Após acalmar a pequena em meus braços,sem querer deixei algumas lágrimas rolarem de meus olhos.Uma mistura de sentimentos havia em mim naquela ocasião e não sabia como iria ser a partir daquele momento.

Pensei que quando a ambulância chegasse eu ficaria mais tranquila,me equivoquei.Me fizeram várias perguntas que na maioria das vezes não soube responder,eu estava muito nervosa,não teria como não estar.

Enquanto levavam a menina e seu pai na ambulância,me apressei em ligar para Lindsay.Não sei o que iria dizer á ela até que ouvi sua voz sonolenta do outro lado da linha,não consegui explicar direito o que estava acontecendo.

–Stell,tente falar mais devagar,por favor...-disse tentando me acalmar.-O que aconteceu com voce?-perguntou logo em seguida.

–Aconteceu um acidente e...-dei uma pequena pausa.

–E...?

–Linds,eu estou muito nervosa e não conseguirei dirigir,pode vir até aqui?-perguntei ainda trêmula.

–Me diga exatamente o que aconteceu.-ouvi a determinação dela pelo seu tom de voz.Não consegui dizer mais nada.-Stella? Ainda está ai?

–Me encontre no hospital Central,estão os levando pra lá.

–Certo,mas como voce...-não a deixei terminar a frase,encerrei a chamada e entrei no meu carro.

Vagarosamente dirigi seguindo a ambulância que alarmava com suas sirenes vermelhas,cada minuto até a chegar no hospital foram dolorosos demais para mim.Minha consciência me acusava a todo segundo,eu carregava a culpa em mim e isso não era nada bom.

Assim que chegamos no hospital tive de me responsabilizar por eles,minha assinatura naqueles papeis saíram o mais horrível e torta possível.Esperei junto de meus filhos numa sala reservada,por mais que eu tivesse insistido em entrar,não me permitiram fazer isso.

Minutos depois avistei uma loura gritando com a moça responsável pela recepção,pensei que ela iria bater na coitada,de tão alterada que ela estava;.Aquela voz não me era estranha,é claro! Era Lindsay.

Caminhei até ela e a puxei pelo braço,ela nem se importou eme abraçou forte.

–Stella!-suspirou aliviada.-Eu pensei que o pior tinha acontecido com voce.

–Não,eu estou bem.-a olhei com tristeza.-Não,não estou bem.-a abracei novamente.

–O que aconteceu,afinal?

–Bem,é que...-a Dra.Martinez nos abordou.

–Qual de vocês duas é Stella bonasera?-perguntou.

–Eu.

–Sobre o caso do seu amigo,tenho péssimas noticiais.

–Ai meu Deus! Diga logo Doutora,qual grave é o caso dele?-evitei deixar as lágrimas caírem,não queria chorar na frente delas.

–Ele sofreu várias fraturas internas,mas o ponto grave não é esse.Como eu posso te explicar isso?-levou sua mão esquerda até seu queixo demonstrando assim sua forma de pensar e analisar as coisas.-Bem,ele sofreu uma fratura no colo femoral direito,teremos de operar.

–E por que ainda não operaram?-eu disse quase gritando.

–É uma decisão complicada a ser tomada e não a cabe a mim ou a minha equipe.Veja bem,nas condições em que ele se encontra,há poucas chances dele recuperar os movimentos da perna.

–Quais são as chances disso acontecer?

–Todas.Para não te deixar mais desanimada,digo que ele tem 10% de chance de,após a operação voltar a andar.

–Eu não posso decidir isso.-me sentei mais aflita que antes.

–Stell,de quem ela está falando?-Linds se sentou ao meu lado no sofá.

–Do Mac,eu vi quando o acidente aconteceu.-respirei fundo.-Doutora,precisa informar e pedir autorização da família dele,porque eu não posso decidir nada.

–Temos pouco tempo,senhorita Bonasera. Você é a única responsável por ele nesse momento,então voce terá de decidir.-a médica me encarou.

–Está bem,me dê apenas cinco minutos.-disse tentando me acalmar.

–E tem mais uma coisa.

–Não pode ser pior que isso.Diga.

–Nessa operação ele certamente irá perder uma grande quantidade de sangue,mas de acordo com os documentos que o mesmo estava,não podemos aplicar sangue nele.

–Como assim? Que documentos?-perguntei curiosa.

–Não sei bem,mas ele é contra transfusões de sangue.Se formos operar,teremos de fazer isso o mais rápido possível para evitar perda de sangue que comprometa sua saúde.

–Sim.Podem realizar a operação.-disse decidida.

–Stell,voce tem certeza?-Lindsay me olhou,esperava que eu mudasse de ideia,mas não aconteceu.

Eu estava decidida a salvar,não comente as pernas do Mac,como também sua própria vida.Mesmo que os resultados não fossem os que eu esperava,eu decidi aquilo e não iria voltar atrás.Era o melhor a se fazer.;

–Linds,é isso ou...ou algo mais grave pode ocorrer.Então,minha resposta é sim,podem o operar e eu assumo com as consequências.

–Certo,vamos preparar a sala de operações.Senhorita bonasera,acredite,vai dar tudo certo!-forçou um sorriso e logo dobrou o corredor.

–Stella,o que aconteceu?-Linds parecia um pouco assustada.

–Não quero falar sobre isso.Pode levar meus bebes para casa com voce?-insistir para ela os levar e depois de muito insistir,ela aceitou.

–Ok,daqui algumas horas terei de ir para o laboratório e então ligarei para a babá.Certo?-depositou um beijo em minha bochecha e se levantou.

–Está bem.Vamos,eu levo vocês até o carro.-me levantei e em meus braços coloquei a Ayesa que estava quase pegando no sono.-Irão dormir a madrugada inteira.-ela concordou com a cabeça e pegou no colo o Henney,que apesar de não estar sonolento,iria dormir assim que se acomodasse na cadeirinha do carro.

E assim aconteceu.Os dois pegaram no sono segundos depois de terem sido colocados na cadeirinha.Antes de Lindsay entrar no meu carro,a agradeci e me despedi com um longo abraço apertado.

–Tudo vai ficar bem,amiga.Mais tarde te ligo para saber como foi tudo.

–Está bem,cuide dos meus bebes direitinho,viu?!

–Claro que cuidarei,não sou uma louca ou coisa do tipo,Stella.Ou acha que sou uma psicopata que maltrata crianças?-aquela frase me fez rir por algum momento.

–Vai logo,Linds.-ela entrou no carro e acenei me despedindo.

Voltei apressadamente para a sala de espera e lá estava a pessoa que eu menos deseja ver.Não somente naquela noite,como nunca mais em toda a minha vida.

Não aguentei,ao vê-lo ali milhares de lembranças vieram á minha mente,e com isso uma enxurrada de lágrimas raivosas que inundaram minha face.Cerrei minhas duas mãos,meu coração batia mais acelerado que antes,o ódio me subiu á cabeça e gritei ferozmente andando em sua direção:

–Seu desgraçado!O que veio fazer aqui?

–Stella Bonasera?-parecia não me reconhecer,meu ódio aumentou e tive de falar mais alto que ele.

–Não,essa que está vendo aqui não é a sonsa da Stella Bonasera.-gritei me aproximando mais dele.-Essa é a mulher que voce transformou,essa é a mulher que nunca deveria ter enganado.É uma Stella diferente,a Stella que quer acabar com sua vida assim como fez com a dela.-as lágrimas não paravam de escorrer enquanto eu gritava com ele.

–Do que está falando?-se fez de desentendido.-Não me recordo de nada.

–Não se recorda? Então vamos ver se não lembrará disso.-sem pensar,dei uma bofetada nele.Uma bofetada forte,a qual apenas eu sabia dar ou ao menos a mais forte que eu conseguia.

Ele não poupou esforços,eu realmente iria dar mais uma nele,mas sua reação foi mais rápida que a minha.Com a sua mão esquerda ele segurou meus dois braços,com a força que tinha não consegui me soltar.Com a outra mão,ele me puxou pela cintura,uma pegada que somente ele sabia dar,uma pegada forte e desafiadora.

Em questão de frações de segundos me vi novamente face a face com aquele maravilhoso coreano que havia roubado meu coração,Deus! Ficou até mais difícil de respirar ali. Ele me olhou profundamente com um olhar de desejo ,como nunca havia visto antes,dava para se notar a paixão queimando em meus olhos e ele fazia disso uma oportunidade para me deixar ainda mais louca.

Oh céus! Suspirei quando nossos lábios se aproximaram,não resisti,tive de beijá-lo.E que beijo! O melhor beijo que eu havia provado em toda minha vida.Foram os sete segundos mais loucos daquela madrugada,os sete segundos que reascendeu a paixão que estava adormecida dentro de mim.Sete segundos que me mostraram que era ele o homem que eu necessitava,apesar dos erros do passado.

Quem me dera se fosse tudo tão fácil assim! Aqueles sete segundos arruinou ainda mais aquela madrugada e eu mais uma vez sai despedaçada e machucada.Por que o beijei?

A verdade é que eu nunca deixei de o amar,e foi por isso que o beijei.Não deveria ter feito aquilo,me arrependi três segundos depois.