Meu Segurança Particular. escrita por Uvinha Lee


Capítulo 60
Uma mão lava a outra.


Notas iniciais do capítulo

Yoo, #FamíliaMSP!
Preparados pra mais um capítulo?! Simbora que hoje o capítulo tá pegando fogo, como diria nosso querido papai Natsu.

Boa leitura!



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Um grito furioso ecoava quase imperceptível em meio ao som forte da chuva. A garota chuta um dos latões de lixo em uma pequena viela relativamente escondida após fugir sorrateiramente do tumulto que havia armado em frente ao teatro. Não só Lasaro  havia capturado a garota errada, como não retornou para encontrá-la e apenas fugiu como um covarde.

— Argh! – Ela arremessa com força a tampa de outro latão de lixo, furiosamente. – Aquele imbecil! – Continua esbravejando sua fúria, andando de um lado a outro e respirando pesadamente. – Eu deveria saber que ele acabaria arruinando tudo! – Ela fixa o olhar em algo no horizonte escurecido pela tempestade e sua expressão escurece. – No final, o maldito ditado estava certo... – Ela cerra os punhos.

— Se quer que algo seja bem feito... – A ruiva franze a sobrancelha ao ouvir a voz e vira parcialmente deparando-se com a figura de um homem do outro lado da viela. Ele vestia um sobretudo preto e um chapéu, da mesma cor, que cobria seu rosto. A garota vira-se lentamente para encara o homem, com expressão séria.

— Quem é você. – A garota perguntou em tom de afirmação, mas monotamente.

— Oh, não se importe com isso. Não sou ninguém importante, de verdade. – Ele começa a se aproximar lentamente. – Sou apenas um transeunte que, por acaso, acaba de presenciar uma cena um tanto... Desgostosa. – Flare estreita o olhar e parece analisá-lo.

— Um transeunte. – Ela repetiu olhando-o por completo e torceu o canto da boca em um meio sorriso irônico. – Diria que é alguém que não quer ser reconhecido.

— Heh... – O homem para a poucos metros da menina e dá um pequeno suspiro com sorrir. – Acho que me pegou. – Ele elevou a cabeça apenas um pouco para encará-la.

— Que seja... Se não quiser que eu memorize seu rosto, então apenas suma. Não estou de bom humor. – Ela se prepara para dar as costas, mas o homem não parecia ter terminado a conversa.

— Talvez... – Ela para e o fita com olhos caídos. – Eu possa ajudar com isso. – Ela o fita em silêncio antes de falar.

— Eu não preciso de ajuda.

— Tem certeza? Porque seu amigo ali não parece ser um aliado bom o suficiente.

— Bom o suficiente? Aquele rato não notaria uma serpente, mesmo que estivesse apertando o seu pescoço. – Ela dá as costas ao estranho e parece conter sua fúria ao lembrar-se do fiasco.

— Você não teve sorte escolhendo seus aliados, menina. Mas talvez o destino tenha te ajudado me fazendo cruzar o seu caminho.

— Argh... – Ela o fita. – Eu já mandei sumir. Não pretendo falhar outra vez.

— É a garota de cabelos azuis, não é? – Ela não respondeu. – Não a que foi salva bravamente pelo heroico Fullbuster, a que anda o tempo todo com um segurança mal humorado. Vikky McGarden. – A ruiva arregala os olhos.

— Você os conhece? – Ele dá uma risada.

— Eles são pessoas famosas, menina. Todos os conhecem pela mídia. Sei exatamente o mesmo que todos. – Ela continua encarando-o com desconfiança e olhar estreito. – E me parece que não se dá nada bem com a cantorazinha.

— A quero fora do meu caminho. – Disse seriamente. Aos poucos mostrou menos hostilidade em traçar uma conversa com o estranho.

— E o que pretendia fazer tendo um cachorro amedrontado ao seu lado? Não achou que ele conseguiria sequestra-la, como queria, não é? – Ela franziu a sobrancelha. A ruiva pareceu surpresa por ele saber de mais do que ela pensava.

—... Como—

— Não se preocupe, menina. Todos temos nossos segredos.

— Se pensa em me chantagear com isso, vá em frente e diga a todos o que você viu. Ninguém vai acreditar em você. Não há provas do meu envolvimento nisso.

— Oh não, eu não tenho intenção alguma de chantageá-la.

— Então o que você quer, afinal?

— Minha liberdade de volta. – A voz do homem tornou-se seca. Ele finalmente revela seu rosto à garota e a encara com cabeça ligeiramente erguida. – Estou propondo uma pequena ajuda em troca de outra.

— Do que está falando? – Ele pôs as mãos nos bolsos.

— Eu também cometi uma loucura e fui condenado por isso, menina. E tudo porque eu amei uma pessoa ingrata demasiadamente. – A garota arregalou os olhos. – Eu... Matei a minha mulher anos atrás. Porque ela não entendia que eu queria protegê-la e mantê-la ao meu lado para sempre... Ela costumava dizer que eu a sufocava. Que me tornava como um estranho quando estava com ciúmes e quando punia seus atos pecaminosos de adultério... Ela tentou fugir de mim várias vezes e eu simplesmente não pude mais aceitar isso. – A ruiva piscou algumas vezes e parecia surpresa. – Eu a sufoquei com uma toalha de enxugar pratos... Me certifiquei de não deixar impressões digitais em seu pescoço ou nos objetos, mas... Para a minha surpresa... A minha filha, a quem eu abandonei, cresceu e se tornou uma delegada apenas para se vingar de mim e me botar atrás das grades. – Ele fita a menina e dá um pequeno sorriso. – Na verdade, você se parece muito com ela... Erza Scarlet.

— Você matou sua própria mulher...

— Não é como se eu quisesse esse final para ela... Mas as pessoas, às vezes, não nos dão escolha, menina. – Ela abaixa o olhar. – Você, de todos, pode me compreender. – Ela pensa mais um pouco e finalmente levanta o olhar e o encara.

— Você é um fugitivo da polícia. – Ela conclui e continua. – Acha mesmo que serei idiota ao ponto de ajudar um ex-presidiário e sujar minha imagem para que acabe presa também?

— Não era um sequestro que você estava planejando há pouco? – Ela não disse nada, apenas continuou encarando o homem. – Isso dá um bom tempo dentro de uma cadeia, menina. Tempo suficiente para que seus belos cabelos ruivos percam a cor.

— Não teriam provas contra mim. Eu sempre dou meu jeito de sair ilesa.

— Então pense comigo, garota. – Ele se aproxima dela e parece um tanto eufórico. – Eu serei um aliado forte e com experiência em fazer o serviço sem que me peguem. Eu posso te ajudar a acabar com a cantorazinha e em troca, você me tira do Japão e será como se nunca tivéssemos nos conhecido. Eu só preciso dar o fora daqui antes que minha filha me encontre. Por mais que odeie admitir... Aquela garota definitivamente puxou a mim quando se trata de persistência. Preciso sair de seu campo de visão. É difícil se manter escondido quando é como se ela tivesse olhos por todo o Japão. – A ruiva olha para o lado e pensa.

Um ex-presidiário fugitivo e assassino com especialidade em se safar. Isso não parecia tão ruim. Mas a que ponto ela precisava ir para atingir Levy? Não é como se ela se importasse, no entanto; mas talvez o motivo de tudo não fosse o amor de Rogue, mas o ódio por ver a felicidade de Levy. Ela tinha amigos, pessoas que a amavam e se preocupavam por ela. Um homem que mataria por ela e que a defendia a todo custo. A ruiva lembrou-se da cena de quando Gajeel quase a estrangulara. Ela podia ver a chama em seu olhar tamanha vontade de exterminar o risco de perder a sua amada ou tê-la em perigo outra vez.

Sim. Quanto mais a garota refletia, mais tinha certeza de que sua real motivação havia cedido lugar à inveja. Se ela apenas saísse de seu caminho, Rogue seria apenas dela e Levy não teria mais nada. Pelo menos, não que pudesse usufruir... Estando morta.

— Vejo que tomou sua decisão. – Perguntou ele um tanto ansioso, mas confiante. – E então? – Ela vira lentamente e levanta o olhar para encará-lo.

— Quero saber exatamente quem você é. Não me alio a estranhos. – Começou a garota, fazendo o homem sorrir.

— Muito bem. Acho que é justo—

— E depois disso, há mais alguém que nos ajudará a acabar com a Vikky. – Ela continuou.

— Não queria fazer tudo sozinha antes de propor uma aliança?

— Há alguém de confiança que não costuma errar o alvo. Não darei mais chances para falhas. – Ele deu de ombros e cruzou os braços.

— Por mim, tanto faz. Contanto que me tire do Japão quando isso terminar.

— Se você me for útil, terá sua recompensa. – Ela o olha de cima a baixo e o encara. – Então? Como se chama o meu novo aliado, afinal?

— Ah. – Ele sorri e tira o chapéu, revelando seu rosto propriamente. – Claro. Me chamo José Porla.

 

 

— José? – Ela arqueia a sobrancelha.

— Ói.. Não é como se eu tivesse escolhido. – Eleva os ombros e dá um pequeno risinho.

— Pff... – Ela olha para o lado e volta a encará-lo. – Flare Corona.

— É um prazer conhecê-la, senhorita Corona. E será igual prazer fazer negócios com você.

— É o que espero... – O ruivo eleva o olhar e vê algumas pessoas se aproximando.

— Você não quer ser encontrada conversando comigo, garota. Venha. Vamos sair daqui.

Porla volta a pôr seu chapéu e segue rapidamente para o fim da viela, seguido pela ruiva, que tinha expressão séria enquanto andava atrás dele.

 

...

 

O pianista esteve quase apático enquanto ouvia o que havia acontecido durante sua apresentação.

— Céus, e tudo isso aconteceu enquanto eu estava me apresentando despreocupadamente? E ainda me diz que enfrentou os tais intrusos do teatro junto com o segurança da Vikky? – Silver parecia irritado com o filho mais velho.

— Não tenho mais a idade do Romeo, velho. Eu já sei me defender. Além disso, o que queria que eu fizesse? Não queria que nada arruinasse a sua apresentação. – Silver expira e massageia a testa, balançando a cabeça enquanto o rapaz à sua frente passava a mão pela nuca e olhava para o lado.

A apresentação já havia acabado e Gray estava agora conversando com Silver em seu camarim. Ele queria contar tudo que acontecera pessoalmente, talvez assim o impacto da notícia não fosse tão alto.

Depois de toda aquela movimentação com os repórteres, Gajeel e Levy conseguiram achar o caminho até a saída e o segurança da rapper acabou expulsando “gentilmente” todos os repórteres dali; Levy acompanhou Juvia, que ainda estava relativamente em estado de choque após tudo que acontecera e, principalmente, após receber uma declaração pública e ser beijada por Gray Fullbuster. Levy e Gajeel não chegaram a ver a atitude do moreno, que já havia se separado da azulada quando eles chegaram até eles, mas puderam perceber que o clima estava um tanto diferente entre os dois desde antes da apresentação de Silver.

— Sinceramente... Não sei o que fazer com você, Gray.

— Não foi grande coisa. Não precisa se preocupar tanto. – Disse o moreno.

— A partir de agora você e Romeo terão seguranças por todo lado. – Falou Silver em tom sério.

— O quê?! – Ele protestou.

— Esse pessoal pode querer se vingar ou coisa do tipo. – Continuou Silver ignorando a reação do filho.

— Você só pode estar brincando... Não tenho intenção alguma de chamar atenção de todos andando por aí com seguranças atrás de mim por onde eu for!

— Essas pessoas viram o seu rosto e não vão esquecer, Gray! Eu não vou arriscar a vida dos meus filhos. Está decidido.

— Pai—

— Assunto encerrado. Gray.  – Disse em tom autoritário. Silver raramente usava esse tom com os filhos, então Gray expirou, dando-se por vencido, e decidiu aceitar a ordem de Silver que o encarou em silêncio por um tempo. Ele expira e logo amacia seu semblante, aproximando-se do moreno. Ele põe uma das mãos sobre o ombro de Gray e a outra no rosto do rapaz. – Entenda que apenas faço isso para proteger você e o Romeo. Não vou arriscar perder os meus filhos. – Gray amaciou seu semblante, mesmo ainda estando contrariado pela decisão do pai, mas no fundo a sensação de ser amado era reconfortante.

— Argh. Você é bem persuasivo, não é?... Faça como quiser, tanto faz. Só não... Fique tão preocupado. – Disse olhando para o lado como uma criança birrenta, seu rosto levemente corado pelo mimo do pai.

— Tch. Vem cá. – Silver o abraça, pressionando levemente a cabeça do rapaz contra seu peito. Expira. – Você e Romeo são meus bens mais preciosos. Não deixarei que nada os ameace. Nunca.

— Eu sei.

Os dois ficaram assim por um tempo.

 

...

 

Gajeel estava de volta ao salão VIP. O moreno havia deixado Levy ter um momento a sós com Juvia já que teriam que esperar de qualquer jeito enquanto os outros seguranças aprontavam os carros para poderem voltar à mansão. Não que ele tivesse concordado em deixá-la sozinha, mas ela parecia muito ansiosa, então ele cedeu apenas desta vez. A azulada pareceu angustiada quando chegou à sala depois de ter conversado por algum tempo com Juvia. Gajeel eleva as sobrancelhas e vira-se rapidamente quando a ouve abrir a porta.

— Levy?

— Hm. – Ela confirmou indo em direção a poltrona ao lado do segurança. Ela parecia cabisbaixa e pensativa.

— O que te deu, baixinha? – Ela mantinha o olhar baixo.

— Era para ser eu, Gajeel.

— O quê? – Ele pareceu confuso e ela levantou os olhos para encará-lo virando o rosto em sua direção e revelando seus olhos marejados. O moreno piscou surpreso ao ver sua expressão.

— Ele queria a mim. E acabou pegando a Juvia por acidente. – O moreno franziu a sobrancelha.

— Entendo... Era de se imaginar... – O rapaz tentava juntar os pontos em sua cabeça e não percebeu que a garota não estava mais o fitando. Levy estava de cabeça baixa em sua poltrona. – Levy?

— Isso já está passando dos limites. – Sua voz trazia um tom pesado. – Ela está atingindo minha família... A Juvia é muito frágil. Por que ela teve que passar por isso?

— Ói, é melhor parar com isso. – Diz Gajeel ajoelhando-se em frente à rapper pondo seus braços nas laterais das pernas da azulada.

— O rosto dela ainda tinha marcas vermelhas. Os olhos dela ainda estavam vermelhos de tanto chorar. E tudo porque ela parece comigo.

— Levy—

— É minha culpa, Gajeel. – Ela o fitou em silêncio enquanto lágrimas desciam pelo seu rosto. Ele expirou e massageou a testa abaixando a cabeça antes de encará-la novamente.

— Ninguém tem culpa por existirem pessoas podres como aqueles dois. Você não deveria se culpar por isso. Em vez disso, sinta-se aliviada por tudo ter acabado bem com a Juvia. – Ela o fitou e pareceu refletir. – Além disso... – Ela piscou encarando-o. – A Juvia parece uma folha de papel, ela ficaria com marcas mesmo se alguém esbarrasse com ela na rua. Gihihi.. – Levy olhou para o lado como se imaginasse a cena e não conseguiu evitar o expiro de um meio riso. Eles se encaram por um momento e a rapper o fita com ar um tanto sério. Ela leva uma das mãos ao rosto do rapaz que desfaz seu sorriso e também a fita seriamente.

— Que bom que o Laxus te trouxe pra mim. – Gajeel e Levy se olharam por algum tempo antes do rapaz se pronunciar.

— Eu acharia o caminho até você de qualquer forma. – Ela piscou encarando-o. – Eu sempre acharei meu caminho até você. Levy. – Os olhos dela pareceram estar mais úmidos e ela sorriu timidamente.

— Gajeel...

Ele fitou seus olhos uma última vez antes de puxar o rosto da rapper e beijá-la profundamente. A garota envolveu o pescoço do Redfox com os braços movendo-se até o seu colo, enquanto recebia as carícias do moreno.

 

...

 

Juvia terminava de arrumar suas coisas no camarim quando ouviu algumas batidas na porta. Wendy virou seu rosto para ver quem era.

— Pode entrar. – A maçaneta se move e a porta abre, relevando seu visitante. – Lyon...

— Tia Juvia! – O menino entra logo atrás de seu padrinho.

— Romeo! – O menino vai até ela e a abraça. A garota sorri e põe a mão sobre a cabeça do menino ao se afastarem. – Eu estava com saudade de você.

— Hm! Parece que não nos falamos há um tempão, não é?

— Hm... – Ela assentiu e fitou o perolado atrás de Romeo. Percebendo o olhar de Juvia, ele falou.

— Juvia, eu... Só queria saber como você está. Depois de tudo.

Depois de tudo... E “tudo” remetia ao beijo repentino de Gray. Ao se lembrar da cena, Juvia não conseguiu evitar a leve vermelhidão em seu rosto e o constrangimento por todos exceto Gajeel e Levy terem presenciado tal situação; e não demoraria para que eles também soubessem do que aconteceu, porque agora fotos e vídeos daquilo e o depoimento do moreno, provavelmente, já estavam em todos os sites e canais de fofoca de Tóquio.

— Ahn... Estou bem, n-na medida do possível, eu acho...

— Quer saber, acho que vi uma máquina de doces em algum lugar. Quer ir procurar comigo, Wendy? – Romeo falou repentinamente, percebendo que Lyon gostaria provavelmente de falar a sós com Juvia. Mas, mais uma vez, o padrinho não colabora.

— Ói, nem pensar. – Diz Lyon imediatamente após o comentário de Romeo.

— Dindo!

— Eu não vou procurar você se acabar se perdendo! Não me cause problemas, tampinha.

— Mas eu juro que é aqui pertinho! Não há como se perder! Além disso há seguranças por todo lado e as luzes estão acesas agora!

— Está tudo bem, Lyon. – O perolado fitou a azulada que tinha um sorriso sereno no rosto. – Tudo está bem seguro agora, eles ficarão bem.

— Ahn.. Na verdade, eu prefiro ficar aq—

— Obrigado, tia Juvia! Prometo que não vamos demorar! – O garoto puxa a menina pelo braço.

— Mas—

— Ói. – Romeo e Wendy encaram o perolado que se aproxima dos dois. – Não vai levar dinheiro?

— Hm? D-Dinheiro? – O rapazinho parece confuso e Wendy revira os olhos e o lembra da “mentira” que acabara de inventar apenas para que Juvia ficasse a sós com Lyon.

— Para a máquina de doces, Romeo. – Disse ela frisando a lorota. O perolado arqueou uma sobrancelha e estendeu as cédulas.

— Ah... É... N-Não precisa, dindo! Eu tenho algum comigo!

— Hm... – Lyon estava desconfiado, mas deu-se por vencido. – Tudo bem. Não demorem.

Eles saem do camarim de Juvia e vão para um corredor perto da sala.

— Você sacou tudo, não é? – Disse Romeo ao encarar a menina de braços cruzados em frente a ele.

— Mas claro. Não há máquina de doces alguma. Além disso, você é um péssimo mentiroso.

— Por que não me entregou, então?

— Porque eu, sim, sei onde vendem doces aqui.

— Q-Quê?! Você sabe?

— Bem, andar por todo esse teatro procurando a minha irmã tinha que ter servido para algo, não é? – O garoto deu uma risadinha.

— Acho que sim..

— Espero que tenha realmente aquela grana, porque vamos precisar. Sabe como comidas em teatro são caras.

— O que tenho deve ser o suficiente.

— Vamos nessa.

— Ói. – Ela o fita com sobrancelhas elevadas. – Não se importa que a tia Juvia fique sozinha com meu dindo? – Ela arqueia uma sobrancelha e põe uma das mãos sobre o ombro do garoto.

— Romeo... O seu irmão deu um baita beijão na minha irmã. – Ele piscou e suas sobrancelhas caíram em expressão semi-emburrada. – Acho que darei um desconto ao Lyon dessa vez. – Ela riu e segurou a mão do garoto puxando-o e andando em sua frente. – Agora vamos logo! Não é porque vou dar esse desconto que o Lyon poderá ter o tempo que quiser a sós com a Juvia!

— Hm... V-Vamos.

O garoto seguiu e observou sua mão que segurava a mão de Wendy; era realmente macia e delicada. O garoto cora levemente enquanto seu coração acelera. No entanto, essa sensação parece irritar Romeo que trata de espantar esse sentimento estranho.

 

...

 

O perolado ainda encarava a porta com uma sobrancelha arqueada quando Juvia fez um comentário.

— Esses dois funcionam bem juntos. – Disse Juvia com um sorriso e virando-se novamente para fechar a pequena mala com seus pertences.

— É o que parece.. – Deu um risinho e se aproximou da branca. – Precisa de ajuda?

— Oh, não se preocupe. Estou terminando. – Ela recolhe mais alguns dos seus pertences que estavam sobre a penteadeira. – Oh my! – Ela deixa um dos batons emprestados por Levy cair no chão e ele rola em direção a Lyon, mas a azulada não percebe que o rapaz também se abaixa para pegar o objeto. Ela acaba segurando a mão do rapaz e eles trocam olhares. Juvia percebe o olhar de Lyon e cora levemente ao vê-lo corar.

— Eu peguei... – Eles se levantam juntos e ele entrega o batom a ela.

— Ob-brigada... – Ela se virou e guardou o resto dos objetos nos bolsos de sua maleta.

Havia um silêncio um tanto constrangedor entre eles e Juvia não sabia ao certo por que de repente o clima entre ela e Lyon havia ficado estranho. Enquanto refletia consigo, ouvir seu nome a tirou de seus pensamentos.

— Juvia. - Ele a chama e seu olhar se mantém baixo.

Algo sobre o tom de sua voz parecia sério, o que não era comum.

— Hm?

— Sobre o que houve mais cedo... – Ela piscou algumas vezes esparando que continuasse. – Com Gray. – Ele levantou o olhar e a fitou. Isso parece ter sido o gatilho certeiro para que o rosto da branca ficasse vermelho instantaneamente.

— Ah... A-Aquilo. – Ela olha para o lado e segura sua maleta, colocando-a sobre a penteadeira e dando as costas para o perolado. – Eu não sei o que deu nele, de verdade... – Ela abaixou o olhar deu um risinho sem graça.

— Você está apaixonada por ele... Juvia? – A garota se surpreende pela pergunta e eleva o olhar encontrando a imagem do perolado refletida no espelho à sua frente. Ele a encarava através dele.

— O quê? – Ele não disse nada, apenas continuou esperando a resposta da garota, que continuou. – Por que pergunta isso?

— Eu apenas quero saber se vale à pena... – Ele põe delicadamente a mão no ombro da garota e puxa levemente para que ela o encare propriamente. Ele se mantém a frente dela.

— Se... Vale à pe—

— Assim como Gray, eu também gosto de você, Juvia. – A garota arregalou levemente os olhos. – Talvez a atitude do Gray tenha me aberto os olhos. – A garota pisca e parece surpresa. – Eu também quero lutar pelo seu coração, mas tenho que saber se vale à pena. Você entende? – A garota parece confusa e olha para o lado com sobrancelha franzida. O rapaz segura delicadamente o queixo da menina e a faz fitá-lo. – Preciso saber se seu coração está livre para que eu possa lutar por ele, primeiramente.

— Lyon... Eu... Não sei o que dizer. – Ele sorriu serenamente.

— É simples. Apenas responda sim ou não... Você gosta do Gray?

Ela pisca algumas vezes e parece entrar em conflito interno.

— Eu... B-Bem... – Ela encara o perolado que estava perto o suficiente para que ela conseguisse sentir o calor de sua respiração. Estar tão perto dele fez seu coração acelerar e ela sentiu seu rosto esquentar, pela provável cor vermelha que preencheu as maçãs de seu rosto. – Eu... – Ela desviou o olhar do garoto, fazendo-o rir baixinho.

— Pela sua reação, acho que Gray ainda não tem o seu coração.

— M-Mas o que há com vocês dois hoje?! – Ela se vira um tanto afobada para fazer qualquer coisa em sua maleta apenas para desviar sua atenção do rapaz.

— Me desculpe, Juvia. Eu acho que apenas fiquei com ciúme. – A azulada para e olha para o lado.

— Ciúme?...

— Hm. Afinal... Eu também mereço ter uma chance de te conquistar.

A garota vira, prestes a falar algo, mas o perolado rapidamente se aproxima dela e envolve sua cintura com um de seus braços, puxando-a para si, encostando suas testas. Seus lábios apenas a centímetros. A respiração desregular da garota denuncia seu nervosismo.

— Juvia... Eu não sou tão ousado como Gray, então... Não irei te beijar. – A garota não falou nada. Só continuava ofegante enquanto fitava os lábios do rapaz que quase encostavam aos dela. – Mas eu realmente queria fazer isso agora...

— Ly...on...

Seus rostos estavam tão perto que a garota não sabia dizer se seus lábios já haviam tocado os de Lyon. Ela apenas ficou confusa e não sabia o que sentir naquele momento. Tudo que sabia é que talvez... No fundo, ela quisesse que ele...

— Wendy! Espera por mim!!

Os dois se separam assim que escutam a voz de Romeo se aproximando.

— Opa! – Wendy abre a porta do camarim. A garota entra alvoroçadamente com um sorriso nos lábios. – Voltamos! Mas continuem o que estavam fazendo. Não estou aqui! – Diz ela, sentando-se à poltrona e mordendo parte de um canudo adocicado de alcaçuz de morango.

— Wendy!! – O menino chegou à porta do camarim igualmente afobado e ofegante. – Eu disse para não correr tanto... – Disse respirando todo ar que podia.

— Wendy, o que eu disse sobre correr por aí? Se você se machucar sob meus cuidados, nossos pais não deixarão mais que você passe as férias comigo.

— Eu digo o mesmo pra você, pestinha. Não corra como louco por aí. – Disse Lyon.

Romeo e Wendy encararam Lyon e Juvia e houve um silêncio por um momento.

— Então... A conversa estava boa? – Perguntou Romeo, curioso.

— Aposto que estavam conversando sobre algo assustador. Olha como minha irmã está vermelha.

— E-Eu não estou vermelha! – Protestou Juvia.

— Você sabe que fica vermelha quando está com medo.

— Verdade? Então talvez tenha sido esse o motivo pelo qual você ficou vermelha quando estava com Gray. – Comentou o perolado, fitando a garota. – Porque estava com medo, certo?

— L-Lyon... Por favor. – A garota pareceu mais envergonhada e Wendy estreitou o olhar enquanto Romeo os encarava com um largo sorriso.

 

“Espera... O quê que está acontecendo aqui?... A Juvia está com vergonha do Lyon?”

“Dindo finalmente tomou uma atitude?! Haha! Parece que o jogo virou, não é mesmo?!”

 

O segurança de Levy aparece repentinamente na porta do camarim.

— Ói, Juvia. Os carros estão prontos para nos levar. – Mas ao reparar propriamente as caras de Lyon, Juvia, Wendy e Romeo o rapaz arqueia uma sobrancelha. – Ahm... Interrompi alguma coisa?

— Não. – Juvia vai rapidamente até a maleta e a pega, passando por todos e fazendo um pequeno ventinho pela rapidez em que andava. – Estou pronta, podemos ir.

Ao ver a reação de Juvia, Gajeel entendeu mais ou menos o que, provavelmente, estava acontecendo. Uma aposta em andamento. O moreno cruza os braços e encara Wendy e Romeo.

— O quê? Não olha pra mim, é culpa do Romeo. – Disse Wendy seguindo Juvia.

— Sei. – Disse o rapaz seguindo a menina com o olhar e expressão desconfiada.

— Ói, o que foi minha culpa? – Disse Romeo seguindo a azulada.

Lyon e Gajeel se cumprimentam elevando levemente a cabeça ao se cruzarem. Assim, todos seguem em direção a saída.

 

...

 

Flare e Porla estavam em um espaço pequeno que parecia um flat onde o pai de Erza residia temporariamente e a ruiva parecia impaciente.

— Você é um pouco impaciente, não é, senhorita Corona?

— E o que você tem a ver com isso? – Ela rebate e continua andando de um lado a outro.

— Devo lembrar que a vingança é um prato que se come frio. A paciência é essencial para o bom andamento de um plano.

— Eu já sei! Apenas estou irritada pelo fracasso dos meus planos graças a aquele rato! – Ela bate seu punho sobre a mesa.

— Ói, não desconte nos móveis, terei que pagar por isso. – Disse com expressão entediada. Ela lança um olhar de desprezo em direção a ele e vai até a janela.

— Quando eu encontrá-lo novamente, eu juro... Ele vai pagar por ter arruinado tudo.

— Muita calma, senhorita Corona... Até mesmo os ratos podem ter uma serventia.

— Ah é? – Disse com ironia.

— Para pegarmos um grande animal, podemos atraí-lo usando um menor. – Ele senta ao sofá e cruza as pernas. – É uma metáfora para isca.

— Isca? Tch. – Ela o encara. – Como pensa em atrair a Vikky usando ele? Ela não poderia ligar menos para esse inútil.

— Uma isca pode servir para mais do que apenas atrair alguém, senhorita Corona. Mas para distraí-la enquanto os espertos fazem negócios. Me entende?

— Usar o Lásaro em um falso ataque para agirmos com o plano verdadeiro depois? É o que está propondo?

— Pode ser um meio. – Ele diz com um sorriso. Ela olha para o lado e sorri. Volta a encará-lo.

— Talvez ter me juntado a você não tenha sido algo ruim, senhor Porla. Você é mesmo bem astuto. – Ele continua sorrindo e toma um gole da água na taça de plástico. Era o que ele podia pagar com os pequenos furtos que cometia em suas pequenas fugas.

A campainha do flat toca e a ruiva vai rapidamente até a porta e a abre revelando o homem elegante de cabelos compridos parcialmente presos a um alto rabo de cavalo.

— Argh! Finalmente!

— Quanto tempo, priminha. – Disse o moreno com um sorriso e olhos caídos. Porla se aproxima da ruiva à porta com as mãos nos bolsos.

— Um gótico vitoriano?... – Comenta Porla ao ver o rapaz.

O moreno fita a ruiva e o pai de Erza, fazendo uma expressão desgostosa.

— Uhr... Vejo que seu gosto para homens piorou.

Porla e Flare fazem uma expressão entediada.

— Não somos amantes, garoto. Somos aliados. – Explicou Porla. – Isso é uma bíblia? – Apontou ao ver o livro que carregava nas mãos. O moreno arqueia uma sobrancelha.

— Não. É um romance de terror. Gosto de ler durante as minhas viagens. – Ele respondeu indiferente.

— Ele vai nos ajudar com a Vikky. – Disse Flare interrompendo a conversa.

— Essa garota de novo, huh... – Ele dobra seu casaco e põe sobre sua mala. – Arh... A última vez não foi o bastante? – Disse em tom indiferente.

— Isso é problema meu. Agora entra de uma vez. – Ela vira.

— Hah-ah. – Ela vira. – Não está achando que irei fazer negócios nesse projeto de estábulo, está? Meu motorista nos espera lá embaixo.

— É o máximo que um fugitivo pode bancar, senhor... – O ruivo o encara com tom interrogativo.

— Tartaros. – Ele sorri, completando. – Mard Geer Tartaros.

— Senhor Tartaros. – Ele sorri. – Me chamo José Porla.

— Nome exótico, não é?..

— Ói. Não é como se eu tivesse escolhido. – Eleva os ombros.

— Que seja. – Diz Flare. – Vamos aonde você quiser, contanto que comecemos o quanto antes a planejar algo contra a Vikky.

— Você manda, priminha. – Disse enquanto ela passa por ele em direção as escadas do pequeno prédio.

— Por mim, tanto faz. – Ele sai do flat e tranca a porta, virando-se para Flare e Mard Geer. – Podemos ir.

Os três saem do prédio e entram no carro luxuoso de Mard Geer, indo em direção à residência atual do primo de Flare para decidirem o próximo passo do ataque contra a McGarden.


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Notas finais do capítulo

Caramba, eu chorei fazendo a cena do Silver com o Gray. Não consigo aceitar a morte dele, gente. Por que o Hiro faz isso com a pessoa, por quê?! Ç_Ç

E quanto bafão! Agora que o trio infernal se juntou e eu não quero nem ver o que vai sair dessas mentes. Mard Geer, José Porla (ainda vai sofrer muito bullying) e Flare... Levy que monte o exército dela, porque eles não têm o Hulk, mas tem que arranjar um substituto pra ontem!

Romeo e Wendy estavam adoráveis e quero dizer que amei deixar a Juvia muito confusa com os Shipps caindo em cima. Gray e Lyon, ui. Não sei o que eu faria na pele dela. Acho que pegaria os dois, esses lindos. *----*

Espero que tenham gostado do capítulo, fiz todo num dia só. De tão legal que achei. ausuahsuahsuahs... É isso, gente! Até a próxima!

P.s: Mesmo de férias os capítulos estão demorando porque tenho que arranjar coragem pra continuar meu TCC que não está pronto e já era pra estar. Não sei se rio ou se mar... Se choro um "mar", porque né.. Enfim, gente! Beijos e até!
#FamíliaMSP



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