy. Isso porque ela guardava todas as roupas que ele sempre esquecia, não que ele tivesse se mudado para a casa dela. Mas talvez isso fosse questão de tempo, já que Happy parecia não ter planos de sair do apartamento de Lucy. Seria por isso que Natsu se referia a ele como “aquele pequeno traidor”?

— “Parabéns pelo bebê que está a caminho, farei uma visita assim que puder...” – A loira lia em voz alta o cartão que estava junto com as flores nas mãos de Aquarius. – “... Certifique-se de não comprar o berço, esse será o meu presente para você! Com amor, futura tia Vikky.” – A loira riu ao ler o cartão de Levy que havia mandado flores parabenizando-a assim que soube da gravidez da amiga. Ambas não estavam se falando tanto ultimamente pelos compromissos, mas continuavam em contato.

— Vikky-san é realmente muito legal, não é? – Disse Natsu ao lado de Lucy, com uma das mãos à cintura. – Ói... Lucy, o que foi? – Ele percebeu que a loira estava estranha.

— Não se preocupe. Isso é outro sintoma das grávidas. – Disse Aquarius. O rosado arqueou uma sobrancelha e pareceu confuso. Ainda estava um tanto preocupado pela reação de Lucy que enxugou o rosto.

— Não sei o que há comigo, estou como uma idiota chorando por qualquer coisa. Aposto que choro mesmo se um babuíno comer uma banana na minha frente.

— Isso é mesmo sério, huh?... – Natsu pareceu imaginar a cena com uma das mãos no queixo.

— Arh... Apenas esqueçam. – Disse a loira com uma gota caindo sobre sua testa. – Só fiquei emocionada com a mensagem da Vikky, não façam tanto alarde por isso. – Ela pareceu desconfortável.

— Você está vermelha, Lucy. – Apontou Natsu.

— I-Isso por culpa de vocês! – Ela vira o rosto emburrada. O rosado dá um risinho.

— Você fica fofa quando está vermelha. – A loira piscou com o comentário do rapaz. Ela virou lentamente para encará-lo e ele a encarava com um sorriso. – Eu gosto.

— Tch. – Ela põe a palma de sua mão sobre o rosto dele e empurra levemente, fazendo-o rir.

— Tá, tá. Os pombinhos podem parar com a melação. – Começa Aquarius. –Temos um desfile para continuar. Onde está aquele Fullbuster! – Ela começa a andar em direção a uma das mesas do estúdio falando algo sobre colocar as flores em um jarro qualquer. Enquanto a azulava reclamava, a loira e o rosado trocavam olhares e riam como se fossem um casal pego enquanto namoravam escondido na escola. Felizmente, Natsu parecia ter voltado a ser o que era antes. Sua mudança de comportamento quando se tratava da paternidade, no entanto, parecia continuar. Isso deixava a loira satisfeita.

...

Agora Levy se preparava para entrar em outra de suas apresentações. Flare havia desaparecido novamente depois do que acontecera. Mas a essa altura, eles já sabiam que não podiam abaixar a guarda. Mesmo assim, a vida não podia parar! A azulada estava animada ao saber que Laxus assistiria seu show pela internet. Em algum lugar no meio da conversa, Levy acabou descobrindo que Laxus havia sido o responsável pelos rumores entre Gray e Juvia e ela não pôde evitar uma risada. No final, felizmente havia sido mais positivo do que negativo para sua assistente. Não que o loiro tivesse ficado muito contente em saber que suas flores não haviam sido entregues, mas a intenção é que vale.

Os dançarinos que entretinham o público logo saíram do palco para dar lugar a rapper novamente após outro intervalo para sua troca de look. Luzes azuis mesclavam-se no ritmo do som da próxima música do repertório que era tocado pelo DJ.

— Tóquio... – Ela diz em voz baixa e calma levando a plateia ao barulho. – Acho que vocês sabem o que aconteceu na última apresentação da minha garota Juvia Lockser. – Ela continua caminhando até o centro do palco falando em seu microfone com semblante sério. Vestia um top de mangas compridas e capuz levantado que escondia parcialmente seu rosto. – Quem quer que tenha planejado isso... Eu espero que você esteja vendo isso, porque tenho um recadinho pra você. – Ela tira o capuz. – Continue atacando, vadia. Eu juro que vou te fazer engolir cada tiro que disparar contra mim. Enquanto isso continuarei a subir... Se liga, essa rima é pra você. – A plateia faz barulho. – Tóquio! – Ela grita, virando-se ao começar a cantar seu rap.

I am the queen, yo Vikky, this shit is easy

Pull up in that new new, bitch get a squeegee

Yeah my flow sick, yeah my flow queasy

Haha, they were sleeping on me, z-zz-zz

When i'm out the country, bitches call me Vikky

Hi, how are you? yes, it's nice to meet me

Damn, billboard, i mean i'm winning but i'm still bored

Yeah we shine, gold cluster

As for your career, dead: ghost busters

Eu sou a rainha, yo Vikky, essa merda é fácil

Dirigindo meu carro novo, vadia. Pegue um rodo pra lavá-lo

Sim, minhas rimas são doentes, minhas rimas são viciantes

Haha, eles duvidaram de mim. z-zz-zz

Quando eu vou em outro país, as vadias me chamam de Vikky

''Oi, como vai você?'' Sim, é um prazer me conhecer

Droga, billboard. Eu estou ganhando e estou ainda entediada

Sim, nós brilhamos. Grupo de ouro.

Quanto à sua carreira? Está morta! Chama os Caça-fantasmas.

That's why U mad

That's why U why U mad, mad
 

É por isso que você está irritado

É por isso que você está irritado, irritado

A rapper cruza os braços enquanto a plateia aplaude a pequena rima. Ela não mantém seu semblante sério por muito tempo antes de sorrir e agradecer os aplausos. O moreno assistia tudo na lateral do palco e pensava consigo enquanto a observava. Parecia uma eternidade desde a última vez que a garota voltou a cantar seu rap. A agressividade e o atrevimento da azulada faziam o Redfox desejá-la ainda mais. Era como se ela se tornasse o par perfeito do indomável lobo solitário que havia dentro dele.

O show deu continuidade e a azulada resolveu cantar uma das músicas inéditas que seriam lançadas em seu novo álbum. Ela escolheu a música que fizera para Laxus. Ela pôs o moletom do antigo segurança e foi até o piano, surpreendendo a todos. Seus fãs conheciam Laxus e praticamente vomitaram arco íris com a declaração de amizade da azulada a seu antigo segurança. Levy achava divertidas as reações dos fãs com relação a ela e Laxus, muitos torciam até para que ficassem juntos. Enquanto tocava, lembrou-se de um dia em que leram algumas fanfics sobre eles. Laxus e ela sempre se divertiam quando estavam juntos e ela ainda sabia que, algum dia, o loiro retornaria.

A plateia aplaudiu a azulada ao fim de mais uma música. Ao que parecia, aquela supostamente seria sua última, mas ela não pareceu estar satisfeita.

— Tóquio, muito obrigada a todos por virem e pelo carinho. – Falou entre os gritos e ovações da plateia. – Mas acho que quero cantar só mais uma música. O que acham?

O moreno arqueia uma sobrancelha ao assisti-la.

— Tch. A baixinha gosta de surpreender. – Falou consigo, com braços cruzados.

— Essa é uma música realmente diferente de tudo que já cantei, então não sejam maus. – Ela faz um sinal para alguém que leva uma guitarra para a garota e um banco.

— Guitarra?... – Gajeel pareceu confuso, assim como o resto dos fãs da McGarden. A azulada parecia se divertir com a reação de todos enquanto se preparava para tocar o instrumento.

Ela se senta no banco e encara a plateia.

— Não é o meu estilo, eu sei. Mas essa canção se tornou importante para mim. E quero compartilhá-la com vocês...

~Dudum durun, dudum durun, dudum durun..

Ao começar a dedilhar, Gajeel reconheceu a música imediatamente.

— Mmmmm... Black Snake all in my room... – Ela começou.

~Dudum durun, dudum durun, dudum durun..

— Querem saber, acho que precisarei de ajuda aqui. – Diz a rapper, sem parar de dedilhar. – É melhor que o compositor da música me ajude a cantá-la propriamente. Tóquio, eu quero que recebam o Mão de ferro!        

O moreno arregalou os olhos ao ser chamado por Vikky para cantar sua música na frente de todos. A azulada o fitou e sorriu. É sua vez de brilhar, Gajeel.