Meu Segurança Particular. escrita por Uvinha Lee


Capítulo 2
Cicatriz que ainda doi.




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O moreno estava sentado em sua cama e contava o dinheiro que havia recebido da apresentação no bar. Ganhou uma boa quantia, mas nem chegava perto do valor que devia àquele síndico irritante. Apenas com apresentações no bar ele não conseguiria juntar o dinheiro a tempo, até porque ele ficaria sem grana para mais nada.

– Argh... Mas que droga... Pelo jeito é melhor dormir no chão nos próximos dias, porque é tão duro quanto a cama da cadeia. Assim começo a me acostumar. – Ele jogou seu corpo para trás, encostando-se aos travesseiros e encarou o teto. Expirou e cerrou os olhos para depois fechá-los.

Ele definitivamente não iria conseguir um emprego tão rápido, ainda mais alguém com um estilo tão excêntrico, suas apresentações no bar não davam tanto lucro... Já que não haveria maneira de conseguir o dinheiro, então só esperaria até a polícia vir de uma vez.

– Que se dane.. – Gajeel apenas ajeitou-se, pondo as mãos atrás da cabeça e cruzando as pernas, deitado em sua cama. Ficou assim por um tempo até que sentiu algo “pousar” em seu abdômen. Algo com unhas bem afiadas. Seu corpo tremeu por um segundo com o susto. – Au..! – Ao abrir os olhos viu que era seu gatinho o causador das pinicadas repentinas em sua barriga, havia voltado de seus constantes passeios pela rua. – Heh.. Então você voltou, Lily. Preciso cortar essas suas unhas... – O gato soltou um miado em resposta; Recuperado do episódio, Gajeel percebeu que seu bichinho trazia algo na boca. – Hm? O que você tem aí? – Era um pedaço de papel. Ou melhor... Um cartão. Ah... É verdade... Ele se lembrou do cara estranho que havia lhe deixado um cartão na noite anterior.

~ ... ~

Gajeel já estava de saída após sua apresentação. Já era quase hora de fechar o bar. Antes de sair, entretanto, foi falar com Mira para receber o lucro da noite. Ao encontrar-se com ela e resolver a questão do pagamento, ela lhe disse que havia algo para entregar a ele.

– Hm? O que é isso? – Pegou o cartão que ela estendera em sua direção.

– Um rapaz, que não parecia ser da área, veio aqui hoje e viu sua apresentação. Acho que se interessou por você. Ele pediu pra que você entrasse em contato com ele. – Gajeel imediatamente fez uma expressão repulsiva.

– Argh.. Mirajane, tá me estranhando? – Ela demorou um pouco para entender a reação dele, mas riu quando finalmente percebeu do que se tratava.

– Não é nada disso, Gajeel! O que eu quis dizer é que talvez ele tenha se interessado pelo seu talento com a música.

– Sei... – Disse ele, desconfiado, enquanto encarava o nome do sujeito no cartão.

– Ele estava vestido formalmente e perguntou sobre você ser o mão de ferro. Talvez ele seja um caça talentos ou algo do tipo.

– Laxus Dreyar... Caça talentos, huh? Tss... – Desviou o olhar. - Qual a chance de algo assim acontecer? – Pensou alto.

– E então? Vai ligar pra ele? – Ficou em silêncio alguns segundos e depois concluiu.

– Isso tá me cheirando a encrenca.

– Você deveria ligar. Não custa nada... Quem sabe essa é uma oportunidade única, Gajeel?

– Hunf.... Vou pensar. – Disse ele enfiando o cartão no bolso do seu sobretudo. – Agora vou indo nessa. Te vejo depois, Mira.

~ ... ~

Gajeel se desencostou dos travesseiros, sentando-se na cama. Havia esquecido totalmente do tal caça talentos, ou seja lá quem ele fosse. No buraco em que ele estava agora não havia mais nada a perder. Ele fitou seu gato, que o encarava de volta, como se esperasse algo dele.

– Você também quer que eu ligue pra esse cara, né, Lily? – O gatinho grunhiu.

Ele expirou.

– Espero que essa seja a minha salvação. Porque eu estou genuinamente ferrado.

Ele tirou Lily de seu colo e foi em direção ao seu celular.

...

Levy havia caído quase desfalecida na poltrona à frente de seu atual quase ex segurança. Se ela havia ficado em choque com a notícia de que ele não trabalharia mais pra ela, esta notícia havia superado a anterior no quesito “pasmei”.

– Num bar. – Ela repetiu para si mesma tentando convencer-se que ouvira mesmo aquilo.

– Levy, confia em mim. Sei o que estou fazendo. – Disse Laxus totalmente relaxado, com um sorriso vitorioso e sentado na outra poltrona à frente de sua amiga, atual quase ex chefe.

– Laxus, você pirou? – Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro gesticulando enquanto expressava sua indignação. - Você está me dizendo que saiu ontem para beber e por acaso achou um substituto pra você?? Você perdeu o juízo?

– Levy—

– Pelo que eu entendi você nem ao menos falou com o cara!

– Vou encontrá-lo hoje—

– E pra piorar ele não sabe que você quer que ele seja seu substituto como meu segurança! E se ele não quiser?

– Duvido.

– Ah, duvida? – Ela riu. – E como pode estar tão seguro assim de que o cara vai aceitar o emprego? Aliás, como sabe que EU vou querer esse tal Gajeel? – Deu ênfase na última frase. Ela deu as costas, pondo uma mão na cintura e outra massageando sua testa.

– Levy, escuta. – Ele se levantou e foi até ela, virando-a para encará-lo. Segurou seus braços e baixou-se à altura dela. – Eu não te colocaria em uma roubada. Relaxa. – Ela expirou, dando-se por vencida. Ele estendeu-se e deu as costas indo em direção ao seu moletom, jogado no encosto da poltrona. Ele o pegou e o segurou, jogando por trás de um dos ombros. Continuou. – Ele é o cara perfeito pra assumir meu cargo. Espero me encontrar com ele hoje. Depois de falar com ele e analisá-lo, aí sim, saberei se ele realmente é o que imagino. E poderemos assinar os papeis do contrato. – Sorriu. Sem ter outra opção, ela resolveu considerar de uma vez a ideia de Laxus.

– Será que eu não devo ir também? Sou a principal interessada, não?

– Não, é melhor que ele não te veja logo de cara. Quero eu mesmo analisá-lo. Talvez sua presença influencie o comportamento dele. – Ela revirou os olhos e expirou.

– Tá bom, Laxus. Se você diz. – Ela o acompanhou até a porta e se despediu dele.

Hoje seria mais um desses dias cheios de afazeres e Levy não tinha tempo para ficar especulando coisas sobre esse tal Gajeel que seria seu novo segurança, mas Laxus exaltou tanto a excentricidade de sua aparência que ela não pôde se conter, havia várias maneiras possíveis de se imaginar um homem alto e cheio de piercings que se vestia como o próprio motoqueiro fantasma.

Sentada no balanço em sua varanda com o olhar repousando sobre uma folha contratual cheia de tópicos, nem percebera que, ao invés de ler, apenas a encarava. Seus pensamentos estavam longe. E tudo por causa do tal novo segurança.

– Argh... Não estou conseguindo me concentrar. – Tirou os olhos do contrato em suas mãos e expirou, encostando-se ao encosto de madeira. – Será que Laxus já está com ele agora? Já faz um tempo... – Fitou o chão por alguns momentos, pensativa, mas logo sacudiu a cabeça numa tentativa de focar-se em seus deveres. Ela cruzou as duas pernas pondo-as sobre o assento do balanço e voltou a ler.

Finalmente, após algo parecido com uma eternidade, Levy leu tudo e assinou. Ela achava um saco ter que ler contratos, deveria considerar a ideia de contratar alguém apenas para isso, assim ela não teria esse trabalho. É, não era uma má ideia, mesmo.

Ela se levantou e entrou novamente a fim de procurar sua agenda para checar suas atividades do dia. Deveria sempre ser lembrada, pois eram muitas e deveria fazer tudo em ordem para não atrasar nada. Ela ia em direção ao seu quarto quando ouviu o som de seu celular, porém seu toque parecia distante.

– Droga, meu celular... Onde coloquei?

Ela começou uma busca incessante pelo aparelho em meio aos diversos cômodos de sua mansão. – da qual Levy chamava casa, ironia ou não. – Depois de muito esforço, ar perdido e, com certeza, algumas calorias, a pequena finalmente conseguiu achar seu celular em cima do aparador que ficava em um dos corredores principais. Como tinha ido parar lá, ela não sabia.

– Alô?! – Disse imediatamente após pegar o celular, debruçando-se sobre a mesinha.

– Finalmente, Vikky, estava quase desistindo! – Disse uma voz masculina não muito paciente do outro lado da linha.

– Ah... Desculpa, heh.. – Disse sem graça e ainda ofegante.

– Pela ausência notória de ar na sua voz eu já sei que perdeu o celular de novo e estava esse tempo todo procurando, não é? – Uma gota se formou na testa de Levy. Ela era mesmo tão previsível assim?

– Rgh.... – Isso era irritante. – Gildarts... Vamos logo ao que interessa. – Ela podia adivinhar que ele estava rindo do outro lado. – Alguma novidade pra mim?

– Tá, tá. – Disse com voz de quem segurava um riso. Respirou e continuou. – Claro que tenho novidades pra você. Sou ou não sou o melhor empresário do mundo? – Não.

– É sim.. – Deu um sorriso amarelo. Tss.. Como se ele pudesse vê-la.

– Adivinha só: eu te consegui uma participação especial no show dos dragões gêmeos. – Foi como se passasse um enxame de abelhas no estômago dela no exato momento em que ouviu “Dragões Gêmeos”.

– O QUÊ?! – A azulada ficou estática.

– Vai fazer um dueto com o Rogue.

– QUÊ?

– Eu sei, eu sei. Mas não se anime muito. Você vai ter que escrever uma música nova para o novo álbum deles que sai dentro de um mês. A música do seu dueto com o Ro—

– O QUÊ? – Deu mais ênfase na exclamação. O empresário riu. – Dueto... Com o...

– Te disse que sou o melhor, não disse? Heheh. Sei que você consegue fazer mais um sucesso antes do fim do prazo, não se preocupe.

– Uou, uou, uou.. Espera só um momento aí, Gildarts. Você sabe muito bem sobre minha relação com o Rogue e—

– Vikky, vocês são adultos. Vida pessoal é vida pessoal. Negócios são negócios.

– Rhn! Não é tão simples assim!

– Confie em mim, Vikky. E confie em você. A melhor maneira de superar um desentendimento é mostrar-se “superada”. – Ela não falou nada em resposta. No fundo sabia que teria de encarar Rogue alguma hora e não podia prejudicar seu trabalho por causa do que aconteceu no passado. Talvez seu empresário tivesse razão. – Te vejo mais tarde pra dar mais detalhes, tenho que desligar agora.

Levy ficou pensativa, ainda parada no meio do corredor e com o celular na mão. Os beeps de “fim de ligação” do celular eram o único som que se escutava em meio àquele silêncio; Então... Finalmente chegara o momento de vê-lo outra vez... Depois do que havia acontecido... O que Levy desejava mesmo era escrever uma música dizendo o quanto ela desprezava Rogue pelo que ele havia feito. E agora teria que escrever um dueto com essa pessoa. A vida só podia estar querendo testá-la.

...

Assim que saiu da casa de sua ainda chefa, Laxus se surpreendeu por receber a ligação da pessoa com quem justamente esperava se encontrar dentro de pouco tempo. Gajeel Redfox, o mão de ferro. Laxus fez questão de ser o mais breve possível dizendo que falaria os detalhes pessoalmente sempre que Gajeel perguntava sobre o teor da conversa. Marcaram em uma cafeteria qualquer e, pouco tempo depois, Laxus estava no local a espera do moreno.

Que, não muito depois, também chegou ao local combinado, buscando alguém com as características físicas descritas pelo “cara do cartão” ao telefone. Não precisou de tanta procura já que quando Gajeel adentrou ao local, Laxus o reconheceu imediatamente e estendeu uma mão para identificar-se. O moreno o encarou com olhar analítico e mãos no bolso.

Apesar do comentário de Mirajane sobre ele, Gajeel ainda estava muito desconfiado com aquela situação toda. Nunca tivera sorte em toda sua vida, por que algo bom aconteceria agora? No mínimo isso seria uma roubada e ele acabaria em problemas no fim das contas pra variar. Com tantos pensamentos perpassando sua mente, Gajeel sentira uma ponta de arrependimento por estar ali... Ponta essa que desapareceu ao lembrar-se do síndico de seu prédio.

– Tch. – Quer saber, já estou aqui, mesmo, pensou. Começou a andar em direção ao loiro, que tinha suas mãos juntas à frente do rosto e cotovelos apoiados sobre mesa. O moreno pôs-se de pé ao lado da mesa em que Laxus estava. Sem se mexer muito, o loiro o encarou ao seu lado. Percebendo que ele não estava muito confortável, ajeitou-se e ficou mais confortável no assento, mostrando-se mais amigável. Laxus sabia que, quando queria, também poderia parecer bem “poucos amigos”.

– Não vai sentar?

– Não pretendo demorar.

– Bom, se eu fosse você sentaria. O assunto é do seu interesse.

Antes que Gajeel pudesse responder ao loiro a conversa foi interrompida por um cara com uma bandeja embaixo do braço vestido de garçom que lançava um olhar atravessado em direção ao que estava de pé.

– Com licença. Este rapaz o incomoda, senhor? – Disse, dirigindo-se a Laxus. Gajeel lançou um olhar quase assassino em direção ao insolente, que tremeu.

– Não, ele está comigo. – Disse o loiro com a expressão fechada.

– T-tudo bem. – Ele encarou o moreno e mesmo apreensivo ousou-lhe advertir. – Então é melhor que se sente, está chamando atenção de todos... – Ele engoliu a seco com o olhar mortal que o moreno lançava. – Os clientes... – Quase sussurrou esse último. Pigarreou para disfarçar sua frouxura e voltou a seu posto. Apesar do conselho dado pelo garçom, Gajeel não se moveu. Apenas retornou sua atenção à Laxus.

Situações como essa sempre aconteciam com Gajeel, ele já estava acostumado. Sempre botava medo nas pessoas pelo seu tamanho e porque parecia o típico serial killer que poderia tirar uma arma de dentro do sobretudo e explodir todo mundo. Apesar disso ele ainda se irritava com essa gente de mente pequena que ainda se prendia às aparências.

– Afinal, pra quê todo esse mistério? – Ele queria acabar logo com aquilo. – É só ir em frente e dizer por que quis me encontrar.

– Tudo bem. – Ele cruzou os braços e pôs um sorriso nos lábios. – Digamos que você tem o perfil perfeito para um trabalho aí. - Um trabalho? Estaria a amiga certa sobre a coisa do caça talentos? Questionou-se o moreno.

Gajeel cerrou os olhos e arqueou uma sobrancelha. Estando um pouco mais convencido de que talvez, e só talvez, aquilo pudesse ser algo real, deu-se por vencido e sentou-se em frente ao loiro, que deu um sorriso de vitória por ter conseguido persuadi-lo.

– Ok. – Fez uma pausa, pôs seus cotovelos sobre a mesa. – Tem minha atenção.

Ao contrário do que Gajeel esperava, aquela conversa não seria tão breve. No fundo, ele torcia para que ganhasse algo com aquilo tudo, ele queria ter esperanças de que a luz no fim do túnel não fosse um trem vindo atropelá-lo, mas que fosse a luz do holofote de um palco o esperando para cantar seu Black Snake Moan.

Já Laxus se asseguraria de que Gajeel era merecedor de trabalhar com Levy. E se ele passasse no teste que estava prestes a fazer, era isso. Seria oficialmente o novo segurança de Vikky McGarden. O último passo seria avisá-lo disso.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Deu pra dar ansiedade pelo próximo capítulo? Hahahaha.. Eu já estou ansiosa pra escrever os próximos!! Até mais, pessoal!!