She Is The One escrita por elizabeth beans


Capítulo 3
2º Capitulo




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CAP. DOIS


Casa de Edward e Bella Cullen, Março de 2005


Bella tentava convencer sua única filha, Renesmee, a ajudar as tias Alice e Rosalie na barraca que pretendiam montar para o 27º Festival da Primavera na cidade onde moravam. A jovem estava completamente relutante.

Normalmente não se precisava pedir duas vezes pela ajuda de Renesmee em qualquer coisa que fosse, visto que ela era um grande exemplo de altruísmo e só faltava sair por ai oferecendo os próprios órgãos para transplante na esperança de ajudar ainda mais o próximo.

Dessa vez, porém, nada parecia surtir efeito.

- É para a caridade minha filha! – Bella tentava conversar através da porta trancada do quarto da adolescente.

A filha correra imediatamente para aquele refugio quando sua Tia Alice ameaçara leva-la a força e desde então recusava-se a sair mesmo que Alice já não estivesse mais ali para cumprir ameaças.

- Caridade, para crianças órfãs e enfermas Nesme! – Tentou mais uma vez, com o que lhe parecia sua ultima arma.

A mulher ouviu os passos da filha até a porta e sorriu com o fato de que criara bem sua garotinha, visto que ela não podia ficar impassível ao sofrimento humano mesmo que isso lhe fizesse sofrer em troca.

- Não posso acreditar que minha filha vai deixar crianças necessitadas na mão! – ainda disse como uma cartada certeira, sabendo que jogara baixo o suficiente pra vencer.

A jovem colocou apenas o rosto pra fora do quarto, segurando a porta assustada e procurando pela Tia Psicopata no corredor, dando de cara apenas com sua mãe que exibia um sorriso vitorioso.

- Mamãe... – exclamou quase chorosa. – Alice disse que seria uma Barraca do Beijo! – sussurrou a ultima palavra ficando incrivelmente vermelha. – Eu não quero beijar ninguém! – disse por fim, petrificada.

Bella olhou a filha com um sorriso sincero nos lábios bem feitos. Lábios que Renesmee havia herdado.

- São beijos na bochecha, meu amor! – tranqüilizou a garota que mesmo assim fez uma careta.

- Eu nem sou bonita. – Renesmee rebateu já fora do quarto e se resignando a descer as escadas com sua mãe. – eles precisam de alguém bonito pra fazer esse tipo de coisa.

- Não seja absurda querida, você é muito bonita. – Bella repreendeu a filha. - Puxou totalmente o seu pai. – completou como se isso encerrasse a conversa.


27º Festival da Primavera, 20 de março de 2005 – Barraca do Beijo, 13:00 hs.


- Eu não estou parecendo uma flor Tia Alice, está mais pra um Sapo! – Renesmee alertou enquanto Rosalie terminava de pentear seus cabelos e arrumá-los em um coque de tranças, que trasbordava em cachos por seus ombros nus.

Alice gargalhou e continuou a arrumar a fachada da Barraca do Beijo, que estava cheia de corações e pequenas pinturas de cupido. Tudo ficaria muito lindo e ela poderia apostar um de seus caros sapatos Louboutin que as Cullen seriam a maior sensação do festival e o padre Anton ficaria emocionado com a quantidade de dinheiro conseguida.

Sua sobrinha estava obviamente delirante, já que ela mesma escolhera aquele vestido de gaze de seda verde suave com pequenos botões de rosa naturais aplicadas próximas ao busto do corpete e algumas contas brilhantes esparramadas pela saia fluida e entreaberta dos dois lados.

- Nunca vi uma Donzela da Primavera mais bonita Nesme! – Rosalie falava orgulhosa enquanto borrifava spray nos cabelos da afilhada. – E olha que EU já fui Donzela da Primavera! – completou convencida, como sempre.

- E de donzela você já não tinha nada, cunhadinha! – Alice alfinetou enquanto voltava para os fundos da barraca e encontrava as duas no camarim improvisado.

Rosálie deu de ombros e Renesmee ficou mais vermelha impossível.

- Ah, o que é isso Nesme! – Alice reclamou. – Você já tem 15 anos, não me diga que ainda acredita naquela idéia ridícula do seu pai de que os bebês nascem em pés de alface.

- Estou feliz com essa explicação, muito obrigada! – A garota falou corando mais ainda e mantendo o rosto baixo.

Alice deu tapinhas em suas costas e até mesmo Rosalie soltou uma risadinha.

- Já está bom Rose. – Alice fez sinal para que ela parasse. – Realmente uma beleza. – A tia falou olhando Renesmee de cima a baixo quando a garota saiu da cadeira. Pegou um espelho e mirou na sobrinha para que esta pudesse ver o resultado de três horas de arrumação, uma delas ali naquele pequeno camarim.

- Ual! – a garota não pode deixar de se espantar consigo mesma, pois não era nem de longe parecido com o reflexo habitual de seu espelho.

Uma moça de silhueta delicada e fluida olhava para ela do espelho com grandes olhos chocolate destacados pelo delineador leve. Os lábios fartos estavam tingidos de um rosa vigoroso e convidativo, enquanto as sobrancelhas recém tiradas jaziam como arcos suaves e harmoniosos sobre seu olhar. Nada brilhava mais que seu cabelo, tremendamente vermelho por conta das borrifadas do spray. Ou talvez seus olhos brilhassem mais. Era uma disputa difícil e ela viu as bochechas ficarem ainda mais vermelhas por ter se achado bonita, pela primeira vez na vida.


- Como eu disse. Está como a mais linda das rosas. Esse seu cabelo realmente colaborou Nesme! – Alice ajeitava a barra do vestido enquanto suspirava.

- Você me trocou de corpo tia. – Renesmee acusou ainda maravilhada com o próprio reflexo.

- Bobinha. Você poderia se ver assim no espelho todos os dias se ouvisse os meus conselhos. Mas não, prefere ficar com aqueles seus óculos horrendos e aquelas roupinhas que a Bella te arranja no supermercado... – e então a garota teve que ouvir o sermão usual de Alice sobre sua aparência até que estivesse tudo pronto.

- Cadê o resto da roupa tia? – Renesmee perguntou distraída quando Rose disse que já estava na hora de ela se postar em seu lugar, na frente da Barraca.

- Você já está vestida menina, o que mais precisamos colocar aí? – Alice perguntou como se tivesse sido ofendida pela sobrinha que considerava seu look insuficiente.

- Roupa, talvez! Estou praticamente... pelada. – gaguejou o final.

- Ah, faça-me o favor Nesme. Você está muito bem coberta. Na verdade eu devia ter feito alguns ajustes nesse vestido para criar um bico em V para o decote mais como sabia que você desmaiaria de pânico até deixei quadrado mesmo.

- Os meus... er...

- Peitos! – Alice ajudou a sobrinha que engasgou.

- É, isso! Eles estão quase todos de fora! – a garota exclamou horrorizada, pois até aquele momento acreditou que a roupa não estava mesmo completa.

- Isso é um efeito do corpete ajustado agindo sobre a mãe natureza. – Alice empurrou a sobrinha que estava quase caindo nas próprias pernas. – Agora vai lá e arrasa! – soltou quando já a tinha deixado longe o suficiente para que ela não pudesse mais se esconder.

- Mas tia... – ainda tentou se desvencilhar.

- Fique tranqüila querida, você está irreconhecível. – Sua madrinha piscou pra ela.

Renesmee viu a verdade naquelas palavras e pela primeira vez desde que se colocara naquela situação, não teve medo. Não era como se alguém fosse realmente reconhecê-la naquela roupa. Duvidava de que até mesmo os seus pais a identificariam. Era como ser outra pessoa por um dia inteiro e talvez não fosse de todo ruim.


27º Festival da Primavera, 20 de março de 2005 – Barraca de Tiro ao alvo, 15:30 hs.


Jacob estava ficando entediado. Acertar um patinho de cartolina atrás do outro não tinha mais graça depois de já ter ganho o jogo três vezes. Seu melhor amigo, Embry, colocou a mão no seu ombro, também entediado.

- Não tem nada melhor pra fazer aqui, cara? – perguntou enquanto eles viam Quil chegar com um enorme algodão doce. A pequena Clair estava em seus braços e chupava um pirulito maior que sua própria cabecinha.

- Jake, você vai mesmo encontrar sua garota na fonte? – perguntou enquanto comia uma grande quantidade da espuma cor-de-rosa.

Todos os amigos de Jacob eram mais velhos que ele e todos já tinham passado pela primeira transformação.

Claro que Jake não estava contando com os caras do colégio e da equipe de natação, com quem convivia apenas por obrigação na escola ou em qualquer festa que aparecia.

O rapaz sabia exatamente quem fazia parte de sua vida, de verdade. Aqueles que conheciam o segredo de sua família e o partilhavam com ele. Dentro de dois anos seria a vez de Jacob Black. A última lua de 2007 lhe reservava seu destino certo e ele a esperava com medo e euforia, em iguais proporções.

- Ela marcou mais tarde! Por quê? – perguntou enquanto pegava Clair dos braços do amigo e a jogava pra cima com pirulito e tudo.

O rapaz sabia que era estranho ver três caras como eles, grandes e morenos, quase parecidos demais, andando por ai com uma garotinha de quatro anos, mas o imprinting era a lei máxima em um bando de homens-lobos e Clair era o imprinting de Quil. Ela estaria sempre com ele agora.

- Não é nada de mais, Clair quer ir ao carrossel! Vocês vem? – perguntou tomando a garota de volta e recebendo um tapa por tê-la tirado de sua diversão.

Jake via a paciência com que o amigo tratava a pequena Clair e mesmo que ele soubesse tecnicamente da força que o imprinting tem sobre o Lobo, ele ainda se maravilhava com as impossibilidades daquilo.

Encontrar sua alma gêmea assim que batesse seus olhos nela já era algo muito inexplicável, mas encontrá-la em uma criancinha e ter a paciência e a destreza de esperá-la crescer até que se tornasse sua mulher, era uma coisa que ele realmente nunca acreditaria ser possível antes de ver com os próprios olhos.

- Vamos. – Embry respondeu pelos dois pagando a ultima partida de tiros e saindo dali.

Os garotos e a criança andaram pelo pátio que foi transformado em parque, passando por todas as barracas antes de chegar ao carrossel.

- Uhulll!!!!!!! – Embry falou assoviando, fazendo com que os outros dois virassem suas cabeças. – Acho que acabo de imprintar! – mordeu os lábios obscenamente.

Jacob olhou na mesma direção que o amigo embora soubesse que Embry estava apenas fazendo piada e que não devia passar de uma garota bonitinha com quem ele tentaria ficar em breve.

Mas seus olhos quase se arregalaram em choque quando ele viu o que havia na barraca decorada demais e muito rosa.

Uma menina tinha a cabeça apoiada displicentemente nos braços e seus cotovelos estavam na bancada, oferecendo inocentemente seu decote generoso ao grande publico.

Ela era certamente a coisa mais bonita que Jake vira na vida e ele estava ciente de que isso não é tão fácil de dizer quando se namora Stacy Wheir.

Quem era ela? Tinha certeza de que nunca a vira antes!

Se já tivesse passado por sua transformação, ELE é quem teria certeza de estar sofrendo um imprinting nesse exato momento.

- Ah, cara, hoje é meu dia de sorte! – Embry continuava babando e agora apontava sorridente para a placa acima da barraca da garota.

Lia-se: “Barraca do Beijo” – Venha beijar a Donzela da Primavera por apenas $ 3,00!



Trecho compilado do diário de Renesmee Carlie Cullen, em 20 de Março de 2005:


Meu quarto. 20 de março, 23:00

Tudo bem, eu preciso respirar e então preciso lembrar exatamente de como tudo aconteceu. Mas acho que se eu não parar de tremer, a minha letra vai continuar rabiscando e rabiscando e aí eu não vou entender nada amanhã e não vai ter valor nenhum escrever, então eu vou digitar e depois eu colo aqui... Isso mesmo! Estou indo digitar...


Ai meu Deus, ai meu Deus e AI MEU DEUS!!!

Os meus lábios tocaram os lábios de Jacob Black e eu não estava sonhando dessa vez. 100% de certeza!!!

Lá estava eu tentando não ter pensamentos ruins a respeito da minha tia Alice por ter me colocado na barraca de beijo e ter me feito beijar a bochecha de alguns pirralhos abusados e alguns senhores mais abusados ainda enquanto repetia pra mim mesma que todo aquele esforço seria benéfico para órfãos doentes e eu estava fazendo uma boa coisa quando de repente, não mais que de repente me aparece JACOB BLACK com mais dois amigos e uma garotinha linda que me ofereceu seu pirulito. Ali na barraca do beijo, na barraca do beijo onde EU estava BEIJANDO as pessoas.

E eu fiquei toda em pânico achando que ele iria dizer algo como: - Oi Cullen, como vai à vida? Beijando muito? Porque ele é uma pessoa educada e agente estuda na mesma escola, o que nos torna conhecidos e quando vemos um conhecido nós o cumprimentamos mesmo que ele não signifique nada na nossa vida, por, você sabe: EDUCAÇÃO.

É claro que eu esqueci que estava totalmente camuflada, com toda aquela maquiagem e produção e que ele jamais teria me olhado o suficiente nos corredores pra me reconhecer ali nem em um milhão de anos. E ele de fato não me reconheceu porque em seguida ele e o amigo, sem ser o que segurava a menininha, começaram a discutir quem seria o primeiro a pagar para ganhar um beijo da Donzela da Primavera, que eu reconheci um minuto depois, em pleno pânico, que era EU.

Então eu fiquei toda assim: - Ah, vocês não querem isso, são três dólares por um beijo na bochecha, vocês podem encontrar garotas que façam de graça! – E eu sei que estava totalmente sabotando a caridade, mas mesmo assim eu não acreditava que fosse viver o bastante para beijar Jacob Black e ainda depois beijar o amigo dele. Na verdade, a minha capacidade de falar para impedir aquilo já muito me impressionava. Eu nunca fui tão corajosa.

Aí o amigo dele disse assim:

- Ah, eu pago o que você pedir, boneca! – e piscou pra mim fazendo o Jacob dar um tapa na cabeça dele e passar a sua frente.

- Toma – me entregou uma nota de cinco. – Fica com o troco! - disse e sorriu pra mim fazendo minhas pernas ficarem bambas.

E aí quando eu fui falar outra coisa que pudesse salvar meu coraçãozinho do enfarto ele já tinha virado a bochecha na minha direção. Aquela bochecha avermelhada e lisa, que quase parecia uma maça silvestre.

Então eu respirei fundo e fechei os olhos pra beijar ele, quando senti que não batia exatamente na bochecha porque ele tinha acabado de virar o rosto e eu beijei a boca dele, em cheio. E ele tem NAMORADA. E ele NEM SABIA que era EU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Jacob Black me BEIJOU e agora eu vou ali, no banheiro, vomitar de nervoso porque eu estou fazendo muito isso desde que sai correndo daquela barraca.

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