Meu Segurança Particular. escrita por Uvinha Lee


Capítulo 27
Um, dois, três, quatro, a Flare vai te pegar...


Notas iniciais do capítulo

Yo, meus rappers! Aí vai o capítulo seguinte, boa leitura! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/600174/chapter/27



O garoto se joga de bruços na cama com a cara enfiada no travesseiro. Durante todo o caminho estava agoniado por não se lembrar de sequer uma cena da noite anterior depois de ter ido ao pequeno bar perto do ateliê de Lucy. Ele expira, sentindo o tecido aquecer-se em seu rosto com o ar que sai de sua boca. Ele se vira e encara o teto de seu quarto, esparramado.

– A Lucy estava tão estranha... – Ele se sentou e fitou seu gato que o encarava e parecia confuso. O rosado levanta uma sobrancelha e passa sua mão pelo couro cabeludo em busca de algo. – Ainda acho que não bati a cabeça em lugar nenhum... Ela não mentiria... Certo? – Ele olhou para o lado.

O rosado não se lembrava ao certo do que havia acontecido, mas de uma coisa, ele sabia. Não se sentia igual com relação à loira. Sua mente começou a imaginar todo tipo de possibilidade para aquela madrugada, mas seu esforço para se lembrar parecia inútil até aquele ponto, então, apenas desistiu. Ele se espreguiça.

– Quer saber, vou fazer um café. Acho que ainda estou dormindo. – Ele se levanta.

~...~

– Quer uma prova, então?! – Disse ele.

– Tá bem! Aposto que não consegue provar nada. – Ela se sentou e ficou de frente para ele.

– Tá... – Ele pareceu pensar. Ela começou a rir. – Mas não fique chateada.

– Hm? – Ela arqueou uma sobrancelha.

Ele se apoiou nos degraus da escada e beijou a loira, que estava bêbada demais para reagir... A menina pareceu resistir, mas o rosado quis prová-la que sabia o que estava fazendo. Parecia afobado, mas ela pôs as mãos nos ombros do garoto e começou a corresponder.

Eles se separaram. Ainda perto, se olhavam.

– Viu? Heh... – Seu sorriso, aos poucos, se desfez.Ele parecia confuso. Ele deglutiu. Saiu de cima dela. – V-Você está bem, certo?

~...~

A loira se desencosta subitamente da cama e arregala os olhos, estática.

– OH MY!!! – Ela põe as mãos sobre a boca. Respira nervosamente algumas vezes e mexe seus olhos para o lado e paro o outro, parecia não acreditar no que acabara de lembrar. Ela passa a mão pela franja e fita o chão, tentando se lembrar da continuação daquela cena “cortada”. Seu cérebro estaria pregando uma peça? Só pode ser uma alucinação de memória... Eu e o Natsu...?


...


O rosado mal podia mover-se com a surpresa da memória que havia retornado.

– GYAH! E-Eu beijei a Lucy ontem?!

O Happy se assustou com o escândalo do seu dono e correu para a cozinha.

– Será que é por isso que ela estava agindo estranho hoje? Aye, aye.... Mas que cabeça! Espero que ela não esteja chateada comigo! Do jeito que me expulsou do ateliê... Será melhor ligar para ela e confirmar que está tudo bem? – Ele encarou o celular sobre a bancada da cozinha.


...


Lucy estava claramente confusa. Ela nunca havia imaginado Natsu dessa forma... De qualquer forma... Se isso aconteceu mesmo... Foi apenas um beijo, certo? Será que o Natsu gosta de mim?... A garota começava a imaginar inúmeras cenas das quais o garoto a ajudou de alguma forma, lembrou-se do que sua amiga havia comentado no dia do parque sobre como pareciam um casal.

– Kami-sama, que vergonha. Eu preciso saber o resto... Preciso me lembrar! Será que o Natsu sabe que.... Nos beijamos?

O celular da estilista começa a tocar e ela vira sua atenção imediatamente ao aparelho. Sente um frio no diafragma e fica em choque por um momento. A garota se aproxima lentamente do objeto e aos poucos consegue ver um nome na tela. A garota atende e expira.

– Ahr! Precisava mesmo falar com alguém! Não sabe o que acont—

A loira pareceu ser interrompida pela pessoa do outro lado da linha. Claramente não era o rosado. A expressão da loira mudou, ela parecia preocupada agora.

– O quê?! Onde você está? Vou até você agora mesmo. – A garota pôs o celular entre o ombro e o ouvido enquanto calçou os sapatos com e apressou-se em direção à saída. Disse qualquer coisa para Yukino e entrou em seu carro em direção ao seu destino.

...

O garoto pôs o celular de volta à bancada.

– A linha está ocupada. Acho que não é tão importante... Não vou incomodá-la agora... – Ele ouviu sua campainha tocando. Foi até a porta e abriu.

– Finalmente te achei em casa, hein?! – Disse o moreno entrando do apartamento do rosado.

– Ói, Gray! Quem disse que pode entrar?

– Eu mesmo. – Se jogou no sofá. – O que deu em você, antes era o cara mais preguiçoso que conhecia e agora começa a ficar incomunicável. Pra falar a verdade... Começou a ficar sumido desde que começamos o trabalho com a Lucy-san... – Disse ele, provocativo lançando um olhar insinuante para o colega.

– Não é o que está pensando! Além disso, como você sabe que não fico mais em casa o tempo todo? – Disse, fechando a porta e seguindo para a cozinha.

– Porque tive que mandar o porteiro te vigiar para que me falasse quando estivesse em casa.

– Virou a minha mãe, é? – Disse abrindo os armários, sem fitar o amigo.

– Apenas tenho uma novidade e, apesar de você ser irritante, é meu melhor amigo.

– Pff... – Disse tirando uma xícara do armário e fechando a porta. O moreno riu. – E o que há de tão importante, afinal?

– O meu pai vai tocar aqui na capital em sua próxima turnê.

– Uohooho! Sério?! – O rosado pareceu animar-se.

– Quero que vá comigo recebê-lo hoje. Poderemos vê-lo ensaiar.

– Ah.. – Ele coçou a cabeça. – É que estou realmente cansado... Não dormi muito bem.

– Não dormiu, ou farreou até tarde?

– Hm?

– Você está cheirando a saquê... – Fez uma pequena pausa e mudou sua expressão, aproximando-se levemente do rosado, pondo os dedos no queixo. –... Passou a noite fora, não é? – Perguntou Gray, insinuativo.

– O que foi? Apenas saí com alguns amigos.

– Ah, claro... – Disse irônico.

– Quer saber, não preciso me explicar pra você. – O moreno riu.

– É... Pelo visto a noite foi boa, mesmo. Já estava na hora de se divertir. – Ele virou, jogando-se no sofá outra vez. – Bom, é melhor que tome um banho antes de irmos. O que meu pai vai pensar se meu melhor amigo cheira como um bêbado? – Pôs as mãos na nuca e encostou-se.

– Nesse caso, vou apenas trocar de camisa. – Ele foi em direção ao corredor e tirou a camisa.

– Ói! Não seja porco!

– Eu já disse, estou cansado!

– É melhor enfiar essa cabeça de vento embaixo do chuveiro, já consigo ver as moscas te rondando! – Esbravejou o amigo do outro lado do corredor.

– Argh... Você está mais irritante que o normal! – Ele virou para pegar seus sapatos e voltou, colocando-os perto da porta de saída. O rosado notou um olhar estranho no amigo. – O que foi agora?

– Pelo visto passou tanto tempo fora que não alimentou o Happy.

– Hm? Por que diz isso?

– O Happy não te atacou?

– O Happy? Nah, ele nunca me atacaria.

– Então... Quem foi que fez esses arranhões nas suas costas?

– O quê? – Ele correu para o banheiro e se virou para checar-se. Gray estava certo. Natsu tinha algumas marcas avermelhadas nas costas. Não chegavam a ser arranhões, mas definitivamente aquilo foi feito com unha. – Mas o que... Onde consegui esses arranhões, afinal? – O garoto ficou alguns segundos se olhando, tentando identificar o que poderia ter feito aquilo.

– Natsu! Anda logo, não quero deixar meu pai esperando!

O rosado estava com uma pulga atrás da orelha. Aquelas marcas não estavam ali antes. Ou estavam? Ele não era o tipo de pessoa que observava suas costas o tempo inteiro e não se lembrava de ser flexível a ponto de alcançar os lugares das marcas. Não tem a ver com ontem a noite... Certo?

...

A loira dirigia lentamente e olhava pelos lados, parecia não saber ao certo onde era o ponto objetivo onde queria chegar. Ela vê uma garota sozinha sentada perto de uma árvore em um parque.

– O que raios a Vikky está fazendo ali?! – Ela acelera e chega até a garota, que tem seus braços apoiados em cima dos joelhos e fita o chão, desanimada. A loira sai do carro.

– Vikky? – A estilista vê os pés descalços da jovem. – Cadê seus sapatos? – A menina expira e se levanta, encarando a amiga.

– É uma longa história. Obrigada por ter vindo. Eu não queria preocupar a Juvia... A Wendy não precisa saber o que está acontecendo.

– E o que está acontecendo? Está me deixando preocupada, Vikky!

– Por enquanto só me tira daqui... – A garota parecia tristonha. A loira a abraçou antes de entrarem e seguirem para a mansão.

...

O moreno estaciona a moto na garagem de seu prédio e vai até o elevador. O síndico estava, como sempre, na porta de entrada e, azaradamente, no caminho de Gajeel.

– Ow!! – Exclamou ao quase cair com o empurrão de Gajeel. – Olhe por onde anda, rapaz!!!

Ele não empurrou de verdade, mas ele era um homem grande, apressado e irritado. Um esbarrão dessa pessoa pode se tornar praticamente uma voadora.

– Vê se aprende a sair do meu caminho, velhote.

Ele definitivamente não queria mexer com aquele cara hoje. Gajeel apenas seguiu até seu apartamento. Entrou e jogou suas coisas no sofá, seguindo para seu quarto. Sua afobação foi tanta que seu gato, Lily, fugiu de cima da janela, onde estava deitado.

– Argh. – Ele deitou e fitou o teto. – Eu deveria saber que essa era uma péssima ideia desde o começo. – Ficou deitado durante alguns minutos.

Lily entrou no quarto do moreno, parecia desconfiado e sorrateiro, rondando qualquer movimento brusco de seu dono. Pelo visto, seu animal também havia percebido seu péssimo humor.


~...~

– Levy, quem é esse cara afinal?! – Perguntou Rogue. A garota parou e abaixou a cabeça, ofegante. Ela o encarou novamente sem elevar muito a cabeça e respondeu.

– Não sei. – Continuou ofegante e o fitou novamente.

~...~

O moreno não podia evitar. Aquela cena se repetia na cabeça dele desde que deixou a azulada para trás naquela mansão. Lembrar de como ele a deixou... Isso o fazia sentir-se culpado. Mas esse sentimento desaparecia assim que lembrava de como Levy defendeu aquele cara depois de tudo o que ele havia feito. Como se agarrá-la não fosse motivo suficiente para arrebentá-lo. Ele bufou, irritado.

– Argh. Eu deveria procurar emprego ao invés de ficar pensando baboseiras. – Ele se levantou e pegou o jornal para verificar a página de empregos, mas percebeu que era o da semana passada. O rapaz bufou ao perceber que teria de ir até a esquina comprar o atualizado.

...

Rogue não havia entendido muito bem o que acabara de acontecer, mas sabia quem havia começado toda aquela confusão. Começava a acreditar que Flare podia ser desequilibrada e impulsiva. Mas considerá-la perigosa... Não era pra tanto. O rapaz tinha certeza que resolveria tudo conversando com ela novamente. Ele daria um ponto final nisso.

Ele estava em pé, de costas para a porta. Seu olhar focado em um lugar, pensamentos distantes.

O som da campainha. Agora resolveu anunciar sua entrada... O garoto foi até a porta.

– Moreninho! – Ela pulou no pescoço do rapaz, que virou o rosto quando a garota tentou beijá-lo. – Oh. O que foi? Ainda está chateado comigo?

– Precisamos conversar, Flare. – Ele empurrou a porta para que se fechasse e virou.

– Pensei que não estava mais bravo... Até me ligou para que eu viesse... – A garota notou um par de sapatos em cima de um banco de madeira perto da divisória da cozinha. O garoto a encarou com sobrancelha levemente caída em uma expressão séria. – De quem são esses sapatos?

– Da Vikky. – Disse com as mãos nos bolsos.

– Aquela garota? – Ela pareceu afobar-se e deu alguns passos em direção ao corredor. – Ela está aqui?! Vocês estão juntos?!

– Não. – A ruiva o encarou.

– E o que os sapatos dela fazem aqui?

– Porque ela veio aqui.

– O quê?! Você não deixou que entrasse, deixou?! – Ela se aproximou dela, que se afastou e foi para a outra extremidade de sala. Ele teria que ser duro dessa vez.

– O que acha? Que os sapatos dela magicamente apareceram na minha casa? – A garota franziu a sobrancelha e tentou raciocinar. – Flare. – Ela o encarou. – Você ameaçou a Vikky?

– O quê?! Ela te disse isso?!

– Não importa o que ela disse. Quero ouvir de você, ameaçou ou não?

– Não!

– Então o que foi fazer na casa dela? Aliás, como descobriu onde ela morava? Eu não me lembro de ter te dado o endereço.

– Rogue, eu—

– Não minta. – Ela respirou com alguns segundos e baixou o olhar. O encarou logo em seguida com a cabeça levemente baixa.

– Eu posso ter dado a entender... Que não faria bem a ela ficar muito perto... De você. – O garoto pareceu ficar pasmo com a confissão da garota.

– Então é verdade?

– Rogue, eu só—

– Não acredito que foi até lá para ameaçá-la.

– Eu encontrei o endereço dela quando fui até suas coisas para te deixar um recado fofo... Estava lá, o que queria que eu fizesse?!

– Que não se metesse no que não é chamada!

– Não fala assim comigo. – Sussurrou a ruiva, aparentemente magoada e tentando conter-se.

– Ah, e como quer que eu fale? Foi até lá para ameaçar a Vikky! – Disse alterando o tom de sua voz. A garota estava calada e olhava para o chão. O garoto se aproximou dela. – Está tramando algo contra ela? – A garota o encarou. – Eu juro, Flare... Eu nunca te perdoaria se você—

– Será que você só pensa nessa garota?! – Gritou a garota subitamente. Eles ficaram em silêncio, o moreno a encarava com olhos estreitos e sobrancelha franzida. – Vikky, Vikky, Vikky! E eu?! Será que você não se importa nem um pouco comigo?!

– Você não é a vítima aqui, Flare. – O garoto vira e passa a mão pelo cabelo.

– Acha mesmo que eu feriria a sua preciosa Vikky?

– Sinceramente... – Disse sem virar. – Agora começo a achar que sim. – A garota não fez nenhuma expressão facial. Fitando o chão pensou alto.

– Levy... – Ela encara o moreno, que ainda está de costas. – Será que não há nada que te faça esquecer essa garota? – O moreno parece pensativo. Ele fita o chão e pensa sobre a pergunta de Flare.

– A morte. – Os olhos da ruiva levemente ficando estáticos pela resposta. Ela o encara, surpresa. O garoto vira parcialmente e continua. – Acho que apenas a morte me faria esquecer a Levy. – Ou nem mesmo isso... O garoto se calou. A garota pareceu pensar em algo.

– A... Morte? – Ele a encarou. A garota estava fitando o chão de modo fixo com a sobrancelha franzida, como quem tenta resolver um problema matemático. – Entendo. . . – O moreno se aproxima da ruiva que sobe lentamente os olhos e o encara. A expressão de Rogue é séria.

– Não procure a Vikky ou a mim novamente, Flare. – A garota sorriu sem mexer tanto a expressão estática de seus olhos.

– Não se preocupe, amor. Eu farei você mudar de ideia.

– Se algo acontecer com ela, saberei que foi você. Eu não irei te perdoar, Flare. Eu juro.

– Farei como quiser... Meu moreninho. – Ela baixou seu olhar. – Agora devo ir... Não trabalhe muito, sim?... – Ela virou e andou lentamente até a saída.

Então apenas a morte o fará esquecê-la...

A garota sai e desce as escadas, virando novamente ao escutar o som da porta se fechando.

– Me desculpe, Rogue... Mas mentirei apenas desta vez.

Assim será.

A garota fita o céu nublado que anuncia uma tempestade a caminho. Ela caminha até o metrô e para ao lado de um garoto que está com fones de ouvido.

– As pessoas irritantes são como mosquitos, não é? – Depois de algum tempo, o rapaz tira um dos fones e a fita.

– Desculpe, disse alguma coisa? – A menina sorri, sem fitar o rapaz. Olhando para os trilhos do metrô.

– Você os ignora enquanto não estão perturbando... – O garoto arqueou uma sobrancelha.

O garoto parecia um tanto assustado e confuso com as coisas sem sentido que a garota dizia. Apenas colocou seu fone novamente e se afastou, ajeitando a mochila que levava nas costas.

– Até que eles realmente começam a incomodar... E então você tem que matá-los. – Franziu a sobrancelha, encarando fixamente os trilhos do metrô. Sua boca lentamente se contorceu em um sorriso “monalisa”, quase imperceptível. – Rogue me amará novamente uma vez que ela não exista no mesmo mundo que eu.

Seu coração não pertencerá a ela sem que, antes, o dela pare de bater...




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou simplesmente amando escrever essa fanfic. Espero que estejam gostando! Até a próxima!! ;)